Acervo Folha https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br No jornal, na internet e na história Fri, 19 Feb 2021 13:40:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 1963: ‘Gaivota’ soviética se torna a primeira mulher a viajar para o espaço https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/06/18/1963-gaivota-sovietica-se-torna-a-primeira-mulher-a-viajar-para-o-espaco/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/06/18/1963-gaivota-sovietica-se-torna-a-primeira-mulher-a-viajar-para-o-espaco/#respond Mon, 18 Jun 2018 10:00:24 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/Tereshkova-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=9675 Em 16 de junho de 1963, a soviética Valentina Tereshkova, aos 26 anos, tornou-se a primeira mulher a viajar pelo espaço. Essa façanha só foi repetida por uma mulher em 1982 por outra soviética, Svetlana Savitskaya.

Quando estava no início da sua missão, os serviços de rádio do Instituto Japonês de Investigações Espaciais chegaram a capturar um áudio de Tereshkova.

“Sou a gaivota. Encontro-me muito bem. Estou realizando a experiência da ausência da gravidade”, disse a astronauta, conforme noticiou a Folha, em sua primeira página, no dia seguinte ao lançamento.

Tereshkova é homenageada no 40º aniversário do seu voo espacial – Misha Japaridze – 16.jun.2003/AP

A astronauta nasceu em 6 de março de 1937 em um vilarejo na região de Iaroslavl, a cerca de 270 quilômetros de Moscou.

“Meu sonho de criança era ser maquinista. Minha casa fica ao lado da ferrovia, de onde eu via com frequência o trem passar, apitando e soltando fumaça. Mas, após os primeiros estudos, fui trabalhar numa fábrica de pneumáticos e depois numa indústria têxtil, como minha mãe e minha irmã”, disse.

Porém o rumo da sua vida tomou outra direção. Ela entrou em uma escola de paraquedista, em 1959, e ingressou na Escola de Cosmonautas em 1962 –mesmo ano que começou a fazer parte do Partido Comunista (ele já participava da Komsomol, uma organização da juventude comunista).

Durante a Guerra Fria, União Soviética e Estados Unidos investiram bastante em tecnologia espacial. E o fato de a primeira mulher enviada ao espaço ser soviética foi bastante destacado no país.

Tereshkova entrou em órbita circunterrestre com a nave Vostok 6 às 12h30 de Moscou (7h30 de Brasília) do dia 16 de junho, dois dias depois de a União Soviética ter enviado ao espaço o astronauta Valeri Bykovsky com a nave Vostok 5.

O então primeiro-ministro soviético, Nikita Kruschev, enviou uma mensagem para ela pela façanha depois do lançamento. “O povo soviético está orgulhoso de você, e todos nós acompanhamos com enorme atenção seu heroico voo.”

A astronauta respondeu dizendo estar emocionada. “Agradeço de todo o coração aos soviéticos seus bons desejos.”

Ela também recebeu, durante o voo,  uma mensagem de sua mãe, Helena Tereshkova. “Sinto-me muito feliz ao ver-te tão intrépida. Sinto-me também orgulhosa de ti e espero com impaciência o teu regresso à Terra”, disse.

Primeiro homem a ir ao espaço (feito alcançado em 1961), Iuri Gagarin falou para a Rádio de Moscou que havia conhecido Tereshkova em 1962 na Escola dos Cosmonautas. “Ela soube granjear rapidamente o afeto de todos os seus camaradas”, declarou.

Depois de girar pela órbita terrestre por 48 vezes, em três dias do voo espacial , a “gaivota” aterrissou sã e salva na União Soviética.

“Meu voo provou que organismo da mulher pode resistir à falta de gravidade e a outros fenômenos”, afirmou.

Em 2015, Tereshkova participou de um evento em Londres no qual exibia a cápsula utilizada na viagem. “Quando vejo esse objeto, o acaricio. Digo: meu amor, meu amigo mais belo e querido. Meu homem”, brincou.

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Em 1999, Hawking escreveu por que Einstein era o personagem do século 20 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/03/14/hawking-escreveu-por-que-einstein-era-o-personagem-do-seculo-20/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/03/14/hawking-escreveu-por-que-einstein-era-o-personagem-do-seculo-20/#respond Wed, 14 Mar 2018 17:14:03 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/03/617415-work__Stephen-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=8593

No penúltimo dia de 1999, a Folha publicou um especial da revista “Time”, no qual em quatro páginas o físico britânico Stephen Hawking explicou por que Albert Einstein era escolhido o personagem do século pela revista.

Bem ao seu estilo, dissecou os feitos do cientista alemão, versou sobre seus erros e, principalmente, seu legado.

Com a palavra, Stephen Hawking (1942-2018):

Início do texto de Stephen Hawking publicado pela Folha em 30 de dezembro de 1999 no especial “Personagem do Século” (Time) (Foto: Folhapress)

“Uma breve história da relatividade”

Stephen Hawking

No final do século 19, a comunidade científica acreditava estar cada vez mais perto de uma descrição completa do Universo. Supunha-se que o espaço cósmico estivesse repleto de um fluido chamado éter. Raios de luz e sinais de rádio eram ondas circulando em éter, assim como o som é a pressão de ondas no ar. Tudo o que faltava para concluir a teoria eram medidas cuidadosas das propriedades elásticas do éter. Completada essa etapa, todas as peças se encaixariam perfeitamente.

Mas, em seguida, algumas discrepâncias sobre a predominância do éter começaram a surgir. A expectativa era de que a luz viajasse a uma velocidade constante por meio do éter. Portanto, se você seguisse na mesma direção da luz, a velocidade dela seria menor. Se tomasse a direção contrária, a velocidade deveria ser maior. No entanto, uma série de testes não conseguiu provar que diferenças de velocidade ocorrem por causa do movimento realizado no meio do éter.

O experimento mais preciso foi realizado por Albert Michelson e Edward Morley no Institute Case, em Cleveland, Ohio, em 1887. Eles compararam a velocidade de dois feixes de luz em ângulo reto em relação um ao outro. Como a Terra gira em torno de seu eixo e faz uma órbita em torno do Sol, os cientistas acreditavam que o planeta se moveria por meio do éter e que a velocidade dos dois feixes de luz divergiria. Mas Michelson e Morley não encontraram variações entre os dois feixes nem de um dia para o outro nem de um ano para o outro. Era como se a luz sempre viajasse na mesma velocidade relativa, pouco importando se o observador estivesse em movimento ou não.

O físico irlandês George Fitzgerald e o holandês Hendrik Lorentz foram os primeiros a sugerir que corpos em movimento no éter se contrairiam e que relógios ficariam mais lentos. Essa contração e lentidão seriam tais que qualquer um mediria a mesma velocidade para a luz, independentemente da forma como os raios se movessem em relação ao éter, o que FitzGerald e Lorenz consideravam uma substância real.

Mas foi um jovem chamado Albert Einstein, que trabalhava no escritório de patentes em Berna, Suíça, quem resolveu a questão de uma vez por todas. Em junho de 1905, ele redigiu um dos três documentos que o estabeleceriam como um dos maiores cientistas do mundo e, durante o processo, iniciou duas revoluções conceituais que mudariam nossa compreensão de tempo, espaço e realidade.

No documento de 1905, Einstein mostrou que, por não ser possível comprovar se alguém se movia no meio do éter ou não, a própria noção do éter se tornava dispensável. Em vez disso, partiu do princípio de que as leis da ciência deveriam ser as mesmas para todos os observadores em movimento. Um observador deveria medir a mesma velocidade para a luz, qualquer que fosse seu movimento.

Essa teoria exigia que se abandonasse a ideia de uma medida de quantidade universal chamada tempo. Ao contrário, todos deveriam ter seu próprio tempo individual. Os relógios de duas pessoas marcariam a mesma hora se cada uma se mantivesse no mesmo ponto em relação à outra, mas não se estivessem em movimento. O princípio foi confirmado por uma série de testes, incluindo um no qual um relógio de grande precisão viajou ao redor do mundo e depois foi comparado com outro que permaneceu no mesmo lugar. Se alguém quisesse viver mais, bastaria continuar viajando no sentido leste, de forma que a velocidade do avião se somaria à rotação da Terra.

O postulado de Einstein de que as leis da natureza deveriam ser aplicadas da mesma forma a todos os observadores independentemente de movimento era a base da teoria da relatividade, chamada assim porque sugere que só o movimento relativo é importante. A simplicidade dessa ideia convenceu muitos cientistas e filósofos, mas ainda havia muita oposição. Einstein tinha derrubado duas máximas absolutas da ciência do século 19: o Repouso Absoluto, representado pelo éter, e o Tempo Universal, que todos os relógios mediam. Isso significava que não havia mais padrões morais absolutos, que tudo era relativo?

Essa inquietação permaneceu durante as décadas de 20 e 30. Einstein ganhou o prêmio Nobel em 1921 como reconhecimento por um importante trabalho realizado em 1905 — mas de pequena relevância, segundo seus próprios padrões. Não houve menção à teoria da relatividade, considerada polêmica demais. Eu ainda recebo duas a três cartas por semana afirmando que Einstein estava enganado. Apesar disso, a teoria da relatividade é hoje completamente aceita pela comunidade científica, e suas previsões têm sido verificadas em incontáveis experiências e aplicações.

Uma consequência extremamente importante da teoria da relatividade é a relação entre massa e energia. O postulado de Einstein de que a velocidade da luz é a mesma para todos sugeria que nada podia se mover mais rapidamente. O que acontece é que, na medida em que energia é utilizada para acelerar uma partícula ou uma nave espacial, a massa desse objeto aumenta, ficando mais difícil sua aceleração. É impossível, portanto, fazer com que uma partícula acelere na velocidade da luz, pois seria necessária uma quantidade infinita de energia. A relação entre massa e energia é sintetizada na célebre equação de Einstein, E=mc² (energia é igual à massa multiplicada pela velocidade ao quadrado), provavelmente a única do mundo da física reconhecida nas ruas.

Uma das consequências dessa lei é a de que se o núcleo de um átomo de urânio se divide em dois com um total de massa ligeiramente menor, uma quantidade impressionante de energia é liberada. Em 1939, com a iminência da Segunda Guerra Mundial, um grupo de cientistas que havia percebido as implicações dessa descoberta persuadiu Einstein a superar seus escrúpulos pacíficos e escrever uma carta ao presidente Roosevelt, insistindo para que os Estados Unidos iniciassem um programa de pesquisa nuclear. O feito resultou no Projeto Manhattan e na bomba atômica, que destruiu Hiroshima em 1945. Algumas pessoas o responsabilizaram pela criação dos artefatos nucleares, simplesmente porque surgiu de seu cérebro a descoberta da relação entre massa e energia. Mas responsabilizá-lo pela bomba é o mesmo que culpar Newton pela existência da gravidade, que faz com que aviões caiam. Einstein não teve nenhuma participação no Projeto Manhattan e ficou chocado com a explosão da bomba.

Capa do especial publicado pela Folha em 30 de dezembro de 1999 (Foto: Folhapress)

Embora a teoria da relatividade se encaixe bem nas leis que regem a eletricidade e o magnetismo, ela não era compatível com a lei da gravidade de Newton. Essa lei afirmava que, se houvesse mudança na distribuição de matéria em uma área no espaço, a alteração do campo gravitacional seria sentida imediatamente em todas as outras partes do Universo. Isso significaria não apenas ser possível enviar sinais mais rápidos que a luz (algo impossível, segundo a teoria da relatividade), como também requereria o Tempo Universal ou Absoluto, abolidos pela relatividade em favor do tempo pessoal ou relativo.

Einstein tinha consciência desse obstáculo em 1907, quando ainda trabalhava no escritório de patentes em Berna. Mas não pensou seriamente no problema até chegar à German University em Praga, em 1911. Ele percebeu que havia uma relação estreita entre aceleração e campo gravitacional. Uma pessoa dentro de uma caixa fechada é incapaz de saber se está imóvel no campo gravitacional da Terra ou se está sendo impulsionada por um foguete em espaço livre. Einstein imaginou seres humanos dentro de elevadores em vez de naves espaciais, uma vez que Jornada nas Estrelas ainda não existia naquela época. Mas uma pessoa não pode acelerar ou cair livremente por uma longa distância em um elevador antes que o desastre ocorra.

Se a Terra fosse plana, seria possível dizer que a maçã caiu na cabeça de Newton por causa da gravidade, ou que a cabeça de Newton atingiu a maçã porque ele e a superfície da Terra estavam acelerando em direção ascendente. A relação entre aceleração e gravidade, no entanto, parecia não funcionar em uma Terra redonda; as pessoas do outro lado do mundo teriam que acelerar na direção oposta, mas mantendo uma distância constante em relação às pessoas do lado de cá.

Em sua viagem de volta a Zurique, em 1912, Einstein teve um estalo. Percebeu que a relação entre gravidade e aceleração poderia funcionar se houvesse uma certa flexibilidade na geometria da realidade. O que aconteceria se a entidade espaço-tempo –inventada por Einstein para adicionar às três já conhecidas dimensões do espaço uma quarta dimensão, o tempo– fosse curva e não plana, como sempre se pensou? Sua ideia era a de que massa e energia poderiam alterar a relação espaço-tempo de alguma forma. Objetos como maçãs ou planetas tentariam se mover em linha reta por meio do espaço-tempo, mas suas trajetórias seriam vergadas por um campo gravitacional, pois o espaço-tempo é curvo.

Com a ajuda de seu amigo Marcel Grossman, Einstein estudou a teoria dos espaços e superfícies curvos (desenvolvida por Bernhard Riemann como uma peça de matemática abstrata) sem imaginar sua relevância futura para o mundo real. Em 1913, Einstein e Grossman escreveram um documento no qual afirmavam que as chamadas forças gravitacionais eram, na verdade, uma manifestação de que o espaço-tempo é curvo. No entanto, devido a um erro de Einstein (que era humano e, portanto, falível), os dois cientistas não foram capazes de encontrar as equações que relacionavam a curvatura do espaço-tempo à massa e energia contidas.

Einstein continuou a trabalhar no problema em Berlim, indiferente às questões internas da Alemanha ou à guerra. Em novembro de 1915 ele encontrou as equações corretas. Einstein havia discutido suas ideias com o matemático David Hilbert durante uma visita à Universidade de Göttingen, no verão de 1915. Hilbert tinha encontrado as mesmas equações alguns dias antes. Mas, como ele próprio admitiu, o crédito pela nova teoria pertencia a Einstein. Foi ideia do físico, não do matemático, relacionar a gravidade à alteração do espaço-tempo. E também foi um tributo à civilizada Alemanha, numa época em que discussões e trocas de ideias na área científica não eram perturbadas nem mesmo pela guerra. Que diferença em relação a duas décadas mais tarde!

A nova teoria do espaço-tempo curvo foi denominada relatividade geral, para distingui-la da teoria original sem gravidade, conhecida como relatividade especial. Ela foi lançada com estardalhaço em 1919, quando uma expedição britânica à África ocidental observou uma ligeira mudança na posição das estrelas próximas ao Sol durante um eclipse. Como Einstein tinha previsto, a luz das estrelas se curvava quando passava pelo Sol. Aqui estava a evidência direta de que o espaço e o tempo eram alterados. Era a maior mudança em nossa percepção da realidade desde que Euclides escreveu Elementos, em torno de 300 a.C.

A teoria da relatividade de Einstein transformou o papel do espaço e do tempo, que passaram de cenários passivos onde eventos ocorrem a participantes ativos na dinâmica do cosmos. A teoria levou a um problema ainda não decifrado pela física no final do século 20. O universo é feito de matéria e matéria afeta a relação espaço-tempo, o que faz com que corpos caiam juntos. Einstein descobriu que suas equações não tinham uma solução que descrevesse um universo imutável no tempo. Em vez de desistir da ideia de um universo estático e perpétuo –na qual tanto ele quanto a maioria das pessoas acreditavam naquela época–, o cientista modificou as equações adicionando um termo denominado constante cosmológica (que alterava o espaço-tempo para o lado oposto, de forma que os corpos se movessem em separado). O efeito de repulsão da constante cosmológica balancearia o efeito atrativo da matéria e permitiria a existência de um universo imutável de forma permanente.

O gesto de Einstein tornou-se uma das maiores oportunidades perdidas da física teórica. Se tivesse continuado com suas equações originais, o cientista teria previsto que o Universo tanto pode expandir quanto contrair. Até aquela época, a possibilidade de um universo dependente do tempo não era levada a sério. Contudo, na década de 20, novas observações foram feitas com a ajuda de um telescópio de 2,5 metros no Monte Wilson. Elas demonstraram que, quanto mais distantes as galáxias estão de nós, mais rapidamente elas se distanciam. Em outras palavras: o universo está em expansão e a distância entre duas galáxias cresce constantemente com o tempo. Mais tarde, Einstein admitiu que a constante cosmológica havia sido o maior erro de sua vida.

A relatividade geral modificou completamente a discussão sobre a origem e o destino do universo. Um universo estático podia existir desde sempre ou ter sido criado em sua forma presente em algum momento do passado. Por outro lado, se as galáxias se distanciam hoje em dia, elas podem ter sido mais próximas no passado. Há cerca de 15 bilhões de anos elas poderiam estar uma no topo da outra e sua densidade teria sido infinita. Segundo a teoria geral, esse Big Bang foi o início do Universo e do próprio tempo. Talvez, por essa razão, Einstein mereça ser o personagem não apenas dos últimos cem anos, mas de um período mais longo.

De acordo com a teoria da relatividade geral, o tempo para dentro de buracos negros, regiões de espaço-tempo tão alteradas que a luz não consegue escapar delas. Mas o início e o fim do tempo são lugares onde as equações da relatividade geral se desmantelam. A teoria, portanto, não pode prever o que vai emergir do Big Bang.

Alguns veem esse fato como uma prova da liberdade de Deus de iniciar o universo como bem entender. Outros (e me incluo nessa categoria), acreditam que o início do universo é regido pelas mesmas leis que funcionavam em outros tempos. Fizemos algum progresso em relação a essa questão, mas ainda não temos uma compreensão completa da origem do universo.

A conexão entre relatividade geral e o Big Bang surgiu a partir da ideia de que este não era compatível com a teoria quântica, outra grande revolução conceitual do início do século 20. O primeiro passo nessa direção ocorreu em 1900, quando Max Planck, que trabalhava em Berlim, descobriu que a radiação de um corpo aquecido até ficar vermelho e brilhar podia ser explicada se a luz viesse apenas em pacotes de um determinado tamanho, batizados de quanta. Era como se a radiação obedecesse a regras iguais às da venda de açúcar: não é possível escolher comprar uma porção qualquer no supermercado, apenas quantidades previamente determinadas, que vêm em pacotes. Em um de seus documentos mais inovadores de 1905, quando ainda estava no escritório de patentes, Einstein demonstrou que a hipótese de Planck poderia explicar o chamado efeito fotoelétrico, que é a maneira como certos metais produzem elétrons quando raios de luz incidem sobre eles. Esse é o princípio dos modernos detectores de luz e das câmeras de TV, trabalho que valeu ao cientista o prêmio Nobel de Física em 1921.

Einstein continuou trabalhando na ideia do quantum na década de 20, mas ficou profundamente perturbado com o estudo dos cientistas Werner Heisenber, de Copenhague, Paul Dirac, de Cambridge, e Erwin Schrödinger, de Zurique, que desenvolveram um novo cenário da realidade chamado mecânica quântica. Pequenas partículas não tinham mais posição e velocidade definidas. Pelo contrário, quanto mais precisa a localização de uma partícula, mais difícil era determinar sua velocidade com exatidão. E vice-versa.

Einstein ficou horrorizado com esse elemento imprevisível nas leis básicas e nunca aceitou por completo a mecânica quântica. Seus sentimentos foram expressos na célebre frase: “Deus não joga dados”. Muitos cientistas, no entanto, acataram a teoria quântica porque ela demonstrava concordância com observações feitas anteriormente e parecia explicar uma grande variedade de fenômenos até então não desvendados. Essas leis formam a base dos avanços modernos da química, da biologia molecular e da eletrônica, assim como da tecnologia que transformou o mundo nos últimos 50 anos.

Quando os nazistas tomaram o poder na Alemanha em 1933, Einstein abandonou o país e renunciou à cidadania alemã. Ele passou os últimos 22 anos de sua vida no Instituto de Estudos Avançados em Princeton, Nova Jersey.

Os nazistas lançaram uma campanha contra a “Ciência judaica” e contra cientistas alemães judeus (seu êxodo explica, em parte, o fato de a Alemanha não ter sido capaz de construir a bomba atômica). Einstein e a teoria da relatividade foram os principais alvos dessa campanha. Quando tomou conhecimento do livro “One Hundred Authors Against Einstein” (“Cem autores contra Einstein”), indagou: “Por que cem? Se eu estivesse errado, apenas um seria suficiente”.

Depois da Segunda Guerra, Einstein pediu aos aliados que criassem um governo mundial para controlar a bomba atômica. Em 1952, recebeu o convite para assumir a presidência do novo Estado de Israel, mas recusou. “A política é apenas por um momento”, escreveu, “enquanto… uma equação é para a eternidade.” As equações da relatividade geral são seu melhor epitáfio e herança. Eles irão durar enquanto o universo existir.

O mundo mudou mais nos últimos cem anos do que em qualquer outro século da história em consequência das tecnologias que se originaram diretamente do progresso da ciência básica. Nenhum outro cientista representa melhor esses avanços do que Albert Einstein: o personagem do século da TIME.

Página do especial o “Personagem do Século” (Time), publicado pela Folha em 1999 (Foto: Folhapress)

Em 2011, o físico concedeu entrevista na qual falou sobre a doença (esclerose lateral amiotrófica, conhecida pela sigla ELA, ou doença de Lou Gehrig), espaço e sobre sua rotina.

Sobre sua condição física, declarou “eu sempre tentei superar as limitações da minha condição e levar a vida mais completa possível. Eu viajei o mundo, da Antártida à gravidade zero. Talvez um dia, eu vá ao espaço”.

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Há 15 anos, ônibus espacial Columbia se partiu ao voltar para a Terra, e 7 astronautas morreram https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/02/01/ha-15-anos-onibus-espacial-columbia-se-partiu-ao-voltar-para-a-terra-e-7-astronautas-morreram/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/02/01/ha-15-anos-onibus-espacial-columbia-se-partiu-ao-voltar-para-a-terra-e-7-astronautas-morreram/#respond Thu, 01 Feb 2018 07:00:07 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/02/Columbia4-180x147.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=7647 No último dia 25 de janeiro, o cantor israelense Tal Ramon apresentou duas de suas músicas no complexo do Centro Espacial Kennedy, na Flórida. Neste mesmo local, seu pai deveria ter aterrissado em 1º de fevereiro de 2003, após missão no espaço.

Tal é filho de Ilan Ramon, o primeiro astronauta de Israel e um dos sete mortos na tragédia do ônibus espacial Columbia, há 15 anos. Durante uma cerimônia na última quinta-feira (25), o músico tocou teclado e entoou canções em hebraico, em um dia dedicado pela Nasa às vítimas de acidentes em trabalhos da agência espacial americana.

A tragédia do Columbia foi uma das duas maiores envolvendo voos espaciais tripulados, juntamente com a explosão do Challenger, que também provocou sete mortes, em 28 de janeiro de 1986.

A missão dos astronautas do ônibus espacial estava quase concluída quando o acidente aconteceu. Depois de 16 dias de experimentos científicos no espaço, a nave se desintegrou após entrar na atmosfera durante o retorno à Terra.

A Nasa perdeu o contato com a nave 16 minutos antes do pouso. No contato anterior, o último, o Columbia estava a aproximadamente 62 quilômetros de altitude e a uma velocidade de mais de 20.000 km/h (cerca de 18 vezes a do som).

A tripulação era formada pelos americanos Rick Husband (comandante, 45 anos), William McCool (piloto, 41),  Michael Anderson (comandante de carga útil, 43), David Brown (especialista em missão,46), Kalpana Chawla (americana nascida na Índia, especialista em missão, 41), Laurel Clark (especialista em missão, 41), além de Ilan Ramon (astronauta especialista em carga útil, 48).

Folha publicou, no dia seguinte ao acidente, um trecho da última comunicação por rádio do controle da missão em Houston, no Texas, para o ônibus espacial: “Columbia, [aqui é] Houston, vemos suas mensagens sobre pressão de pneus e não entendemos sua última [comunicação]”. O comandante  Rick Husband respondeu calmamente: “Câmbio, ma…”. A transmissão silenciou por vários segundos. Em seguida, entrou um ruído de estática.

Uma comissão independente à Nasa investigou o acidente e fez duras críticas à agência, apontando falta de rigor em procedimentos de segurança, terceirização de serviços, cortes de verba e pessoal e uma “cultura de autoproteção excessiva”.

Sobre a desintegração do Columbia, a comissão concluiu que um problema no lançamento foi crucial. Um pedaço de espuma de isolamento térmico se desprendeu do tanque principal de combustível e se espatifou a mais de 800 km/h contra o bordo de ataque (porção frontal) da asa esquerda do ônibus espacial, abrindo um pequeno buraco. Mesmo assim, a missão continuou.

No momento de voltar para a Terra e encarar os efeitos da atmosfera, o buraco foi fatal. Com o ônibus espacial viajando a mais de 15.000 km/h, o atrito fez entrar pelo buraco na asa plasma (gás superaquecido), a temperaturas superiores a 2.700ºC, ampliando o rombo e acabando por destruir toda a sua estrutura. Assim, o Columbia partiu-se em pedaços. Mais de 84 mil pedaços (38% da nave) foram resgatados sobre os Estados do Texas e da Louisiana (sudoeste dos EUA) nos dias seguintes ao acidente.

De acordo com a Nasa, os astronautas souberam por um período de cerca de 40 segundos que não tinham mais controle da nave. Quando o ônibus espacial se desintegrou, eles já estariam inconscientes ou mortos.

O Columbia era o mais antigo dos ônibus espaciais e fazia a sua 28ª missão, a 113ª do programa.

Depois da tragédia, o movimento para que os ônibus espaciais da Nasa deixassem de voar ganhou força. Até que em 2011 a agência espacial aposentou essas naves. O último a voar foi o Atlantis.

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Há 50 anos: China testa bomba H e diz aplicar duro golpe à chantagem nuclear https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/06/18/ha-50-anos-china-testa-bomba-h-e-diz-aplicar-duro-golpe-a-chantagem-nuclear/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/06/18/ha-50-anos-china-testa-bomba-h-e-diz-aplicar-duro-golpe-a-chantagem-nuclear/#respond Sun, 18 Jun 2017 23:16:33 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/06/Há-50_-18.06.67-180x43.png http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=4227 A China explodiu no sábado (17), no deserto de Sinkiang, sua primeira bomba de hidrogênio.

O anúncio foi feito pela agência Nova China e, pouco depois, foi confirmado pela Comissão de Energia Atômica dos EUA, que informou que se trata de “bomba de hidrogênio de vários megatons”.

Com isso, a China se torna a quarta maior potência mundial, superando a França, que não testou uma bomba H.

O Partido Comunista chinês diz que a bomba põe fim ao “monopólio dos imperialistas norte-americanos e dos revisionistas soviéticos, constituindo duro golpe à política de chantagem nuclear”.

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Há 20 anos, supercomputador derrotou o campeão mundial do xadrez Garry Kasparov https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/05/11/ha-20-anos-supercomputador-derrotou-o-campeao-mundial-do-xadrez-garry-kasparov/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/05/11/ha-20-anos-supercomputador-derrotou-o-campeao-mundial-do-xadrez-garry-kasparov/#respond Thu, 11 May 2017 15:00:25 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/05/capa-180x117.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=3860 Hoje completam-se duas décadas da memorável disputa entre o então número 1 do xadrez, o russo Garry Kasparov, e o computador Deep Blue, da IBM, que em 11 de maio de 1997 entrava para a história como a primeira máquina a derrotar um campeão mundial da modalidade.

Era o segundo confronto entre Kasparov e o Deep Blue. Em fevereiro de 1996, o lendário enxadrista faturou US$ 400 mil ao derrotar a máquina por 4 a 2 numa série de seis jogos disputados na Filadélfia (EUA).

Sete anos antes, em 1989, em jogo promovido pela Sociedade Britânica de Xadrez, em Londres, Kasparov já havia tido sua primeira experiência contra uma máquina ao vencer com tranquilidade o Deep Thought, antecessor do Deep Blue.

Campeão do mundo e número 1 no ranking do xadrez desde 1985, quando, aos 22 anos, tornou-se o mais jovem campeão mundial da história após vencer outro grande nome –o compatriota Anatoli Karpov–, Kasparov, considerado o grande gênio do xadrez, só perdeu a hegemonia 15 anos depois, em novembro de 2000, em embate em Londres com o também russo Vladimir Kramnik, de 25 anos.

Garry Kasparov joga contra o computador Deep Blue, da IBM, na Filadélfia, em fevereiro de 1996 (Foto: George Widman – 13.fev.1996/AP Photo)

A GRANDE REVANCHE

Organizada pela IBM, uma das gigantes em tecnologia no mundo, a disputa de 1997 foi dividida também em seis partidas, todas realizadas num auditório de 490 lugares num edifício comercial perto da Broadway, em Nova York, com ingressos de US$ 25 e premiação de US$ 700 mil.

Batizado em fevereiro de 1993, o Deep Blue foi resultado de 12 anos de pesquisa da IBM. Além de memorizar todas as jogadas do adversário, o computador era capaz de calcular até 250 milhões de jogadas por segundo.

O enfrentamento entre a máquina e o humano foi o evento de xadrez de maior repercussão desde a antológica vitória do americano Robert Fischer sobre o russo Boris Spassky, em Reykjavik (Islândia), em 1972, que colocou os EUA à frente dos russos durante três anos. Segundo a organização, cerca de 22 milhões de pessoas acompanharam as disputas pela internet.

Garry Kasparov em duelo em Nova York contra o computador Deep Blue, da IBM, em maio de 1997 (Foto: mai.1997 – Peter Morgan/REUTERS)

O jogo de estreia, com cerca de quatro horas de duração, ocorreu em 3 de maio, com vitória de Kasparov. No dia seguinte, na segunda partida, o Deep Blue conseguiu o empate, deixando a disputa em 1 a 1. Nos três jogos seguintes, disputados nos dias 6, 8 e 10 de maio, houve empate entre os adversários.

Após a terceira partida, no dia 6, Kasparov  e seus assessores insinuaram interferência humana por parte da IBM no segundo confronto da série. “Quem conhece xadrez ou um pouco de computadores sabe que houve uma diferença no segundo jogo do Deep Blue. Não parecia o mesmo do primeiro ou do terceiro jogo”, manifestou o campeão.

Um dos pesquisadores da IBM, Chung jen Tan, em entrevista exclusiva à Folha rebateu as declarações de Kasparov ao dizer que a “manha” do computador teria sido a razão do descontrole e nervosismo mostrado pelo campeão a partir do segundo embate. “Em algumas ocasiões ele [o Deep Blue] pode retardar jogadas e fazer cálculos repetitivos para irritar o adversário”, afirmou.

A MÁQUINA VENCE O HOMEM

Em 11 de maio, na etapa final, o Deep Blue sagrou-se campeão em cima do grande mestre humano, numa vitória confirmada em apenas 19 lances. O feito fez as ações da IBM subirem 3,6 pontos em Wall Street (EUA).

A empresa cogitou um terceiro round ao adversário, mas, para um novo confronto, Kasparov fez algumas exigências: que a IBM não fosse patrocinadora do evento, que houvesse pelo menos 10 partidas num período de 20 dias e também que ele tivesse acesso a todos os jogos armazenados pela máquina, o que não ocorreu.

Em setembro de 1997, seis meses após ter vencido o maior nome da história do xadrez, o Deep Blue foi aposentado pela IBM, que aproveitou sua tecnologia para outros fins. Já o eterno campeão mundial dos tabuleiros, Kasparov, que em 2003 chegou a empatar com outros dois computadores em partidas de exibições, aposentou-se em 2005, aos 41 anos.

Ativista político desde 1984, quando se filiou ao Partido Comunista da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), Kasparov pôde dedicar mais tempo à política. Ferrenho opositor do governo de Vladimir Putin, em 2008 chegou a ser preso em protesto contra o presidente russo.

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Há 50 anos: Sonda Surveyor 3 faz voo perfeito em missão de exploração à Lua https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/04/20/ha-50-anos-sonda-surveyor-3-faz-voo-perfeito-em-missao-de-exploracao-a-lua/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/04/20/ha-50-anos-sonda-surveyor-3-faz-voo-perfeito-em-missao-de-exploracao-a-lua/#respond Thu, 20 Apr 2017 14:14:04 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/04/SUrveyor__blog__as12_48_7121-180x121.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=3618 A sonda não tripulada Surveyor 3, do programa de exploração lunar norte-americano, pousou na Lua às 21h04 (horário de Brasília) desta quarta (19).

Considerado como “o mais perfeito voo” feito pela Nasa (Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço dos EUA), o veículo, que partiu do Cabo Kennedy há três dias, pousou na superfície do satélite da Terra no mesmo horário previsto pelos técnicos, no mar das Tormentas.

Nesta sexta (21), a sonda iniciará escavações do solo e fará filmagens da paisagem, que serão exibidas pela TV.

Na foto acima, a Surveyor 3 fotografada em 20 de novembro de 1969 pelo astronauta Alan Bean, da missão Apollo 12.

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Há 75 anos, nascia o astrofísico Stephen Hawking https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/01/08/ha-75-anos-nascia-stephen-hawking/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/01/08/ha-75-anos-nascia-stephen-hawking/#respond Sun, 08 Jan 2017 04:00:32 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/01/Britain_Hawking_At_Seventy.1-180x120.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=2231 Nascido em Oxford (Inglaterra) em 8 de janeiro de 1942, em meio a Segunda Guerra, o astrofísico vivo mais famoso do mundo, Stephen William Hawking completa hoje 75 anos de vida.

Caçula de quatro irmãos, Hawking tornou-se mundialmente conhecido em 1974, com a publicação de estudos que argumentavam que a interação entre a teoria da relatividade – de Einstein -, com a mecânica quântica, gerava efeitos de radiação nos buracos negros. Em sua tese, o físico afirmava que o processo entre as duas teorias causava evaporação e consequentemente o desaparecimento dos buracos ao longo do tempo. Esse fenômeno ficou conhecido como radiação Hawking.

Onze anos antes, em 1963, aos 21 anos e recém-graduado em física pela Universidade de Oxford, o cientista fora diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica (ELA) – ou doença de Lou Gehrig, transtorno neurodegenerativo que causa a perda progressiva da coordenação muscular e dos movimentos do corpo, com sobrevida estimada em quatro anos.

Em 1965, mesmo com a probabilidade de morte anunciada, Hawking se casa com Jane Beryl – amiga de uma de suas irmãs-, numa união que durou 30 anos. Do casamento vieram três filhos: Robert (1967), Lucy (1970) e Tymothy, em 1979, ano em que o físico foi alçado ao prestigiado posto de professor lucasiano da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, na cátedra que havia sido ocupada por Issac Newton (1643-1727). Essa parte da vida do cientista é contada no filme “A Teoria de Tudo”, do roteirista Anthony McCarten, lançado em 2014.

Além da dependência de uma cadeira de rodas para se locomover, que o acompanha desde os primeiros anos da doença, uma traqueostomia em 1985, feita às pressas, afetou sua fala, e ele passou a se comunicar por meio de um sintetizador de voz.

Três anos depois, em 1988, Hawking lança o primeiro de vários livros, o best-seller “Uma Breve História do Tempo: do Big Bang aos Buracos Negros”, que vendeu mais de 10 milhões de exemplares. Na publicação, transformada em documentário pelo diretor americano Errol Morris, Hawking tenta explicar aos leigos suas teorias sobre universo.

A tentativa de simplificar a complexidade da ciência moderna também ganhou espaço na TV, quando, em 1999, o astrofísico passou a apresentar a série “O Universo de Stephen Hawking”, no canal pago Discovery Channel.

No dia 21 de julho de 2004, na 17ª Conferência sobre Relatividade Geral e Gravitação, em Dublin, na Irlanda, para um público de mais de 500 astrofísicos, Stephen Hawking derrubou uma de suas teorias estudadas no anos 70, quando afirmava que os buracos negros destruíam tudo o que engoliam. Desta vez o físico concluiu que os buracos negros não destroem as matérias ingeridas, e sim as regurgitam junto com energia “numa forma distorcida”, conforme publicado na Folha no dia seguinte ao evento.

Em 2009, aos 67 anos, Hawking se aposentou da cátedra da Universidade de Cambridge. Dois anos depois, em palestra na Universidade do Arizona (EUA),  intitulada “Minha Breve História”, Stephen Hawking falou do prazer em viver pela ciência. “Eu não a compararia ao sexo”, disse, “mas dura mais tempo”.

Um dos últimos feitos do cientista foi ter ganhado mais de dois milhões de seguidores no ‘Twitter’ chinês Weibo, no mesmo dia em que criou a conta, em abril de 2016.

 

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Há 25 anos, SOS Mata Atlântica luta pelo Tietê https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2016/11/28/ha-25-anos-sos-mata-atlantica-luta-pelo-tiete/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2016/11/28/ha-25-anos-sos-mata-atlantica-luta-pelo-tiete/#respond Mon, 28 Nov 2016 19:55:01 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2016/11/opcao_Abre_1-180x120.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=1793 A história da SOS Mata Atlântica está ligada a um dos maiores desafios ambientais do país: a despoluição do rio Tietê.

Isso porque, desde 1991, quando conseguiu reunir 1,2 milhão de assinaturas através de uma petição pública, a ONG encampa o Projeto Tietê.

Dois meses após o encontro com o presidente Collor, em outubro de 1991, o governador de São Paulo, Luiz Antônio Fleury Filho (PMDB-SP), obteve promessa de empréstimo do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) no valor de US$ 1,150 bilhão, para o projeto de despoluição do Tietê.

Na ocasião, a Folha noticiou que se tratava da primeira vez que o projeto era divulgado em detalhes pelo governo estadual. O objetivo era reduzir até 1994 entre 50% e 60% o volume de poluição jogado no Tietê.

“Em torno de oito anos já será possível pescar”, disse Fleury.

Margens do rio Tietê com a placa do projeto de recuperação e despoluição. (Foto: Helcio Nagamine - 23.set.1993/Folhapress)
Margens do rio Tietê com a placa do projeto de recuperação e despoluição (Foto: Helcio Nagamine – 23.set.1993/Folhapress)

Em 1994, o Núcleo Pró-Tietê, da Fundação SOS Mata Atlântica, inaugurava um programa de educação ambiental e monitoramento da qualidade das águas do rio Tietê.

À época, a Folha havia revelado que o IQA (Índice de Qualidade das Águas) das águas do rio coletadas na estação Edgard de Souza, em Santana de Parnaíba (SP), havia caído durante o governo Fleury.

Mário Mantovani, coordenador do Núcleo Pró-Tietê, da Fundação SOS Mata Atlântica (atualmente diretor de políticas públicas do órgão), criticou o comportamento do governo em relação às informações sobre o programa de despoluição do Tietê.

“É uma situação gravíssima. É mais fácil obter dados sobre o Tietê em Washington do que em São Paulo”, afirmou.

Em 25 de janeiro de 2010, nos 456 anos da cidade de São Paulo, a Folha publicou o caderno “São Paulo 456 anos“. O especial trouxe 16 páginas, dez delas sobre o Tietê, com suas histórias, enchentes, problemas e personagens.

Uma das matérias, assinada pelo repórter Eduardo Geraque, trouxe o título “Rio já está morto mesmo com o projeto de despoluição“.

Apesar de triste, a afirmação fazia sentido. “Mesmo que o programa de despoluição do rio paulista atinja as suas metas em alguns anos e praticamente corte o fornecimento de esgoto para o Tietê, ele nunca mais vai ter peixes. O rio está morto, porque a carga de poluição difusa [toda sujeira despejada no rio sem ser esgoto] será sempre longe de zero.”

Malu Ribeiro, coordenadora da Rede de Águas da Fundação SOS Mata Atlântica, explicou: “Você pode até ter um ou outro peixe entrando [sob a ponte das Bandeiras ou dos Remédios, por exemplo] mas ele vai viver pouco tempo e morrer”.

Decorridos 21 anos do lançamento da campanha pela despoluição do Tietê, Malu Ribeiro alertou, em análise publicada na Folha, para os problemas políticos do projeto.

“A falta de transparência e a ausência de um pacto para gestão integrada da bacia hidrográfica do Alto Tietê -que engloba os 34 municípios da região metropolitana- durante a primeira etapa do projeto, associada a seu uso político, com a divulgação em ano eleitoral de que, em curto espaço de tempo seria possível beber água do rio, por pouco não fizeram com que ele caísse em descrédito”, disse.

Só a capacidade financeira e o investimento em tecnologias para a recuperação da água não resolvem o problema da poluição. Exemplo disso é que, de acordo com a Sabesp, até agora foram investidos US$ 2,6 bilhões para despoluir o Tietê –entre aportes do governo do Estado, BID e Caixa Econômica Federal.

“A ocupação desordenada e o aumento de moradias irregulares desprovidas de coleta e tratamento de esgotos impõem a necessidade da atuação integrada do Estado, União, municípios e da sociedade”, alertou Malu, na página Tendências / Debates, em fevereiro de 2014.

Atividade promovida pela Fundação SOS Mata Atlântica, próxima a Ponte das Bandeiras. (Foto: Almeida Rocha - 22.set.2009/Folhapress)
Atividade promovida pela Fundação SOS Mata Atlântica, próxima a Ponte das Bandeiras (Foto: Almeida Rocha – 22.set.2009/Folhapress)

O trecho do Tietê que está dentro da capital de São Paulo tem 49,6 km de extensão e recebe, por meio dos afluentes, as cargas de esgoto não tratado de toda a bacia hidrográfica que abrange a região metropolitana. E, de acordo com a SOS Mata Atlântica, requer ação integrada dos governos.

Um dos pontos que também prejudicaram o andamento do projeto de despoluição do Tietê, que se encontra na terceira de seis fases, foi o fim do programa Córrego Limpo, que deveria tratar 110 afluentes do Tietê numa parceria entre Prefeitura de São Paulo e Sabesp.

“Se a gente vier salvando os córregos, os afluentes, as nascentes urbanas, salva a bacia. Não adianta olhar só para o Tietê: ele é reflexo de tudo o que é jogado nele”, disse Malu.

Assim como no início, em 1991, a SOS Mata Atlântica acredita que o sucesso depende de ampla participação social e governamental. “Temos que acabar com a categoria que permite rio morto no país. Só com mobilização vamos tomar posse do rio”, resume Malu.

 

Leia Mais sobre a atuação da SOS Mata Atlântica e sua participação no processo de despoluição do rio Tietê e no desmatamento da mata atlântica neste link.

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Há 50 anos, astronauta Neil Armstrong pisava em São Paulo antes de dar primeiros passos na Lua https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2016/10/21/ha-50-anos-astronauta-neil-armstrong-pisava-em-sao-paulo-antes-de-dar-primeiros-passos-na-lua/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2016/10/21/ha-50-anos-astronauta-neil-armstrong-pisava-em-sao-paulo-antes-de-dar-primeiros-passos-na-lua/#respond Fri, 21 Oct 2016 04:00:43 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2016/10/Abertura-180x145.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=1442 Foi no dia 21 de outubro de 1966 que os astronautas Neil Armstrong (1930-2012) e Richard Gordon chegaram a São Paulo.

A visita fazia parte de uma turnê por 22 cidades da América Latina, idealizada pelo governo dos EUA, para “compartilhar” seus feitos espaciais com as demais nações. Antes da capital paulista, a dupla esteve em Brasília (no dia 17 de outubro) e Rio de Janeiro (de 18 a 20).

Um mês antes, Gordon fora ao espaço com Charles Conrad a bordo da Gemini 11. Já Armstrong havia viajado na Gemini 8 em março daquele ano, na companhia de David Scott.

Chamou a atenção em São Paulo, entretanto, a pompa com que Armstrong (à dir., na foto acima) e Gordon (à esq., na foto acima) foram recepcionados. Primeiro, pela forma como chegaram, a bordo de um Convair 440, da frota presidencial americana. Depois, pela carreata que promoveram pelas ruas da cidade.

DESFILE
Após serem recebidos pelo secretário do governo estadual, Paulo Machado de Carvalho, em um palanque montado no Aeroporto de Congonhas, os astronautas partiram para se encontrar com o governador Laudo Natel.

O trajeto até o Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi (zona oeste), foi feito por uma comitiva com 15 carros. As estrelas do dia estavam em um Chevrolet conversível azul, seguidos por suas esposas Janet Armstrong e Barbara Gordon, acomodadas em um Cadilac do governo do Estado.

Na frente, dois veículos anunciavam pelas ruas as atrações que estavam por vir: “Alô, Alô, senhores ouvintes. Dentro de alguns instantes estarão passando por aqui os astronautas Gordon e Armstrong, das cápsulas Gemini 8 e Gemini e 11” –na verdade, o locutor inverteu as espaçonaves em que cada astronauta viajou.

No restante da frota estavam os demais integrantes da Nasa, outras autoridades paulistas e, em cima de dois carros do Corpo de Bombeiros, a imprensa. A escolta foi feita por policiais militares e por helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira).

Nas ruas, os curiosos formavam aglomerações para acompanhar os americanos, mas quem se impressionava mesmo com a visita foram as crianças. Ao passar pela rua Joaquim Nabuco, no Brooklin, alunos do Grupo Escolar Mario de Andrade cercaram o carro dos astronautas, que pararam para cumprimentá-las.

Crianças
Crianças cercam carro com os astronautas Neil Armstrong e Richard Gordon rua Joaquim Nabuco (Foto: 21.out.1966/Folhapress)

‘O BRASIL É UM MUNDO AZUL’
Diante do governador Laudo Natel, no primeiro compromisso oficial da viagem, Armstrong e Gordon o presentearam com um álbum de fotografias coloridas do Brasil, feitas do espaço, durante voo da Gemini 11.

Bastante simpático e à vontade, Armstrong disse que “O Brasil é um mundo azul”, ao explicar a predominância da cor nas imagens. Depois, aproveitou para elogiar o café servido.

Ao deixarem o Palácio dos Bandeirantes, as estrelas do espaço partiram para o Othon Palace Hotel, no centro, onde se hospedaram e falaram com a imprensa. Próximos de seu destino, foram festejados com uma chuva de papel picado atirada dos prédios.

Ao lado de George Low, vice-diretor do Centro de Voos Espaciais da Nasa, os astronautas responderam a todo tipo de pergunta.

A Low coube amenizar a disputa com os soviéticos (“Não é fácil dizer que qual dos países está mais adiantado em relação ao programa espacial, pois não se trata de uma corrida de homens ao espaço, nem ela pode ser medida.”) e enfatizar o trabalho que os EUA realizavam com 71 nações para a exploração do espaço, inclusive com a União Soviética.

Já Armstrong e Gordon respondiam a questões que iam desde os trajes utilizados por eles nas recentes missões no cosmos até a visualização de óvnis. As Geminis 8 e 11 foram responsáveis por terem feito a primeira acoplagem no espaço (com o satélite Agena) e batido o recorde de altitude (1.367,94 km), respectivamente.

“Realmente vi, em minha viagem espacial, um objeto que refletia a luz solar. Mas não consegui identificá-lo. Radares na Terra também conseguiram captar, mas não creio que fossem discos voadores”, explicou Gordon.

Armstrong contou sobre a experiência da primeira acoplagem feita no espaço. Apesar do sucesso da missão, a Gemini 8 teve sua volta antecipada por problemas: “O acoplamento com o foguete Agena foi o mais sério perigo enfrentado no programa espacial, a ponto de exigir o uso do sistema de emergência”.

HOMENAGEM
Após se encontrarem com o prefeito Faria Lima -que ganhou uma foto da Gemini 8- no Monumento às Bandeiras, os astronautas seguiram até o Museu da Aeronáutica, em momento histórico.

Lá, além de assinarem o livro de honra, eles ofertaram uma placa de bronze em homenagem ao pai da aviação do Brasil. “Ao gênio do grande brasileiro Santos Dumont, por suas contribuições para a ciência aeroespacial. Neil Armstrong e Richard Gordon, astronautas dos EUA” foi a mensagem gravada no presente.

As aeronaves expostas no museu chamaram a atenção da dupla americana, em especial o 14-Bis de Dumont e o hidroavião Jahu, que foi de Genova a São Paulo em 1927, sob o comando de João Ribeiro de Barros.

Armstrong e Gordon também fizeram questão de posar para fotos com Ada Rogato (1910-1986), em frente ao monomotor em que ela fez um voo solitário pelas três Américas, em 1951. O feito da aviadora –reconhecido mundialmente– foi contado por ela própria aos visitantes, que não pouparam elogios.

DEGUSTAÇÃO
Antes de partirem para Assunção (Paraguai), Neil Armstrong e Richard Gordon participaram de um último compromisso em São Paulo: uma palestra no Mackenzie, para cerca de 2.000 pessoas.

Os temas não mudaram muito em relação à entrevista concedida naquela tarde. No auditório, alguns doces concentrados, levados ao espaço pelos astronautas, foram distribuídos à plateia. Mas quem experimentou disse que o gosto nada se parecia com os das frutas mencionadas pelos palestrantes.

Os integrantes da Nasa, Armstrong e Gordon puderam falar ao público sobre os próximos passos do programa espacial, como o projeto Apollo. O vice-diretor do Centro de Voos Espaciais da agência norte-americana, George Low, comentou sobre a possibilidade de o homem chegar à Lua até 1970. E ele estava certo em sua previsão.

A bordo da Apollo 11, em 20 de julho de 1969, Neil Armstrong foi o primeiro homem a pisar no satélite da Terra. No momento, uma frase dita por ele acabou eternizada: “Um pequeno passo para um homem, mas um grande salto para a humanidade”.

ORG XMIT: 123001_1.tif Os astronautas Neil Armstrong e Edwin Aldrin fincam bandeira dos EUA na Lua, em julho de 1969. Apollo 11 astronauts Neil Armstrong and Edwin E. "Buzz" Aldrin, the first men to land on the moon, plant the U.S. flag on the lunar surface, July 20, 1969. Photo was made by a 16mm movie camera inside the lunar module, shooting at one frame per second. (AP Photo/NASA)
Os astronautas Neil Armstrong e Edwin Aldrin fincam bandeira dos EUA na Lua, em julho de 1969 (Foto: Associated Press/Nasa)
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Com Apollo e Viking, EUA desbravam o espaço https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2016/07/20/com-apollo-e-viking-eua-desbravam-o-espaco/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2016/07/20/com-apollo-e-viking-eua-desbravam-o-espaco/#respond Wed, 20 Jul 2016 05:00:35 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2016/07/Nikon-com-os-astronautas-180x109.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=304 20 de julho é dia histórico na exploração do espaço sideral.

Em 1969, exatamente às 23h, 56 minutos e 31 segundos (no horário de Brasília), o comandante Neil A. Armstrong tocou o solo da Lua.

Assim a Folha noticiou toda a conquista da Lua, principalmente o momento em que o astronauta norte-americano, com transmissão ao vivo para os “terráqueos”, disse a célebre frase: “É um pequeno passo para o um homem, mas um grande salto para a humanidade“.

Com o título “A Lua no bolso“, a reportagem relatou todas as ações executadas pelos astronautas Neil Armstrong e Edwin “Buzz” Aldrin.

A expectativa fora criada na véspera. Após um voo perfeito, a Apollo 11 entrara na órbita do satélite, com os dois astronautas e Michael Collins.

O jornal descreveu que, além de o primeiro passo na Lua ser dado somente com autorização da Nasa (a agência espacial dos EUA), também se encontrava na órbita lunar o satélite soviético Luna 15, “cuja missão Moscou continua cercando de segredo”.

Collins se manteve na nave-mãe. Armstrong e Aldrin, a bordo do módulo Águia, pousaram na Lua e esperaram 6h38min para tocar o solo pela primeira vez.

Entre as reportagens e o caderno especial publicados pela Folha, além de descrever a biografia de Armstrong, chamaram a atenção uma frase de Pelé e um poema de Pablo Neruda.

Poema de Pablo Neruda publicado em 20 de julho de 1969 sobre a conquista da Lua
Poema de Pablo Neruda publicado em 20 de julho de 1969 sobre a chegada à Lua

Joguei em todas as partes, e o único campo que me falta é o da Lua“, disse à época Pelé, que estava em Bogotá (Colômbia) e disse que gostaria de ir ao satélite da Terra acompanhado da família.

No dia seguinte, a Folha trouxe uma cobertura completa, com a repercussão do feito no mundo todo. Os astronautas ficaram na Lua por 21 horas, 36 minutos e 41 segundos. Lá, coletaram 35 quilos de amostras minerais, fincaram bandeira e deixaram mensagem no solo lunar. Largaram na Lua também “o lixo mais caro do mundo”, que consistia na câmera de televisão, a de fotos em primeiro plano, ferramentas e equipamentos de oxigênio, que, juntos, custaram quase US$ 1 milhão.

Além da conquista da Lua, o dia 20 de julho marcou outra grande conquista no espaço. Isso porque, em 1976, há exatos 40 anos, às 8h53 (horário de Brasília), a sonda automática Viking 1 pousou em Marte.

A descida no “planeta vermelho” estava marcada para 17 de julho de 1976, mas alterações atrasaram o cronograma. As transmissões feitas pela sonda demoraram 19 minutos para enviar imagens e informações a Pasadena (EUA).

A Folha informou que 20 sondas de Moscou e Washington foram dirigidas a Marte desde 1960. E que o pouso no planeta marcou a última etapa de uma viagem iniciada 11 meses antes pela Viking 1, em Cabo Canaveral (EUA).

Primeira página da Folha de 21 de julho de 1976
Primeira página da Folha de 21 de julho de 1976
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