Acervo Folha https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br No jornal, na internet e na história Fri, 19 Feb 2021 13:40:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Hipopótamos, fogueira de dinheiro e prisão de luxo marcaram o traficante Pablo Escobar, morto há 25 anos https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/12/02/hipopotamos-fogueira-de-dinheiro-e-prisao-de-luxo-marcaram-o-traficante-pablo-escobar-morto-ha-25-anos/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/12/02/hipopotamos-fogueira-de-dinheiro-e-prisao-de-luxo-marcaram-o-traficante-pablo-escobar-morto-ha-25-anos/#respond Sun, 02 Dec 2018 09:00:39 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/12/hipo-320x213.jpg https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10542 Quando estava em cima do telhado durante uma fuga, na tarde de 2 de dezembro de 1993, o mais famoso narcotraficante do mundo, o colombiano Pablo Escobar Gavíria, foi alvejado e morto, em Medellín.

Ele tentava escapar de um cerco montado por forças do Exército e da polícia, conforme consta a versão oficial.

O cartel da cidade, liderado por Escobar, chegou a responder por cerca de 80% do fornecimento de cocaína ao Estados Unidos, segundo dados da DEA, a agência norte-americana de combate às drogas.

Estima-se que a organização criminosa tenha sido responsável pela morte de mais de 4.000 pessoas.

O traficante estava foragido desde julho de 1992, quando tinha escapado de uma prisão em Envigado (a cerca de 20 quilômetros de Medellín).

A cadeia em que ficou (conhecida como La Catedral) poderia ser mais comparada a um luxuoso hotel do que a um centro de detenção.

A imprensa colombiana divulgou que os traficantes teriam à disposição, de dentro do cárcere, banheira com hidromassagem, televisão de 60 polegadas, videocassete, telefones celulares e armas.

Foi Escobar quem teria mandado construí-la, já projetando a possibilidade de se entregar para a polícia, o que ocorreu ao obter a garantia de que não seria extraditado aos Estados Unidos.

Edição da Folha de 20 de junho de 1991

Ficou 13 meses detido. Só optou pela fuga quando soube que seria transferido de penitenciária, depois que seus privilégios se tornaram público.

Fogueira de dinheiro

Para escapar da polícia e de seus inimigos, Escobar organizou um esquema com esconderijos em várias casas espalhadas pela região.

Em março de 2015, um de seus filhos, Juan Pablo Escobar Henao, falou para a revista colombiana Don Juan que seu pai, quando estava foragido, chegou a fazer uma fogueira com notas de dinheiro, em um total de US$ 2 milhões, por causa do frio intenso.

Isso ocorreu quando a família estava escondida em uma habitação rústica, em uma das montanhas que rodeiam Medellín. A polícia havia armado um bloqueio na área, e eles não poderiam deixar o local naquele momento.

Segundo o filho, a sua irmã começou a sentir mal por causa da hipotermia. O pai, então, decidiu queimar dois sacos de dinheiro para aquecê-los.

Pablo Escobar foi muito rico. Seu nome constou na lista de bilionários da revista Forbes por sete anos, de 1987 a 1993. Na primeira edição, a publicação informou que o traficante recebia a maior fatia, estipulada em 40%, dos negócios do Cartel de Medellín.

A revista estimou que, ao longo de 1987, o criminoso teria movimentado sozinho US$ 3 bilhões (cerca de R$ 11,56 bilhões) e o seu patrimônio líquido seria de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 7,71 bilhões).

Fortuna que começou a ser formada na segunda metade da década de 1970. Em 1980, ele já tinha sua própria organização para o envio de drogas aos Estados Unidos.

Juan Pablo Escobar Henao passou a adotar o nome de Sebastián Marroquín depois da morte de seu pai (foto: Enrique Marcarian – 6.nov.2009 / Reuters)

Hipopótamos

Com dinheiro em abundância, Escobar comprou mansões, fazendas, edifícios de apartamentos, escritórios e obras de arte. Uma de suas investidas foi montar um zoológico particular na Hacienda Nápoles, onde também tinha uma luxuosa casa.

Comprou quatro hipopótamos, que se adaptaram bem ao clima e procriaram bastante. Com os anos, os animais viraram uma preocupação na região.

O pesquisador David Echeverri, de uma agência ambiental do governo colombiano, disse para o site da revista National Geographic Brasil que o problema ainda persiste.

Em entrevista publicada em agosto de 2018, Echeverri afirmou que entre 26 e 28 hipopótamos vivem no lago da Hacienda Nápoles, mas relatou que há evidências de que pequenos grupos ou animais solitários tenham migrado pelo rio Magdalena e ido para outras áreas.

“É possível que haja até 40 hipopótamos na região. Em dez anos, este número pode chegar a quase 100 se não forem administrados”, afirmou o pesquisador.

Sem símbolos

Assim como a Hacienda Nápoles, há outros lugares relacionados a Escobar, que atraem pessoas curiosas sobre a vida do traficante.

Como mostrou a reportagem da jornalista Sylvia Colombo, na edição de 9 de outubro de 2018 da Folha, Medellín lançou ofensivas para apagar os símbolos do auge de Escobar.

O edifício Mônaco, onde a família do traficante morou, vai dar lugar a um memorial para as vítimas. O prefeito da cidade, Federico Gutiérrez, foi quem iniciou a demolição simbólica do prédio.

“Apagar o passado é impossível, devemos aprender com ele e construir uma melhor cidade a partir do que aprendemos perdendo tantos seres queridos”, declarou Gutiérrez.

O prefeito Federico Gutiérrez iniciou a demolição simbólica do prédio de Mônaco – Reprodução
]]>
0
1968: Protesto de atletas americanos mostra o Poder Negro contra o racismo https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/10/16/1968-protesto-de-atletas-americanos-mostra-o-poder-negro-contra-o-racismo/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/10/16/1968-protesto-de-atletas-americanos-mostra-o-poder-negro-contra-o-racismo/#respond Tue, 16 Oct 2018 10:00:49 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/10/Olimpíadas-México-Protesto-320x213.jpg https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10372 No dia 16 de outubro de 1968, em uma cerimônia de premiação na Olimpíada da Cidade do México, Tommie Smith e John Carlos subiram ao pódio para ouvir o hino dos EUA, depois de conquistarem ouro e bronze nos 200 metros. E entraram para a história ao erguerem os punhos, com luvas pretas, em uma saudação associada aos Panteras Negras.

O protesto dos dois atletas norte-americanos contra o racismo em seu país ficou marcado como um dos momentos mais importantes do esporte.

Um ano antes, em outubro de 1967, a Folha noticiou um possível boicote -organizado por atletas negros- aos Jogos Olímpicos do México, uma articulação do “Projeto Olímpico para os Direitos Humanos” (OPHR) . “A conduta dos meus patrícios de cor será provavelmente ditada pelos acontecimentos que ocorrerem na América, de agora até os Jogos”, afirmou Tommie Smith.

Sem a adesão de todos os atletas negros que participariam da Olimpíada, o OPHR acabou perdendo a força, mas, com a morte do reverendo Martin Luther King, em abril de 1968, a construção de uma forma de protesto permaneceu na mente de Tommie Smith e John Carlos.

Reprodução da página de Esporte de 4 de maio de 2008

Smith, numa das finais que selecionou os atletas americanos para os Jogos Olímpicos, dedicou sua vitória ao Poder Negro.

O Comitê Olímpico dos EUA -que estava de olho em Tommie Smith, John Carlos e Lee Evans- esperava uma possível ausência dos atletas negros vencedores na cerimônia de entrega das medalhas, o que representaria uma humilhação para os EUA.

“A discriminação é um problema social e não deve atingir o esporte. Sei que houve ameaça de boicote e que só podemos contar com todos os negros porque não houve unanimidade entre eles […] Parece que farão novos protestos, mas não sei e nem quero saber em que consistirá esse protesto”, disse Payton Jordan, técnico-chefe da equipe americana, antes do início da Olimpíada.

E o dia chegou. No pódio, que ficou registrado para sempre, o atleta australiano Peter Norman, ganhador da medalha de prata, aderiu ao protesto e,  assim como Tommie Smith e John Carlos, usou no peito o símbolo do OPHR. Seguindo o conselho de Norman, os americanos dividiram o único par de luvas disponível -por isso um levantou o braço direito, e o outro, o esquerdo.

John Carlos, de chapéu, deixa a Vila com a mulher após expulsão (AFP)

A manifestação dos três atletas causou retaliações. Tommie Smith e John Carlos foram suspensos da equipe dos EUA e excluídos dos Jogos Olímpicos. O australiano branco Peter Norman foi jogado no ostracismo em seu próprio país. O atleta morreu em 3 de outubro de 2006 de um ataque cardíaco. No sepultamento de Peter Norman, Smith e Carlos carregaram o caixão de seu companheiro de luta.

Em 2016, numa recepção na Casa Branca, o presidente Barack Obama homenageou os dois medalhistas olímpicos que levantaram seus punhos contra o racismo.

[+] Conheça o histórico de protestos de atletas negros ao longo da história dos EUA

]]>
0
Desde 1998, Kofi Annan escreveu sobre liberdade de imprensa e eleições na Folha https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/08/18/desde-1998-kofi-annan-escreveu-sobre-liberdade-de-imprensa-e-eleicoes-na-folha/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/08/18/desde-1998-kofi-annan-escreveu-sobre-liberdade-de-imprensa-e-eleicoes-na-folha/#respond Sat, 18 Aug 2018 14:05:39 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/08/Kofi-Annan-320x213.jpg https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10315 Kofi Annan, que foi secretário-geral da ONU de 1997 a 2006, sempre esteve presente nas páginas da Folha. E em pelo menos em 15 oportunidades o fez com suas próprias palavras.

Desde que assumiu a Organização das Nações Unidas, o ganês relatou na Folha seus maiores desafios, como em 15 de março de 1998, quando fez um balanço de um ano à frente da entidade. e as principais questões que abordaria em sua gestão, como Conselho de Segurança, crise humanitária, clima.

Sob o título “Nações Unidas: revolução silenciosa“, ele indicou os desafios que enfrentava com falta de recursos. Isso porque, naquele primeiro ano (1997-1998), teve que realizar a demissão de funcionários e a redefinição de ações, com cortes orçamentários de US$ 123 milhões (cerca de R$ 487 milhões).

Atento aos temas mais sensíveis para o mundo, Annan falou sobre a liberdade de imprensa (“Em toda sociedade, a liberdade de informação é fundamental para a transparência, a prestação de contas, o bom governo e o império da lei”),  pontos-chaves para a vida humana (“água, energia, saúde, agricultura e biodiversiade”), países que precisavam de ajuda (entre eles o Timor Leste) e a importância das Nações Unidas (“A ONU não sobreviverá ao século 21 enquanto todos não perceberem que a organização está fazendo algo para eles, protegendo-os não só de conflitos, mas da pobreza, da fome, das doenças e da degradação do ambiente”), entre outros assuntos.

Defensor ferrenho de que a “guerra deve sempre ser o último recurso”, ele disse que ao longo de sua trajetória aprendeu cinco lições, que inclui responsabilidades sobre a própria segurança, a de uma nação e a do mundo, e revelou ser fã de futebol, um esporte que “é um dos poucos fenômenos tão universais quanto as Nações Unidas”.

Também mostrou ter visão sobre o que poderia vir a afligir o mundo, quando citou em 2004 a que a Europa deveria se preparar para uma crise migratória (“Um dos maiores testes para uma União Européia ampliada, nos próximos anos e décadas, será a maneira como administrará o desafio da imigração. Se as sociedades europeias estiverem à altura do desafio, a imigração será um fator de enriquecimento e irá fortalecê-las. Se o não conseguirem, as conseqüências podem ser uma queda no nível de vida e divisão social”).

Por fim, em seu último texto na Folha, em 2012, Kofi Annan, que à época presidia a Comissão Global de Eleições, Democracia e Segurança, falou sobre como o processo eleitoral pode ser prejudicado se não houver controle do financiamento de campanhas.

“O financiamento político descontrolado e não regulado põe em risco a fé dos eleitores nas eleições, bem como a confiança na democracia –em países ricos e em países pobres. Isso significa que certamente é preciso agir para impedir compra de votos e suborno dos candidatos, incluindo pelo crime organizado. Mas significa também combater o crescimento explosivo das despesas das campanhas, que afetam a confiança na igualdade eleitoral.”

 

Confira nos links abaixo a íntegra dos textos escritos por Kofi Annan na Folha:

Nações Unidas: revolução silenciosa

Dia Mundial da Liberdade de Imprensa

Uma chance de proteger o futuro

O mundo não pode abandonar Timor Leste

ONU deve ser digna da confiança que o mundo tem nela

Uma oportunidade de paz em Darfur

Por que a ONU é importante?

Uma estratégica de migração para o mundo

Cinco lições

O enfrentamento das alterações climáticas

Como invejamos a Copa do Mundo

Façamos com que esse conselho funcione

Vacinas infantis precisam de incentivos

O que atrasa o progresso da África?

Regular doações e despesas de campanha

 

]]>
0
Guerra Civil da Iugoslávia teve massacres e separou repúblicas nos anos 1990 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/07/13/guerra-civil-da-iugoslavia-teve-massacres-e-separou-republicas-anos-1990/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/07/13/guerra-civil-da-iugoslavia-teve-massacres-e-separou-republicas-anos-1990/#respond Fri, 13 Jul 2018 23:38:48 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/BHi_j0226__abremae-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10134

Formada por seis repúblicas, Sérvia, Eslovênia, Croácia, Bósnia e Herzegovina, Montenegro, Macedônia, e duas regiões autônomas, Kosovo e Voivodina, a República Socialista Federativa da Iugoslávia surgiu após ao fim da Segunda Guerra, em 1945, sob o comando do marechal Josip Tito.

Antes disso, o primeiro Estado propriamente iugoslavo foi formado em 1918, com o Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos. Onze anos depois recebe o nome de Reino da Iugoslávia. Em 1941 é invadido pelos países do Eixo, durante a Segunda Guerra Mundial.

O Reino da Iugoslávia foi libertado do domínio nazi-fascista pelos chamados partisans (tropa formada para se opor à ocupação e ao controle estrangeiro), liderados por Josip Broz Tito, que após chegar ao poder instaura um regime comunista.

O dirigente uniu o bloco e permaneceu no poder até a sua morte em 4 de maio de 1980. Sem ele, a relação entre as repúblicas se deteriorou, e as disputas entre as nacionalidades voltaram à tona.

Depois da queda do muro de Berlim, em 1989, e do declínio do comunismo, movimentos separatistas dentro da Iugoslávia passaram a ganhar mais força.

As independências da Eslovênia e da Croácia foram proclamadas em junho de 1991, mas os sérvios ainda tentavam preservar a unidade iugoslava.

A Eslovênia enfrentou um curto confronto, que ficou conhecido como a Guerra dos Dez Dias, em 1991. Já o conflito contra Croácia persistiu até 1995.

“Euforia toma conta de croatas e eslovenos”, publicou a reportagem da Folha em 26 de junho de 1991.

Depois de eslovenos e croatas, a Macedônia decidiu em setembro de 1991 também declarar sua independência em relação ao governo central de Belgrado. Quase 1,5 milhão de pessoas, além de 200 mil macedônios que viviam no exterior, foram convocadas às urnas.

Após pouco mais de dois anos, países da União Europeia reconheceram a independência da Macedônia e começaram a estabelecer relações diplomáticas com o país. A Sérvia não reagiu militarmente.

Em março de 1992, foi a vez da Bósnia-Herzegóvina votar pela sua desvinculação e, em abril, estourou a guerra entre as forças do governo bósnio e sérvios da região, que se posicionaram nas montanhas que circundam Sarajevo.

A Bósnia era um território compartilhado por sérvios, croatas e bósnios muçulmanos.

O tratado de paz só foi assinado em 14 dezembro de1995 entre presidentes da Bósnia, Sérvia, Croácia e países líderes da Otan, a aliança militar ocidental. O confronto matou cerca de 200 mil pessoas em três anos e meio.

Um dos mais longos conflitos foi o Cerco de Sarajevo (capital e a maior cidade da Bósnia e Herzegovina) realizado pelas forças sérvias. Cerca de 12 mil pessoas foram mortas e ao menos 50 mil ficaram feridas durante o cerco, sendo a maioria delas civis.

O episódio inspirou a canção de protesto da banda de rock irlandesa U2 a compor junto com o cantor e compositor Brian Eno a música “Miss Sarajevo”, que teve participação do tenor italiano Luciano Pavarotti.

Seguindo os exemplos da Eslovênia, Croácia, Bósnia e Macedônia, a República de Montenegro aprovou em maio de 2006, por votação, a sua independência –proclamada oficialmente em junho, sem guerra.

Entre março e junho de 1999, a província albanesa de Kosovo se rebelou contra os sérvios. Durante o confronto, o Kosovo recebeu apoio das tropas da Otan, a aliança militar ocidental.

Com apoio militar da Otan, Kosovo acabou se tornando um protetorado da ONU (Organização das Nações Unidas). Sua independência não foi reconhecida pela Sérvia, mas foi declarada em 17 de fevereiro de 2008.

Corpos de combatentess sérvios e croatas são tirados de vala comum em Ovcara, na Croácia (Jutarnji List – 28.abr.1998/Associated Press)

As consequências dos anos de guerra e massacres como os de Sarajevo e Srebrenica em 1995 (que deixou cerca de 8.000 muçulmanos mortos) levaram a ONU a criar em 1993 o Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia, em Haia, na Holanda.

Como o colunista Clóvis Rossi informou, o tribunal encerrou seus trabalhos a 31 de dezembro de 2017, com este balanço: 161 atas de acusação, 123 prisões e 83 condenações.

Slobodan Milosevic, líder da Iugoslávia durante os conflitos, foi enviado a Haia em 2001; morreu em 2006, na prisão, antes de ser julgado por crimes de guerra.

Radovan Karadzic foi o líder político da república sérvio-bósnia; preso em 2008, foi condenado a 40 anos de prisão por crimes em Sarajevo e Srebrenica.

Goran Hadzic liderou rebeldes sérvios na Croácia; morreu em 2016 antes do fim do seu julgamento, no qual era acusado de assassinato e tortura.

Ratko Mladic liderou o Exército sérvio-bósnio de 1992 a 1996, quando foram cometidos crimes no cerco a Sarajevo e em Srebrenica. Foi condenado à prisão perpétua.

E o general Slobodan Praljak, que foi um dos comandantes das forças bósnio-croatas durante a Guerra da Bósnia, morreu em novembro do ano passado, após ingerir veneno segundos depois que juízes do Tribunal Penal Internacional recusaram seu recurso contra uma pena de 20 anos de prisão por crimes de guerra cometidos contra muçulmanos.

“Eu acabei de beber veneno. Eu não sou um criminoso de guerra, me oponho a essa condenação”, disse ele na sequência.

Colaboraram Luiz Carlos Ferreira e Rodolfo Stipp Martino

]]>
0
1992: Autonomia da Croácia é reconhecida pela Comunidade Europeia https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/07/13/autonomia-da-croacia-foi-reconhecida-pela-comunidade-europeia-em-1992/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/07/13/autonomia-da-croacia-foi-reconhecida-pela-comunidade-europeia-em-1992/#respond Fri, 13 Jul 2018 15:00:12 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/AHi_j0154__blog-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10122 Em 15 de janeiro de 1992, o caderno Mundo da Folha trazia em sua primeira página a reportagem: “Comunidade Europeia reconhece autonomia de Eslovênia e Croácia”.

O texto, assinado pelo jornalista Fernando Gabeira, informava que isso ocorreu depois de uma guerra civil que “matou 6.000 pessoas e desabrigou meio milhão”.

A tensão entre croatas e sérvios havia aumentado muito. O então presidente da Croácia, Franjo Tudjaman, chegou a declarar em maio de 1991 de que a guerra já havia começado.

Em um pronunciamento na TV, ele afirmou: “Nós estamos enfrentando, devo dizer, o começo de uma guerra aberta contra a república da Croácia”.

A declaração de Tudjaman, conforme a reportagem da Folha mostrou, foi feita após um sangrento conflito que deixou ao menos 16 mortos.

Esse confronto era considerado até aquela data o mais sangrento entre sérvios e croatas desde a 2ª Guerra Mundial.

A partir daí, sucederam-se conflitos, tentativas de cessar-fogo, tomadas de cidades, acusações de assassinatos de crianças e milhares de mortes.

Em outubro, o presidente da União Soviética, Mikhail Gorbatchev, participou de uma tentativa de acordo de paz para a chamada “Crise na Iugoslávia”.

Franjo Tudjman e Slobodan Milosevic durante encontro em Belgrado, em abril de 1991 (Petar Kujundzic/Reuters)

Os presidentes Slobodan Milosevic e Franjo Tudjman, da Sérvia e Croácia respectivamente, se encontraram com o líder russo no Kremlin e concordaram em colocar um fim imediatamente ao conflito.

Durante o encontro, foi solicitado pelos líderes dos países em guerra que a mediação não ficasse restrita a Moscou, mas que também participassem Washington e a Comunidade Europeia.

Embora o diálogo apontasse para uma possível saída e fim do confronto, em janeiro de 1992 após o reconhecimento da Comunidade Europeia da independência de Eslovênia e Croácia, a Sérvia chegou a criticar o gesto.

Após a declaração do porta-voz da chancelaria belga de que “a Iugoslávia é agora um Estado em dissolução”, Belgrado respondeu que a decisão dos países do bloco europeu feria a lei internacional e era “uma agressão à soberania da Iugoslávia”.

Mas apesar do protesto de Belgrado, Eslovênia e Croácia estavam independentes.

Corpos de combatentes são tirados de vala comum em Ovcara, na Croácia (Jutarnji List – 28.abr.1998/Associated Press)

Colaborou Rodolfo Stipp Martino

]]>
0
1963: ‘Gaivota’ soviética se torna a primeira mulher a viajar para o espaço https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/06/18/1963-gaivota-sovietica-se-torna-a-primeira-mulher-a-viajar-para-o-espaco/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/06/18/1963-gaivota-sovietica-se-torna-a-primeira-mulher-a-viajar-para-o-espaco/#respond Mon, 18 Jun 2018 10:00:24 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/Tereshkova-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=9675 Em 16 de junho de 1963, a soviética Valentina Tereshkova, aos 26 anos, tornou-se a primeira mulher a viajar pelo espaço. Essa façanha só foi repetida por uma mulher em 1982 por outra soviética, Svetlana Savitskaya.

Quando estava no início da sua missão, os serviços de rádio do Instituto Japonês de Investigações Espaciais chegaram a capturar um áudio de Tereshkova.

“Sou a gaivota. Encontro-me muito bem. Estou realizando a experiência da ausência da gravidade”, disse a astronauta, conforme noticiou a Folha, em sua primeira página, no dia seguinte ao lançamento.

Tereshkova é homenageada no 40º aniversário do seu voo espacial – Misha Japaridze – 16.jun.2003/AP

A astronauta nasceu em 6 de março de 1937 em um vilarejo na região de Iaroslavl, a cerca de 270 quilômetros de Moscou.

“Meu sonho de criança era ser maquinista. Minha casa fica ao lado da ferrovia, de onde eu via com frequência o trem passar, apitando e soltando fumaça. Mas, após os primeiros estudos, fui trabalhar numa fábrica de pneumáticos e depois numa indústria têxtil, como minha mãe e minha irmã”, disse.

Porém o rumo da sua vida tomou outra direção. Ela entrou em uma escola de paraquedista, em 1959, e ingressou na Escola de Cosmonautas em 1962 –mesmo ano que começou a fazer parte do Partido Comunista (ele já participava da Komsomol, uma organização da juventude comunista).

Durante a Guerra Fria, União Soviética e Estados Unidos investiram bastante em tecnologia espacial. E o fato de a primeira mulher enviada ao espaço ser soviética foi bastante destacado no país.

Tereshkova entrou em órbita circunterrestre com a nave Vostok 6 às 12h30 de Moscou (7h30 de Brasília) do dia 16 de junho, dois dias depois de a União Soviética ter enviado ao espaço o astronauta Valeri Bykovsky com a nave Vostok 5.

O então primeiro-ministro soviético, Nikita Kruschev, enviou uma mensagem para ela pela façanha depois do lançamento. “O povo soviético está orgulhoso de você, e todos nós acompanhamos com enorme atenção seu heroico voo.”

A astronauta respondeu dizendo estar emocionada. “Agradeço de todo o coração aos soviéticos seus bons desejos.”

Ela também recebeu, durante o voo,  uma mensagem de sua mãe, Helena Tereshkova. “Sinto-me muito feliz ao ver-te tão intrépida. Sinto-me também orgulhosa de ti e espero com impaciência o teu regresso à Terra”, disse.

Primeiro homem a ir ao espaço (feito alcançado em 1961), Iuri Gagarin falou para a Rádio de Moscou que havia conhecido Tereshkova em 1962 na Escola dos Cosmonautas. “Ela soube granjear rapidamente o afeto de todos os seus camaradas”, declarou.

Depois de girar pela órbita terrestre por 48 vezes, em três dias do voo espacial , a “gaivota” aterrissou sã e salva na União Soviética.

“Meu voo provou que organismo da mulher pode resistir à falta de gravidade e a outros fenômenos”, afirmou.

Em 2015, Tereshkova participou de um evento em Londres no qual exibia a cápsula utilizada na viagem. “Quando vejo esse objeto, o acaricio. Digo: meu amor, meu amigo mais belo e querido. Meu homem”, brincou.

]]>
0
1968: Na Folha, jornalista diz que Che morreu sem ter começado sua revolução https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/06/15/1968-na-folha-jornalista-diz-que-che-morreu-sem-ter-comecado-sua-revolucao/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/06/15/1968-na-folha-jornalista-diz-que-che-morreu-sem-ter-comecado-sua-revolucao/#respond Fri, 15 Jun 2018 10:00:23 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/AHi_j0157__Che2-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=9666 De criança asmática a guerrilheiro, Ernesto Che Guevara faria 90 anos nesta quinta-feira (14).

O Blog Acervo Folha resgata dois textos publicados antes do primeiro ano de seu assassinato, ambos assinados pelo jornalista boliviano Villar Borda, que testemunhou os últimos dias do guerrilheiro. A série foi intitulada “A verdade sobre a morte de Guevara”.

O primeiro foi “Chê” teria sido morto depois de preso

O segundo você lê um trecho abaixo.

‘Che’ morreu sem ter começado sua revolução

Considerável mistério envolveu os movimentos de Ernesto “Che” Guevara antes de sua chegada à Bolívia, onde liderou o movimento de guerrilhas que o conduziu a morte em 9 de outubro de 1967. Grande parte desse mistério é agora devidamente esclarecida.

Guevara deixou Cuba em março de 1965. A única coisa que disse ao seu pai, quando já se preparava para embarcar foi o seguinte: “Adeus. Parte um soldado da América”.

Correram rumores de que havia ido ao Vietnã, que estava na República Dominicana, que estava lutando no Congo.

Entretanto, todas as informações autorizadas, obtidas posteriormente à sua morte, indicam que a Bolívia era seu destino desde o início de sua viagem, quaisquer que sejam os lugares em que tenha podido ir.

Chegou a La Paz, capital boliviana, em 15 de setembro de 1961, viajando com o nome fictício de Adolfo Mena, um homem de negócios uruguaio, de 45 anos. Na ocasião estava com óculos, sem barba e careca. Com esse mesmo nome ou com o de Ramon Benitez Fernandez, esteve em Venezuela, Uruguai e possivelmente Chile e Brasil.

Os passaportes falsos ostentam carimbos da Alemanha e da Espanha, indicando (no caso de legítimos) que o seu portador ia frequentemente à Europa -possivelmente como escala em suas constantes viagens- ou talvez se tratasse de uma dissimulação para o fato de estar viajando para a América Latina, onde organizava grupos para a explosão continental, cujo estopim planejava acender pessoalmente na Bolívia.

 

[+] Conheça o site do Banco de Dados
http://www1.folha.uol.com.br/banco-de-dados/

[+] Siga-nos no Twitter
https://twitter.com/BD_Folha

[+] Curta a página Saiu no NP
https://www.facebook.com/Saiu-no-NP-168161556714765/

[+] Curta o Acervo Folha no Facebook
https://www.facebook.com/acervofolha/

]]>
0
1928: Nasce Ernesto Guevara, futuro Che e símbolo da resistência ao imperialismo https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/06/14/1928-nasce-ernesto-guevara-futuro-che-e-simbolo-da-resistencia-ao-imperialismo/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/06/14/1928-nasce-ernesto-guevara-futuro-che-e-simbolo-da-resistencia-ao-imperialismo/#respond Thu, 14 Jun 2018 10:00:05 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/AHi_j0178__Che1-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=9636 Ernesto Guevara de la Serna, mais conhecido como Che Guevara, se estivesse vivo, completaria nesta quinta-feira (14) 90 anos.

Morto há mais de meio século na Bolívia, Guevara era argentino, natural de Rosario, mas passou 17 anos na província de Córdoba.

Diagnosticado com asma desde pequeno, teve uma infância limitada e foi alfabetizado em casa pela mãe. Porém isso não o impediu de praticar esportes quando se sentia melhor. Nem de fazer a viagem (de Buenos Aires a Caracas), aos 22 anos, de motocicleta ao lado do amigo Alberto Granado.

As descobertas pelo continente se tornaram livro e anos mais tarde filme, pelas mãos do diretor Walter Salles.

O aventureiro, o médico, o guerrilheiro da Revolução Cubana (1959), do Congo e, por fim, da Bolívia, tornaria-se mito após sua morte, em 1967.

Justamente um ano antes da convulsão estudantil e mundial que sacudiu o globo e começava a ter seu nome mencionado como símbolo de resistência ao imperialismo até estampar murais, camisetas e, décadas mais tarde, um sem fim de produtos comerciais ao redor do mundo.

Figura o Che de olhar fixo retratado por Alberto Korda; não o guerrilheiro abatido em La Higuera e exibido a fotógrafos por “rangers” bolivianos.

O Blog Acervo Folha resgata dois textos publicados antes do primeiro ano de seu assassinato, ambos assinados pelo jornalista boliviano Villar Borda, que testemunhou os últimos dias do guerrilheiro.

“Chê” teria sido morto depois de preso

Às 7 horas do dia 8 de outubro de 1967, um camponês chamado Victor entrou no posto do Exército em Higuera, na região oriental da Bolívia.

Era para informar ao oficial de dia que havia visto um grupo de homens desconhecidos durante à noite nas matas próximas de seu rancho, a oito quilômetros dali. O oficial pagou Victor pela informação e imediatamente começou a transmiti-la às unidades de “rangers” bolivianos mobilizadas na área, que acabavam de concluir um curso especial contra guerrilhas, dirigido por oficiais norte-americanos.

O Exército boliviano tentava localizar o principal, e provavelmente último grupo, de guerrilheiros depois de uma sangrenta campanha de quase sete meses.

Leia o texto completo aqui.

]]>
0
2013: Bombas explodem em maratona, matam 3 e levam pânico a Boston https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/04/13/2013-bombas-explodem-em-maratona-matam-3-e-levam-panico-a-boston/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/04/13/2013-bombas-explodem-em-maratona-matam-3-e-levam-panico-a-boston/#respond Fri, 13 Apr 2018 11:00:28 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/explosao_-320x213.jpeg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=9078 Os Estados Unidos voltaram a sofrer com o terror em 15 de abril de 2013. Em um intervalo de cerca de dez segundos, duas bombas explodiram na Maratona de Boston, mataram três pessoas e feriram 264.

A Maratona de Boston é a corrida mais tradicional desse tipo no mundo, e cerca de 23.300 corredores participaram daquela edição. Quando as bombas explodiram, cerca de 17.500 já haviam terminado a corrida.

Essa corrida nasceu como uma festa cívica sendo realizada no Dia dos Patriotas. Apesar de ser feriado estadual em Boston, a maior parte da cidade estava funcionando no dia.

Uma bomba explodiu perto da linha de chegada, e a outra estourou a 80 metros desse local.

As vítimas foram a universitária chinesa Lingzi Lu, 23, a gerente de restaurante Krystle Campbell, 29, e o menino Martin Richard, 8.

A brasileira Carolina Feijó, que estava com amigas perto da chegada da maratona, foi atingida na perna por estilhaços da bomba. Ela falou para a reportagem da Folha que chegou a pensar que fossem fogos de comemoração.

“Mas aí surgiu aquela neblina de fumaça, vi sangue por todos os lados, foi horrível. Fechei os olhos e botei a mão nos ouvidos. Não sabia para onde fugir. Fiquei com pena da polícia, eles queriam ajudar, mas não sabiam o que fazer”, disse.

“TV Folha” mostrou em 2013 relatos  de brasileiros que presenciaram o atentado:

Caçada

Na tarde do dia 18, o FBI (polícia federal americana) divulgou fotos e vídeos de dois suspeitos do atentado. À noite, a polícia iniciou uma perseguição a esses dois homens depois que houve um tiroteio no MIT (Massachusetts Institute of Technology), no qual um segurança morreu.

Nessa caçada, a dupla trocou tiros com os agentes e tentou escapar. Um deles, Tamerlan Tsarnaev, 26, morreu durante o confronto, na madrugada. O outro acabou fugindo.

O foragido era Dzhokhar Tsarnaev, irmão de Tamerlan e que tinha na época 19 anos.

Boston amanheceu em pânico, conforme registou a reportagem da Folha, com escritórios, lojas, escolas e prédios públicos fechados, após recomendação da polícia para que a população permanecesse em casa. A busca envolveu cerca de 9.000 agentes.

No fim da tarde, o fugitivo foi localizado em Watertown, perto de Boston, e uma grande operação foi montada para capturá-lo. Acabou preso após ser encurralado num barco nos fundos de uma casa.

No barco, Dzhokhar escreveu uma mensagem em que afirmava invejar o irmão por ter recebido o “prêmio” antes dele, acusava o governo americano de matar civis inocentes e dizia que os muçulmanos estavam unidos.

Quando foi detido, ele estava em estado grave e foi levado a um hospital. Segundo relatório médico, havia vários ferimentos à bala, e o mais sério foi um tiro que atingiu a boca e a face esquerda.

Os irmãos eram imigrantes de origem tchetchena. Tamerlan era residente permanente nos Estados Unidos, e Dzhokar era cidadão americano naturalizado.

Irmãos Tamerlan Tsarnaev (esq.) e Dzhokhar (Associated Press/Lowell Sun e FBI)

Julgamento

Em julho de 2013, ele se declarou inocente, em sua primeira aparição em um tribunal após ser preso. Mas, no julgamento em março de 2015, a advogada de defesa reconheceu ser ele o responsável pelo ataque. A alegação foi que o rapaz agiu sob a influência de Tamerlan.

A tese de defesa não surtiu muito efeito, e o júri o declarou culpado. A pena foi anunciada em 15 de maio de 2015: Dzhokar foi condenado à morte.

Antes da formalização da sua pena, ele pediu perdão. “Eu sinto muito pelas vidas que tirei, pelo sofrimento que causei a vocês, pelos danos que eu provoquei, irreparáveis danos. Eu rezo para que vocês possam ter um alívio, para que vocês se recuperem”, disse.

Não foi estipulada uma data para execução, e o condenado permanece detido nos Estados Unidos.

Editoria de Arte/Folhapress
]]>
0
Em 1999, Hawking escreveu por que Einstein era o personagem do século 20 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/03/14/hawking-escreveu-por-que-einstein-era-o-personagem-do-seculo-20/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/03/14/hawking-escreveu-por-que-einstein-era-o-personagem-do-seculo-20/#respond Wed, 14 Mar 2018 17:14:03 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/03/617415-work__Stephen-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=8593

No penúltimo dia de 1999, a Folha publicou um especial da revista “Time”, no qual em quatro páginas o físico britânico Stephen Hawking explicou por que Albert Einstein era escolhido o personagem do século pela revista.

Bem ao seu estilo, dissecou os feitos do cientista alemão, versou sobre seus erros e, principalmente, seu legado.

Com a palavra, Stephen Hawking (1942-2018):

Início do texto de Stephen Hawking publicado pela Folha em 30 de dezembro de 1999 no especial “Personagem do Século” (Time) (Foto: Folhapress)

“Uma breve história da relatividade”

Stephen Hawking

No final do século 19, a comunidade científica acreditava estar cada vez mais perto de uma descrição completa do Universo. Supunha-se que o espaço cósmico estivesse repleto de um fluido chamado éter. Raios de luz e sinais de rádio eram ondas circulando em éter, assim como o som é a pressão de ondas no ar. Tudo o que faltava para concluir a teoria eram medidas cuidadosas das propriedades elásticas do éter. Completada essa etapa, todas as peças se encaixariam perfeitamente.

Mas, em seguida, algumas discrepâncias sobre a predominância do éter começaram a surgir. A expectativa era de que a luz viajasse a uma velocidade constante por meio do éter. Portanto, se você seguisse na mesma direção da luz, a velocidade dela seria menor. Se tomasse a direção contrária, a velocidade deveria ser maior. No entanto, uma série de testes não conseguiu provar que diferenças de velocidade ocorrem por causa do movimento realizado no meio do éter.

O experimento mais preciso foi realizado por Albert Michelson e Edward Morley no Institute Case, em Cleveland, Ohio, em 1887. Eles compararam a velocidade de dois feixes de luz em ângulo reto em relação um ao outro. Como a Terra gira em torno de seu eixo e faz uma órbita em torno do Sol, os cientistas acreditavam que o planeta se moveria por meio do éter e que a velocidade dos dois feixes de luz divergiria. Mas Michelson e Morley não encontraram variações entre os dois feixes nem de um dia para o outro nem de um ano para o outro. Era como se a luz sempre viajasse na mesma velocidade relativa, pouco importando se o observador estivesse em movimento ou não.

O físico irlandês George Fitzgerald e o holandês Hendrik Lorentz foram os primeiros a sugerir que corpos em movimento no éter se contrairiam e que relógios ficariam mais lentos. Essa contração e lentidão seriam tais que qualquer um mediria a mesma velocidade para a luz, independentemente da forma como os raios se movessem em relação ao éter, o que FitzGerald e Lorenz consideravam uma substância real.

Mas foi um jovem chamado Albert Einstein, que trabalhava no escritório de patentes em Berna, Suíça, quem resolveu a questão de uma vez por todas. Em junho de 1905, ele redigiu um dos três documentos que o estabeleceriam como um dos maiores cientistas do mundo e, durante o processo, iniciou duas revoluções conceituais que mudariam nossa compreensão de tempo, espaço e realidade.

No documento de 1905, Einstein mostrou que, por não ser possível comprovar se alguém se movia no meio do éter ou não, a própria noção do éter se tornava dispensável. Em vez disso, partiu do princípio de que as leis da ciência deveriam ser as mesmas para todos os observadores em movimento. Um observador deveria medir a mesma velocidade para a luz, qualquer que fosse seu movimento.

Essa teoria exigia que se abandonasse a ideia de uma medida de quantidade universal chamada tempo. Ao contrário, todos deveriam ter seu próprio tempo individual. Os relógios de duas pessoas marcariam a mesma hora se cada uma se mantivesse no mesmo ponto em relação à outra, mas não se estivessem em movimento. O princípio foi confirmado por uma série de testes, incluindo um no qual um relógio de grande precisão viajou ao redor do mundo e depois foi comparado com outro que permaneceu no mesmo lugar. Se alguém quisesse viver mais, bastaria continuar viajando no sentido leste, de forma que a velocidade do avião se somaria à rotação da Terra.

O postulado de Einstein de que as leis da natureza deveriam ser aplicadas da mesma forma a todos os observadores independentemente de movimento era a base da teoria da relatividade, chamada assim porque sugere que só o movimento relativo é importante. A simplicidade dessa ideia convenceu muitos cientistas e filósofos, mas ainda havia muita oposição. Einstein tinha derrubado duas máximas absolutas da ciência do século 19: o Repouso Absoluto, representado pelo éter, e o Tempo Universal, que todos os relógios mediam. Isso significava que não havia mais padrões morais absolutos, que tudo era relativo?

Essa inquietação permaneceu durante as décadas de 20 e 30. Einstein ganhou o prêmio Nobel em 1921 como reconhecimento por um importante trabalho realizado em 1905 — mas de pequena relevância, segundo seus próprios padrões. Não houve menção à teoria da relatividade, considerada polêmica demais. Eu ainda recebo duas a três cartas por semana afirmando que Einstein estava enganado. Apesar disso, a teoria da relatividade é hoje completamente aceita pela comunidade científica, e suas previsões têm sido verificadas em incontáveis experiências e aplicações.

Uma consequência extremamente importante da teoria da relatividade é a relação entre massa e energia. O postulado de Einstein de que a velocidade da luz é a mesma para todos sugeria que nada podia se mover mais rapidamente. O que acontece é que, na medida em que energia é utilizada para acelerar uma partícula ou uma nave espacial, a massa desse objeto aumenta, ficando mais difícil sua aceleração. É impossível, portanto, fazer com que uma partícula acelere na velocidade da luz, pois seria necessária uma quantidade infinita de energia. A relação entre massa e energia é sintetizada na célebre equação de Einstein, E=mc² (energia é igual à massa multiplicada pela velocidade ao quadrado), provavelmente a única do mundo da física reconhecida nas ruas.

Uma das consequências dessa lei é a de que se o núcleo de um átomo de urânio se divide em dois com um total de massa ligeiramente menor, uma quantidade impressionante de energia é liberada. Em 1939, com a iminência da Segunda Guerra Mundial, um grupo de cientistas que havia percebido as implicações dessa descoberta persuadiu Einstein a superar seus escrúpulos pacíficos e escrever uma carta ao presidente Roosevelt, insistindo para que os Estados Unidos iniciassem um programa de pesquisa nuclear. O feito resultou no Projeto Manhattan e na bomba atômica, que destruiu Hiroshima em 1945. Algumas pessoas o responsabilizaram pela criação dos artefatos nucleares, simplesmente porque surgiu de seu cérebro a descoberta da relação entre massa e energia. Mas responsabilizá-lo pela bomba é o mesmo que culpar Newton pela existência da gravidade, que faz com que aviões caiam. Einstein não teve nenhuma participação no Projeto Manhattan e ficou chocado com a explosão da bomba.

Capa do especial publicado pela Folha em 30 de dezembro de 1999 (Foto: Folhapress)

Embora a teoria da relatividade se encaixe bem nas leis que regem a eletricidade e o magnetismo, ela não era compatível com a lei da gravidade de Newton. Essa lei afirmava que, se houvesse mudança na distribuição de matéria em uma área no espaço, a alteração do campo gravitacional seria sentida imediatamente em todas as outras partes do Universo. Isso significaria não apenas ser possível enviar sinais mais rápidos que a luz (algo impossível, segundo a teoria da relatividade), como também requereria o Tempo Universal ou Absoluto, abolidos pela relatividade em favor do tempo pessoal ou relativo.

Einstein tinha consciência desse obstáculo em 1907, quando ainda trabalhava no escritório de patentes em Berna. Mas não pensou seriamente no problema até chegar à German University em Praga, em 1911. Ele percebeu que havia uma relação estreita entre aceleração e campo gravitacional. Uma pessoa dentro de uma caixa fechada é incapaz de saber se está imóvel no campo gravitacional da Terra ou se está sendo impulsionada por um foguete em espaço livre. Einstein imaginou seres humanos dentro de elevadores em vez de naves espaciais, uma vez que Jornada nas Estrelas ainda não existia naquela época. Mas uma pessoa não pode acelerar ou cair livremente por uma longa distância em um elevador antes que o desastre ocorra.

Se a Terra fosse plana, seria possível dizer que a maçã caiu na cabeça de Newton por causa da gravidade, ou que a cabeça de Newton atingiu a maçã porque ele e a superfície da Terra estavam acelerando em direção ascendente. A relação entre aceleração e gravidade, no entanto, parecia não funcionar em uma Terra redonda; as pessoas do outro lado do mundo teriam que acelerar na direção oposta, mas mantendo uma distância constante em relação às pessoas do lado de cá.

Em sua viagem de volta a Zurique, em 1912, Einstein teve um estalo. Percebeu que a relação entre gravidade e aceleração poderia funcionar se houvesse uma certa flexibilidade na geometria da realidade. O que aconteceria se a entidade espaço-tempo –inventada por Einstein para adicionar às três já conhecidas dimensões do espaço uma quarta dimensão, o tempo– fosse curva e não plana, como sempre se pensou? Sua ideia era a de que massa e energia poderiam alterar a relação espaço-tempo de alguma forma. Objetos como maçãs ou planetas tentariam se mover em linha reta por meio do espaço-tempo, mas suas trajetórias seriam vergadas por um campo gravitacional, pois o espaço-tempo é curvo.

Com a ajuda de seu amigo Marcel Grossman, Einstein estudou a teoria dos espaços e superfícies curvos (desenvolvida por Bernhard Riemann como uma peça de matemática abstrata) sem imaginar sua relevância futura para o mundo real. Em 1913, Einstein e Grossman escreveram um documento no qual afirmavam que as chamadas forças gravitacionais eram, na verdade, uma manifestação de que o espaço-tempo é curvo. No entanto, devido a um erro de Einstein (que era humano e, portanto, falível), os dois cientistas não foram capazes de encontrar as equações que relacionavam a curvatura do espaço-tempo à massa e energia contidas.

Einstein continuou a trabalhar no problema em Berlim, indiferente às questões internas da Alemanha ou à guerra. Em novembro de 1915 ele encontrou as equações corretas. Einstein havia discutido suas ideias com o matemático David Hilbert durante uma visita à Universidade de Göttingen, no verão de 1915. Hilbert tinha encontrado as mesmas equações alguns dias antes. Mas, como ele próprio admitiu, o crédito pela nova teoria pertencia a Einstein. Foi ideia do físico, não do matemático, relacionar a gravidade à alteração do espaço-tempo. E também foi um tributo à civilizada Alemanha, numa época em que discussões e trocas de ideias na área científica não eram perturbadas nem mesmo pela guerra. Que diferença em relação a duas décadas mais tarde!

A nova teoria do espaço-tempo curvo foi denominada relatividade geral, para distingui-la da teoria original sem gravidade, conhecida como relatividade especial. Ela foi lançada com estardalhaço em 1919, quando uma expedição britânica à África ocidental observou uma ligeira mudança na posição das estrelas próximas ao Sol durante um eclipse. Como Einstein tinha previsto, a luz das estrelas se curvava quando passava pelo Sol. Aqui estava a evidência direta de que o espaço e o tempo eram alterados. Era a maior mudança em nossa percepção da realidade desde que Euclides escreveu Elementos, em torno de 300 a.C.

A teoria da relatividade de Einstein transformou o papel do espaço e do tempo, que passaram de cenários passivos onde eventos ocorrem a participantes ativos na dinâmica do cosmos. A teoria levou a um problema ainda não decifrado pela física no final do século 20. O universo é feito de matéria e matéria afeta a relação espaço-tempo, o que faz com que corpos caiam juntos. Einstein descobriu que suas equações não tinham uma solução que descrevesse um universo imutável no tempo. Em vez de desistir da ideia de um universo estático e perpétuo –na qual tanto ele quanto a maioria das pessoas acreditavam naquela época–, o cientista modificou as equações adicionando um termo denominado constante cosmológica (que alterava o espaço-tempo para o lado oposto, de forma que os corpos se movessem em separado). O efeito de repulsão da constante cosmológica balancearia o efeito atrativo da matéria e permitiria a existência de um universo imutável de forma permanente.

O gesto de Einstein tornou-se uma das maiores oportunidades perdidas da física teórica. Se tivesse continuado com suas equações originais, o cientista teria previsto que o Universo tanto pode expandir quanto contrair. Até aquela época, a possibilidade de um universo dependente do tempo não era levada a sério. Contudo, na década de 20, novas observações foram feitas com a ajuda de um telescópio de 2,5 metros no Monte Wilson. Elas demonstraram que, quanto mais distantes as galáxias estão de nós, mais rapidamente elas se distanciam. Em outras palavras: o universo está em expansão e a distância entre duas galáxias cresce constantemente com o tempo. Mais tarde, Einstein admitiu que a constante cosmológica havia sido o maior erro de sua vida.

A relatividade geral modificou completamente a discussão sobre a origem e o destino do universo. Um universo estático podia existir desde sempre ou ter sido criado em sua forma presente em algum momento do passado. Por outro lado, se as galáxias se distanciam hoje em dia, elas podem ter sido mais próximas no passado. Há cerca de 15 bilhões de anos elas poderiam estar uma no topo da outra e sua densidade teria sido infinita. Segundo a teoria geral, esse Big Bang foi o início do Universo e do próprio tempo. Talvez, por essa razão, Einstein mereça ser o personagem não apenas dos últimos cem anos, mas de um período mais longo.

De acordo com a teoria da relatividade geral, o tempo para dentro de buracos negros, regiões de espaço-tempo tão alteradas que a luz não consegue escapar delas. Mas o início e o fim do tempo são lugares onde as equações da relatividade geral se desmantelam. A teoria, portanto, não pode prever o que vai emergir do Big Bang.

Alguns veem esse fato como uma prova da liberdade de Deus de iniciar o universo como bem entender. Outros (e me incluo nessa categoria), acreditam que o início do universo é regido pelas mesmas leis que funcionavam em outros tempos. Fizemos algum progresso em relação a essa questão, mas ainda não temos uma compreensão completa da origem do universo.

A conexão entre relatividade geral e o Big Bang surgiu a partir da ideia de que este não era compatível com a teoria quântica, outra grande revolução conceitual do início do século 20. O primeiro passo nessa direção ocorreu em 1900, quando Max Planck, que trabalhava em Berlim, descobriu que a radiação de um corpo aquecido até ficar vermelho e brilhar podia ser explicada se a luz viesse apenas em pacotes de um determinado tamanho, batizados de quanta. Era como se a radiação obedecesse a regras iguais às da venda de açúcar: não é possível escolher comprar uma porção qualquer no supermercado, apenas quantidades previamente determinadas, que vêm em pacotes. Em um de seus documentos mais inovadores de 1905, quando ainda estava no escritório de patentes, Einstein demonstrou que a hipótese de Planck poderia explicar o chamado efeito fotoelétrico, que é a maneira como certos metais produzem elétrons quando raios de luz incidem sobre eles. Esse é o princípio dos modernos detectores de luz e das câmeras de TV, trabalho que valeu ao cientista o prêmio Nobel de Física em 1921.

Einstein continuou trabalhando na ideia do quantum na década de 20, mas ficou profundamente perturbado com o estudo dos cientistas Werner Heisenber, de Copenhague, Paul Dirac, de Cambridge, e Erwin Schrödinger, de Zurique, que desenvolveram um novo cenário da realidade chamado mecânica quântica. Pequenas partículas não tinham mais posição e velocidade definidas. Pelo contrário, quanto mais precisa a localização de uma partícula, mais difícil era determinar sua velocidade com exatidão. E vice-versa.

Einstein ficou horrorizado com esse elemento imprevisível nas leis básicas e nunca aceitou por completo a mecânica quântica. Seus sentimentos foram expressos na célebre frase: “Deus não joga dados”. Muitos cientistas, no entanto, acataram a teoria quântica porque ela demonstrava concordância com observações feitas anteriormente e parecia explicar uma grande variedade de fenômenos até então não desvendados. Essas leis formam a base dos avanços modernos da química, da biologia molecular e da eletrônica, assim como da tecnologia que transformou o mundo nos últimos 50 anos.

Quando os nazistas tomaram o poder na Alemanha em 1933, Einstein abandonou o país e renunciou à cidadania alemã. Ele passou os últimos 22 anos de sua vida no Instituto de Estudos Avançados em Princeton, Nova Jersey.

Os nazistas lançaram uma campanha contra a “Ciência judaica” e contra cientistas alemães judeus (seu êxodo explica, em parte, o fato de a Alemanha não ter sido capaz de construir a bomba atômica). Einstein e a teoria da relatividade foram os principais alvos dessa campanha. Quando tomou conhecimento do livro “One Hundred Authors Against Einstein” (“Cem autores contra Einstein”), indagou: “Por que cem? Se eu estivesse errado, apenas um seria suficiente”.

Depois da Segunda Guerra, Einstein pediu aos aliados que criassem um governo mundial para controlar a bomba atômica. Em 1952, recebeu o convite para assumir a presidência do novo Estado de Israel, mas recusou. “A política é apenas por um momento”, escreveu, “enquanto… uma equação é para a eternidade.” As equações da relatividade geral são seu melhor epitáfio e herança. Eles irão durar enquanto o universo existir.

O mundo mudou mais nos últimos cem anos do que em qualquer outro século da história em consequência das tecnologias que se originaram diretamente do progresso da ciência básica. Nenhum outro cientista representa melhor esses avanços do que Albert Einstein: o personagem do século da TIME.

Página do especial o “Personagem do Século” (Time), publicado pela Folha em 1999 (Foto: Folhapress)

Em 2011, o físico concedeu entrevista na qual falou sobre a doença (esclerose lateral amiotrófica, conhecida pela sigla ELA, ou doença de Lou Gehrig), espaço e sobre sua rotina.

Sobre sua condição física, declarou “eu sempre tentei superar as limitações da minha condição e levar a vida mais completa possível. Eu viajei o mundo, da Antártida à gravidade zero. Talvez um dia, eu vá ao espaço”.

]]>
0