Acervo Folha https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br No jornal, na internet e na história Fri, 19 Feb 2021 13:40:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Desde os anos 50, paralisação já registrou mortes e motivou lei https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/05/24/desde-os-anos-50-paralisacao-de-caminhoes-ja-teve-mortes-e-motivou-lei/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/05/24/desde-os-anos-50-paralisacao-de-caminhoes-ja-teve-mortes-e-motivou-lei/#respond Fri, 25 May 2018 00:40:51 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/greve_-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=9588 Desde os anos 50, a Folha registra em suas páginas paralisações de motoristas de caminhão.

Com pauta variada, que abriga desde protesto contra alta dos pedágios e do preço do diesel e pedidos por aumento no valor do frete, os caminhoneiros sempre conseguiram a atenção por pararem o país, uma cidade ou uma cadeia de produção.

Mas, ainda que não entreguem combustível, como em 1980, ou interrompam o abastecimento, como agora e em 2015, 1999, 1993, 1988, 1985, 1983 e 1979, nem sempre os caminhoneiros tiveram suas demandas atendidas.

Em 1981, por exemplo, a tentativa de um motorista furar um bloqueio na estrada BR-116, a 25 km de Caxias do Sul (RS), acabou em tragédia.

Dario Luís Santos, que transportava areia, decidiu não aderir ao movimento e quis continuar a sua viagem. Os grevistas não concordaram. Houve confusão e tiros. Tanto ele, que queria passar pelo bloqueio, como outro trabalhador, Antonio Mantemezzo, que tentou impedi-lo, acabaram morrendo. Depois das mortes, a greve foi encerrada.

Até em 1986, quando o então coordenador da Federação Nacional dos Caminhoneiros, Nélio Botelho, disse que metade dos 600 mil caminhões parou, a greve durou só dois dias. Na ocasião, o presidente José Sarney chegou a pedir que as polícias se unissem para liberar as estradas.

Uma das maiores e mais bem-sucedidas paralisações foi a de 2015, quando o movimento, iniciado no Sul, contra aumento dos combustíveis, baixo valor do frete e pedágios, durou dez dias e atingiu 14 estados, bloqueou o porto de Santos e afetou as cidades.
A greve só acabou após a presidente Dilma Rousseff aprovar a Lei do Caminhoneiro, que permitiu ao motorista mais tempo de direção.

 

Confira abaixo algumas greves:

1980

Em junho de 1980, três mil caminhoneiros que operavam em um terminal petrolífero em Paulínia paralisaram os transportes de combustíveis, deixando sem gasolina e óleo diesel a maior parte dos 137 postos que funcionavam em Campinas, a cerca de 20 quilômetros de Paulínia. Eles reivindicavam aumento de fretes.

1981

A tentativa de um motorista furar um bloqueio realizado na estrada BR-116, a cerca de 25 quilômetros de Caxias do Sul (RS), acabou em tragédia. O caminhoneiro Dario Luís Santos, que transportava areia para uma empresa de construção civil, decidiu não aderir ao movimento e quis continuar a sua viagem. Os grevistas não concordaram. Houve muita confusão e tiros. Tanto ele, que queria passar pelo bloqueio, como um outro trabalhador, Antonio Mantemezzo, que tentou impedi-lo, acabaram morrendo. Depois das mortes, a greve foi encerrada.

1985

Uma greve dos caminhoneiros foi realizada na região Sudeste e Sul do país, em novembro de 1985. No Rio, os motoristas bloquearam a avenida Brasil, provocando um congestionamento que se estendeu por mais de dez quilômetros. No Paraná, houve bloqueio em estradas. No Rio Grande do Sul e em Espírito Santos, os veículos ficaram estacionados em acostamentos de estradas. Em São Paulo, a adesão foi pequena e o trânsito de caminhões foi praticamente normal.

1986

Uma greve foi realizada por motoristas de caminhões de carga em janeiro de 1986 e várias rodovias pelo país ficaram bloqueadas. No dia 8 de janeiro, dois dias depois do início do movimento, o presidente José Sarney pediu para que as polícias militares estaduais ajudassem a polícia rodoviária federal a liberar o tráfego. As vias foram liberadas, encerrando esse movimento. Segundo o coordenador da Federação Nacional dos Caminhoneiros, Nélio Botelho, a greve teve adesão de mais da metade dos 600 mil caminhoneiros. Mas, segundo o secretário de Relações de Trabalho, Plínio Sarti, eram 8.000 caminhoneiros parados.

1999

Durante quatro dias em julho de 1999 (de 26 a 29), os caminhoneiros cruzaram os braços, em um movimento que afetou abastecimento e a produção no país. .Em São Paulo, a Ceagesp registrou queda de 66% na entrada de produtos. No Ceasa do Rio, a redução chegou a 90%. As empresas Fiat e Volkswagen decidiram paralisar ou diminuir as suas produções. A Sadia chegou a ficar sete das 11 unidades paradas. Eles também bloquearam trechos de importantes rodovias pelo país, e o Governo ameaçou a usar o Exército. O movimento dos trabalhadores saiu vitorioso, com a suspensão dos reajustes do diesel e dos pedágios em estradas federais.

2013

Para passar por um bloqueio de cerca de cem manifestantes na BR-116 em Camaquã, no Rio Grande do Sul, o caminhoneiro Renato Kranlow pediu ajuda à Polícia Federal e acabou sendo escoltado à distância. Mas mesmo assim, ele foi atingido, em seu pescoço, por uma pedra e morreu.

2015

O movimento grevista de 2015 foi um dos maiores e mais bem-sucedidos. Iniciado no Sul, contra aumento dos combustíveis, baixo valor do frete e pedágios, durou dez dias e atingiu 14 estados, bloqueou o porto de Santos e afetou as cidades. A paralisação terminou depois de a presidente Dilma Rousseff aprovar a Lei do Caminhoneiro, que permitiu ao motorista mais tempo de direção. Um episódio nesse período gerou indignação no Paraná, pois, enquanto faltava leite em supermercados de Maringá, milhares de litros eram jogados fora em Arapongas, já que o produto ficou parado na estrada por mais de 48 horas na estrada.

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Há 25 anos, motoristas e cobradores fizeram a ‘greve dos pelados’ no Rio https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/03/29/ha-25-anos-motoristas-e-cobradores-fizeram-a-greve-dos-pelados-no-rio/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/03/29/ha-25-anos-motoristas-e-cobradores-fizeram-a-greve-dos-pelados-no-rio/#respond Thu, 29 Mar 2018 10:00:04 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/03/greve-01-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=8846 Em 25 de março de 1993, uma paralisação inusitada de motoristas e cobradores do Rio, que reivindicava reajuste salarial, mudou a rotina da capital fluminense, deixando cerca de 2 milhões de pessoas sem transporte público.

Chamada de “greve dos pelados”, a paralisação teve início à 0h, em frente à sede do Sindicato dos Rodoviários do Município do Rio, na rua Camerino (centro). Depois, os piqueteiros seguiram para outras vias da região, entre elas as avenidas Rio Branco, Presidente Vargas e Marechal Floriano, além da Praça 15.

Conforme reportagem de Roni Lima, da sucursal da Folha no Rio, a estratégia dos grevistas consistia em parar os coletivos, retirar os passageiros e em seguida deixar nus motoristas e cobradores que não aderiram à paralisação. Sem roupas, eles eram forçados a conduzir os veículos até a rua do sindicato ou para as garagens das empresas.

Cerca de 40 motoristas foram vítimas da humilhação dos manifestantes. Os mais resistentes conseguiram manter suas cuecas e seus sapatos. Alguns tiveram que cobrir o órgão genital com bolsas. Wellington Luciano Ramos, um dos condutores da linha 127 (Rodoviária – Copacabana), teve as calças rasgadas e a cueca arriada até as canelas pelos grevistas. “Por favor, não tira mais não”, pediu o motorista.

Após a chegada da polícia, motorista recoloca a roupa e segue para a garagem da empresa (Foto: Frederico Rozário – 26.mar.1993/Folhapress)

Numa época em que o telefone celular era artigo para os mais endinheirados, grandes filas se formaram em frente aos orelhões públicos para que os trabalhadores pudessem justificar o atraso a seus chefes.

Ao menos 5 dos 20 ônibus levados pelos manifestantes para a rua do sindicato foram alvos de apedrejamentos no início dos protestos quando nove pessoas foram presas e em seguida liberadas pela polícia.

O diretor do sindicato dos rodoviários, Geraldo José Ribeiro, limitou-se a dizer que todos os motoristas e cobradores abordados eram orientados pelas lideranças a seguir “de livre e espontânea vontade” para o sindicato. Ribeiro disse ainda que o esvaziamento de pneus e o apedrejamento contra os coletivos foram causados por “infiltrados“ no movimento.

A manifestação se estendeu também a outros bairros e alguns municípios próximos à capital, entre eles Niterói. Mas não houve violência.

Motorista reage e tem sua roupa rasgada pelos grevistas (Foto: Frederico Rozário – 26.mar.1993/Folhapress)

SEQUESTRO

Em Bonsucesso (zona norte do Rio), três coletivos foram barrados por homens encapuzados que diziam fazer parte do movimento grevista. Segundo testemunhas, um cobrador e dois motoristas foram “sequestrados” pelos supostos piqueteiros. Até o fim da tarde, policiais da 21ª Delegacia de Polícia ainda não tinham informações sobre os seus paradeiros.

Pouco antes os grevistas haviam iniciado uma passeata até a estação de trem Central do Brasil, no centro, onde dois manifestantes ficaram feridos em confronto com a Polícia Militar.

Em assembleia realizada no final da tarde junto ao sindicato patronal, os piqueteiros decidiram continuar a paralisação.

A REIVINDICAÇÃO

Os grevistas pleiteavam reajuste salarial de 36,7% retroativos a 1º de março, data base da categoria. O Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros havia proposto 40% de aumento, mas com entrada em vigor a partir de maio, o que não agradou a categoria.

Outra exigência dos grevistas era a revisão de cláusulas contratuais como, por exemplo, o horário de compensação (folgas dadas para reduzir os ganhos referentes às horas extras trabalhadas).

No início da noite, porém, parte da frota de 6.000 ônibus do Rio já havia voltado às ruas. De acordo com o sindicato das empresas, 40% deles (2.400 coletivos) estavam circulando. Por outro lado, o sindicato dos rodoviários falavam em 3% (200 ônibus).

Motorista é obrigado a se despir durante a “greve dos pelados” no Rio (Foto: Frederico Rozário – 26.mar.1993/Folhapress)

No dia seguinte, em nova assembleia no início da tarde, os rodoviários decidiram suspender a greve até o dia 5 de abril, data marcada para outra reunião entre as partes. Às 14h os ônibus voltaram a circular normalmente na capital.

O então prefeito do Rio, Cesar Maia, que prenunciou que não participaria das negociações, disse que a melhor solução seria manter o reajuste de 25%, conforme o índice da inflação daquele mês.

Balanço dos empresários apontaram que 320 ônibus foram danificados durante os dois dias de piquete. Segundo Eurico Galhardi, diretor técnico do sindicato das empresas, o prejuízo foi de US$ 1,5 milhão.

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Greve dos 300 mil desafiou lei e agitou SP há 65 anos https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/03/26/greve-dos-300-mil-desafiou-lei-e-agitou-sp-ha-65-anos/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/03/26/greve-dos-300-mil-desafiou-lei-e-agitou-sp-ha-65-anos/#respond Mon, 26 Mar 2018 10:00:24 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/03/passeata-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=8781 Insatisfeitos com alto custo de vida em São Paulo e em busca de aumento salarial, os trabalhadores das indústrias têxteis e metalúrgicas iniciaram, em 26 de março de 1953, uma paralisação geral de suas atividades.

O movimento ganhou força, com a adesão de várias outras categorias, sacudiu São Paulo e entrou para a história com o nome de Greve dos 300 mil.

Essa ação também representou uma vitória ao direito à greve, pois um decreto-lei, assinado em 1946 por Eurico Gaspar Dutra, estabelecia muitas regras que, na prática, inviabilizaria a realização de um movimento como aquele.

Porém, antes de decidirem cruzar os braços, os tecelões já tinham organizado uma manifestação, com cerca de 8.000 trabalhadores, no centro de São Paulo, em 10 de março, quando apresentaram as suas reivindicações. Também protestaram contra um comunicado da Delegacia Regional do Trabalho, que classificou a iniciativa dos trabalhadores como sendo um meio ardiloso de agitação.

Em 18 de março, outra passeata, que ficou conhecida como Panela Vazia, agitou a cidade. Cerca de 60 mil manifestantes se concentraram na praça da Sé e foram até a então sede do governo estadual, o palácio do Campos Elíseos. Lá, entregaram um requerimento ao governador Lucas Nogueira Garcez.

No documento, os trabalhadores pediram, por exemplo, que o governo interviesse para baixar o preço do arroz e do feijão e que impedisse o aumento nas passagens dos ônibus e bondes.

De acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas, o custo de vida em São Paulo, entre 1943 e 1951, tinha aumentado cerca de 100%, contra apenas 14% do salário mínimo.

Nesse cenário, foi realizada a eleição para prefeito de São Paulo, em 22 de março. O candidato Francisco Antônio Cardoso, apoiado pelo presidente Getúlio Vargas, pelo governador Nogueira Garcez e pelo ex-governador Adhemar de Barros, perdeu para Jânio Quadros. O novo prefeito viria a apoiar o movimento dos trabalhadores.

paralisação geral dos trabalhadores têxtis foi decidida em assembleia no dia 25. Eles desejavam um aumento de 60%. No mesmo dia, os metalúrgicos também se reuniram e resolveram aderir à paralisação.

Trabalhadores se reúnem no primeiro dia da Greve dos 300 mil (Reprodução/Folhapress)

A Folha da Manhã noticiou que cerca de 100 mil operários estavam sem trabalhar já no segundo dia da greve.

O movimento cresceu rápido, e tornaram-se constantes as notícias de que outras categorias estavam aderindo, como a dos marceneiros, a dos vidreiros e a dos gráficos.

Então, para representar os trabalhadores que eram de vários setores, formou-se uma Comissão Intersindical de Greve. “Foi uma verdadeira escola para o movimento sindical”, declarou o economista Paul Singer, que em 1953 trabalhava na empresa de elevadores Atlas e era um dos membros do comitê .

“Todos estavam insatisfeitos com a perda do poder de compra do salário devido à inflação”, afirmou Singer.

Com a greve, os ânimos se acirraram e houve vários conflitos entre grevistas e policiais. Em um deles, uma passeata foi dissolvida a tiros de metralhadora.

A paralisação continuou com os trabalhadores unidos, e a negociação chegou a ser mediada pelo governador Nogueira Garcez. A greve só terminou no dia 23 de abril, com os trabalhadores obtendo um aumento de 32% .

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Há 80 anos, Getúlio Vargas fechou o Congresso Nacional e instaurou a ditadura do Estado Novo https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/11/10/ha-80-anos-getulio-vargas-fechou-o-congresso-nacional-e-instaurou-a-ditadura-do-estado-novo/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/11/10/ha-80-anos-getulio-vargas-fechou-o-congresso-nacional-e-instaurou-a-ditadura-do-estado-novo/#respond Fri, 10 Nov 2017 09:00:08 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/11/Vargas2-180x163.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=6165 Getúlio Vargas (1882-1954) declarou via rádio à nação, em 10 de novembro de 1937, que o Brasil estava sob novo regime de governo, o Estado Novo (1937-1945).

Horas antes, o então presidente brasileiro havia ordenado que a polícia política cercasse os palácios Monroe e Tiradentes, no Rio, sedes do Senado e da Câmara, respectivamente.

Com o Congresso fechado, apoiado pelo Exército e sem praticamente nenhuma resistência por parte dos políticos –assembleias legislativas e câmaras municipais também foram desativadas, e governadores que se opuseram à manobra do Executivo nacional foram destituídos de seus cargos–, Vargas derrubou a Constituição de 1934, considerada liberal, e implantou nova Carta, que centralizava todo o poder sob ele, acabava com os partidos políticos e suspendia as eleições.

O país entrava em uma era de autoritarismo, similar ao que se via em países da Europa, como Portugal, Espanha e Itália. Ao Estado Novo era atribuída a alcunha fascista, pois trazia consigo o nacionalismo –e, como consequência, a xenofobia– e o totalitarismo.

Vargas havia assumido a Presidência, de forma provisória, com a Revolução de 1930 e se mantido no cargo eleito de forma indireta, em 1934, com a Constituição que foi praticamente obrigado a assinar, graças à pressão da Revolução Constitucionalista de 1932.

A Carta de 1934 instituía eleição presidencial em 1938 e não permitia a reeleição do chefe da nação. Com isso, o documento se tornara o calcanhar de aquiles nas pretensões de Vargas.

A população da época não encarou como problemática a manobra de seu presidente. O Congresso era visto pela opinião pública como caro e pouco produtivo.

Outro trunfo na manga do mandatário brasileiro foi a revelação do Plano Cohen, uma suposta conspiração comunista para tomar o poder. Como a Intentona Comunista de 1935 ainda estava fresca na memória, não foi difícil ganhar o apoio do povo contra uma nova “ameaça vermelha”. Anos mais tarde, descobriu-se que o documento havia sido forjado pelo governo.

A repressão da ditadura do Estado Novo levou à prisão militantes políticos e outras figuras conhecidas do público, como o líder comunista Luís Carlos Prestes e os escritores Monteiro Lobato e Graciliano Ramos. Este último relatou o tempo preso no livro “Memórias do Cárcere”.

O autoritarismo do regime também se estendeu à imprensa, com a detenção de jornalistas e a intervenção em jornais, principalmente após a criação do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), em 1939. O órgão se tornou responsável pela censura.

Por outro lado, a ditadura de Vargas trouxe na época avanços no que diz respeito à condição dos trabalhadores, com a criação da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). O mandatário também foi responsável pela implantação do Senai, com o empresariado.

O Estado Novo durou até 1945. Neste ano, Vargas foi obrigado a ceder e a marcar eleições para dezembro, mas renunciou antes da realização do pleito ao se ver cercado pelo Exército.

Senado e Câmara só voltaram a funcionar em setembro do ano seguinte, após a elaboração de uma nova Constituição.

Mal havia sido deposto, Getúlio Vargas conseguiu ser eleito deputado por sete Estados e senador por dois –a lei permitia isso, e ele entrou para o Senado. Mais tarde, em 1950, o político voltaria à Presidência, desta vez pelo voto popular.

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Folha acompanhou vida de boias-frias durante mecanização das lavouras nas últimas duas décadas https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/07/02/folha-acompanhou-vida-de-boias-frias-durante-mecanizacao-das-lavouras-nas-ultimas-duas-decadas/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/07/02/folha-acompanhou-vida-de-boias-frias-durante-mecanizacao-das-lavouras-nas-ultimas-duas-decadas/#respond Sun, 02 Jul 2017 05:01:22 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/06/boia-fria-180x120.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=4364 Nas últimas duas décadas a Folha acompanhou como a crescente mecanização das lavouras afetou os trabalhadores sazonais, a maioria migrantes do Nordeste, em fuga da seca e pobreza para trabalhar em lavouras dos centros agrícolas do país.

Há 20 anos, o jornal informou que produtores de algodão do Paraná já substituíam o trabalhador por colheitadeiras. “O custo é de R$ 1/arroba, como custa o boia-fria, mas a vantagem é que você elimina outros gastos”, disse o agricultor Sadajiro Teshina, após alugar máquinas.

A evolução da tecnologia ameaçava boias-frias. E quem resistia se submetia a péssimas condições de trabalho, falta de equipamentos de segurança, moradias precárias e salários aquém do mínimo.

O boia-fria sofria até para ir à lavoura. Acidentes com ônibus ou caminhões com camponeses eram comuns, como em Altair (SP), em 1998, e Irajuba (BA), em 2000, quando 12 e 14 pessoas morreram, respectivamente.

Em agosto de 2008, a reportagem multipremiada da Folha “Os anti-heróis, o submundo da cana”, no caderno “Mais!”, investigou por dois meses a vida dos cortadores de cana em SP, Estado que detinha 60% da produção do Brasil.

Os repórteres Mário Magalhães e Joel Silva mostraram que, ainda que o progresso erguesse usinas de etanol com alta tecnologia, muitos dos 135 mil cortadores de SP –335 mil no país– ainda comiam a boia fria.

E, pela primeira vez em cinco séculos, que ao menos 50% da produção não seria colhida por mãos, mas por máquinas. Isso refletiu em aumento do esforço pelos boias-frias, o que gerou um aumento de mortes no campo.

Segundo a Pastoral do Migrante, de 2004 a 2007 foram 20 casos só no interior de SP. Um deles foi Valdecy de Lima, 38, da Usina Moreno, na região de Ribeirão Preto (SP). Ele morreu em 7 de julho de 2005, na roça, após acidente vascular cerebral. Em 17 de junho, cortara 16,5 toneladas.

Ao colher 11,5 toneladas dia, um trabalhador desfere 3.792 golpes de facão e faz 3.994 flexões de coluna.

“Para ser cortador de cana, tem que ter braço, porque, se não tiver, morre, ou de fome ou no canavial, de tanto trabalhar”, disse José Lúcio Oliveira, então com 33 anos, oriundo de Barra do Santo Antônio (AL) para atuar no interior do Estado de SP.

Se a produção do boia-fria subiu, sua remuneração caiu. Em 1985, o cortador em SP ganhava R$ 32 por dia. Em 2007, R$ 28,90, ao cortar 9,3 toneladas, 4,3 toneladas a mais do que em meados de 1980.

Em 2007, a socióloga Maria Aparecida de Moraes Silva, da Unesp (Universidade Estadual Paulista), apontou que a vida útil do cortador de cana era de cerca de 12 anos, próxima à de escravos.

Segundo o Ministério do Trabalho, só em 2015 ao menos 1.111 pessoas foram libertadas de situações análogas à escravidão, a maioria delas no setor da agricultura (21%).

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Há 85 anos, trabalhadores do Brasil conquistavam direito a jornada de trabalho de 8 horas por dia https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/05/04/um-dos-alvos-de-reforma-de-temer-jornada-de-8h-foi-conquista-de-trabalhadores-ha-85-anos/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/05/04/um-dos-alvos-de-reforma-de-temer-jornada-de-8h-foi-conquista-de-trabalhadores-ha-85-anos/#respond Thu, 04 May 2017 18:13:46 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/05/charge-180x111.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=3764 A jornada de trabalho de oito horas diárias para empregados da indústria completa 85 anos de sua promulgação nesta quinta-feira (4).

O decreto nº 21.364, de 4 maio de 1932, assinado pelo presidente Getúlio Vargas (1882-1954), trouxe aos trabalhadores das indústrias o mesmo benefício que já havia sido estabelecido em 22 de março do mesmo ano a funcionários de comércios e escritórios (decreto nº 21.186).

“Art. 1º A duração normal de trabalho diurno do empregado em estabelecimentos industriais de qualquer natureza será de oito horas diárias, ou quarenta e oito horas semanais, de maneira que a cada período de seis dias de ocupação corresponda um dia de descanso obrigatório. ”

Por estes e outros decretos, o ano de 1932 pode ser considerado o marco das conquistas trabalhistas no país.

Além da duração da jornada, o trabalho da mulher foi regulamentado (decreto 21.471/32) e foi criada a Carteira Profissional, que mais tarde seria transformada na Carteira de Trabalho e Previdência Social (1969) que conhecemos hoje.

A luta da classe trabalhadora por esses direitos vinha de longa data. Na greve geral de 1917, que paralisou São Paulo, os itens descritos nos parágrafos acima estavam entre as principais reivindicações.

Em 1º de maio de 1943, a criação da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), também assinada por Getúlio Vargas, agrupou estas e outras leis trabalhistas existentes –com alguns ajustes– e criou proteções individuais e coletivas. Com leis complementares que vieram depois e a Constituição de 1988, esses direitos foram ampliados.

Atualmente, o presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP), tenta aprovar no Congresso, ainda em 2017, duas grandes bandeiras legislativas de seu governo: a reforma trabalhista e da Previdência.

E, nesta primeira, a flexibilização da jornada de trabalho é um dos pontos.

 

 

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