Acervo Folha https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br No jornal, na internet e na história Fri, 19 Feb 2021 13:40:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 2013: Bombas explodem em maratona, matam 3 e levam pânico a Boston https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/04/13/2013-bombas-explodem-em-maratona-matam-3-e-levam-panico-a-boston/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/04/13/2013-bombas-explodem-em-maratona-matam-3-e-levam-panico-a-boston/#respond Fri, 13 Apr 2018 11:00:28 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/explosao_-320x213.jpeg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=9078 Os Estados Unidos voltaram a sofrer com o terror em 15 de abril de 2013. Em um intervalo de cerca de dez segundos, duas bombas explodiram na Maratona de Boston, mataram três pessoas e feriram 264.

A Maratona de Boston é a corrida mais tradicional desse tipo no mundo, e cerca de 23.300 corredores participaram daquela edição. Quando as bombas explodiram, cerca de 17.500 já haviam terminado a corrida.

Essa corrida nasceu como uma festa cívica sendo realizada no Dia dos Patriotas. Apesar de ser feriado estadual em Boston, a maior parte da cidade estava funcionando no dia.

Uma bomba explodiu perto da linha de chegada, e a outra estourou a 80 metros desse local.

As vítimas foram a universitária chinesa Lingzi Lu, 23, a gerente de restaurante Krystle Campbell, 29, e o menino Martin Richard, 8.

A brasileira Carolina Feijó, que estava com amigas perto da chegada da maratona, foi atingida na perna por estilhaços da bomba. Ela falou para a reportagem da Folha que chegou a pensar que fossem fogos de comemoração.

“Mas aí surgiu aquela neblina de fumaça, vi sangue por todos os lados, foi horrível. Fechei os olhos e botei a mão nos ouvidos. Não sabia para onde fugir. Fiquei com pena da polícia, eles queriam ajudar, mas não sabiam o que fazer”, disse.

“TV Folha” mostrou em 2013 relatos  de brasileiros que presenciaram o atentado:

Caçada

Na tarde do dia 18, o FBI (polícia federal americana) divulgou fotos e vídeos de dois suspeitos do atentado. À noite, a polícia iniciou uma perseguição a esses dois homens depois que houve um tiroteio no MIT (Massachusetts Institute of Technology), no qual um segurança morreu.

Nessa caçada, a dupla trocou tiros com os agentes e tentou escapar. Um deles, Tamerlan Tsarnaev, 26, morreu durante o confronto, na madrugada. O outro acabou fugindo.

O foragido era Dzhokhar Tsarnaev, irmão de Tamerlan e que tinha na época 19 anos.

Boston amanheceu em pânico, conforme registou a reportagem da Folha, com escritórios, lojas, escolas e prédios públicos fechados, após recomendação da polícia para que a população permanecesse em casa. A busca envolveu cerca de 9.000 agentes.

No fim da tarde, o fugitivo foi localizado em Watertown, perto de Boston, e uma grande operação foi montada para capturá-lo. Acabou preso após ser encurralado num barco nos fundos de uma casa.

No barco, Dzhokhar escreveu uma mensagem em que afirmava invejar o irmão por ter recebido o “prêmio” antes dele, acusava o governo americano de matar civis inocentes e dizia que os muçulmanos estavam unidos.

Quando foi detido, ele estava em estado grave e foi levado a um hospital. Segundo relatório médico, havia vários ferimentos à bala, e o mais sério foi um tiro que atingiu a boca e a face esquerda.

Os irmãos eram imigrantes de origem tchetchena. Tamerlan era residente permanente nos Estados Unidos, e Dzhokar era cidadão americano naturalizado.

Irmãos Tamerlan Tsarnaev (esq.) e Dzhokhar (Associated Press/Lowell Sun e FBI)

Julgamento

Em julho de 2013, ele se declarou inocente, em sua primeira aparição em um tribunal após ser preso. Mas, no julgamento em março de 2015, a advogada de defesa reconheceu ser ele o responsável pelo ataque. A alegação foi que o rapaz agiu sob a influência de Tamerlan.

A tese de defesa não surtiu muito efeito, e o júri o declarou culpado. A pena foi anunciada em 15 de maio de 2015: Dzhokar foi condenado à morte.

Antes da formalização da sua pena, ele pediu perdão. “Eu sinto muito pelas vidas que tirei, pelo sofrimento que causei a vocês, pelos danos que eu provoquei, irreparáveis danos. Eu rezo para que vocês possam ter um alívio, para que vocês se recuperem”, disse.

Não foi estipulada uma data para execução, e o condenado permanece detido nos Estados Unidos.

Editoria de Arte/Folhapress
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Há 25 anos, morria Dizzy Gillespie, criador do bebop e embaixador da ‘Diplomacia do Jazz’ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/01/06/ha-25-anos-morria-dizzy-gillespie-criador-do-bebop-e-embaixador-da-diplomacia-do-jazz/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/01/06/ha-25-anos-morria-dizzy-gillespie-criador-do-bebop-e-embaixador-da-diplomacia-do-jazz/#respond Sat, 06 Jan 2018 07:00:44 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/01/BHi_j0104-180x144.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=7161 Como promover a democracia e o estilo de vida americano em regiões do Oriente Médio e do Terceiro Mundo mesmo com uma realidade interna marcada pela segregação e pelo racismo? Nos anos 1950, esta foi uma das principais questões do governo dos EUA.

Para combater o avanço do comunismo promovido pela União Soviética e apagar a imagem de um país repleto de conflitos raciais, o então presidente Dwight D. Eisenhower investiu na diplomacia cultural e decidiu que a Guerra Fria seria travada e vencida no campo das ideias.

Nesse momento da história das duas superpotências mundiais, o jazz, que se tornou símbolo de criatividade artística e de dinamismo cultural nos EUA, passou a ter papel fundamental na política externa americana. O trompetista Dizzy Gillespie, um dos criadores do bebop, morto em 06 de janeiro de 1993,  foi o escolhido para representar seu país e liderar músicos de jazz —que tinham como diretor musical um jovem de 23 anos chamado Quincy Jones— numa turnê por Europa, Oriente Médio, Ásia e América do Sul.

Nascido em 21 de outubro de 1917, na Carolina do Sul, além representar a novidade na cena cultural e ser o maior divulgador do bebop, Gillespie ficou conhecido como o primeiro embaixador do jazz. O músico teve sua turnê financiada pelo governo de Eisenhower, que manteve o alinhamento político iniciado por seu antecessor, o presidente Harry S. Truman. A sugestão veio de um fã de jazz, o deputado Adam Clayton Powell, Jr., do Departamento de Estado dos EUA. Mas alguns obstáculos precisavam ser superados.

Dizzy Gillespie durante apresentação de sua banda no Teatro Santana, em São Paulo, em agosto de 1956.

JAZZ CONTRA O COMUNISMO

Se de um lado a sociedade racista americana associava o jazz aos negros, à sua suposta inferioridade e ao consumo de drogas pelos artistas, os líderes soviéticos definiam o gênero musical como “o barulho do Ocidente decadente”. Além disso, grande parte da população dos países do Oriente Médio, da África e da Ásia, em meio aos processos de transformações políticas, conflitos e independência, desprezavam a supremacia branca e o colonialismo.

No final do ano de 1955, preocupado com o alcance da mensagem pró-democracia de seu país e conhecedor do racismo americano, que era sempre denunciado pelos comunistas como uma praga capitalista, Adam Clayton Powell teve a ideia de promover uma banda de jazz especialmente formada com músicos negros e brancos para diluir a influência da União Soviética nas regiões em que Dizzy Gillespie e sua orquestra tocariam.

A partir de março de 1956, foram realizados shows para levar o “american way of life” à cidades de Irã, Líbano, Síria, Paquistão, Peru, Grécia, da antiga Iugoslávia e, depois, da América do Sul. Dizzy Gillespie veio ao Brasil em agosto. Durante a turnê da “Diplomacia do Jazz”, a banda americana convidou músicos locais para participarem dos shows.

O estilo bem-humorado de Dizzy Gillespie nas apresentações e a inovação trazida pelo bebop representavam a liberdade de pensar e de ter voz independente, este conceito foi utilizado pelo governo Eisenhower para mudar a imagem dos EUA no exterior. Pessoas que tinham aversão ao estilo de vida imposto pelos americanos passaram a ter interesse pelo jazz apresentado por personagens negros e brancos. Entretanto Gillespie, na biografia “To Be or Not to Bop: Memórias de Dizzy Gillespie”, afirmou que “não estava indo pedir desculpas pelas políticas racistas da América, mas se sentia muito honrado por ter sido escolhido como primeiro músico de jazz a representar os EUA em uma missão cultural”. O músico afirmou ter gostado da ideia de ter uma banda financiada.

Em sua passagem por diferentes países, Dizzy e seus músicos fizeram concertos para apresentar um histórico do jazz de 1922 até 1956. Além da diversidade racial na banda de Gillespie, a presença da trombonista Melba Liston causou estranhamento e perplexidade em países de tradição islâmica ortodoxa.

Em 2006, durante a comemoração dos 50 anos da “Diplomacia do Jazz”, a secretária de Estado dos EUA, no governo George W. Bush, Condoleezza Rice, disse que “a música de Dizzy Gillespie ofereceu a esperança da liberdade em um momento em que a liberdade foi negada a muitos em casa”. Para Condoleezza, o jazz transmitiu uma promessa futura de liberdade que ressoou em  milhões de pessoas.

Nossa tarefa era fazer uma turnê de boa vontade pelo Oriente Médio, Europa e América do Sul, mas na realidade éramos uma banda kamikaze enviada para acalmar a turbulência civil em locais como Chipre, Beirute e Teerã”, recordou o produtor Quincy Jones em 2009.

Foto: Reprodução

DIZZY CANDIDATO

O trompetista criador do bebop, com Charlie Parker e Thelonious Monk, foi candidato independente à Presidência dos EUA em 1964, disputando com o democrata Lyndon Johnson e o republicano Barry Goldwater. “Na verdade, tudo começou meio de brincadeira. Uns amigos meus fizeram umas camisetas com a frase “Dizzy for President”, só pra sacanear a eleição, mas aí percebi que eu não sou uma opção tão ruim assim. Os outros candidatos são Barry Goldwater e Lyndon Johnson! Cara, falando sério, eu sou muito melhor do que eles!”, disse Dizzy Gillespie –que acreditava e defendia os direitos civis– em entrevista publicada na revista “Down Beat”. O trompetista ainda prometeu mudar o nome da Casa Branca (White House) para Blues House e nomear Miles Davis para ser o diretor da CIA.

DIZZY BRASILEIRO

Dizzy Gillespie veio oito vezes ao Brasil. Numa dessas passagens pelo país,  em agosto de 1974, o trompetista gravou um disco com o  Trio Mocotó,  no Estúdio Eldorado, em São Paulo. “Dizzy Gillespie no Brasil com Trio Mocotó” passou 36 anos perdido e foi lançado em 2009.

OUÇA AS MÚSICAS DE DIZZY GILLESPIE


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HÁ 50 ANOS: Embaixador diz que EUA podem ceder armas nucleares ao Brasil https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/08/06/ha-50-anos-embaixador-diz-que-eua-podem-ceder-armas-nucleares-ao-brasil/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/08/06/ha-50-anos-embaixador-diz-que-eua-podem-ceder-armas-nucleares-ao-brasil/#respond Sun, 06 Aug 2017 05:00:13 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/07/61deagosto-180x113.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=4580 A Escola Superior de Guerra recebeu neste sábado (5) o embaixador americano John Tuthill, que analisou a relação entre Brasil e Estados Unidos.

O embaixador falou sobre o uso pacífico de armas nucleares. “Os EUA têm absoluta confiança na intenção pacífica do governo do Brasil.”

Tuthill anunciou que os EUA estão dispostos a fornecer armas nucleares para fins pacíficos a preço de custo a países parceiros ““que economizariam bilhões de dólares em pesquisas”“ e que seriam mantidas sob custódia do governo local, que ficaria responsável pela seleção e execução dos projetos.

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HÁ 50 ANOS: Exército usa tanque nas ruas de Detroit para conter conflito racial que já matou 33 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/07/27/ha-50-anos-exercito-usa-tanque-nas-ruas-de-detroit-para-conter-conflito-racial-que-ja-matou-33/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/07/27/ha-50-anos-exercito-usa-tanque-nas-ruas-de-detroit-para-conter-conflito-racial-que-ja-matou-33/#respond Thu, 27 Jul 2017 05:00:48 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/07/conflitoracial27-180x108.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=4509 No quarto dia de conflitos raciais na cidade de Detroit, nos EUA, mais oito pessoas morreram. O número de mortos na onda de violência agora chega a 33, segundo autoridades locais.

De acordo com a polícia, franco-atiradores negros e brancos continuam agindo no topo dos edifícios da cidade. Três policiais foram gravemente feridos, um deles enquanto montava guarda na frente de um hospital.

Novamente o Exército teve que intervir no confronto –iniciado após batida policial na rua 12–, desta vez com tanques de guerra fortemente armados nas ruas.

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HÁ 50 ANOS: Exército dos EUA intervém em conflito racial que já provocou 24 mortes https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/07/26/ha-50-anos-exercito-dos-eua-intervem-em-conflito-racial-que-ja-provocou-24-mortes/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/07/26/ha-50-anos-exercito-dos-eua-intervem-em-conflito-racial-que-ja-provocou-24-mortes/#respond Wed, 26 Jul 2017 05:00:14 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/07/conflitoracial26-180x136.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=4505 Dois mil paraquedistas do Exército dos EUA tomaram na madrugada desta terça (25) parte da cidade de Detroit, onde conflitos raciais mataram 24 pessoas nas últimas duas noites.

Os distúrbios tiveram início após uma intervenção policial na rua 12, de maioria negra. Até o momento são cerca de 1.200 feridos e 2.100 detidos. Calcula-se prejuízos na casa dos US$ 200 milhões.

O líder integracionista Martin Luther King telegrafou ao presidente Lyndon Johnson afirmando que a violência se equipara ao absurdo do Congresso ainda não ter votado a lei que faculta aos negros mais facilidades de emprego.

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HÁ 50 ANOS: Brasil informa EUA e URSS que não abre mão de produzir bomba atômica https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/07/05/ha-50-anos-brasil-informa-eua-e-urss-que-nao-abre-mao-de-produzir-bomba-atomica/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/07/05/ha-50-anos-brasil-informa-eua-e-urss-que-nao-abre-mao-de-produzir-bomba-atomica/#respond Wed, 05 Jul 2017 05:00:36 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/07/bomba-180x155.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=4399 Nesta terça (4), em Genebra (Suíça), na Conferência do Desarmamento, o Brasil informou EUA e URSS que não abdicará do direito de produzir bombas nucleares para fins pacíficos.

Na reunião, o delegado Antonio Francisco Azeredo da Silveira disse que o país “considera inaceitável restringir a liberdade de investigação científica num setor de conhecimento humano”. Para o diplomata, isso deixaria o Brasil “à mercê da vontade política das potências nucleares”.

Em visita a SP, Glenn Seaborg, presidente da Comissão Nuclear dos EUA, sugeriu cooperação para que o Brasil possa produzir explosivos.

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Há 40 anos, imprensa brasileira divulgou relatório dos EUA sobre direitos humanos no governo Geisel https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/03/15/ha-40-anos-imprensa-brasileira-divulgou-relatorio-dos-eua-sobre-direitos-humanos-no-governo-geisel/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/03/15/ha-40-anos-imprensa-brasileira-divulgou-relatorio-dos-eua-sobre-direitos-humanos-no-governo-geisel/#respond Wed, 15 Mar 2017 05:00:10 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/03/CARTER-JIMMY551-180x96.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=3218 Há 40 anos, em 15 de março de 1977, os jornais brasileiros divulgaram pela primeira vez o texto “genuíno e completo” –como citou a Folha– do relatório sobre violações dos direitos humanos no Brasil, emitido pelo Departamento de Estado dos EUA na gestão do então democrata e recém-eleito Jimmy Carter (1977-1981).

No total, o governo americano emitiu críticas a 82 países. Os documentos já haviam sido apresentados três dias antes em Washington, pelo comitê de Relações Exteriores norte-americano, que na época repassou cópias dos relatórios aos jornais “The New York Times” e “Washington Post”.

O documento dirigido ao Brasil tratava em grande parte de denúncias de torturas e mortes de políticos que se opunham ao modelo ditatorial de governo, em vigor no país desde 1964, com a derrubada de João Goulart do poder pelos militares.

Em 1976, a campanha de Jimmy Carter à presidência dos EUA tinha como um de seus principais pontos a promoção dos direitos humanos no mundo, temática que começou a causar impasse nas relações bilaterais com o Brasil.

Uma das motivações para a confecção do documento seria o receio dos americanos quanto à colaboração do governo brasileiro com o programa nuclear da Alemanha

Primeira-dama dos EUA, Rosalynn Carter, ao lado do presidente Geisel, em Brasília, em junho de 1977
(foto: 7.jun.1978/Folhapress)

O parágrafo inicial do do relatório frisava que o general Ernesto Geisel (1974-1979) havia declarado publicamente no começo de seu mandato, o compromisso de que o seu governo trabalharia firme em favor de um “relaxamento gradual dos controles rigidamente centralizados sobre as liberdades políticas e civis”.

No ano de 1975, porém, denúncias  “de prisões políticas e de abusos” cometidos sob tutela do governo brasileiro se tornaram crescentes no país. Uma das causas, segundo apontou o relatório, estava ligada  “a alegações de tentativas comunistas no sentido de reorganizar o Partido Comunista Brasileiro”.

Em janeiro de 1976, a divulgação de casos de assassinatos e violência postos a público por órgãos internacionais, incluindo as mortes do metalúrgico Manoel Fiel Filho e do jornalista Vladimir Herzog, ambas nas dependências do DOI-Codi, fez com que o presidente Geisel exonerasse o comandante do 2º Exército de SP, Ednardo D’Ávila Mello e o chefe do Centro de Informações do Exército (CIE), o general Confúcio Danton de Paula Avelino.

Outro assunto abordado de forma tímida no documento dizia respeito às execuções efetuadas pelo “esquadrão da morte”, que havia cerca de duas décadas agia em várias regiões do país contra civis, classificados em sua maioria pelo relatório americano como “criminosos comuns e indiciados”.

O governo brasileiro, por meio do assessor de Imprensa do Palácio do Planalto, o coronel José Toledo Camargo, disse na ocasião que o governo não tinha “a menor necessidade” em responder as questões levantadas pelos americanos.

As críticas, contudo, fizeram o Brasil colocar um ponto final nas relações militares que mantinha desde 1952 com os norte-americanos.

Em junho de 1977, três meses após a divulgação do relatório, a primeira-dama americana, Rosalynn Carter, ao visitar o Brasil, frustrou os opositores do regime militar. Em encontro com missionários americanos residentes no Recife (PE), tratou de forma amena as denúncias de tortura relatadas pelos compatriotas. Por outro lado, o episódio foi o grande destaque nos grandes jornais americanos.

Jimmy Carter é acompanhado pelo presidente Geisel e pela primeira-dama, Lucy Markus Geisel, ao desembarcar em Brasília em março de 1978
(foto: 29.mar.1978/Folhapress)

No ano seguinte, quem esteve no Brasil foi o presidente Jimmy Carter, que, em outro ato inesperado, relativizou a atitude do Brasil quanto aos direitos humanos, como uma tentativa de reatar os laços entre as duas nações.

No final daquele ano, a Anistia Internacional -organização não governamental pelos direitos humanos-, apresentou o seu relatório anual sugerindo a todos os países que anistiassem seus presos políticos.

Em 28 de agosto de 1979, foi sancionada pelo governo brasileiro a Lei da Anistia, que, além de beneficiar os presos políticos, permitiu a volta de cerca de 2.000 exilados pelo regime militar.

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Em 22 de janeiro de 1973, Suprema Corte dos EUA legalizou aborto ao julgar o caso Roe x Wade https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/01/22/em-22-de-janeiro-de-1973-suprema-corte-dos-eua-legalizou-aborto-em-resultado-do-caso-roe-x-wade/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/01/22/em-22-de-janeiro-de-1973-suprema-corte-dos-eua-legalizou-aborto-em-resultado-do-caso-roe-x-wade/#respond Mon, 23 Jan 2017 00:04:34 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/01/aborto-180x77.png http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=2445 Um assunto que sempre está em discussão nos Estados Unidos e tende a ter um futuro cada vez mais incerto com a entrada de Donald Trump na Casa Branca é a legalidade do aborto no país.

A discussão sobre o tema é antiga e já teve decisão da Justiça americana que a corrobora.

Em 22 de janeiro de 1973, a Suprema Corte dos EUA decidiu, por sete votos a dois, descriminalizar o aborto, dando a mulher o direito de decidir sobre sua gravidez. A decisão veio através de um caso conhecido como Roe x Wade.

Entre a década de 1960 e 1970, diversos Estados Americanos passaram a permitir a operação em casos específicos. Grávida de seu terceiro filho, Norma McCorvey, que alegou não ter condições para mantê-los, não obteve a permissão para um aborto legal no Texas. Com isso, a criança nasceu e foi entregue para a adoção.

Em 1970, as advogadas Linda Coffee e Sarah Weddington entraram com um processo no Estado em favor de Norma, identificada pelo pseudônimo de Jane Roe. Representando o Texas estava o procurador Henry Wade.

No resultado do julgamento, a Justiça norte-americana reconheceu o direito ao aborto como integrante da liberdade pessoal, garantida pela 14ª Emenda à Constituição, na qual o Estado não deve interferir.

A Suprema Corte também decidiu que os Estados só poderiam proibir o aborto depois que o feto se torna-se “capaz de sobreviver fora do útero da mãe, ainda que com ajuda superficial”.

Ao longo dos anos, principalmente a partir de 2010, Estados onde a maioria dos integrantes do Legislativo são do Partido Republicano aprovaram mais de uma centena de leis para dificultar o acesso de mulheres ao procedimento.

As incertezas acerca da legalidade do aborto aumentam com Donald Trump na presidência dos EUA. Durante campanha, o republicano chegou a dizer que, caso o procedimento se tornasse ilegal no país, as mulheres deveriam ser punidas por fazê-los. Mais tarde voltou atrás na declaração, ao dizer que os médicos deveriam ser responsabilizados.

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Da doutrina Reagan ao futuro incerto com Trump, relembre coberturas de posses feitas pela Folha https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/01/20/da-doutrina-reagan-ao-futuro-incerto-com-trump-relembre-coberturas-de-posses-feitas-pela-folha/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/01/20/da-doutrina-reagan-ao-futuro-incerto-com-trump-relembre-coberturas-de-posses-feitas-pela-folha/#respond Fri, 20 Jan 2017 14:01:13 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/01/284600_3357284-180x149.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=2309 A democracia nos EUA é assim. Com governos republicanos na maior parte do tempo, os EUA passaram pela Guerra Fria e a corrida armamentista nos anos 1980, enfrentaram crises econômicas e, durante as décadas seguintes, impuseram sua visão de mundo e sofreram as consequências da prática de uma política externa agressiva.

Nesta sexta-feira (20), Donald Trump, do Partido Republicano, assume como o 45º presidente norte-americano. Relembre como foram as posses de seus antecessores nos últimos 36 anos.

Ronald Reagan (1981-1989)
Apesar de Ronald Reagan anunciar em seu discurso de posse um mandato focado na recuperação econômica, como informou o jornalista Paulo Francis em texto publicado na Folha, o republicano, de olho no avanço ideológico da União Soviética, aumentou os gastos militares com intervenções anticomunistas em El Salvador, Nicarágua, Líbano, Afeganistão, Angola e Granada. No seu segundo mandato, em 1986, foi revelado envolvimento de seu governo no Escândalo Irã-Contras. Negociação em que os EUA vendiam armas para o Irã em troca da libertação de reféns americanos. O lucro das operações com o Irã foi utilizado para ajudar os “contras”, rebeldes de direita que lutavam contra o governo esquerdista da Nicarágua.

George Bush (1989 – 1993)
“Sopra uma nova brisa”, disse George Bush em sua posse, referindo-se à União Soviética. Seguindo a política do antecessor Ronald Reagan, Bush afirmou que a relação com o país comunista seria baseada na vigilância. Intervenções militares também marcaram o governo de Bush pai, como operações no Panamá e a Guerra do Golfo, iniciada por uma coalizão liderada pelos EUA após a invasão do Kuait pelo Iraque.

Bill Clinton (1993 – 2001)
Alertando os cidadãos americanos de que sacrifícios seriam necessários, num discurso de 14 minutos, calcado na fala de John Kennedy de 1961, Bill Clinton misturou populismo com apelos altruístas. O governo do democrata manteve suas tropas na Somália, que passava por uma guerra civil, mas não agiu de forma efetiva para prevenir o genocídio em Ruanda. Em 1995, liderando uma força internacional, os EUA estabeleceram um acordo de paz para Bósnia, após 1.606 dias de conflitos, que deixaram mil mortos e 2 milhões de refugiados.

George W. Bush (2001 – 2009)
Prometendo trabalhar para construir uma nação unida e liderar o país com compaixão e caráter, o republicano George W. Bush disse que iria avançar suas convicções “com civilidade”. Seu primeiro mandato foi marcado pelos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, promovidos pela Al Qaeda, rede liderada na época por Osama Bin Laden. Após os atentados, Bush iniciou sua política de guerra ao terror. O presidente prometeu que o país iria caçar e punir os responsáveis por aqueles atos covardes. A iniciativa culminou nas invasões de Iraque e Afeganistão.

Barack Obama (2009 – 2017)
Primeiro presidente negro da história dos EUA, eleito pelo Partido Democrata, Barack Obama fez seu discurso de posse em meio a um clima de otimismo e renovação. Prometendo liderar o mundo numa nova era de responsabilidade e paz, Obama enfrentou questões internas, como graves problemas econômicos e uma onda de desemprego. Em seu mandato, o presidente democrata melhorou a economia e a imagem do país. Também teve repercussão positiva a captura do terrorista Osama Bin Laden, mas por outro lado foi criticado pela omissão dos EUA na Síria.

Colaboraram EDGAR SILVA e LUIZ CARLOS FERREIRA

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Obama faz 55 anos e se prepara para deixar o poder https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2016/08/04/obama-faz-55-anos-e-se-prepara-para-deixar-o-poder/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2016/08/04/obama-faz-55-anos-e-se-prepara-para-deixar-o-poder/#respond Thu, 04 Aug 2016 05:00:59 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2016/08/000000_BLOG.jff_-180x120.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=479 Há 55 anos, em Honolulu, no Havaí, nascia um dos políticos mais carismáticos que o mundo conhece: Barack Hussein Obama II. Ele é o 44º presidente americano, o quinto mais jovem a ser eleito, o primeiro negro e nascido no arquipélago americano a chegar à Casa Branca.

Está no poder da maior nação do mundo desde 20 de janeiro de 2009 e se prepara para deixar o posto. A eleição deste ano (em 8 de novembro) não é certa nem para republicanos nem para democratas. Por ora só há uma certeza: Obama não pode mais permanecer no cargo. Mas se pudesse concorrer, acredita que ganharia.

Obama graduou-se em Ciências Políticas pela Universidade de Columbia, em Nova York, em 1983. Cinco anos depois ingressou em Harvard e graduou-se em Direito. Nessa época, aos 28 anos, foi eleito editor da publicação Harvard Law Review, sendo o primeiro negro a assumir essa função. Sobre isso declarou: “O fato de eu ter sido eleito mostra muito progresso. Isso é encorajador”.

Antes de ser senador pelo Estado de Illinois, em 2005, Obama ajudou Carol Moseley Braun ser eleita a primeira e única (até o momento) senadora negra dos EUA (1993-1999).

Mesmo sendo o primeiro editor negro da Harvard Law Review e tendo ajudado na eleição de uma colega democrata ao Senado americano, nada se compara a ser eleito o primeiro presidente negro dos EUA.

A Folha sabia disso e mesmo sem um resultado oficial publicou na primeira página de 5 de novembro de 2008 “EUA elegem Obama”, além de um caderno especial com seis páginas sobre a sucessão ao governo George W. Bush (2001-2009).

Primeira página da Folha de 5 de novembro de 2008

Três meses após assumir a Casa Branca, Barack Obama foi a Londres, para o encontro do G20. Em meio a líderes mundiais encontrou um personagem que também foi o pioneiro em seu país: o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, primeiro metalúrgico e líder de esquerda a ser eleito no Brasil. O encontro foi marcado por elogios e frases do presidente americano (que se tornaram um de seus símbolos). Em uma delas Obama declarou “Eu adoro esse cara”.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrega a Barack Obama camisa da seleção brasileira. (Crédito: Haraz N. Ghanbari – 9.jul.2009/Associated Press)

Quando veio ao Brasil, em 2011, Obama visitou o Cristo Redentor, a Cidade de Deus e discursou para cerca de 2.000 pessoas no Theatro Municipal do Rio. Na ocasião disse que o país une liberdade e progresso e “é exemplo para os árabes”.

Em 6 de novembro de 2012, Obama era reeleito com mais de 51% dos votos populares. Com isso a Folha dedicou caderno especial intitulado “Eleição americana” que trazia oito páginas sobre a disputa acirrada com o republicano Mitt Romney, os resultados de seus quatro anos como mandatário e os desafios dos próximos quatro.

O presidente norte-americano relembrou em seu discurso de agradecimento o momento econômico mundial e ressaltou: “Nossa economia está se recuperando. Uma década de guerra está chegando ao fim. Uma longa campanha agora acabou. E, quer eu tenha merecido ou não o voto de vocês, eu os ouvi, aprendi com vocês, e vocês me fizeram um presidente melhor. Munido das histórias e das lutas de vocês, retorno à Casa Branca mais determinado e mais inspirado para o trabalho que há para ser feito e o futuro que está pela frente.”

Se Obama será ou não o estadista do século só o tempo dirá, mas uma coisa é fato: desbravar áreas onde antes não havia negros parece não ser problema para ele. Embora também saiba que o racismo não esteja liquidado, sobretudo em seu país.


OBAMA EM 5 FRASES

“São os israelenses e os palestinos, e não nós, que devem chegar a um acordo sobre as questões que os dividem: fronteiras, segurança, refugiados e Jerusalém”
21.set.2011, sobre a guerra entre palestinos e israelenses

“Para mim, pessoalmente, é importante avançar e afirmar que eu acho que casais do mesmo sexo deveriam poder se casar”
9.mai.2012, declara apoio ao casamento gay

“E eu não seria o homem que sou hoje sem a mulher que aceitou casar-se comigo 20 anos atrás. Quero dizer isto publicamente: Michelle, nunca a amei tanto. Nunca senti mais orgulho que agora de ver o resto da América apaixonar-se por você também, como a primeira-dama de nosso país”
7.nov.2012, se dirigindo a esposa, Michelle, após a reeleição

“Quando o que você está fazendo não funciona por 50 anos, é hora de tentar algo novo”
20.jan.2015, durante discurso anual ao Congresso, ao defender que os congressistas comecem a discutir o fim do embargo ao regime cubano

“Nenhum de nós é totalmente inocente. Nenhuma instituição está totalmente imune, e isso inclui a polícia. Sabemos disso. Negros de todo o país mostram um desespero crescente com o tratamento desigual”
12.jul.2016, no funeral dos cinco policiais brancos mortos por um atirador negro em Dallas

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