Acervo Folha https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br No jornal, na internet e na história Fri, 19 Feb 2021 13:40:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Relembre textos de Ricardo Bonalume Neto na Folha https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/03/25/relembre-textos-de-ricardo-bonalume-neto-na-folha/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/03/25/relembre-textos-de-ricardo-bonalume-neto-na-folha/#respond Sun, 25 Mar 2018 21:32:37 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/03/Bonalume2-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=8799 O jornalismo perdeu neste sábado (24) Ricardo Bonalume Neto, 57, um dos maiores repórteres de ciência e especialistas em assuntos militares de sua geração.

Natural de São Paulo, ele escreveu para a Folha desde 1985.

O Blog do Acervo Folha relembra abaixo algumas das principais coberturas realizadas por Ricardo Bonalume Neto (1960-2018):

 

OS PRIMEIROS TEXTOS

A reportagem “Gatos e gatas embelezam o festival”, no dia 14 de janeiro de 1985, marcou a estreia de Ricardo Bonalume Neto na Folha.

Publicado na página 30 da Ilustrada, o texto falava sobre o público presente no Rock in Rio.

Ele voltaria a publicar um texto no dia 19 de janeiro de 1985, sobre uma descoberta de uma obra de Mozart numa pequena cidade dinamarquesa.

A estreia numa das áreas em que mais se notabilizou, a de ciências, ocorreu em 27 de outubro de 1985, com o texto “Espaço se abre para produção industrial”.

 

AS GRANDES COBERTURAS

Em 1987, como lembra o jornalista Leão Serva, uma cobertura protagonizada por Ricardo Bonalume Neto ganhou repercussão mundial. À época, ele participou de uma expedição que reconstituía a primeira viagem de colonizadores da Austrália.

A embarcação tinha partido de Poutsmouth em 11 de maio de 1987. Passou por Tenerife e por Salvador, onde Bonalume embarcou. “As embarcações eram réplicas das originais dois séculos mais antigas, e os convidados também tinham de ser marujos –limpar o convés, cozinhar, entre outras atividades. Durante uma tormenta na travessia do Atlântico, antes da chegada à África do Sul, um tripulante morreu. Foi uma notícia que ganhou muito destaque em todo o mundo e a cobertura do Bona foi excepcional”, afirmou Serva.

O morto no caso era o imediato Henrik Nielsen, diante dos olhos de Bonalume, durante um turno de trabalho no veleiro norueguês Anna Kristina. O dinamarquês caiu no mar em 22 de agosto, na metade da rota entre o Rio de Janeiro e a Cidade do Cabo.

Em outra reportagem, de 17 de março de 1994, com “Turismo ‘hard’ corta a Transamazônica“, ao lado do fotógrafo Antônio Gaudério, Ricardo Bonalume Neto escreveu sobre um dos grandes temas de cobertura de sua carreira, a Amazônia.

À época, após percorrer a Transamazônica, ele escreveu: “O primeiro erro da estrada é o seu nome. Ela não é ‘transamazônica’, já que o trecho final pelo estado de Amazonas não foi concluído. O segundo é a própria estrada, uma invenção do regime militar para resolver o problema fundiário no Nordeste e povoar a Amazônia, transportando levas de camponeses sem-terra para o meio do mato, que foram praticamente abandonados em alguns anos, sem ajuda para praticar a agricultura e nem meios de transportar sua produção por uma estrada que a floresta teima em reclamar. O próprio traçado da rodovia parece ter sido feito à lápis em um atlas escolar, cortando áreas indígenas pelo meio.”

O jornalista Ricardo Bonalume Neto (Crédito: Arquivo pessoal)

Escreveu também sobre os mais variados temas, desde “Mulher implanta pênis e agora é pai“, em 1994, até coberturas de assuntos internacionais, como a queda do ditador do Zaire.

De 16 a 22 de maio de 1997, publicou uma série de reportagens que marcaram a queda do ditador Mobutu Sese Seko no Zaire, que se transformaria em República Democrática do Congo, iniciada com o texto “Rebeldes estão a 20 km de Kinshasa” até “Kabila negocia com oposicionistas”.

A cobertura foi tensa, com o repórter em meio a tiroteios e mortes. Na volta à sede da Folha, contou a experiência aos colegas de trabalho. “Ele narrou a viagem, os tiroteios, as mortes. No meio da fala, abriu uma caixa. ‘Agora vou mostrar uns souvenires’. E sacou algumas balas douradas e pontiagudas, enormes, do tamanho da palma de uma mão. ‘Isso aqui eu resgatei do chão em frente o palácio do Mobutu. Felizmente, nenhuma me atingiu”, contou Fábio Zanini, editor de Poder da Folha.

Essas e outras reportagens tornaram Bonalume, além de um repórter humor ácido e irônico, o jeito brincalhão e a rabugice, um expert em assuntos internacionais e militares, afinal ele era capaz de escrever sobre países, mísseis e fuzis, bombas, tanques e canhões, planos da CIA, ações de guerra no Iraque e no Afeganistão, Exército e outros assuntos que lhe pedissem. Capaz de retardar o fechamento de uma edição, já que como ele dizia: “O atraso é o preço da qualidade”.

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Repórter da Folha foi preso e torturado em delegacia de Guarulhos há 40 anos https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/03/05/reporter-da-folha-foi-preso-e-torturado-em-delegacia-de-guarulhos-ha-40-anos/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/03/05/reporter-da-folha-foi-preso-e-torturado-em-delegacia-de-guarulhos-ha-40-anos/#respond Mon, 05 Mar 2018 15:00:00 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/03/SOARES-2162-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=8271 “Recebi socos, pontapés, pauladas e choques. Foram duas horas de terror.”

Foi o que disse o então repórter da Folha Milton Soares, após ter sido preso e torturado por nove detentos em uma cela da Delegacia Central de Guarulhos, na madrugada de 3 de março de 1978.

A prisão do repórter, feita de forma arbitrária pela polícia, foi uma retaliação do delegado titular Fausto Rainere, por causa de reportagens que o jornalista vinha publicando sobre casos de violência policial no município de Guarulhos (SP), onde era correspondente.

O episódio gerou grande repercussão na esfera política. Houve até protesto do deputado Paulo Kobayashi, que usou a tribuna da Assembleia Legislativa de São Paulo para se manifestar contra o comportamento da polícia.

Na Câmara Federal, o deputado Joaquim Bevilacqua clamou ao então secretário da Segurança Pública de São Paulo, Antônio Erasmo Dias, que responsabilizasse a polícia pela barbárie cometida contra o repórter.

O delegado titular da Delegacia Central de Guarulhos, Fausto Rainere (Foto: mar.1978/Folhapress)

DENÚNCIAS

Milton Soares vinha denunciando havia meses casos de arbitrariedades cometidas pela polícia de Guarulhos.

Em reportagem publicada em 13 de janeiro de 1978, o jornalista apurou o descaso com presos da Cadeia Pública de Guarulhos, que faziam greve de fome por razão de maus-tratos.

Ele denunciou que do lado do muro lateral direito do presídio, próximo ao portão por onde entravam as visitas dos detentos, “havia várias roupas e colchões rasgados e dezenas de garrafas térmicas quebradas”.

No mesmo dia, o repórter acompanhou a ida de cerca de 40 familiares de presos até o Fórum de Guarulhos para denunciar a negligência com os entes detentos. Eles reclamaram que na madrugada anterior os presos tinham sido submetidos a jatos de água gelada durante meia hora, e tiveram todos os seus pertences destruídos por policiais.

UM TÚNEL NA DELEGACIA

O conflito entre as autoridades e o jornalista, contudo, havia começado dias antes, quando Milton Soares publicou reportagem sobre  o escavamento de um túnel na Delegacia Central de Guarulhos, o que provocou a ira do titular da casa, Fausto Rainere.

“Tudo indica que o túnel havia começado há algum tempo, pois ele estava com aproximadamente 40 centímetros, e, para ganhar as ruas, os presos intencionavam cavar mais dois metros. A terra removida na escavação era dispensada pela privada”, relatou Soares na reportagem.

Em outra publicação, denunciou que policiais de Guarulhos estavam utilizando veículos da corporação como táxis, e sem licença.

MENOR ESTRANGULADO

O caso mais grave levantado pelo correspondente foi o da morte do menor Arnaldo Ribeiro Rosa, 14, que foi vítima de estrangulamento na mesma delegacia onde o repórter acabou detido e violentado.

O assassinato do adolescente foi acobertado durante duas semanas pela polícia. Quando a notícia veio à tona, o juiz da 3ª Vara do Júri, Waldemar Nogueira Filho, decidiu abrir sindicância para apurar a morte do menor.

O diretor da Cadeia Pública de Guarulhos, Dercídio Ferreira (Foto: jun.1978/Folhapress)

A TORTURA

As várias ameaças vindas de terceiros através da polícia não intimidavam o jornalista.

Na noite da quinta-feira (2), horas antes de ser preso, Soares, que havia chegado à Delegacia de Guarulhos por volta das 19h como cumprimento de seu trabalho como repórter, foi escorraçado aos gritos pelo delegado Fausto Rainere após uma discussão.

Para evitar um impasse maior com o titular, o repórter até que tentou deixar a delegacia, mas o delegado, irritado com as denúncias, pediu aos investigadores que trouxessem Soares de volta à delegacia.

Levado ao pavimento superior do prédio, o jornalista foi autuado em flagrante por desacato à autoridade. O auto de prisão foi presidido pelo delegado Antônio Carlos da Silva.

“Não vi nenhum desacato ao delegado, por parte do Milton. Muito pelo contrário, ele ficou o tempo todo de cabeça baixa. Do lado de fora escutei o delegado falando alto e soltando impropérios”, contou o motorista Daniel Juvêncio dos Santos, que acompanhava Soares naquele dia e que conseguiu observar a discussão pela janela da delegacia.

O repórter Milton Soares, meses após a tortura (Foto: ago.1978/Folhapress)

ARTIGO 331

O flagrante foi lavrado entre as 19h e as 22h. Durante esse tempo ninguém pôde ter acesso à sala em que o repórter estava com os delegados.

Soares foi enquadrado no artigo 331 do código penal, que prevê pena de seis meses a dois anos de detenção. Mas, por se tratar de crime afiançável, o então advogado da Folha, Menaldo Montenegro, que defendeu o jornalista na ocasião, pagou a quantia de Cr$ 10 mil arbitrada pelo delegado Silva, o responsável pela sentença.

Já eram 11h30 da noite e, para que Soares fosse liberto, era necessário ainda consultar a Divisão de Vigilância e Capturas do DEIC (Departamento de Investigações Criminais) para saber se o jornalista era procurado pela Justiça. O resultado, negativo, chegou uma hora após a solicitação, mas ainda não foi o suficiente para a soltura do repórter.

Enquanto Montenegro aguardava na delegacia a burocracia para a libertação do jornalista, que naquele momento era colocado numa cela no fundo do prédio com outros nove presos e sem o conhecimento do advogado, o delegado de plantão, Benedito Wilson Carrico, disse que a liberdade de Soares só poderia ser efetivada com o aval do delegado Antônio Carlos da Silva, que foi a autoridade que presidiu a prisão do repórter e que já não se encontrava na delegacia.

Por volta das 2h, Soares já havia sido torturado durante duas horas pelos detentos, até que uma viatura policial teve que ser chamada para levá-lo às pressas para o Pronto Socorro de Guarulhos devido à gravidade do espancamento.

Horas depois o repórter foi encaminhado para o Hospital das Clínicas, onde, perto das 6h falou brevemente com a imprensa e com o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, Audálio Dantas.

O repórter Milton Soares após ser espancado por presos na Delegacia Central de Guarulhos (Foto: mar.1978/Folhapress)

Conforme a Folha relatou na época, “Soares apresentava vários hematomas e ferimentos por todo o corpo, principalmente no rosto e nas costas e mal articulava as palavras, pois estava com a boca bastante ferida”.

O jornalista disse aos repórteres que o flagrante contra ele fora forjado e “todas as testemunhas foram coagidas a favor do delegado Fausto Rainere”. Depois, Soares confirmou que quem o conduziu à cela foi o delegado Dercídio Inácio Ferreira, que o colocou “no pior xadrez da cadeia, o de número dez, onde ficavam os criminosos mais perigosos”.

Por fim, o jornalista declarou que, assim que foi jogado na cela, Ferreira disse aos detentos que ele os fotografara. Era a senha para o início de uma “sessão de pancadaria”, contou o repórter, que, mesmo gritando por socorro, não pôde contar com a assistência da polícia.

PAULO EGYDIO E ERASMO DIAS

O então secretário da Segurança Pública de São Paulo, o coronel Antônio Erasmo Dias, anunciou na ocasião que removeria toda a Polícia Militar de Osasco e a Civil de Guarulhos. “A polícia de Osasco já cometeu muitas arbitrariedades e a de Guarulhos, igualmente. Por isso temos de removê-las para ver se as coisas melhoram.”

O governador de São Paulo, Paulo Egydio Martins, também se manifestou sobre o episódio ao dizer que acompanharia o caso.

A VOLTA AO TRABALHO

Milton Soares só conseguiu retornar ao trabalho dois meses e 17 dias após a prisão. 

Em junho de 1978, 2.500 jornalistas assinaram manifesto da ABI (Associação Brasileira de Imprensa) contra a violência e censura à imprensa.

O repórter da Folha, Milton Soares, fala com jornalistas ao sair do Hospital das Clínicas (Foto: 4.mar.1978/Folhapress)

CONDENAÇÃO

Em fevereiro de 1979, os delegados Antônio Carlos da Silva e Dercídio Inácio Ferreira foram condenados a dez dias de detenção. O delegado Fausto Rainere, algoz maior do repórter, e o carcereiro Neal Vannuchi foram absolvidos. Já os nove presos envolvidos no espancamento tiveram suas penas ampliadas em mais seis meses de detenção.  

O delegado Antonio Carlos e o carcereiro Neal Vannuchi (com o rosto coberto) após depoimento no Fórum de Guarulhos (Foto: 20.jun.1978/Folhapress)

 

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Primeira tirinha da Mônica na Folha completa 55 anos https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/03/03/monica-completa-55-anos-de-sua-primeira-vez-em-tirinhas-na-folha/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/03/03/monica-completa-55-anos-de-sua-primeira-vez-em-tirinhas-na-folha/#respond Sat, 03 Mar 2018 11:00:27 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/03/271802-work-320x213.jpeg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=8208 Em 3 de março de 1963, o título da tirinha publicada na Ilustrada era “Cebolinha”. Mas quem fez estreia com personalidade foi Mônica.

A personagem baixinha, dentuça e gordinha já tinha aparecido na capa da Folha em 11 de fevereiro daquele ano, segurando seu coelho, que só ganhou nome de Sansão em 1983 –num concurso feito com crianças.

Primeira aparição de Mônica nas páginas da Folha de S.Paulo, em fevereiro de 1963

Mas a estreia oficial em tirinhas se deu há exatos 55 anos. 

Inspirada em Mônica Spada e Sousa, filha do cartunista Mauricio de Sousa, a personagem não abriu a boca em sua primeira aparição em tirinhas, mas executou o gesto que viraria marca nestes 55 anos de existência: a coelhada na cabeça do Cebolinha.

Primeira aparição de Mônica em tirinhas da Folha, em 3 de março de 1963

Em 2013, em comemoração dos 50 anos da primeira vez de Mônica nos jornais, a Folhinha publicou um especial sobre a personagem. Mostrou como, ao longo dos anos, ela mudou muito, do sapato ao cabelo e, principalmente, a fisionomia, deixando para trás a cara de brava que a caracterizou desde o nascimento.

 

Infográfico da Folha publicado em 2013 mostra evolução da personagem Mônica

Nesse especial a Folhinha também trouxe uma entrevista com a filha de Maurício de Sousa, realizada pelo repórter Bruno Molinero e que você confere abaixo.

Folha – Sua relação com a Mônica sempre foi boa?

Mônica – Enquanto era pequena, foi ótimo. Acompanhava meu pai nos programas de TV, o [cantor] Jair Rodrigues me pegou no colo, a [cantora] Elis Regina me levou ao banheiro. Mas, na pré-adolescência, não gostava mais de ter inspirado a Mônica. Tiravam sarro de mim na escola.

Você sofria bullying por causa da Mônica?
Não, porque eu sabia me defender. Acho que a criança precisa aprender a reagir. Afinal, ela vai sofrer esse tipo de situação durante a vida inteira. Se a criança ficar em uma bolha, vai ser pior para ela.

Sua reação era dar coelhada nos amigos da escola?
Eu ficava brava, mas não batia neles. Mas, com as minhas irmãs em casa, eu era mais parecida com a Mônica personagem. Eu dava mesmo!

Com qual irmã brigava mais?
Com a Mariângela, a mais velha. Era quase todo dia. Com a Magali eu quase não brigava.

Por que não?
Eu era a segunda filha, a filha “sanduíche”. Acho que tinha ciúme da Mariângela. E ela era muito chorona. Eu aproveitei dessa fraqueza para provocá-la. Se ela começasse a chorar, eu implicava mais ainda [risos].

Seus filhos também são briguentos?
Hoje, minha filha Carol tem 30 anos. Mas, quando criança, ela foi a Mônica: batia em todo mundo. Era um doce, mas se implicasse com alguma coisa, pum! Batia. Perdi até alguns amigos por causa dela.

Sua filha não quis ter uma personagem inspirada nela, como você?
Meus filhos são frustrados porque não têm um personagem. Fica o apelo para o meu pai: Faça um personagem para eles! Assim param de falar na minha orelha sobre isso.

E quando sua filha descobriu que a mãe dela era a Mônica? Qual foi a reação?
Ela não percebia que a mãe era a personagem Mônica. Até que um dia, na escola, alguém contou. Ela chegou em casa e disse: “Mãe, estão falando que você é a Mônica.” Ela devia ter uns quatro ou cinco anos na época. Quando contei que a personagem tinha sido mesmo inspirada em mim, ela respondeu: “Não acredito em você. A Mônica é a Mônica” [risos].

E tinha outro problema. Quando meus filhos ligavam para mim no trabalho [na Mauricio de Sousa Produções], a telefonista pensava que eles queriam falar com a personagem. Minha filha ficava muito brava. “Não! Eu quero falar com a minha mãe!”

Como foi a descoberta de que você era a Mônica dos quadrinhos?
Lembro que disse: “Olha, pai, disseram que eu sou a Mônica das tirinhas”. Ele sentou comigo e me explicou que eu realmente tinha inspirado a personagem. Depois disso, quando meu pai me apresentava aos amigos, ele sempre falava: “Essa é a Mônica, a personagem”. Isso virou uma confusão na minha cabeça. Hoje já aceitei que sou a Mônica da revistinha. Todo mundo me vê assim.

E você é mesmo igual à personagem?
Não, ela é igual a mim!

O que acha da Mônica Jovem?
Não interfiro nem acompanhei sua criação. Mas não me casaria com o Cebolinha [risos]. Impliquei com o cara a vida inteira!

Como a Mônica estará daqui a 50 anos?
Acho que ela vai evoluir de acordo com a criança da época. Mas sem ser chata, porque o politicamente correto é muito chato também. Sou totalmente contra. Se a criança é politicamente correta, ela quer agradar aos pais e aos adultos. No fundo, ela não é assim.

O mundo está exageradamente politicamente correto?
Sim. Se uma criança joga papel no chão, por exemplo, logo ouve da mãe: “Nossa, não esperava isso de você”. Ela está recebendo um castigo muito maior do que uma palmada, porque está decepcionando a mãe dela.

 

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Há 100 anos, nascia Jacob do Bandolim, um dos grandes gênios do choro https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/02/14/ha-100-anos-nascia-jacob-do-bandolim-um-dos-grandes-genios-do-choro/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/02/14/ha-100-anos-nascia-jacob-do-bandolim-um-dos-grandes-genios-do-choro/#respond Wed, 14 Feb 2018 08:00:29 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/02/JACO-TRATADA-150x150.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=7814 “O som natural do bandolim é profundamente irritante. Por isso, procurei modificá-lo: passei a tocar com o braço e a mão direita apoiados no instrumento, além dos toques especiais da palheta.”

Assim o compositor e exímio solista de choro Jacob do Bandolim traduzia a relação que mantinha com o instrumento que o alçou ao posto de maior bandolinista do país e um dos principais expoentes do choro ao lado de Pixinguinha, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth, Sátiro Bilhar, Altamiro Carrilho, Waldir Azevedo e outros.

Se estivesse vivo, Jacob estaria completando um século de vida nesta quarta (14).

Para comemorar o centenário de nascimento do compositor, o Sesc SP promove nos dias 17 e 18 deste mês o show “100 anos de Jacob do Bandolim”, que contará com a presença dos bandolinistas Hamilton de Holanda, Danilo Brito, Fábio Peron, Izaías Almeida e Milton de Mori, que serão acompanhados por Carmem Queiroz (voz), Gian Correa (violão de 7 cordas), Rafael Toledo (percussão) e Roberta Valente (pandeiro).

No dia 21 de fevereiro, a Casa do Choro, no Rio, inaugura a série de shows e exposição “Jacob 100 anos”, que terá entre os convidados Hamilton de Holanda, Luis Barcelos, Pedro Amorim e o veterano bandolinista Déo Rian, além da nova formação do conjunto Época de Ouro, com o qual Jacob gravou uma de suas principais obras, o LP “Vibrações” (1967),  que abriu caminhos para a modernização do chorinho.

O compositor e bandolinista Jacob do Bandolim no início dos anos 1960 (foto: Folhapress)

Autor de grandes clássicos do cancioneiro brasileiro, onde transitou entre a valsa, o frevo, a polca, o samba e sobretudo o choro, Jacob do Bandolim compôs músicas que entraram para a história como “Noites Cariocas”, “Assanhado”, “Treme-Treme”, “Doce de Coco”, “Bole-Bole”, “Remelexo” e “Vibrações”, entre outras.

Como instrumentista, participou de gravações antológicas da MPB. Em 1941, integrou o grupo de músicos que acompanhou Ataulfo Alves nos registros de “Ai, que saudades da Amélia” (Ataulfo Alves e Mário Lago) e “Leva Meu Samba” (Ataulfo Alves). Esteve também com Nelson Gonçalves na gravação de “Marina”, de Dorival Caymmi.

Entre suas interpretações memoráveis estão “Ingênuo” (Pixinguinha e Benedito Lacerda), “Lamentos” (Pixinguinha) e “Brejeiro”, de Ernesto Nazareth, compositor para o qual prestou tributo em 1952, com o lançamento de três discos em 78 RPM. A homenagem possibilitou o resgate da musicalidade de Nazareth no então novo cenário do choro.

Foi Jacob do Bandolim quem também revelou a cantora Elizeth Cardoso, após ouvi-la cantar na casa do amigo Jaime Cardoso, pai da cantora. “Levei a menina para a rádio Guanabara, onde estreou em 18 de agosto de 1936, no Programa Suburbano”, contou o músico em entrevista. 

Jacob do Bandolim é acompanhado por Cartola (à esp. de óculos escuros) e pelo violonista César Faria (à dir.) nos anos 1960 (foto: Folhapress)

Incansável pesquisador da música brasileira e disciplinado na busca pelo aprimoramento e pela técnica em sua maneira de tocar bandolim, Jacob foi o responsável único por ter abrasileirado o instrumento, a ponto até de incorporá-lo em seu pseudônimo artístico.

Jacob do Bandolim nasceu Jacob Pick Bittencourt, em 14 de fevereiro de 1918, no sobrado de número 97 da rua Joaquim Silva, no tradicional bairro boêmio da Lapa, no Rio. Ele era filho único da polonesa Raquel Pick e do farmacêutico capixaba Francisco Gomes Bittencourt.

A interação com a música se manifestou bem cedo. Aos cinco anos, ficou de castigo no colégio por ter feito a segunda voz durante a execução do Hino Nacional.

Com 12 anos, foi presenteado pela mãe com um violino, mas não se adaptou à peça. “O violino não resistiu muito tempo, pois eu não gostei do instrumento e muitas cordas se arrebentaram com o mau trato”, contava o músico.

Logo pediu à mãe que trocasse o violino pelo bandolim, comprado na tradicional loja de instrumentos musicais Guitarra de Prata, frequentada por nomes como Pixinguinha, Ary Barroso, Paulo Moura e Baden Powell. Centenária, a loja baixou as portas em novembro de 2017, aos 121 anos.

PRIMEIRO CONTATO COM O CHORO

A primeira vez em que Jacob ouviu o gênero choro, ele tinha 13 anos. Era a música “É do que há”, do compositor e solista Luiz Americano, cujas ondas sonoras ecoaram da janela de um prédio em frente à sua casa, onde morava uma executiva da gravadora RCA Victor.

Anos mais tarde, o mesmo Luiz Americano o convidaria para se apresentar na rádio Phillips, depois de vê-lo dedilhar um bandolim em frente a uma loja de discos no Rio. Uma das versões diz que Jacob se atrasou para a apresentação. A outra conta que o bandolinista faltou ao compromisso por se sentir inseguro em se apresentar.

Em 1933, porém, com 15 anos, estreou como amador na rádio Guanabara, com o choro “Aguenta a Calunga” (Atílio Grany), acompanhado pelos amigos do Conjunto Sereno.

Jacob do Bandolim (2º à esq. e seu grupo (Foto: Amilcar Bagnatori/Folhapress)

No ano seguinte, a desenvoltura e o talento do músico, que era autodidata, o levaram ao 1º lugar do “Grande Concurso dos Novos Artistas”, promovido pela rádio Guanabara, onde havia estreado como instrumentista. Foi nesse período que Jacob passou a acompanhar grandes artistas da época, entre os quais Noel Rosa, Lamartine Babo e Carlos Galhardo.

Mesmo estando muito próximo de nomes relevantes da música brasileira, o músico complementava sua renda com empregos distintos durante o dia. Vendedor pracista, atendente de farmácia e corretor de seguros foram algumas das ocupações extras do bandolinista.

COMPOSITOR INICIANTE, FUNCIONÁRIO PÚBLICO E PAI DE FAMÍLIA

A estreia de Jacob como compositor foi com “Si Alguém Sofreu”, gravada pela primeira vez pela sambista carioca Aracy de Almeida, uma das intérpretes preferidas de Noel Rosa, assim como Marília Batista.

Em 1940, aos 22 anos, o músico casou-se com Adylia Freitas, uma jovem que conheceu em Jacarepaguá e com quem teve dois filhos: o polêmico jornalista e compositor Sérgio Bittencourt (1941-1979) e a grande divulgadora e guardiã da obra do pai, a cirurgiã dentista Elena Bittencourt (1943-2011), fundadora do Instituto Jacob do Bandolim, hoje presidido pelo bandolinista Déo Rian.

No mesmo ano, após prestar concurso público, Jacob foi nomeado para ocupar o cargo de escrevente juramentado da Justiça do Rio de Janeiro. Depois passou a escrivão titular na 11ª Vara Criminal do Rio, cargo que ocupou até o fim da vida em paralelo com a música.

Em 1942, ao lado dos violonistas César Faria (pai de Paulinho da Viola) e Claudionor Cruz, somados aos virtuosos instrumentistas Candinho (bateria) e Leo Cardoso (afoxê), integrou o “Conjunto da Rádio Ipanema”.

Jacob do Bandolim nos anos 60 (Foto: Folhapress)

CONTINENTAL E RCA VICTOR

A primeira gravação como solista foi em um de 78 RPM, pela Continental, em 1947, com a valsa “Glória” (Bonfiglio de Oliveira) e o chorinho “Treme-Treme”. Ainda na Continental gravou um disco com o Regional de César Faria, contendo a valsa “Salões Imperiais” (composição sua) e o choro “Flamengo”, de Bonfiglio. No último trabalho pela Continental, em 1949, registrou seu chorinho “Cabuloso” e a valsa “Amorosa”, de Joaquim Calado.

Contratado em 1949 pela RCA Victor, gravou, entre outras composições próprias, “Dolente” (1949), “Choro de Varanda” (1950), “Vale Tudo” (1951), “Doce de Coco” (1951), “Eu e Você” (1952), “Feitiço” (1954), “Alvorada” (1955), “De Limoeiro a Mossoró” (1956) e “Velhos Tempos” (1959), todas em 78 RPM.

Em 1954, Jacob do Bandolim ganhou o Troféu Guarani de melhor solista do ano em cerimônia no Teatro Paramound, em São Paulo. Inclusive é deste evento o único registro em vídeo que se tem de Jacob tocando bandolim. As imagens, guardadas na Cinemateca Brasileira, foram descobertas em 2016, após mais de 50 anos de procura.

Nos anos 1960, o músico lançou cerca de dez LPs. “Valsas Brasileiras de Antigamente” (1960), “Chorinhos e Chorões” (1962), “Valsas e Choros Evocativos” (1962), “Jacob Revive Sambas para Você Cantar” (1963), “Assanhado” (1966) e “Era de Ouro” (1967), além da obra-prima “Vibrações” (1967).

No ano de 1968, as históricas apresentações que fez no Teatro João Caetano, no Rio, ao lado de Elizeth Cardoso, Zimbo Trio e Época de Ouro, resultaram no lançamento de dois volumes de grande destaque na carreira do compositor, os LPs “Elizeth Cardoso, Jacob do Bandolim, Zimbo Trio e Época de Ouro”, pelo selo MIS.

Jacob do Bandolim, o mestre do chorinho. no início dos anos 1960 (Reprodução)

SARAUS EM VINIL

Em 1971, a RCA lançou o LP “Os Saraus de Jacob”, que contém gravações realizadas entre setembro e dezembro de 1968 dos saraus que o músico costumava promover em sua casa na famosa rua Comandante Silva, em Jacarepaguá, no Rio. Lá, além intelectuais, políticos e jornalistas, o músico reuniu personalidades como Pixinguinha, Clementina de Jesus, Paulinho da Viola, Canhoto da Paraíba, Ataulfo Alves, Dorival Caymmi e até o pianista russo Sergei Dorenski.

AGONIZA MAS NÃO MORRE

Em 1967, em depoimento prestado ao MIS (Museu da Imagem e do Som), Jacob do Bandolim admitiu que o chorinho estava morrendo e sugeriu a criação de novos regionais como o que classificou de única solução para que se evitasse “o fim de um estilo de samba de concepção rítmica e fraseado melódico bastante particulares”.

Velório do compositor Jacob do Bandolim, no MIS (Museu da Imagem e do Som), no Rio (foto: 14.ago.1969/Folhapress)

Em 13 de agosto de 1969, um ataque cardíaco –o terceiro sofrido em menos de dois anos–, abreviou a trajetória do eminente bandolinista, que morreu aos 52 anos, na varanda de sua casa em Jacarepaguá, na zona norte do Rio.

O músico havia acabado de voltar do bairro de Ramos, depois de uma visita à casa do ídolo e parceiro Pixinguinha, que passava dificuldades na época. Jacob sempre quis gravar um LP só com composições de Pixinguinha e sentiu que o momento era propício para a feitura do antigo projeto. Seu propósito era reverter toda a renda do disco ao rei dos “chorões”.

 

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Há 80 anos, nascia o apresentador Jô Soares; veja crônicas e desenhos feitos pelo artista na Folha https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/01/16/ha-80-anos-nascia-o-apresentador-jo-soares-veja-cronicas-e-desenhos-feitos-pelo-artista-na-folha/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/01/16/ha-80-anos-nascia-o-apresentador-jo-soares-veja-cronicas-e-desenhos-feitos-pelo-artista-na-folha/#respond Tue, 16 Jan 2018 10:00:03 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/01/Jô-180x115.jpeg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=7383 O apresentador, diretor, humorista e escritor Jô Soares completa 80 anos nesta terça-feira (16).

Antes do sucesso no comando de “talk shows”, o artista, autor de “O Xangô de Baker Street (1995)” e “O Homem que Matou Getúlio Vargas” (1998), já havia mostrado sua veia escritora na Folha, de 1985 a 1986. No jornal também desenhou a série de ilustrações “Grandes Baratos”, que acompanhava suas crônicas.

Apesar de José Eugênio Soares ter nascido no Rio, em 16 janeiro de 1938, foi na cidade de São Paulo que deu início a sua carreira artística.

O amor pelas duas cidades é definido pelo artista com um trocadilho: “sou carlista e paurioca.”

Antes da vida na TV, Jô teve alguns papéis no cinema, como na comédia “O Homem do Sputinik” (1959), do diretor  Carlos Manga. No filme, o ator interpretou um agente americano enviado ao Brasil para capturar o satélite russo, que havia caído no galinheiro do personagem de Oscarito.

A partir de 1967, o artista roteirizou, ao lado de Carlos Alberto de Nóbrega, os episódios do humorístico “Família Trapo”, da TV Record. No programa, Jô também fez o papel do mordomo Gordon.

A ida para a Globo se deu em 1970. Na emissora, estrelou com destaque “Faça Humor, Não Faça Guerra” e, em 1981, “Viva o Gordo”, seu primeiro programa solo.

O humorista saiu da emissora no final dos anos 1980, quando assinou com o SBT e passou a apresentar o “Veja o Gordo”.

Foi no canal de Silvio Santos que estreou  o “talk show” “Jô Soares Onze e Meia”. Jô foi responsável por popularizar este gênero televisivo no Brasil.

Após mais de uma década no SBT, o artista voltou para a TV Globo, onde se tornou apresentador do “Programa do Jô”. A atração ficou no ar até o final de 2016.

Recentemente, Jô lançou –com Matinas Suzuki Jr.– “O Livro de Jô, Uma autobiografia Desautorizada” (Companhia das Letras). E já prepara um segundo volume da publicação, que deve ser lançado ainda em 2018.

Abaixo, confira uma seleção de dez textos e desenhos de Jô Soares na Folha.

 “Censura-padrão” (21.abr.1985)
http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/1985/04/21/2//4147718

“Perdoai as nossas dívidas” (21.abr.1985)
http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/1985/05/26/2//4152009

“Ideias e projetos” (4.ago.1985)
http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/1985/08/04/268//4115157

“Ajudando o pacto” (13.out.1985)
http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/1985/10/13/2//4296261

“Viagem à lua” (20.out.1985)
http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/1985/10/20/2//4159084

“Todo o lixo do mundo” (12.jan.1986)
http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/1986/01/12/158//4110262

“Socorro” (6.abr.1986)
http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/1986/04/06/2//4287081

“Fon-Fon” (23.mar.1986)
http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/1986/03/23/2//4149997

“Dos esportes imbecis” (4.mai.1986)
http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/1986/05/04/2//4285901

“O templo do consumo” (18.mai.1986)
http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/1986/05/18/2//4147959

“Um pequeno estudo sobre viadutos” (22.jun.1986)
http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/1986/06/22/21//4150556

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Há 40 anos, Sidney Magal surgiu como a mais nova promessa da música ‘popularesca’ no Brasil https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/10/30/ha-40-anos-sidney-magal-surgia-como-a-mais-nova-promessa-da-musica-popularesca-no-brasil/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/10/30/ha-40-anos-sidney-magal-surgia-como-a-mais-nova-promessa-da-musica-popularesca-no-brasil/#respond Mon, 30 Oct 2017 12:00:11 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/10/Sidney-Magal_caricatura-vale-180x127.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=6025 Foi ao adotar o espírito do cigano romântico e abrasador, com calças justas e camisas abertas no peito, que, há 40 anos, o cantor, dançarino e ator Sidney Magal conquistou um frenético público de mulheres que gritavam histéricas ao vê-lo em programas de TV e em shows pelo país.

Magal, que tinha 24 anos, chegou a realizar até 40 apresentações por mês, tamanha a popularidade alcançada em 1977, ano que marcou o início da fama.

O primeiro sucesso do cantor, “Se Te Agarro com Outro Te Mato”, de 1976, ano em que assinou contrato com a Phonogram, não foi bem recebido por parte das rádios, que considerou o título “vulgar e agressivo”. O empresário do cantor na época, Roberto Livi, acreditando no potencial da canção, insistiu em retrabalhá-la ao lado da imagem cigana do cantor, até que em 1977 a música vingou nas rádios. Na carona, então, vieram “Sandra Rosa Madalena”, “Amante Latino” –transformada no filme homônimo estrelado pelo cantor em 1979–, “Meu Sangue Ferve por Você”, “Moça” e “Tenho”, entre outras trilhas que fizeram de Sidney Magal um dos grandes astros do “popularesco”.

Durante boa parte dos anos 1980, embora em plena atividade artística, Magal não emplacou novos “hits”. Só em 1990, com a gravação de “Me Chama Que Eu Vou”, faixa de abertura da novela “Rainha da Sucata”, da TV Globo, foi que o cantor voltou vigoroso, reafirmando o tipo cigano sedutor, marca sugerida pelo empresário no início da fama.

Desde então ele passou ser presença constante na TV e conquistou espaço também no teatro, no cinema e em novelas.

Nascido no Rio de Janeiro em 1953, filho de uma cantora de rádio, sobrinho de um dos compositores de Carmen Miranda e primo em segundo grau do poeta Vinicius de Moraes, Magal está comemorando 50 anos de carreira com o show “Bailamos”, transformado em DVD, gravado em agosto no Espaço das Américas, em São Paulo.

A biografia do cantor, “Sidney Magal: Muito mais que um amante latino”, de Bruna Ramos da Fonte, será lançada em 8 de novembro na Livraria Cultura, no Conjunto Nacional, também em São Paulo. O cantor prepara ainda um filme sobre os 37 de casamento com Magali West, com quem tem três filhos.

Os quase dez anos de estrada antes da fama, entre 1967 –quando tinha 14 anos– e 1976, também foram contabilizados nas comemorações do cinquentenário artístico do cantor, desde os tempos em que era conhecido como Sidney Rossi, pseudônimo adotado na Jovem Guarda.

No início dos anos 70, viajou pela Europa como Sidney Magalhães –seu nome de batismo–, primeiro como integrante de um quarteto ligado ao folclore brasileiro, depois passou a se apresentar sozinho em países como Itália, Alemanha e Suíça. “Os italianos não conseguiam pronunciar o Magalhães direito e um produtor resolveu cortar o meu sobrenome. Foi aí que nasceu o Sidney Magal”, disse o cantor em entrevistas.

De volta ao Brasil em 1973, passou a cantar em churrascarias e boates no Rio. Dois anos depois foi convidado para participar do espetáculo “O Rio Amanheceu Cantando” –homenagem a João de Barro (o Braguinha) –, com Elizeth Cardoso, Quarteto em Cy e MPB-4, experiência que marcou para sempre a vida do artista.

Essas e outras histórias do cantor, contadas através de entrevista concedida à Folha há 40 anos, podem ser conferidas abaixo, em reprodução de reportagem publicada no extinto suplemento cultural e semanal Folhetim, editado pelo jornal entre 1977 e 1989.

Durante a Virada Cultural de 2010, público dança e canta ao som de Sidney Magal, no Largo do Arouche, em São Paulo (Crédito: João Brito – 15.mai.2010/Folhapress)

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O texto a seguir foi publicado em 30 de outubro de 1977, no caderno cultural Folhetim

“Sidney Magal, vem cá, vem cá.” A mocinha estava em prantos histéricos, fazendo gestos para o cantor no “Show da Viola”, da TV Gazeta, em São Paulo. E não era só ela que estava assim excitada, era todo o auditório, formado basicamente de empregadas domésticas. Quase todas tinham uma foto colorida do cantor pregada no peito ou erguida acima da cabeça. Algumas jogaram flores no palco.

A gritaria era tanta que mal se ouvia ali no auditório para 200 pessoas, as palavras da balada romântica “Bela Sem Alma”, que Sidney Magal entoava mesmo com os alto-falantes ligados a todo o volume. Ele, com uma calça azul e camisa preta aberta no peito, sem rendas ou lantejoulas, contorcia-se no palco, com gestos angulosos e estudados, cópia quase fiel de Elvis Presley até nas feições compenetradas e careteiras. Seu empresário Carlos Garcês, que o acompanha nos bastidores dos shows, também é seu fã: “Esta música me deixa todo arrepiado. É a melhor interpretação de Magal”.

MAS QUEM É ESSE SIDNEY MAGAL?

De repente ele surge com sucesso em todo o Brasil, vendendo mais de 200 mil cópias de seu primeiro LP em apenas sete meses, algo só conseguido por Roberto Carlos e Chico Buarque. E desse LP saíram recentemente dois compactos que venderam mais de 50 mil cada um em poucas semanas. É também um dos cantores mais tocados nas rádios e vem fazendo de 30 a 40 shows por mês. Canta só versões de músicas argentinas e italianas do chamado gênero povão, com letras bem dramáticas. Além das românticas tem várias baladas-pauleiras e, para poder variar um pouco os gingados, inclui alguns ritmos latinos durante os shows. La Bamba é uma das suas preferidas.

A julgar pela euforia das fãs, que desde o surgimento de Roberto Carlos, há 12 anos, não gritavam tanto, pode estar pintando um novo grande ídolo da música popular, porque é assim que começam os grandes ídolos.

“Sidney Magal, vem cá, vem cá.” É claro que ele não vai. Faz sinais carinhosos, mas lá do palco. Ele sabe que, se for no meio das fãs, elas o estraçalham.

Sidney Magal durante apresentação no Programa do Chacrinha, na TV Bandeirantes, em setembro de 1978

ORIENTADO DESDE CRIANÇA PARA O SUCESSO

Um novo ídolo. Certamente um rapaz cheio de anéis, roupas bordadas, ar superior, cabeça vazia. Nada disso: Sidney Magal é apenas um rapaz orientado desde criança para a carreira de cantor e agora, que começa a ser conhecido em todo o Brasil, vê o sucesso chegar como consequência de um trabalho e nada mais.

“Tudo que eu tenho feito é olhar apenas esta carreira, ainda que isso me custe sacrificar algumas coisas que eu gostava de fazer antes.”

A primeira vista chama a atenção pelo tamanho, um metro e noventa de altura e 72 quilos. Depois pela simpatia e pelo bom papo. Boa pinta, não resta dúvida, mas o gênero é garotão cuca-fresca. As mulheres acham que ele é lindo e a história se repete, as mocinhas vêem nele um namorado e as mais velhas, casadas, um filho. Sidney também se acha bonitão e gosta de falar desta imagem como um fator de sucesso.

“Como todo o artista, sou narcisista. A televisão que mostrou o meu rosto ao público, me ajudou muito. E eu preciso continuar bonito e de bom corpo. Antes eu gostava de fazer esporte e ir à praia apenas por prazer. Hoje isso faz parte do meu trabalho. É assim, atlético e bronzeado que o público me quer”.

FILHO DE CANTORA, PRIMO DE VINÍCIUS, TINHA QUE SER ARTISTA

Ser de uma família de músicos não basta para ser famoso. Mas ajuda muito, como no caso de Sidney. A mãe, Sandra Maria, foi cantora de sambas-canção e boleros na Rádio Nacional do Rio. Não subiu na carreira porque, quando casou, o marido, Darci Magalhães, achava que lugar de mulher é em casa. O tio-avô, Anibal Cruz, foi autor do samba “Ela Diz Que Tem”, gravado por Carmem Miranda. O tio Hugo Brando, ator de cinema e cantor de teatro de revista, era considerado “o Tony Curtis brasileiro”.

Mas o parente mais famoso, primo em segundo grau, é Vinícius de Moraes. Vinícius nada influiu na carreira de Sidney. É apenas um fã que, outro dia, telefonou ao primo para dar-lhe os parabéns pelo sucesso. Já o resto, principalmente a mãe, quase que empurraram o garoto para a vida de cantor.

“Nas festinhas de família, minha mãe sempre pedia que eu cantasse pras visitas. Depois veio o colégio. Eu era o cantor oficial de toda a solenidade.”

O cantor, ator e dançarino Sidney Magal, aos 24 anos, quando lançou o álbum de estreia “Sidney Magal”, em 1977 (1977 – UH/Folhapress)

Sidney tem 24 anos, nasceu no bairro do Jardim Botânico, Rio. É filho único de Darci e Sandra Magalhães e, como a família, mudava muito de casa, estudou em vários colégios. E em todos tirava essa onda de cantor. A mãe não se contentava só com as festinhas e os cânticos das escolas: arranjava para o menino aparecer em programas infantis de televisão. Os Magalhães moraram dois anos em São Paulo, e o pequeno Sidney participou de um programa na TV Record, apresentado por Durval de Souza, que era um tipo de júri-mirim, com crianças representando advogados, promotores e juízes no julgamento simulado de um assunto qualquer.

“Por tudo isso é que eu posso dizer que já fui preparado para o sucesso. Se bem que, de minha parte, só levei isso mais a sério depois de minhas aventuras como cantor na Europa.

Esta história pintou por acaso. Sidney Magal terminava o curso científico num colégio de Botafogo e disse aos pais que seu negócio era mesmo seguir carreira de cantor e que, sendo assim, não adiantaria em nada continuar frequentando escolas. Falou, inclusive, bonito, que iria encarar a carreira tão séria e honestamente como se fosse a de um médico, advogado ou engenheiro. Não visaria lucros ou pisaria em ninguém para subir na vida. Os pais “entenderam e incentivaram”.

Era 1971 e o filme Love Story” fazia sucesso. Sidney conseguiu gravar a versão da música num compacto simples para a gravadora CBS. Adotaram o nome artístico de Sidney Rossi, um nome que lhe pareceu sonoro. Só que ninguém ouviu nem o nome e nem o disco. A gravadora não trabalhou a gravação e um mês depois, um cantor famoso, Wanderley Cardoso, também lançou a versão de “Love Story”.

SE TE AGARRO COM OUTRO TE MATO

Nisso apareceu no Brasil uma empresária italiana querendo contratar um cantor para completar um quarteto desfalcado. Alguém da gravadora indicou Sidney Rossi e ele topou a turnê pela Europa. “Uma boa”, pelo menos passearia à beça. Trocou o nome para Sidney Magal, tirado de Magalhães, simplificando o sobrenome que os europeus não conseguem falar direito por causa do LH. Sidney Rossi era um nome bem italiano, mas tinha dado azar, era melhor esquecê-lo.

O conjunto atuou quatro meses na Itália e se desfez. Magal arranjou outro empresário e continuou cantando sozinho por clubes e restaurantes na Holanda, na Alemanha e ma Suíça. Seu repertório era de músicas internacionais de sucesso e, aqui e ali, entoava uma bossa nova já conhecida por lá.

“Isso me deu muita cancha, sabe? Eu me soltei, aprendi a dançar enquanto cantava, dar aquele traquejo, aquela desenvoltura que o artista de hoje precisa ter. Antes, na época em que gravei aquele compacto, eu estava muito verde para enfrentar a barra. De volta ao Rio, em 1973, tive, é claro, que começar tudo de novo. Mas aí, eu já não estava verde”.

Participou de um show na boate Sucata, “Era Uma Vez no Carnaval”, com Márcia de Windsor e, depois, passou a cantar em churrascarias. Em 1975, teve uma verdadeira aula prática de música popular brasileira, quando atuou no show O Rio Amanhaceu Cantando, que contava a vida do compositor João de Barro, estrelado por Elizeth Cardoso, MPB-4 e Quarteto em Cy.

“Foi uma barra pesada, eu tinha de segurar a peteca, no meio de tanta gente famosa. Aprendi muito com aquele pessoal. Incrível como deram todo o apoio. Recebi elogios da crítica, mas, para mim, o mais importante foram os parabéns recebidos de meus colegas. Puxa, foi a  maior satisfação. Aí pintou um convite da gravadora Phonogram. Jairo Pires, que era produtor na época, me  chamou para um papo e dentro de uma semana, assinei o contrato. Ficaram pensando numa música que pudesse me lançar e escolheram ‘Se Te Agarro Com Outro Te Mato’, versão de uma composição argentina.”

O cantor Sidney Magal na TV Bandeirantes, em agosto de 1978 (Divulgação)

A LINHA “POVÃO, CAFONA, POPULARESCA”

O nome parecido com esses filmes faroestes italianos, assustou não só os disc-jóqueis como até os diretores de rádios mais conservadores que o consideravam vulgar e agressivo. E tudo indicava que esse compacto seguiria o mesmo caminho anônimo do outro gravado pela CBS. A Phonogram, inclusive, chegou a pensar em usar o cantor contratado em outro disco, noutro gênero qualquer.

“Foi aí que pintou Roberto Livy. Ele era produtor de discos na Phonogram e atualmente é meu empresário. Devo todo o sucesso a ele. Roberto teve muita experiência de cantor na Jovem Guarda e é o cara que me tem orientado para estas coisas de mercado. Me disse: Não parta para o segundo disco sem arrancar o sucesso do primeiro. Para ele, o negócio não era gravar outro para tentar subir, mas sim insistir no ‘Se Te Agarro…’ pra valer. Do contrário, eu seria um cantor queimado, encarado como aventureiro. Alí, Roberto começou a trabalhar o meu compacto e me fez aparecer na televisão, nesta transa de imagem. A música que, antes, ninguém queria tocar, de repente estourou. Vendeu 50 mil cópias e chegou a ser cantada em ritmo de samba, no Carnaval de São Paulo e Salvador. Isso aí, mais a transa da imagem, me levou firme para a gravação de um LP. Foi um disco mais cuidado, já dentro da linha definitiva que eu – e Roberto Livy – encontramos”.

E a linha povão. Ou cafona. Popularesca. Músicas que dizem coisas assim, como estes versos de “Amante Latino”, versão de uma canção argentina, um dos sucessos de Magal:

“Sou como você já sabe/ Amante Latino/ Eu gosto das mulheres/ Da noite e do vinho/ Mas se você me quiser eu levo comigo/ E para toda a vida te dou meu abrigo/ E assim nos amaremos/ Até sair o sol/ E encontrará comigo/ O fogo do amor”

Ou estes outros de “A Moça”, outra versão:

“A moça já não sorri/ Nem mostra o seu coração/ Passa em silêncio as horas/ Só com sua solidão/ A moça não diz mais nada/ Quer ocultar sua dor/ Não quer mostrar a ferida/ Ferida feita de amor”.

Estas músicas fazem parte do LP com 12 versões, lançado em fevereiro (250 mil cópias vendidas). Dele foram tirados dois compactos, um com “Meu Sangue Ferve Por Você” (230 mil cópias em três meses) e outro com “Amante Latino” (50 mil em um mês).

Sidney Magal no programa “Os Comunicadores”, da TV Tupi (Divulgação)

QUEM QUER AGRADAR AOS INTELECTUAIS QUEBRA A CARA

“O pessoal da imprensa chama de música de povão, cafonice. Eu prefiro dizer que canto músicas simples, populares. Coisa que Pixinguinha fez muito e hoje é aplaudido pleos intelectuais. Os Beatles fizeram coisas simples, como Girl, If I fell ou Can’t Buy Me love. Frank Sinatra: traduza aquelas canções românticas da década de 30 ou 40 e repare como são versos simples, declarações de amor e nada mais. Elvis Presley cantava country, música caipira. Quase todos os nosso grandes cantores iniciaram com coisas simples. Cauby, Francisco Alves. O próprio Chico Buarque, cara que eu curto muito, iniciou com A Banda, marchinha bem popular. Roberto Carlos, primeira vez Calhambeque, Candinha, Vá Tudo Pro Inferno, pra hoje chegar a canções mais avançadas como Os Botões da Blusa, onde ele descreve, sem dizer um ato sexual. A música bem simples é o caminho mais bonito e por isso eu o escolhi. E é o mais duradouro, tem um público mais fiel. Quem canta querendo agradar os intelectuais quebra a cara, porque eles mudam de gosto todo dia. Estou bem, não tenho nenhum grilo. Agora, tem uma coisa: eu gosto muito de Milton Nascimento, de Chico, de Gil, Caetano. Mas só vou gravá-los depois que meu público se acostumar. Por enquanto não há necessidade”.

Sidney Magal fala muito, é o tipo de pensamento diretamente nas palavras e vai indo. Aqui e ali acaba um chavão certamente decorado, como “vivo para o meu público”, “o público me ama assim” ou “quero responder e guardar todas as cartas que recebo das minhas fãs”.

Segundo ele, recebe de 4.000 a 5.000 cartas por mês, só na gravadora. Fora isso, há as que vão para as rádios, cerca de 3.000 só num programa de São Paulo. Uma das cartas pedia uma resposta, “nem que fosse um bilhetinho”, só para saber que eu existo”. Outra fã escreveu; “Você é como o sol que pinta nas plantas e elas ficam alegres”. Mas há também cartas de rapazes, como o que veio do Norte, escrita por um lavrador: “Seu sucesso é um estímulo para todos aqueles que lutam para ser alguém”.

Sidney Magal em cena do filme “O Amante Latino”, de 1979 (Divulgação)

AS FÃS LHE ATIRAM JOIAS; OS ÍNDIOS PERGUNTAM POR SIDNEY

O jovem ídolo não sabe exatamente como surgiu a mania das fãs de jogar bijuterias –e até joias– para ele no palco, durante os shows. Comenta que, parece, foi uma cidade do Nordeste, quando uma fã pensou em dar-lhe alguma coisa para guardar como lembrança, o certo é que a moda pegou, e em cima dele chovem correntinhas, pulseiras, anéis, broches. No Rio, há pouco tempo, uma fã jogou um anel de ouro com um rubi. Ele notou que era uma joia valiosa e quis devolver. Ela até se sentiu ofendida: “Queria que você guardasse esta lembrança minha”. Ele guardou. Diz que guarda também todas as bijuterias, mesmo aquelas de lata, bem vagabundas, e enche baús e mais baús em sua casa, no Rio.

“Para mim, não é o valor da peça que conta. É o carinho, que todas, mesmos as mais humildes, têm por mim.”

No Rio, mês passado, uma mulher já quarentona vibrou tanto no auditório quando Magal cantou “Meu Sangue Ferve por Você”, que, ao invés de lhe atirar uma bijuteria, jogou sua carteirinha de doadora de sangue. Esta carteira –contou Sidney– também está guardada no baú.

Plateia em momento de histeria durante apresentação de Sidney Magal no programa “Show da Vida”, em 1977 (Crédito: 1977 – UH/Folhapress)

Nos últimos meses, vem fazendo de 30 a 40 shows por mês, em todo o Brasil, a 40 mil cruzeiros cada um. Vai de avião até onde pode e, depois, segue de carro se apresentando, às vezes, em três ou quatro cidades no mesmo dia. Até os índios do Xingu já ouviram falar dele. Um repórter que esteve lá recentemente, contou que os índios lhe perguntaram como poderiam conseguir fotos de Roberto Carlos, Sidney Magal e Nelson Ned. A agenda de shows está completamente tomada até o final de dezembro. E segundo Carlos Garcês, sócio do empresário Roberto Livy, só não preencheram janeiro porque Magal deverá, nesta época, estar com a garganta descansada para gravar o seu segundo LP. No começo, o cantor acompanhado apenas de um guitarrista, completando com conjuntos locais. Agora já formou um quarteto. E, como Roberto Carlos, em breve terá uma banda com sete elementos.

Estes shows e os discos já lhe renderam, obviamente, um bom dinheiro , do qual –também obviamente– prefere não falar.

“Mas vou dar uma ideia. Já deu para comprar um grande apartamento na Barra da Tijuca. Não é que eu goste de luxo, sabe? Mas é importante ter uma casa boa: as fãs sabem que foram elas que me conduziram para lá.

 

OUTROS ÍDOLOS

Orlando cantava, o país inteiro chorava; Roberto era rasgado pelas fãs

Ainda é muito cedo para dizer que Sidney Magal repetirá o sucesso de Orlando Silva ou Roberto Carlos, os dois maiores ídolos de massa da música popular que já surgiram no Brasil. Seria até temerário. Mas acontece que o sucesso não tem lógica. Quando um calouro pisa o palco do Chacrinha pela primeira vez já pensa que será, em breve, um novo Roberto Carlos. Só que a buzina termina seus sonhos poucos acordes depois. Outros chegam ao primeiro disco, às primeiras fãs e logo não se ouve mais falar deles. Só aquela pequenina porcentagem é que consegue a glória de durar muitos anos.

Quem não aplaudiu Chico Viola? Não deixou de lavar as mãos durante dias porque pegou na mão do “brotinho” Francisco Carlos? Quem não gritou o nome do Cauby, não torceu por Malene ou Emilinha Borba, não dançou o rock nos bailinhos com Cely Campelo, não acompanhou a banda de Chico Buarque, não fez caracóis nos cabelos como Caetano Veloso? Muita gente. Mas nunca foram tantos os que choraram com Orlando Silva, na década de 30, ou mandaram tudo para o inferno com Roberto Carlos, nos anos 60.

Hoje, o sucesso se faz com talento e um empurrão publicitário. Se o empurrão for bem forte, pode-se dispensar o talento. A imagem também ajuda –e muito– porque a televisão é mais vista do que ouvida e chega ao Brasil inteiro de uma vez. Quantos intérpretes realmente bons não se perderam por aí por falta de um empurrãozinho?

O “cantor das multidões” Orlando Silva, quando foi coroado “Rei do Rádio” em 1953 (Crédito: Acervo UH/Folhapress)

No tempo de Orlando Silva não havia empresários, nem máquinas publicitárias, nem televisão. O próprio rádio era uma criança que mal sabia falar – ou cantar – tão precários eram os estúdios e as transmissões. Mesmo assim, ele já criava sucessos e sonhos.

O menino Orlando Garcia Silva, nascido há 62 anos em Engenho de Dentro, subúrbio carioca, filho de um operário da Estrada de Ferro Central do Brasil, era um dos que sonhavam cantar no rádio. Estafeta da companhia telegráfica Western e ginasiano, levava dentro dos cadernos as letras das modinhas para decorar.

Um dia, em 1934, foi a um programa de calouros na rádio Cajuti. Já estava cansado de esperar sua vez quando viu o compositor Bororó, seu conhecido, autor da obra-prima “Da Cor do Pecado”. Bororó apresentou-o a Chico Alves, o grande cartaz da época. Chico ouviu o garoto, gostou e o indicou para vários programas de rádio. Em 1936, Orlando foi um dos primeiros contratados da recém-inaugurada rádio Nacional, do Rio.

Era só a voz que contava. E Orlando, desde a primeira apresentação –a música era Mimi– já tinha seu estilo próprio que, mais tarde, os críticos chamaram de “tom lacrimejante” ou de “romantismo embusteiro”. Um seresteiro. O local preferido dos compositores, cantores e sambistas era o Café Nice e lá se reuniam, diariamente, Chico Viola, Noel, Silvio Caldas, Mário Reis, Orestes Barbosa, custódio Mesquita, Araci de Almeida. Além do rádio, se apresentavam também em teatros ou circos.

Não havia quem não chorasse, no Brasil todo, ao ouvir Orlando Silva, o “Cantor das Multidões”, cantando “Lágrimas”, “O Juramento Falso” ou “Carinhoso”. Homens e mulheres. E foi em São Paulo, numa praça do bairro do Brás, em 1937, que a maior multidão do passado se concentrou para ouvir um cantor chorar com ele: cerca de 10 mil pessoas, conforme mostra uma foto do show.

O INFERNO DE ROBERTO

Antes de buzinar seu calhambeque, Roberto Carlos Braga rodou de porta em porta procurando alguém que o ouvisse e o deixasse cantar no rádio ou na televisão. Nasceu em Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo, filho de um pequeno comerciante, e foi ainda bem jovem tentar a vida de cantor no Rio. Era época de Bossa Nova e ele imitava João Gilberto pelas boates onde conseguia poucas horas de emprego. Depois que virou sucesso, todo mundo passou a dizer que foi seu “descobridor”. O mais provável, porém, foi o seu conterrâneo Carlos Imperial. Através dele, Roberto conseguiu gravar um compacto de bossa nova que não deu em nada.

Em 1964, ele embarcou com o ié-ié-ié nacional, um ritmo que aproveitava a dica internacional dos Beatles, e gravou o “Calhambeque”. Os programas musicais tinham sede na TV Record, de São Paulo, e ele veio para cá. Não era o único cantor desta linha. Havia também Ronnie Cord –o percursor– Wanderley Cardoso, Jerry Adriani e outros que já sumiram.

Show de Roberto Carlos em comemoração de seu aniversário de 26 anos (Crédito: Kanai – 19.abr.1967/UH/Folhapress)

Mas foi Roberto o escolhido pela emissora para apresentar o programa Jovem Guarda, criado para a juventude, aos domingos à tarde, quando todas as concorrentes só transmitiam futebol. Muita gente diz que esta escolha foi porque Roberto era o mais simpático e o menos afetado, capaz de conservar por mais tempo o amor dos fãs juvenis. Outras pessoas afirmam que tudo isso fazia parte de uma grande máquina publicitária que empurrava o cantor.

Em novembro de 1965, o sucesso dele veio pra valer, quando lançou Vá tudo Pro Inferno, o disco mais vendido no Natal e em todo ano seguinte. Roberto lançou também a moda dos cabeludos –se bem que muito mais curtos que agora–, as roupas, a gíria, os gestos, os chaveiros, os anéis e até a maneira de cantar, imitada até hoje. As fãs desmaiaram e rasgaram as roupas do cantor pelo Brasil afora e os escreviam teses sobre o fenômeno. Viam em “Vá Tudo Pro Inferno” um protesto de toda uma geração. Mas o próprio Roberto Carlos –sem entender nada destas coisas– explicou depois:

– Que nada, eu queria apenas uma rima para “inverno”.

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Igreja Universal faz 40 anos; relembre reportagem que rendeu 111 processos contra Folha e jornalista https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/07/09/igreja-universal-faz-40-anos-relembre-reportagem-que-rendeu-111-processos-contra-folha-e-jornalista/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/07/09/igreja-universal-faz-40-anos-relembre-reportagem-que-rendeu-111-processos-contra-folha-e-jornalista/#respond Sun, 09 Jul 2017 05:00:04 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/07/TEMPLO_DE_SALOMAO-180x130.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=4423 A Igreja Universal do Reino de Deus completa 40 anos neste domingo (9).

Fundado pelo bispo Edir Macedo com o nome de Igreja da Bênção –dois anos mais tarde virou Universal–, o primeiro templo estava abrigado em um antigo galpão de uma funerária, no bairro da Abolição, na zona norte do Rio. E o primeiro culto no local recebeu pouco mais de 200 pessoas.

Hoje, a igreja evangélica de Edir Macedo possui mais de seis mil de unidades, espalhadas pelo Brasil e outras centenas de países. Além disso, o bispo, dono de uma fortuna estimada em US$ 1,1 bilhão, segundo a revista “Forbes”, possui negócios diversificados, como a TV Record.

Em 2007, ano em que a Universal completou três décadas de sua fundação, a reportagem da Folha “Universal chega aos 30 anos com império empresarial”, escrita pela jornalista Elvira Lobato, mostrou uma enorme rede de empresas ligadas à igreja.

Vencedora do Prêmio Esso de Jornalismo, Elvira Lobato foi alvo de mais de cem processos em todo o país pela cobertura feita, que a levou a uma aposentadoria temporária de três anos, devido aos deslocamentos necessários para se defender.

“Encaro esta premiação como um desagravo. A reação de fiéis e pastores foi uma coisa muito violenta, uma tentativa de calar a imprensa, de intimidar. Essa tática não pode sobreviver. Dedico o prêmio a todos os jornalistas, para quem o oxigênio da profissão é a liberdade de imprensa”, disse a jornalista ao receber o Esso, em 2008.

A onda de ações na Justiça contra a funcionária e a própria Folha fez com que o jornal publicasse em 19 de fevereiro de 2008 editorial na Primeira Página intitulado “Intimidação e má-fé”.

O artigo motivou um pedido de indenização movido pela Igreja Universal do Reino de Deus. No entanto, a 6ª Câmara de Direito Privado de São Paulo, em 2012, julgou o requerimento, por unanimidade, como improcedente.

De um total de 111 ações –em quatro delas o jornal nem foi citado–, a Folha venceu 106. Nas outras cinco houve desistência das pessoas que as ajuizaram –uma delas ainda está ativa, esperando o juiz homologar a desistência.

Clique aqui no link para ver a reportagem premiada da jornalista, que trabalhou na Folha durante 27 anos, até 2011.

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Há 80 anos, nascia o escritor Moacyr Scliar; leia seleção de textos do colunista na Folha https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/03/23/ha-80-anos-nascia-o-escritor-moacyr-scliar/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/03/23/ha-80-anos-nascia-o-escritor-moacyr-scliar/#respond Thu, 23 Mar 2017 05:00:16 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/03/Abre__Porto_Al03-180x120.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=3334 Há 80 anos, nascia em Porto Alegre o médico, escritor e colunista da Folha Moacyr Scliar.

Médico de formação e especialista em saúde pública, Scliar também foi professor visitante na Universidade Brown (Department of Portuguese and Brazilian Studies), em Providence (Rhode Island), e na Universidade do Texas (Austin), ambas nos Estados Unidos.

Seu primeiro título publicado foi “Histórias de um Médico em Formação”, de 1962. Ao todo, publicou mais de 70 livros (entre romances, contos, ensaios e crônicas) que foram traduzidos para mais de 40 idiomas.

Venceu quatro vezes o Prêmio Jabuti, em 1988, 1993, 2000 e 2009. Entre suas obras destacam-se “O Centauro no Jardim”, obra de temática judaica, “Sonhos Tropicais”, romance sobre o sanitarista Oswaldo Cruz, e “A Majestade do Xingu”.

Foi eleito imortal da Academia Brasileira de Letras em 31 de julho de 2003, recebendo 35 de 36 votos para ser membro da ABL. Tomou posse em 22 de outubro do mesmo ano, ocupando a cadeira número 31, que antes pertencia ao escritor e jornalista mineiro Geraldo França de Lima.

No discurso de posse disse “Foi uma longa trajetória, esta que me trouxe à Academia Brasileira de Letras, e não estou falando apenas dos mil e duzentos quilômetros que separam a cidade de Porto Alegre, onde moro, do Rio de Janeiro. Estou falando daquela trajetória que percorrem todos os escritores, uma trajetória de autodescoberta e de autoaperfeiçoamento e que, às vezes, chega a esta Casa.”

Scliar colaborou com a Folha como colunista desde 1993 (com crônicas baseadas em reportagens veiculadas pelo jornal) até sua morte, em 27 de fevereiro de 2011, no Hospital das Clínicas de Porto Alegre, por falência de múltiplos órgãos.

O Blog Acervo Folha destaca alguns dos textos de Scliar no jornal.

Na morte, as bocas unidas

O sonho do celular

As portas da percepção

Acabando com o capitalismo

O peru de Natal

Nosso lar, o congestionamento

A hora e a vez das capivaras

No espaço, sim, mas não perdido

A ilegível caligrafia da vida

Lágrimas e testosterona

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Há 20 anos, morria Paulo Francis, protagonista de debate com o primeiro ombudsman da Folha https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/02/04/ha-20-anos-morria-paulo-francis-protagonista-de-debate-com-o-primeiro-ombudsman-da-folha/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/02/04/ha-20-anos-morria-paulo-francis-protagonista-de-debate-com-o-primeiro-ombudsman-da-folha/#respond Sat, 04 Feb 2017 04:00:50 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/02/Francis_-180x118.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=2601 Há 20 anos, morria em Nova York Paulo Francis, jornalista, escritor e ex-colunista da Folha.

Jornalista desde a década de 1950, Francis passou por diversas redações, entre elas “Diário de Notícias”, “Última Hora” e o “Pasquim”.

Na Folha trabalhou 15 anos (1975-1990). Escreveu sobre política internacional, a convite de Cláudio Abramo, diretor de Redação à época, e se notabilizou por suas colunas direto de Nova York.

Em 1977 conseguiu um relatório do Banco Mundial com questionamentos à política econômica brasileira. Dias após o furo, o jornal publicou um caderno com o próprio relatório.

Organizador de duas coletâneas de colunas de Francis, Nelson de Sá, jornalista da Folha, diz que “ele sempre foi repórter”. “Ele era muito opinativo, até nos maiores furos, mas se orgulhava das fontes, de publicar antes.”

Sua opinião influenciava e provocava leitores. A ideia de que o polemista era um personagem teatral era do próprio Francis. “Gosto de plateia, quero mantê-la cativa, afinal vivo disso há 40 anos”, dizia.

Antes das palavras bombásticas contra a Petrobras, no final de 1996, protagonizou um  embate com o primeiro ombudsman do jornal, Caio Túlio Costa.

O debate nas páginas do jornal começou após a divulgação de uma pesquisa de boca de urna do Datafolha, em 16 de novembro de 1989, que apontava Collor e Lula no segundo turno das eleições presidenciais daquele ano.

Uma semana depois da pesquisa, a coluna “A grande tonteria”, de Francis, desferia farpas contra Lula e um eventual governo do PT.

O jornalista Paulo Francis na sede do jornal Folha de S. Paulo (Foto: Luiz Carlos Murauskas - 28.jul.1982/Folhapress)
O jornalista Paulo Francis na sede do jornal Folha de S.Paulo (Foto: Luiz Carlos Murauskas – 28.jul.1982/Folhapress)

Leitores ligaram para o ombudsman para reclamar da primeira página do jornal que trazia “Collor diz que PT prega banho de sangue” e contra a brutalidade de Francis.

Em “Petismo, Paulo Francis e o mito de Narciso” Caio Túlio tratou em grande parte da verborragia do colunista de Nova York.

O ombudsman disse: “Não se deve cobrar jornalismo nesse tipo de artigo que Francis faz. Ali ele é mais o Francis ficcinonista, o cronista dos tempos”. E acrescentou “É preconceituoso, vulgar, chuta alguns dados, é o Paulo Francis de sempre –irreverente e destemido”.

A resposta veio quatro dias depois em “Patrulhas de Lula”. No terceiro parágrafo Francis diz “Caio Túlio Costa está ensinando jornalismo mal aos jovens da Folha. Se digo ‘besteiras’, como ele escreve, que aponte as ‘besteiras’. Se ‘saco dados’, que idem”.

Mais adiante emendou “Acho que a função de ombudsman, palavra horrenda, por sinal, subiu à cabeça de Caio Túlio”.

Em fevereiro de 1990, colunista e ombudsman voltaram a discutir através de seus espaços. Caio Túlio escreveu “Sobre Francis –ou o infantilismo tardio” e Francis respondeu com “Pobres diabos, como nós”, onde classificou o ombudsman de “um canalha menor” e “bedel de jornal”.

A direção do jornal foi quem encerrou a polêmica e em 25 de fevereiro de 1990, em página inteira, foram publicadas as colunas “Um episódio melancólico” de Francis e “O afeto que se encerra” de Caio Túlio –título de um dos 13 livros do polêmico colunista.

PETROBRAS

A partir de 1993 passou a integrar o programa Manhattan Connection, ancorado por Lucas Mendes, e em outubro de 1996 se envolveu em uma grande polêmica ao dizer que “os diretores da Petrobras todos põem dinheiro” em contas na Suíça.

Um mês após sua declaração foi processado pelo então presidente da estatal, Joel Rennó. Morreu em seu apartamento, em Nova York, em decorrência de um infarto, três meses após a abertura do processo judicial e o pedido de indenização de 100 milhões de dólares.

 

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Há 45 anos, time da Folha venceu o Corinthians https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/01/30/ha-45-anos-time-da-folha-venceu-o-corinthians/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/01/30/ha-45-anos-time-da-folha-venceu-o-corinthians/#respond Mon, 30 Jan 2017 17:53:13 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/01/time-da-folha-180x108.png http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=2493 O título que você leu não está errado. No dia 30 de janeiro de 1972, a equipe Folhas, formada por Folha de S.Paulo e Folha da Tarde, venceu o Corinthians, de virada, em pleno Parque São Jorge.

Tá certo que aquele Corinthians era formado por dirigentes e funcionários, o que não tirava o mérito da vitória do jornal, já que entre os titulares estavam ex-jogadores como Sarno, na época técnico do profissional, e Luizinho. O médico e comentarista esportivo Osmar de Oliveira (1943-2014) também participou da peleja pelo time da zona leste.

O jogo valia pelo 1º Torneio de Integração do Meio Esportivo, promovido pelo próprio clube alvinegro.

Na partida, o time de Parque São Jorge saiu na frente, mas tomou a virada após a expulsão de Urubatão e o cansaço de Sarno e Luizinho. Placar final: 3 a 1 para a Folha.

Quer saber como foram os gols e quais “atletas” foram os melhores em campo? Leia mais no Acervo Folha.

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