Acervo Folha https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br No jornal, na internet e na história Fri, 19 Feb 2021 13:40:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 1993: Palmeiras bate Corinthians e quebra jejum de quase 17 anos https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/06/12/1993-palmeiras-bate-corinthians-e-quebra-jejum-de-quase-17-anos/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/06/12/1993-palmeiras-bate-corinthians-e-quebra-jejum-de-quase-17-anos/#respond Tue, 12 Jun 2018 10:00:41 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/Evair_-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=9641 12 de junho de 1993. Final do Campeonato Paulista: Palmeiras x Corinthians. Estádio do Morumbi, com 104.401 torcedores pagantes.

Aos 10 minutos do primeiro tempo da prorrogação, o centroavante palmeirense Evair se posicionou perto da meia-lua da área para cobrar o pênalti.

Colocou as mãos na cintura. Limpou o suor do rosto. Correu lentamente. Chutou cruzado rasteiro, no canto esquerdo. O goleiro corintiano Wilson pulou para o outro lado. A bola foi balançar as redes, no fundo gol.

Para festejar Evair abriu os braços, saiu correndo, olhou para o céu e se ajoelhou no gramado, perto da bandeirinha de escanteio.

Foi assim o gol do Palmeiras que determinou a vitória sobre Corinthians de 1 a 0 na prorrogação, após ter ganhado por 3 a 0 no tempo normal.

O triunfo fez com que o time do Parque Antarctica conquistasse o Estadual, quebrando um jejum de quase 17 anos sem conquistas.

“Acabaram a angústia, o sofrimento, a ‘fila’. O Palmeiras é campeão paulista de futebol, 16 anos, nove meses e 25 dias depois de conquistar seu último título”, dizia a abertura da reportagem sobre o jogo.

Em 2014, em entrevista para o repórter Diego Iwata Lima, da Folha, Evair falou que aquele foi o maior momento de sua carreira.

“Você não imagina quanto era difícil ir a um cinema, a um supermercado, antes de ganharmos o Paulista de 1993”, disse. “Quando corri para bater aquele pênalti, sentia que carregava todos os anos do jejum comigo.”

Com o apoio da patrocinadora Parmalat, o Palmeiras havia feito muitas contratações importantes, como o jovem atacante Edmundo, revelação do Vasco. Ao derrotar o Corinthians na final, o atleta, aos 22 anos, virou ídolo dos torcedores.

“Foi uma consagração. Uma coisa muito bonita que aconteceu. O torcedor do Palmeiras é muito apaixonado e estava muito carente de títulos naquela época”, afirmou Edmundo na TV Bandeirantes, em um programa comandado por Neto, ex-jogador do Corinthians que também participou da decisão de 1993.

A equipe do Parque São Jorge tinha a vantagem de poder empatar no tempo normal que seria campeã. Havia vencido o primeiro jogo da decisão por 1 a 0 (o regulamento da competição não previa saldo de gols na final).

“Naquele jogo, o Viola imitou o porco [na comemoração]. O Vanderlei Luxemburgo [técnico do Palmeiras] pegou vídeos do Viola e declarações de jogadores do Corinthians [para mostrar aos atletas palmeirenses e motivá-los]”, disse Antônio Carlos, que era um dos zagueiros do time alviverde.

O outro zagueiro titular era Tonhão, que se emocionou ao lembrar do jogo durante entrevista para a ESPN, em 2013. “Eu estou chorando, mas é um choro de alegria. O pessoal até hoje se lembra. Isso é importante e gratificante demais”, afirmou.

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Inter de Milão nasceu há 110 anos e se deu bem com brasileiros desde 1º jogo https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/03/09/inter-de-milao-nasceu-ha-110-anos-e-se-deu-bem-com-brasileiros-desde-1o-jogo/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/03/09/inter-de-milao-nasceu-ha-110-anos-e-se-deu-bem-com-brasileiros-desde-1o-jogo/#respond Fri, 09 Mar 2018 14:00:59 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/03/Ronaldo-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=8403 Criar um clube de futebol em Milão onde também fossem aceitos jogadores estrangeiros. Essa ideia virou realidade quando um grupo, com membros dissidentes do Milan, reuniu-se em um restaurante na noite de 9 de março de 1908.

Lá, eles fundaram a Internazionale, uma equipe de “fratelli del mondo” (que, em português, significa algo como irmãos no mundo), como diziam os fundadores e repetem até hoje os interistas.

O primeiro gol do novo time foi marcado por um brasileiro.  O jovem atacante paraense Achille Gama, que estava prestes a completar 17 anos, balançou as redes na estreia oficial, justamente contra o Milan, em 10 de janeiro de 1909. Mesmo assim, a equipe acabou derrotada, por 3 a 2.

Segundo os registros da Inter, Gama voltaria a defender a equipe em outras quatro temporadas (de 1910/1911 a 1913/14). No total, foram 46 partidas e 19 gols.

Flecha 

Até o começo da década de 60, a Inter já tinha virado uma potência nacional, com sete títulos do Italiano. Mas o clube mudou de status e ganhou projeção na Europa e no mundo. E um ponta direito brasileiro participou desse processo.

Em 1962, a Inter contratou Jair da Costa, da Portuguesa, por US$ 170 mil, e não se arrependeu. O atleta fez muito sucesso, conquistando quatro campeonatos nacionais (em 1963, 1965, 1966 e 1971), duas Copa dos Campeões (em 1964 e 1965) e dois Mundiais (em 1964 e 1965).

O jogador chegou a se transferir para a Roma em 1967, mas, no ano seguinte, voltou para a Inter onde ficou até 1972. Ele é ídolo no clube. “A Flecha Negra [Jair] é incapturável quando corre pela beirada do campo, o pesadelo de todos os laterais do campeonato”, descreve a Inter, em seu site.

Jair da Costa chuta a bola em partida da Inter (Divulgação)

Fenômeno

Outro brasileiro que foi muito querido pelos torcedores quando chegou, em 1997, foi o centroavante Ronaldo Fenômeno, que veio do Barcelona com muita badalação.

Ele havia sido escolhido como o melhor do mundo no ano interior e, com a camisa da Inter, repetiu o feito em 1997. Por causa de graves leões no joelho, o atleta não jogou muito durante os cinco anos em que ficou na Inter: 99 partidas, 59 gols e o título da Copa Uefa de 1998.

Os torcedores gostavam tanto dele que assistiram à final da Copa do Mundo de 2002, em um telão montado na principal praça de Milão, torcendo para o Brasil e erguendo bandeiras onde apareciam a imagem do jogador.

Para a tristeza dos interistas, Ronaldo decidiu jogar no Real Madrid depois de ter vencido a Copa. A decepção aumentou mais quando o atleta voltou para a Itália, em 2007, para defender as cores rubro-negras do rival Milan.

Cinco títulos seguidos

Os brasileiros voltaram a brilhar com a camisa da Inter nos anos 2000.  A equipe, que vivia uma seca de 15 temporadas sem título do Italiano, ganhou cinco edições seguidas, desde 2005/06 até 2009/10. O goleiro Julio César esteve presente nas cinco campanhas e se tornou o brasileiro com o maior número de jogos pelo time: 300.

O atacante Adriano também chegou a ser xodó da torcida. Ao longo de oito anos de contrato (de 2001 a 2009), ele atuou 177 vezes e marcou 74 gols, participando de quatro títulos do Italiano. Mas, nesse período, também defendeu Fiorentina, Parma e São Paulo, clubes aos quais foi emprestado.

Adriano se desvinculou da Inter, depois de vir ao Brasil para defender a seleção e não retornar para a Itália.  O suposto desaparecimento rendeu boatos até sobre sua morte. Mas o atacante estava  na Vila Cruzeiro (zona norte do Rio).

A Inter de Milão também voltou a triunfar na Copa dos Campeões de 2009/10, contando com Julio César, Maicon, Lucio e Thiago Motta. A equipe também foi campeã do Mundial da Fifa em 2010.

Depois da sequência de cinco títulos na Itália, finalizada em 2010, a Inter não ganhou mais nenhum scudetto. Hoje a equipe conta com o zagueiro Miranda, o meia Rafinha, o atacante Eder e o lateral esquerdo Dalbert.

Maicon, Julio César, Lucio, Philippe Coutinho e Thiago Motta vibram após conquistarem o título do Mundial da Fifa, nos Emirados Árabes (Foto: Kamran Jebreili – 18.dez.2010/Associated Press)

 

 

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Há 35 anos, Mané Garrincha, ídolo do Botafogo e da seleção brasileira, era derrotado pelo alcoolismo https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/01/20/ha-35-anos-mane-garrincha-idolo-do-botafogo-e-da-selecao-brasileira-era-derrotado-pelo-alcoolismo/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/01/20/ha-35-anos-mane-garrincha-idolo-do-botafogo-e-da-selecao-brasileira-era-derrotado-pelo-alcoolismo/#respond Sat, 20 Jan 2018 07:00:52 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/01/AHi_j0212-1-180x123.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=7446 Manoel Francisco dos Santos, mais conhecido como Mané Garrincha, morreu em 20 de janeiro de 1983, na Casa de Saúde Doutor Eiras, em Botafogo, no Rio, vítima de cirrose hepática.

Ídolo máximo do Botafogo, o ex-jogador, então com 49 anos, não resistiu ao maior adversário que enfrentou em sua vida: o alcoolismo.

Só nos dez meses que antecederam sua morte, o ex-craque passou por oito internações.

Nilton Santos, companheiro de clube e de seleção, lamentou sua morte afirmando que o eterno camisa 7 do Botafogo “foi vítima de sua própria solidão”. “Não sei se houve, antes, algum outro velório no Maracanã. Sei apenas que Garrincha não poderia ser velado em outro lugar”.

Na ocasião de sua morte, Paulo Amaral (1923-2008), seu primeiro preparador físico na equipe de General Severiano, disse que ninguém devia ser responsabilizado pela morte de Garrincha. “Não faltou carinho a ele”, disse.

O ex-jogador Sócrates, morto em 2011, foi enfático quanto a condição do jogador e do cidadão: “Nem ele se enquadrou, nem a sociedade o absorveu como Manoel dos Santos.”

Natural de Pau Grande, no distrito de Magé (RJ), Garrincha foi casado com Nair, com quem teve oito filhas. De Iraci, com quem mantivera relação extraconjugal, outras duas filhas.

Com a cantora Elza Soares, mulher que o ajudou em várias fases da vida e com quem esteve por 15 anos, teve um filho, Manuel Garrincha dos Santos Júnior, morto em 1986, aos 9 anos. O casal também adotou Sara, em 1965.

De sua primeira participação em Copa do Mundo, na Suécia, em 1958, mais um filho: Ulf Lindberg. E com a última mulher, Vanderléa, outra menina, Lívia.

Além dos filhos, do craque das pernas tortas –como também era chamado– ficaram as imagens de lances geniais (em videotapes e fotografias), homenagens em logradouros (em Osasco, Paulínia, Rio de Janeiro, Natal, Porto Velho) e um estádio com seu nome, em Brasília (que recebeu sete jogos na Copa do Mundo de 2014).

MITO

Boa parte das histórias, do folclore em torno de Garrincha, repetidos em mesas redondas e em bares, não são verdadeiros, ou, não aconteceram como se descrevia à época.

No livro “Estrela Solitária — Um brasileiro chamado Garrincha”, lançado em 1995 –que está em sua 19ª reimpressão–, o colunista da Folha Ruy Castro fez essa observação.

Para o autor da biografia, os jornalistas “Sandro [Moreyra] e Mario Filho não calculavam que essas histórias seriam repetidas, deturpadas e que, com elas, estava se criando o mito de um gênio infantil, e quase debiloide, que não fazia justiça a Garrincha”.

Ninguém melhor do que Ruy Castro para descrever a genialidade dentro das quatro linhas do maior ponta direita da história –segundo o jornalista Juca Kfouri e tantos outros– e as agruras do homem (mulherengo e alcoólatra) que perdeu a vida para o vício.

O Blog Acervo Folha indica o texto do colunista publicado pelo jornal cinco anos atrás.

Arte publicada em 20.jan.2013 em Esporte (Folhapress)
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Há 80 anos, nascia Gordon Banks, o mítico goleiro da Inglaterra que parou Pelé na Copa de 1970 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/12/30/ha-80-anos-nascia-gordon-banks-o-mitico-goleiro-ingles-que-parou-pele-na-copa-de-1970/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/12/30/ha-80-anos-nascia-gordon-banks-o-mitico-goleiro-ingles-que-parou-pele-na-copa-de-1970/#respond Sat, 30 Dec 2017 07:00:36 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/12/Gordon-Pelé-180x134.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=7001 Carlos Alberto Torres lança a bola na ponta direita para Jairzinho, que ganha na corrida de seu marcador e cruza na medida para Pelé desferir uma forte cabeçada para o chão. A torcida se levanta no estádio Jalisco, o narrador prepara o grito de gol, mas Gordon Banks salta e com a mão direita dá um tapa para tirar a bola para escanteio. Incrédulos, torcedores sentam e aplaudem, e Tostão recolhe os braços que estavam prontos para comemorar o primeiro gol do Brasil contra a Inglaterra na Copa de 70, no México.

Banks, que neste sábado (30) completa 80 anos, não impediu a vitória da seleção brasileira –1 a 0, gol de Jairzinho, aos 14 min do segundo tempo–, mas a defesa que parou Pelé até hoje é discutida e lembrada como uma das mais impressionantes da história do futebol.

Prova disso está na repercussão gerada pela defesa do goleiro Marcelo Grohe na vitória do Grêmio por 3 a 0 contra o Barcelona-EQU, na partida de ida da semifinal da Libertadores deste ano. No lance, o gremista se atira para defender chute à queima-roupa de Ariel.

Jornais do mundo todo elogiaram o lance de Grohe e o compararam com o do inglês. “Best save of all-time” (melhor defesa de todos os tempos), destacou o britânico “The Sun”. Mais moderado, o compatriota “Daily Mail” analisou as defesas e diferenciou os lances, dizendo que o gremista contou mais com a sorte do que com o reflexo.

A pedido de sites brasileiros, o próprio Banks viu e analisou o “milagre” protagonizado pelo goleiro do Grêmio. “Foi uma boa defesa. Ele bloqueou a bola muito bem. Cobriu tanto espaço quanto fosse possível e em um chute que foi de muito perto”, elogiou o inglês, durante sua participação no sorteio dos grupos para a Copa do Mundo da Rússia, em Moscou.

Mas Banks não pode ser lembrado “apenas” por ter evitado o que seria um gol certo do maior jogador de todos os tempos.

O goleiro foi peça fundamental na conquista da Copa do Mundo de 1966, quando sua seleção venceu em casa, no estádio de Wembley, a final contra a forte seleção da Alemanha Ocidental por 4 a 2.

Em 1970, no México, os ingleses sofreram apenas um gol durante toda a primeira fase –justamente o do Brasil. Classificados em segundo lugar no grupo, fizeram com os alemães nas quartas de final a reedição do confronto do título de 1966. Desta vez, porém, sem Banks, que sofreu com problemas estomacais antes da partida, o English Team foi derrotado por 3 a 2, na prorrogação.

No futebol inglês, sir Gordon Banks atuou por times de menor expressão. Ele iniciou a carreira profissional no Chesterfield, no fim da década de 50, e depois passou por Leicester e Stoke City, clubes pelos quais conquistou a Copa da Inglaterra, em 1964 e 1972, respectivamente.

O seu desempenho nessas equipes o credenciou à seleção do país. Pela Inglaterra, ele disputou 73 partidas, de 1963 a 1972.

A trajetória de sucesso do arqueiro inglês foi interrompida devido a um acidente de carro, em 1972, quando perdeu a visão do olho direito.

Ainda assim, Banks atuou pelo Fort Lauderdale Strikes, dos EUA, e fez seu jogo de despedida pela seleção inglesa.

Em 2015, o ex-jogador iniciou quimioterapia após ser diagnosticado um câncer em seu único rim –dez anos antes, a mesma doença o obrigou a retirar o outro órgão.

“Se eu consegui fazer uma defesa como aquela contra o Pelé, enquanto jogava contra os melhores do mundo, então eu estou pronto para passar por esta batalha contra este problema de saúde”, disse à época.

Gordon Banks nasceu em Sheffield, no Reino Unido, em 30 de dezembro de 1937.

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Aos 75 anos, Ademir da Guia fala sobre gratidão ao Palmeiras e o pai, ídolo do arquirrival Corinthians https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/04/03/aos-75-anos-ademir-da-guia-fala-sobre-gratidao-ao-palmeiras-e-o-pai-idolo-do-arquirrival-corinthians/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/04/03/aos-75-anos-ademir-da-guia-fala-sobre-gratidao-ao-palmeiras-e-o-pai-idolo-do-arquirrival-corinthians/#respond Mon, 03 Apr 2017 05:00:26 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/04/ADEMIR_DA_GUIA-Topo-180x120.jpeg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=3439 Um tranquilo septuagenário, de camisa polo listrada, bermuda e boné, sentado em um banco sob as sombras das árvores em uma manhã ensolarada. A cena, que parece comum, ganha outros ares quando um garoto, que aparenta ter seus 12 anos, fala para mãe: “Olha, é o Ademir da Guia! Vamos pedir para tirar uma foto com ele”.

A imagem se repetiu algumas vezes, com pessoas de várias idades, que naquele momento frequentavam a sede social do Palmeiras, em Perdizes, zona oeste de São Paulo. Ademir da Guia, que completa 75 anos nesta segunda-feira (3), esbanja simpatia ao atender os fãs, enquanto aguarda para ser entrevistado pela reportagem da Folha.

Considerado o maior ídolo da história do Palmeiras, o Divino, como é chamado, herdou este apelido do pai, o ex-jogador Domingos da Guia, e o honrou ao longo da carreira, com genialidade no passe e classe ao conduzir a bola, como se flutuasse em campo.

O camisa 10 atuou 16 anos pelo clube (1961 a 1977), quando foi o maestro da Primeira e da Segunda Academia palmeirense. Foram 903 jogos (515 vitórias, 233 empates e 155 derrotas), 154 gols e muitos títulos, como o Campeonato Paulista (1963, 1966, 1972, 1974 e 1976) e o Brasileiro (1967*, 1969, 1972 e 1973).

O meia deixou os gramados em decorrência de problemas respiratórios. Coincidência ou não, a partir da aposentadoria do craque, o Palmeiras amargou uma longa fila de títulos –mais de 16 anos, até vencer o Paulista de 1993– e viu o rival Corinthians ascender. Fora das quatro linhas, foi vereador por SP, mas passou longe de ter algum destaque.

Na entrevista, em frente ao seu busto de bronze, no Palmeiras, Ademir falou sobre o que o clube representa em sua vida, a inesquecível final do Campeonato Paulista de 1974 e o pai, o Divino Mestre, que foi ídolo no Corinthians. Antes, porém, brincou com o fotógrafo: “De tanto fazer foto olhando pra cima, vou ter que fazer massagem para destravar as costas”.

Ademir da Guia segura retrato do título de 1974 (Foto: Joel Silva – 08.dez.2016/Folhapress)

O que o Palmeiras representa na sua vida?

O Palmeiras me trouxe com 19 anos lá do Bangu (Rio), acreditou no meu futebol e me deu oportunidade. Então toda a minha carreira, tudo aquilo que eu consegui fazer, na verdade, eu devo ao Palmeiras. Joguei com grandes jogadores durante 16 anos. Foram duas fases muito boas das Academias, uma com o técnico Filpo Núñes e outra com o Oswaldo Brandão, quando ganhei títulos importantes, porque para jogar em uma equipe grande como o Palmeiras, você precisa sempre vencer. Também, graças ao clube, disputei uma Copa do Mundo [em 1974, na Alemanha Ocidental].

Nesses 16 anos em que foi jogador do Palmeiras, você disputou vários clássicos. Qual equipe foi a mais complicada de enfrentar e qual o jogo que ficou marcado em sua memória?

Dependendo do ano, nós tínhamos uma equipe que era mais difícil de se jogar. Na década de 1960, foi o Santos. Teve uma época em que o São Paulo nos dava mais trabalho, mas sempre o Corinthians foi o grande rival, aquele que o torcedor queria ganhar. “Olha, não podemos perder”, vinham falar conosco. Já o jogo que ficou gravado foi a final do Campeonato Paulista de 1974 [Palmeiras 1 a 0, gol de Ronaldo], em que jogamos no Morumbi com um público de mais de 100 mil pessoas, muitos deles corintianos. Eles estavam numa fila de mais de 20 anos.

Neste Palmeiras campeão brasileiro de 2016, qual jogador que mais chamou sua atenção pela técnica?

Pela técnica? A técnica que existia antigamente eu acho que ficou um pouco para trás. Os nossos pontas, por exemplo, eram jogadores que tinham habilidade, um drible sensacional, eles iam até a linha de fundo, cruzavam. Isso passou. Para eu te falar o jogador que é técnico hoje, é difícil, porque é todo mundo correndo, lutando, batalhando, defendendo, atacando… Tem muito lançamento. Na minha época, por exemplo, os gols de cabeça saiam mais em escanteios. Hoje, o jogador cobra o arremesso lateral de longe para dentro da área e o gol sai.

Ademir, até hoje seu pai é considerado um dos maiores zagueiros da história do Corinthians, clube pelo qual foi ídolo.  Como foi quando você chegou do Rio, justamente para jogar no rival?

Meu pai, como eu, começou no Bangu. Depois, passou pelo Vasco, jogou no Nacional, do Uruguai, no Boca Juniors, da Argentina, Flamengo, Corinthians e, por fim, voltou ao Bangu. Ele, mesmo sendo um zagueiro, era muito técnico, não dava chutão, sempre saia jogando. Eu herdei muito do meu pai [a técnica], só que eu preferi jogar um pouquinho mais para a frente, porque eu gostava também de fazer gols. Meu pai falava assim para mim, pouco antes de eu ir jogar no Palmeiras: “Ademir, eu joguei quatro anos no Corinthians e não consegui ser campeão [de um título de grande expressão]”. Aí eu falava pra ele: “Pai, fica tranquilo, que eu vou jogar no Palmeiras e vou ser campeão”. Daí, ele falava: “Mas lembre-se de que eu fui o melhor da família”. “É claro que você foi o melhor”, eu sempre concordava com ele (risos). Meu pai jogou a Copa do Mundo da França [1938], foi titular. Na época em que ele jogou no Uruguai, não iam jogadores brasileiros para lá, porque o futebol uruguaio era campeão do mundo, era onde estavam os grandes jogadores. Também era difícil um brasileiro jogar na Argentina, e ele conseguiu essa proeza.

Colaborou DIEGO ARVATE

*Roberto Gomes Pedrosa e Taça Brasil no mesmo ano

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Há cinco anos, Ricardo Teixeira renunciava à CBF https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/03/12/ha-cinco-anos-ricardo-teixeira-renunciava-a-cbf/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/03/12/ha-cinco-anos-ricardo-teixeira-renunciava-a-cbf/#respond Sun, 12 Mar 2017 05:00:09 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/03/Teixeira__Coletiva3-180x109.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=3193 Em 12 de março de 2012, Ricardo Teixeira renunciava à presidência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), cargo que ocupou por mais de 23 anos.

Ele foi eleito em 16 de janeiro de 1989, por aclamação, para um mandato de três anos. À época, Teixeira conseguiu o apoio de todas as federações de futebol nacionais e, com a retirada da chapa de Octávio Pinto Magalhães (que tentava a reeleição), obteve facilmente a vitória.

Homem do mercado financeiro, assumiu a entidade, após três anos de intensa campanha liderada por João Havelange, seu então sogro, ex-chefão da CBD (Confederação Brasileira de Desportos) e presidente da Fifa entre 1974 e 1998.

Durante mais de 20 anos presidindo a CBF, Teixeira colheu alguns dissabores –como a eliminação precoce no Mundial de 1990, na Itália, caindo nas oitavas de final para a Argentina, e a tão sonhada medalha olímpica–, mas também vitórias importantes –como as cinco Copas América (89, 97, 99, 2004 e 2007), três Copas das Confederações (97, 2005 e 2009) e duas Copas do Mundo (94 e 2002).

A escolha do Brasil para sediar a Copa do Mundo de 2014 é apontada como a possível maior vitória da era Teixeira. A decisão foi anunciada em outubro de 2007, em Zurique, na Suíça.

Teixeira saiu após série de informações reveladas pela Folha e outros veículos que o vincularam à empresa Ailanto Marketing, investigada por desvio de dinheiro público na organização do amistoso entre Brasil e Portugal, em 2008, no Distrito Federal.

O episódio por si só não encerra o ocaso do ex-presidente da CBF. Acusações de recebimento de propina da extinta ISL (ex-agência de marketing da Fifa, falida em 2001), sem diálogo com a ex-presidente Dilma Rousseff e desavenças com o ex-presidente da Fifa, Joseph Blatter, ajudaram a desgastar sua imagem e poder.

Ainda assim, seu declínio não deveu-se apenas a esses fatos. Mais de uma década antes da renúncia, em 2000, Teixeira enfrentou duas CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito), a da CBF/Nike, na Câmara, e a do Futebol, no Senado. Porém, o título da seleção no Mundial de 2002, no Japão, segundo ele próprio, serviu para lhe dar força e manter-se à frente da CBF.

O pentacampeonato mundial, dois anos após as CPIs, sustentou Teixeira no posto de comandante máximo do futebol brasileiro. Mas outros reveses da seleção brasileira, como na Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, e da Copa América de 2011, na Argentina –por Holanda e Paraguai, respectivamente, nas quartas de final–, demonstraram que o ambiente vitorioso a que se acostumara dava sinais de estar ruindo.

Em sua carta de renúncia dizia que “a mesma paixão que empolga, consome. A injustiça generalizada, machuca. O espírito é forte, mas o corpo paga a conta. Me exige agora cuidar da saúde”.

Na ocasião, os cuidados com a saúde a que Teixeira se referia era uma diverticulite (inflamação no cólon, órgão ligado ao intestino), que deu motivo para seu afastamento, sem citar os problemas com a justiça.

Saiu de cena e deixou o mais velho de seus cinco vices, José Maria Marin, que era ex-vice presidente da região sudeste, como seu substituto.

Teixeira se mudou para a Miami no mesmo ano da renúncia e comprou uma mansão de mais de 600 metros quadrados por US$ 7,4 milhões, mas vendeu a propriedade em 2015. Voltou a morar no Brasil após o FBI denunciá-lo pela participação no esquema de recebimento de propina na venda de direitos de torneios no Brasil e no exterior.

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Há 45 anos, time da Folha venceu o Corinthians https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/01/30/ha-45-anos-time-da-folha-venceu-o-corinthians/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/01/30/ha-45-anos-time-da-folha-venceu-o-corinthians/#respond Mon, 30 Jan 2017 17:53:13 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/01/time-da-folha-180x108.png http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=2493 O título que você leu não está errado. No dia 30 de janeiro de 1972, a equipe Folhas, formada por Folha de S.Paulo e Folha da Tarde, venceu o Corinthians, de virada, em pleno Parque São Jorge.

Tá certo que aquele Corinthians era formado por dirigentes e funcionários, o que não tirava o mérito da vitória do jornal, já que entre os titulares estavam ex-jogadores como Sarno, na época técnico do profissional, e Luizinho. O médico e comentarista esportivo Osmar de Oliveira (1943-2014) também participou da peleja pelo time da zona leste.

O jogo valia pelo 1º Torneio de Integração do Meio Esportivo, promovido pelo próprio clube alvinegro.

Na partida, o time de Parque São Jorge saiu na frente, mas tomou a virada após a expulsão de Urubatão e o cansaço de Sarno e Luizinho. Placar final: 3 a 1 para a Folha.

Quer saber como foram os gols e quais “atletas” foram os melhores em campo? Leia mais no Acervo Folha.

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Dom Paulo Evaristo Arns e seu coração corintiano https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2016/12/14/dom-paulo-evaristo-arns-e-seu-coracao-corintiano/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2016/12/14/dom-paulo-evaristo-arns-e-seu-coracao-corintiano/#respond Wed, 14 Dec 2016 14:37:11 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2016/12/principal-180x118.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=1943 Dom Paulo Evaristo Arns nasceu em 14 de setembro de 1921, em Forquilhinha (SC), mas viveu boa parte de sua vida em São Paulo. Foi na capital paulista que ele esteve perto de uma grande paixão: o Corinthians.

Com uma história marcada pela luta política, contra a tortura da ditadura militar e a favor das Diretas Já, o religioso também é lembrado quando o assunto é futebol e o seu time do coração.

Evaristo Arns nunca escondeu a admiração pelo clube. Publicou, inclusive, o livro “Corintiano Graças a Deus!” (Editora Planeta), em 2004, com pequenas crônicas sobre momentos de dificuldade e de alegria do clube.

O amor futebolístico do líder católico era tanto que virou texto na Folha. “Desta vez é pra valer!” foi publicado em um caderno especial dedicado ao Corinthians, em 5 de dezembro de 1976, mesma data da semifinal do Campeonato Brasileiro contra o Fluminense. O dia da invasão corintiana no estádio do Maracanã, no Rio.

Evaristo Arns escreveu sobre a expectativa do fim do jejum corintiano, que na época era de 22 anos. Falou também sobre como começou sua amizade com Alfredo Trindade, ex-presidente alvinegro, descrito pelo religioso como “o homem que ganhou o último campeonato de nosso time, em 1954”.

Contou que nunca ia ao estádio, mas que sofria “como todos sofrem”, e que era vaiado quando em alguma reunião o apresentavam como corintiano. “Mas tenho a certeza de que a maioria sempre está ao meu lado”, escreveu antes do trecho abaixo, que ganhou destaque na capa do especial:

“Ser corintiano significa viver com o povo, amar São Paulo e continuar em pé, quando todos vacilam.”

Era o recado de Arns sobre o que é torcer para o Corinthians: ter esperança.

E com essa esperança que ele encerrou seu texto: “Depois de amanhã, vou tirar de novo a grande flâmula do Corinthians que ganhei em janeiro de 1974, com autógrafos e carinhosa dedicatória de todos os seus jogadores. Desta vez é pra valer!”.

Naquele dia, 70 mil corintianos viram seu time sair vitorioso nos pênaltis -4 a 1-, após empate em 1 a 1 no tempo normal. A fila parecia estar chegando ao fim. O Timão estava na final do Campeonato Brasileiro de 1976.

Uma semana depois, a equipe alvinegra perdeu o título para o Internacional, 2 a 0, mas o religioso manteve a fé, e no ano seguinte, junto com a nação corintiana, viu o Corinthians campeão paulista.

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Em 96, Corinthians escapou de tragédia no Equador https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2016/11/29/em-96-corinthians-escapou-de-tragedia-na-equador/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2016/11/29/em-96-corinthians-escapou-de-tragedia-na-equador/#respond Tue, 29 Nov 2016 19:09:49 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2016/11/tratada-1-180x112.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=1862 O Corinthians passou por apuros em 1º de maio de 1996, quando um incêndio no avião que levaria a equipe de Quito (Equador) para São Paulo causou pânico e feriu jogadores e outros passageiros.

O clube alvinegro havia vencido a equipe equatoriana do Espoli por 3 a 1, em partida de ida, válida pelas oitavas de final da Taça Libertadores da América.

No retorno ao Brasil, piloto do Boeing 727 da empresa brasileira Fly Linhas Aéreas não conseguiu decolar e a pista molhada pela chuva impediu melhor frenagem da aeronave, que atravessou o muro do Aeroporto Internacional Mariscal Sucre –a 40 km da capital Quito– e caiu de bico na avenida adjacente.

O avião teve o trem de pouso quebrado e uma de suas turbinas pegou fogo. Os 90 passageiros, entre eles jogadores, dirigentes, jornalistas e torcedores, saíram às pressas pelo tobogã de emergência.

Dos atletas a bordo, o meia Tupãzinho queimou a perna esquerda e o zagueiro Alexandre Lopes e o goleiro se feriram. Nenhum com gravidade.

O defensor André Santos, amigo dos integrantes do Mamonas Assassinas, mortos em um acidente aéreo em 2 de março do mesmo ano, disse ter se lembrado da banda na hora.

O avião que levaria a delegação corintiana de volta a São Paulo (Foto: 1º.mai.1996/France Press)
O avião da Fly Linhas Aéreas que levaria a delegação corintiana de volta a São Paulo (Foto: 1º.mai.1996/France Press)

Já os craques Edmundo e Marcelinho Carioca não se machucaram, mas foram os últimos a desembarcar, pois tentaram ajudar o torcedor Antônio Murilo de Oliveira Jr., na época com 260 kg, que havia ficado entalado em uma das saídas de emergência. O rapaz acabou salvo por Paulo Roberto Perondi, segurança do Corinthians, e o então presidente da Gaviões da Fiel, Paulo Eduardo Romano, o Jamelão. Eles foram chamados de heróis pelo elenco.

As autoridades locais afirmaram que o excesso de combustível no tanque do avião foi o motivo do acidente. Antes, o copiloto havia declarado que o excesso de peso poderia ter impedido a decolagem, algo que foi negado pela companhia aérea.

Traumatizados, a maioria dos corintianos precisaram de calmantes para retornar ao Brasil. Anos depois, em entrevista ao UOL, o ex-volante Zé Elias disse nunca mais ter conseguido viajar tranquilo de avião. E que foi preciso o médico do Timão, o doutor Joaquim Grava, buscá-lo em casa para a partida contra o Palmeiras, dias depois, em Presidente Prudente. O atleta de 20 anos só chorava, pois teria que voar até a cidade do interior paulista.

Duas décadas depois do incidente com o clube, o Corinthians usa a cor verde em seu site oficial em solidariedade à Associação Chapecoense de Futebol, que perdeu nesta terça (29) quase que sua delegação inteira em um acidente aéreo na Colômbia.

Folha relembra outras tragédias aéreas do futebol

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Relembre o octacampeonato do Palmeiras na Folha https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2016/11/27/relembre-o-octacampeonato-do-palmeiras-na-folha/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2016/11/27/relembre-o-octacampeonato-do-palmeiras-na-folha/#respond Sun, 27 Nov 2016 20:58:32 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2016/11/Abre-180x123.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=1694 O torcedor palmeirense que acompanhou seu time durante a década de 1990 não se esquece de uma das principais conquistas daquela era vitoriosa: o Campeonato Brasileiro de 1994, vencido sobre o maior rival, o Corinthians.

Essa também havia sido a última vez que a torcida alviverde comemorou um título nacional. Agora, quase 22 anos depois, o Palmeiras novamente dá essa alegria aos seus aficionados.

Voltando ao ano de 1994… A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) organizou um longo e confuso campeonato com 24 equipes, em duas fases –primeira em turno e returno e segunda em turno único–, repescagem e fase final (quartas de final, semifinal e final).

O time alviverde, comandado pelo técnico Vanderlei Luxemburgo, chegou forte à competição, pois manteve a base multicampeã de 1993 e ainda se reforçou com nomes como o do volante Flávio Conceição e do meia Rivaldo –este último tinha atuado pelo Corinthians no ano anterior, na época emprestado pelo Mogi Mirim (SP).

Nos dez primeiros jogos da primeira fase, o Palmeiras passeou: nove vitórias e um empate. A classificação veio com tranquilidade. No primeiro turno da segunda fase, o time alviverde manteve o desempenho arrasador. Em um grupo com Bahia, Botafogo (RJ), Flamengo, Paraná, Santos, São Paulo e Sport, só perdeu um jogo, e foi para o rubro-negro carioca (2 a 0). Já classificado, no segundo turno a equipe perdeu alguns jogos por se dar ao luxo de poupar vários titulares.

Nas quartas de final, o Palmeiras venceu as duas partidas contra o Bahia pelo placar de 2 a 1. Depois, na semifinal, não deu chances para o Guarani: 3 a 1 em SP e 2 a 1 em Campinas. Os dois gols palmeirenses da última partida foram marcados por Rivaldo. Pelo lado do Bugre, o gol foi feito pelo meio-campo Fábio Augusto.

Pelo segundo ano consecutivo, o alviverde estava na final do Campeonato Brasileiro. Mas, desta vez, teria pela frente o seu maior arquirrival: o Corinthians. Já o time alvinegro chegava à decisão com a difícil missão de acabar com a hegemonia palestrina e dar o troco pelas derrotas nas finais do Paulistão e do Rio-São Paulo de 93.

JOGO DE IDA
O estádio do Pacaembu foi escolhido como palco para os dois jogos, o que limitou demais o público para um confronto desta magnitude. Cerca de 36 mil pagantes acompanharam cada uma das partidas.

Com muita festa de ambas torcidas, os dois times subiram ao gramado, onde, antes do apito inicial, jogadores se cumprimentavam e brincavam uns com os outros. Com a bola rolando, isso mudou.

O primeiro tempo foi muito pegado. O Palmeiras já havia acertado a trave do goleiro Ronaldo em jogada de Edmundo, e o Corinthians pressionava a meta de Velloso, mas o placar persistia no 0 a 0.

Mas, ao final da etapa inicial (44min), Rivaldo abriu o marcador após receber um belo lançamento, driblar o goleiro Ronaldo, que, desesperado, saiu da área.

Se de um lado o guarda-meta corintiano mostrava nervosismo com saídas estabanadas do gol para tentar impedir os avanços palmeirenses, do outro, Velloso fazia defesas importantes e, assim, segurava o ímpeto alvinegro.

No segundo tempo, o Corinthians pressionava, mas viu, novamente, seu ex-jogador Rivaldo (18min) marcar. Desta vez, após bobeira do lateral esquerdo tetracampeão do mundo Branco. O meia palmeirense levou a bola em direção a linha de fundo pelo lado direito do ataque e tocou de bico com a perna esquerda na saída de Ronaldo.

Mal deu tempo para o Timão se recuperar do gol sofrido, dois minutos depois, o lateral esquerdo Roberto Carlos fez lançamento para o centroavante Evair, que dominou dentro da área e deu bela assistência para Edmundo estufar as redes.

A equipe de Parque São Jorge diminuiu na sequência, com Marques (22min.), após bobeira do meio-campo alviverde e grande jogada do meia Souza. Placar final: 3 a 1.

Ficha 1

JOGO DE VOLTA
Na segunda partida, o Corinthians precisava vencer por três gols de diferença. Com isso, partiu para cima com tudo. Os alvinegros fizeram 1 a 0 logo aos 3min do primeiro tempo. Marcelinho Carioca cobrou falta, Veloso fez a defesa, mas a bola bateu na trave e sobrou para Marques, com o gol vazio, marcar.

No segundo tempo, o Palmeiras voltou melhor. Edmundo infernizou a defesa corintiana. Em dois lances pelo lado direito, o “Animal” driblou com facilidade o zagueiro Henrique.

Do outro lado, Velloso mais uma vez salvou o time nos momentos de pressão do adversário. Com as pontas dos dedos, o arqueiro defendeu outra perigosa cobrança de falta de Marcelinho Carioca.

O Corinthians precisava de mais dois gols para ficar com o título, mas o nervosismo do time, aliado aos contra-ataques palmeirenses, fez com que Luizinho fosse expulso –Zinho, do Palmeiras, e Branco, do Corinthians, desentenderam-se e também levaram cartão vermelho.

O empate, que selou de vez o título palmeirense, veio no segundo tempo com uma assistência de Edmundo. Rivaldo (36min), o artilheiro da final, sem goleiro, tocou para o fundo do gol.

Festa alviverde nas arquibancadas. O Palmeiras em seu jogo de número 600 no Brasileirão conquistava seu oitavo troféu do campeonato mais importante do país.

Ficha 2

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