Acervo Folha https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br No jornal, na internet e na história Fri, 19 Feb 2021 13:40:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 1968: Servílio ganha 1ª medalha olímpica do boxe brasileiro após susto e amor https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/10/24/1968-servilio-ganha-1a-medalha-olimpica-do-boxe-brasileiro-apos-susto-e-amor/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/10/24/1968-servilio-ganha-1a-medalha-olimpica-do-boxe-brasileiro-apos-susto-e-amor/#respond Wed, 24 Oct 2018 09:00:25 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/10/Servilio-320x213.jpg https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10389 Há duas semanas, o ex-pugilista Servílio de Oliveira participou na Cidade do México de um evento de celebração de 50 anos da Olimpíada de 1968. Durante a comemoração, ele disse que um filme passou em sua cabeça.

Sua vida mudou muito naquele ano. Conheceu a sua mulher no Chile. Ganhou o Torneio Latino-Americano, que serviu como uma espécie de seletiva para ir ao México. Viu o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) cogitar não mandar nenhum boxeador aos Jogos por falta de dinheiro.

E, depois de muitas emoções, conquistou a primeira medalha olímpica na história do boxe do país, um bronze, no dia 24 de outubro de 1968 (o Brasil só voltou a ganhar medalha em Olimpíada nesse esporte em 2012).

“As minhas histórias parecem as de cinema. Só que são verídicas. Foi incrível tudo o que aconteceu”, disse o ex-pugilista, em entrevista, para a Folha.

Servílio tinha 20 anos, competia pela categoria peso-mosca (até 51 kg) e era apontado como uma revelação.

A medalha olímpica veio em três lutas. Mas o caminho que percorreu foi bem mais longo.

No começo de 1968, os dirigentes falaram para os pugilistas que usariam o Torneio Latino-Americano do Chile, em março, para definir os representantes brasileiros para os Jogos Olímpicos de outubro.

Com o pensamento em se classificar, Servílio viajou para o Chile. Na parte esportiva, acabou como um dos quatro brasileiros que foram campeões. Fora dos ringues, conheceu a sua atual esposa, Victoria Charlot Del Campo. Entre lutas e treinamentos, o namoro começou.

“Eu conhecia o tio dela e, quando fui disputar esse torneio, a encontrei. Hoje, ela é a mãe dos meus cinco filhos”, afirmou.

O pugilista voltou ao Brasil, a namorada permaneceu no Chile, mas a relação continuou.

Susto

Depois do êxito no Latino-Americano, surgiu a notícia de que o Brasil não ira incluir nenhum atleta do boxe em sua delegação para a Olimpíada. “Diziam que não tinham dinheiro”, relatou.

Foi um grande susto. Mas, após protestos e muitas reuniões, ficou definido que dois boxeadores viajariam para competir nos Jogos. Ele e Expedito Alencar foram os escolhidos.

“A reação foi de felicidade, a gente estava com muita expectativa de participar do maior evento esportivo do mundo”, relatou.

Ao desembarcar na Cidade do México, Servílio inicialmente não deu importância para a altitude do local (2.250 m). Depois, quando foi fazer uma atividade física, mudou de opinião. “Senti que faltava ar para respirar.”

Durante a sua preparação de cerca de 15 dias, adaptou-se e, quando subiu ao ringue para a sua estreia, a altitude não lhe atrapalhou.

Combates

A primeira luta foi contra o turco Engin Yadigar. Segundo o brasileiro, o duelo foi muito equilibrado, e a expectativa para saber o resultado persistiu até o final. O alívio só veio quando os juízes anunciaram o resultado.

“Quando levantaram o meu braço [para indicar o vencedor], vibrei bastante. Foi uma luta muito parelha”, comentou.

O próximo passo foi encarar nas quartas de final o ganense Joe Destimo, que estava embalado após vencer bem a luta anterior.

“Ele tinha enfrentado um canadense [Walter Henry] e tinha vencido, sendo muito superior. Aí, ele veio para cima de mim, para tentar me nocautear.”

Não deu para Destimo. O brasileiro ganhou por pontos e já assegurou a façanha histórica. Conforme o regulamento, não havia disputa entre terceiro e quarto lugares, e os dois perdedores da semifinal levariam o bronze.

“Fiquei com a sensação de missão cumprida. Os caras [do COB] não queriam me trazer e eu já era medalhista olímpico”, declarou Servílio.

A próxima meta era tentar se classificar para a disputa do ouro. Para isso, precisava superar o mexicano Ricardo Delgado. Um rival duro que competia em casa.

O mexicano acabou como vencedor do confronto (também ganharia a final).

“A luta foi equilibrada. Ele fala que ganhou bem. Eu acho que, se fosse em outro país, o resultado talvez não teria sido favorável a ele”, afirmou.

Servílio e Delgado se encontraram neste mês durante o evento da comemoração dos 50 anos da Olimpíada da Cidade do México.

“Ele é meu amigo. Falou que eu era ‘entrão’ por ter procurado o combate, ter tomado a iniciativa daquela luta. Eu gosto dele, é um bom homem”, disse o brasileiro.

Descolamento de retina

Depois do bronze, o medalhista olímpico decidiu trocar o amadorismo pelo boxe profissional. Foi uma sequência de 15 vitórias.

Em dezembro de 1971, durante um combate contra o americano Tony Moreno, o adversário acertou uma cabeçada involuntária em seu olho direito.

Servílio sofreu um descolamento de retina: “Perdi a visão total desse olho”.

Com isso, ele se aposentou do boxe e foi para o Chile, onde ainda vivia Victoria, com quem se casou. Lá, trabalhou com a família da mulher, em um galpão onde consertava-se móveis de repartições públicas.

“No início, foi difícil viver longe do boxe. Com a fama, você é afagado, recebe tapinhas nas costas. Quando essa situação muda, isso para de ocorrer. Aí, se você não tiver estrutura, se não tiver apoio familiar, você dança”, relatou.

Com o golpe de Estado no Chile, em 11 de setembro de 1973, eles perderam o emprego. Servílio ainda permaneceu no país até 1975, quando optou por voltar para o Brasil.

Achando estar em condições de lutar, mesmo sem a visão em um dos olhos, ele retomou a carreira no boxe. Foram cinco vitórias.

“Eu me sentia bem fisicamente, e era uma necessidade fazer esporte para melhorar o orçamento da minha família.”

Quando foi lutar fora do país, em Santiago, os médicos vetaram a sua participação justamente por causa de visão. Servílio não pôde mais subir aos ringues.

“Tive que parar. Mas fiquei invicto no profissional, com 20 lutas e 20 vitórias.”

Nova geração

Continuou no esporte, em outras atividades, como técnico, supervisor e manager. Hoje, vê o seu neto Luiz Gabriel de Oliveira, de 17 anos, seguir os seus passos e começar brilhar.

O garoto foi o porta-bandeira da delegação brasileira dos Jogos Olímpicos da Juventude, em Buenos Aires, de 2018, e conquistou a medalha de bronze nesta competição.

“Meu neto é inteligente, é um menino tranquilo. É espetacular. Ele escuta muito o pai, que é o técnico dele, e escuta o vô também”, declarou.

Ele está muito animado e acredita que o neto possa superar a sua façanha.

“Se na Argentina ganhou o bronze [nos Jogos da Juventude], acho que ele vai me ultrapassar e ganhar ouro ou prata em Olimpíada de 2020.”

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1968: Protesto de atletas americanos mostra o Poder Negro contra o racismo https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/10/16/1968-protesto-de-atletas-americanos-mostra-o-poder-negro-contra-o-racismo/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/10/16/1968-protesto-de-atletas-americanos-mostra-o-poder-negro-contra-o-racismo/#respond Tue, 16 Oct 2018 10:00:49 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/10/Olimpíadas-México-Protesto-320x213.jpg https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10372 No dia 16 de outubro de 1968, em uma cerimônia de premiação na Olimpíada da Cidade do México, Tommie Smith e John Carlos subiram ao pódio para ouvir o hino dos EUA, depois de conquistarem ouro e bronze nos 200 metros. E entraram para a história ao erguerem os punhos, com luvas pretas, em uma saudação associada aos Panteras Negras.

O protesto dos dois atletas norte-americanos contra o racismo em seu país ficou marcado como um dos momentos mais importantes do esporte.

Um ano antes, em outubro de 1967, a Folha noticiou um possível boicote -organizado por atletas negros- aos Jogos Olímpicos do México, uma articulação do “Projeto Olímpico para os Direitos Humanos” (OPHR) . “A conduta dos meus patrícios de cor será provavelmente ditada pelos acontecimentos que ocorrerem na América, de agora até os Jogos”, afirmou Tommie Smith.

Sem a adesão de todos os atletas negros que participariam da Olimpíada, o OPHR acabou perdendo a força, mas, com a morte do reverendo Martin Luther King, em abril de 1968, a construção de uma forma de protesto permaneceu na mente de Tommie Smith e John Carlos.

Reprodução da página de Esporte de 4 de maio de 2008

Smith, numa das finais que selecionou os atletas americanos para os Jogos Olímpicos, dedicou sua vitória ao Poder Negro.

O Comitê Olímpico dos EUA -que estava de olho em Tommie Smith, John Carlos e Lee Evans- esperava uma possível ausência dos atletas negros vencedores na cerimônia de entrega das medalhas, o que representaria uma humilhação para os EUA.

“A discriminação é um problema social e não deve atingir o esporte. Sei que houve ameaça de boicote e que só podemos contar com todos os negros porque não houve unanimidade entre eles […] Parece que farão novos protestos, mas não sei e nem quero saber em que consistirá esse protesto”, disse Payton Jordan, técnico-chefe da equipe americana, antes do início da Olimpíada.

E o dia chegou. No pódio, que ficou registrado para sempre, o atleta australiano Peter Norman, ganhador da medalha de prata, aderiu ao protesto e,  assim como Tommie Smith e John Carlos, usou no peito o símbolo do OPHR. Seguindo o conselho de Norman, os americanos dividiram o único par de luvas disponível -por isso um levantou o braço direito, e o outro, o esquerdo.

John Carlos, de chapéu, deixa a Vila com a mulher após expulsão (AFP)

A manifestação dos três atletas causou retaliações. Tommie Smith e John Carlos foram suspensos da equipe dos EUA e excluídos dos Jogos Olímpicos. O australiano branco Peter Norman foi jogado no ostracismo em seu próprio país. O atleta morreu em 3 de outubro de 2006 de um ataque cardíaco. No sepultamento de Peter Norman, Smith e Carlos carregaram o caixão de seu companheiro de luta.

Em 2016, numa recepção na Casa Branca, o presidente Barack Obama homenageou os dois medalhistas olímpicos que levantaram seus punhos contra o racismo.

[+] Conheça o histórico de protestos de atletas negros ao longo da história dos EUA

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Campeã olímpica e vice da Euro, Bélgica viu Maradona frustrar sua melhor Copa https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/07/05/campeao-olimpica-e-vice-da-euro-belgica-viu-maradona-frustrar-sua-melhor-copa/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/07/05/campeao-olimpica-e-vice-da-euro-belgica-viu-maradona-frustrar-sua-melhor-copa/#respond Thu, 05 Jul 2018 09:00:46 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/belgica1920_-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=9967 A seleção belga de futebol, rival do Brasil nesta sexta-feira (6) na Copa da Rússia, ostenta em seu currículo o título de campeã olímpica de 1920, o vice-campeonato da Eurocopa de 1980 e um quarto lugar no Mundial-1986 no México.

A medalha de ouro veio em casa, durante os Jogos da Antuérpia, no dia 2 de setembro de 1920.

Essa foi a primeira competição olímpica realizada depois da Primeira Guerra Mundial. O torneio de futebol contou com a participação de 14 times –13 europeias e uma africana, o Egito.

A equipe belga estreou já na segunda fase, as quartas de final, com um triunfo de 3 a 1 na Espanha. Na partida seguinte, a vitória foi em cima dos vizinhos holandeses por 3 a 0.

A adversária na final foi a Tchecoslováquia, seleção que vinha muito embalada. Nas fases anteriores, eles atropelaram os rivais, marcando 15 gols e tomando só 1 (7 a 0 na Iugoslávia, 4 a 0 na Noruega e 4 a 1 na França).

Só que o jogo decisivo não chegou ao fim. Aos 39 minutos do primeiro tempo, a partida foi interrompida quando a Tchecoslováquia, que perdia por 2 a 0, saiu de campo em protesto contra a arbitragem. Assim, os donos da casa ficaram com a medalha de ouro.

Segundo o site da RSSSF, organização que registra estatísticas esportivas, os tchecos reclamaram de que o árbitro não apitou uma falta no goleiro no lance que originou o primeiro gol nem anotou um impedimento no segundo.

A equipe visitante alegou também que o juiz expulsou um tcheco, mas poupou um atleta belga, após uma briga em campo.

1980

A Bélgica chegou muito perto de outro grande feito na Eurocopa-1980, na Itália, ao ficar em segundo lugar.

Era uma geração formada por nomes que entraram para a história do país, como o goleiro Jean-Marie Pfaff e o meia Jan Ceulemans, sob o comando do técnico Guy Thys.

Depois de uma fase de qualificação que contou com 31 seleções, oito equipes tinham se credenciado a participar do torneio europeu. Elas foram divididas em dois grupos.

Com empates diante da Inglaterra (1 a 1) e da Itália (0 a 0) e vitória sobre a Espanha (2 a 1), a primeira posição no grupo e, consequentemente, a vaga na decisão haviam sido asseguradas.

A final foi contra a Alemanha e só foi decidida aos 43 minutos do segundo tempo. O jogo estava empatado por 1 a 1 quando, após um escanteio, o atacante alemão Horst Hrubesch cabeceou certeiro, marcando o seu segundo gol no jogo e decretando a vitória: 2 a 1.

1986

O melhor resultado conquistado pela Bélgica em uma Copa do Mundo foi em 1986 no México, um quarto lugar. O meia Enzo Scifo, de 20 anos, destacou-se em campo e foi eleito o melhor jogador jovem da competição.

Enzo Scifo cabeceia bola durante treino – Benoit Doppagne – 28.mai.2000/Reuters

Comandada pelo técnico Guy Thys, a equipe iniciou sua trajetória na competição de forma cambaleante. Perdeu para o anfitrião México por 2 a 1, venceu o Iraque por 2 a 1 e empatou com o Paraguai por 2 a 2.

Nas oitavas de final, superou a União Soviética na prorrogação por 4 a 3. Na fase seguinte, mais sofrimento. Vitória contra a Espanha nos pênaltis por 5 a 4, após empate de 1 a 1.

O revés veio na semifinal diante da Argentina. Os belgas não resistiram a Diego Maradona, que anotou no segundo tempo os dois gols da vitória de 2 a 0.

Em entrevista ao site da Fifa, em 2016, Scifo lembrou do jogo e afirmou que a Argentina não vivia um bom dia, mas seu time também não estava bem.

“Tínhamos jogados duas partidas com prorrogações, e fisicamente estávamos sentindo os efeitos”, declarou.

Maradona desequilibrou o duelo. “Foi ele quem nos derrubou e nos negou um lugar na final”, disse.

Na disputa pelo terceiro lugar, diante da França, empate de 2 a 2 no tempo normal e derrota de 2 a 0 na prorrogação.

Se a atual seleção Bélgica eliminar o Brasil Copa-2018, ela vai, pelo menos, igualar o feito do time de Scifo.

Diego Maradona comemora vitória sobre a Bélgica – Gary Hershorn – 22.jun.1968/Reuters
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1918: Nasce Fanny Blankers-Koen, a mulher do século 20 no atletismo https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/04/26/1918-nasce-fanny-blankers-koen-a-mulher-do-seculo-20-no-atletismo/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/04/26/1918-nasce-fanny-blankers-koen-a-mulher-do-seculo-20-no-atletismo/#respond Thu, 26 Apr 2018 10:00:45 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/Blankers-Koen-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=9245 Antes de chegar a Londres para disputar a Olimpíada de 1948, a holandesa Francina ‘Fanny’ Blankers-Koen, que completaria 100 anos nesta quinta-feira (26), teve que superar desconfianças, críticas e preconceito.

Mãe de um garoto de seis anos e de uma menina de dois, a atleta conciliava as atividades familiares com os treinos. Como conseguia bons resultados no esporte, era chamada de “Dona de Casa Voadora”.

Só que muita gente não concordava que ela continuasse no esporte após a maternidade, conforme a atleta declarou para o jornal americano New York Times, em 1982.

“Eu recebia muitas cartas com mensagens ruins, pessoas escrevendo que eu deveria ficar em casa com as minhas crianças e que eu não deveria ter permissão para correr em uma pista  –como se diz isso?– com calças curtas”, disse.

Mas a holandesa se defendeu dizendo que era uma boa mãe e que dividia praticamente todo o seu tempo entre as tarefas domésticas e o treinamento, sem ter período livre para fazer outras coisas.

Fanny (dir) vence os 80 m com barreiras em Londres (Reprodução)

A primeira Olimpíada que disputou, ainda solteira, foi a de Berlim-1936. Aos 18 anos, ficou em quinto lugar no revezamento 4 x 100 m e em sexto no salto em altura.

Ela se casou com o seu treinador Jan Blankers em 1940 (ano que não teve a competição por causa da Segunda Guerra Mundial).

Os Jogos só voltaram a ser organizados em 1948, quando a holandesa tinha 30 anos. E já havia quem a visse como veterana para que conseguisse brilhar no torneio.

“Um jornalista escreveu que eu era velha demais para correr, que eu deveria ficar em casa e cuidar das minhas crianças. Quando eu cheguei a Londres, eu apontei o meu dedo para ele e disse: ‘Eu te mostro’”, afirmou Fanny.

4 ouros

Sua resposta em pista foi brilhante. Venceu as quatro provas que disputou: 100 m, 200 m, 80 m com barreiras e revezamento 4 x 100 m.

Até hoje, a façanha de conquistar quatro medalhas de ouro no atletismo em apenas uma edição da Olimpíada não foi repetida por nenhuma outra mulher.

“Sábado à tarde, Fanny disputou a última prova da 14ª Olimpíada na pista de Wembley. Horas depois, já se encontrava em alto mar, em viagem para Amsterdã. Toda essa pressa consistia no desejo de chegar a seu lar, para beijar e abraçar sua mãe e seus filhos, Jan, de seis anos, e Fanny, de dois, e também para descansar de tanta ‘preocupação olímpica’”, informou reportagem da Folha da Manhã, intitulada de “A Impressionante carreira olímpica de Fanny Blankers-Koen”.

Atleta do século 20

Durante a sua carreira, a holandesa chegou a registrar 20 recordes mundiais e foi eleita, em 1999, a melhor atleta do século 20 pela Iaaf, a entidade que controla o atletismo mundial –entre os homens, o americano Carl Lewis foi o escolhido.

Ao saber do prêmio, Fanny mostrou espanto. “Quando penso em todas as grandes mulheres que já competiram no século e nas jovens que estão indo tão bem, eu tenho que dizer que estou surpresa, mas muito contente também”, afirmou.

Ela morreu aos 85 anos, em 2004, após sofrer do mal de Alzheimer.

Edição de 21 de novembro da Folha da Manhã de 1948
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Dona do primeiro 10 da ginástica artística em Jogos Olímpicos, romena Nadia Comaneci celebra 55 anos https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2016/11/12/dona-do-primeiro-10-da-ginastica-artistica-em-jogos-olimpicos-romena-nadia-comaneci-celebra-55-anos/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2016/11/12/dona-do-primeiro-10-da-ginastica-artistica-em-jogos-olimpicos-romena-nadia-comaneci-celebra-55-anos/#respond Sat, 12 Nov 2016 04:00:21 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2016/11/PRINCIPAL-180x113.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=1573 Ela era apenas uma menina de 14 anos, mas assombrou o mundo do esporte ao tirar a primeira nota 10 da ginástica artística em uma Olimpíada.

Naquele dia 18 de julho de 1976, Nadia Comaneci –aniversariante deste sábado (12)– executara uma impecável série nas paralelas assimétricas e cravava seu nome na história olímpica, graças a sua performance nos Jogos de Montréal (Canadá).

Nascida na Romênia em 12 de novembro de 1961, a ex-ginasta foi descoberta pelo técnico Bela Karolyi aos seis anos de idade. Desde então, Nadia passou a acumular medalhas de ouro em competições para juniores e adultos.

A jovem garota do leste europeu era um fenômeno. Nem mesmo os organizadores daquela Olimpíada no Canadá estavam prontos para o grande feito dela. O placar não tinha a capacidade de exibir o “10.00” que ela recebeu dos juízes, pois só mostrava três dígitos.

Nadia sabia que tinha feito uma grande apresentação –foram pouco menos de 20 segundos de graciosidade e perfeição–, mas só soube da nota máxima após o público, em êxtase, ter feito muito barulho.

O saldo da ginasta nos Jogos de Montréal-1976 foi extremamente positivo. Foram sete notas dez, que lhe renderam três medalhas de ouro (paralelas assimétricas, trave e individual geral), uma de prata (equipes) e uma de bronze (solo). Nascia ali uma lenda.

Na volta para Bucareste (Romênia), milhares de pessoas que aguardavam sua chegada no aeroporto viram desembarcar uma Nadia triste. O motivo: a cabeça de umas de suas bonecas havia caído dentro do avião, disse aos jornalistas.

No Campeonato Mundial de 1978, realizado na França, a ginasta ficou com o ouro na trave e prata no salto e na competição por equipes. Nas paralelas assimétricas, aparelho no qual ela se destacou dois anos antes, ficou de fora do pódio devido a uma queda.

Dois anos mais tarde, nos Jogos Olímpicos de Moscou-1980, a atleta não conseguiu repetir o desempenho de Montréal, mas nem por isso teve uma participação decepcionante. Foram duas medalhas de ouro (trave e solo) e duas de prata (equipes e individual geral). Mas, mais uma vez, não esteve entre as três melhores nas barras.

A romena deixou a ginástica em 1984, aos 23 anos. Esteve nos Jogos de Los Angeles apenas para assistir, como convidada VIP da organização.

Dentre os motivos deste final de carreira precoce estão alguns problemas pessoais e o assédio do filho do ditador romeno Nicolae Ceausescu, que era obcecado por ela.

O autoritário Ceausescu foi inclusive motivo da fuga para os EUA de seus técnicos Bela Karolyi e sua esposa, Martha –atualmente coordenadora da seleção americana. Ambos haviam se recusado a transformar a ginasta em garota-propaganda do regime comunista da Romênia.

Nadia também deixou o seu país de origem. Em 1989 ela se radicou nos Estados Unidos, onde, em 1996, casou-se com o também ex-ginasta e campeão olímpico Bart Conner.

Neste ano, a ex-atleta esteve nas Olimpíadas do Rio como comentarista de uma TV brasileira. Na ocasião, recebeu do ex-nadador Mark Spitz um collant idêntico ao que usou em 1976, no Canadá, e refez uma de suas séries nota 10 de 40 anos atrás.

O simbolismo da primeira nota 10 deve-se ao fato de que, após muitas alterações às quais foi submetido o código de pontuação da ginástica artística, hoje não é mais possível a um ginasta, seja no masculino ou feminino, atingir o feito.

Aos 55 anos, a eterna “princesa de Montréal”, como ficou conhecida Nadia Comaneci, mora na cidade americana de Oklahoma, onde tem uma academia e trabalha com seu marido.

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De lavadeira a atleta, Maria Elizabete foi pioneira ao representar o Brasil no levantamento de peso https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2016/08/06/de-lavadeira-a-atleta-maria-elizabete-foi-pioneira-ao-representar-o-brasil-no-levantamento-de-peso/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2016/08/06/de-lavadeira-a-atleta-maria-elizabete-foi-pioneira-ao-representar-o-brasil-no-levantamento-de-peso/#respond Sat, 06 Aug 2016 05:00:49 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2016/08/Elizabete2-180x119.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=516 Neste sábado (6/8), a partir das 19h, será realizada no Pavilhão 2 do Riocentro, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, a final do levantamento de peso feminino, categoria até 48 kg.

O Brasil, que nos Jogos Olímpicos Rio-2016 é representado por Jaqueline Ferreira (até 75 kg) e Rosane dos Reis (até 53 kg) no feminino, teve há 16 anos, em Sydney, quando as mulheres estrearam nesta modalidade olímpica, sua única representante até então: a veterana Maria Elizabete Jorge, na época com 43 anos.

Nascida em Viçosa (MG), em 1957, Maria Elizabete, que ainda vive em sua terra natal, só começou a praticar o esporte em 1991, aos 34 anos. Antes disso, havia se dedicado ao atletismo, participando, inclusive, de provas como a São Silvestre.

Como a situação financeira não era boa, foi obrigada a dividir o tempo de seu treino com faxinas e a lavagem de roupas de estudantes da Universidade Federal de sua cidade. E assim ela foi descoberta pelo técnico David Monteiro Gomes, colombiano radicado no Brasil, que a via carregando enormes trouxas.

A atleta Maria Elizabete Jorge em seu primeiro treino em Sydney (Crédito: Washington Alves/COB/Divulgação)
A atleta Maria Elizabete Jorge em seu primeiro treino em Sydney (Crédito: Washington Alves/COB/Divulgação)

Em um esporte majoritariamente praticado por homens, a atleta enfrentou dificuldades e, em 1992, um ano após iniciar os treinamentos, conquistou o título sul-americano, em Santa Fé, na Argentina.

Seis meses antes de iniciar a competição em Sydney, Elizabete cogitou voltar para seu antigo ofício, de lavadora de roupa, para bancar sua preparação para Olimpíada, devido à falta de patrocínio.

As dificuldades não foram só financeiras. Durante os treinos em Sydney, Elizabete teve ferimentos nas mãos por não estar acostumada com as barras ásperas de metal utilizadas na competição, que eram bem diferentes das lisas usadas por ela no Brasil.

Bete do Peso, como também era conhecida, ficou com a nona colocação na Olímpiada na categoria até 48 kg –a mesma da final deste sábado–, dentro da meta estabelecida por ela mesma, que era chegar às finais e terminar entre as dez melhores.

Aposentada como atleta, Maria Elizabete Jorge, hoje com 59 anos, continua ligada ao esporte que a projetou. Atualmente ela é presidente da Federação Mineira de Levantamento de Peso, formadora de atletas e árbitra do esporte.

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Invictas em estreias olímpicas, meninas do futebol enfrentam hegemonia dos EUA em busca do ouro https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2016/08/03/invictas-em-estreias-olimpicas-meninas-do-futebol-enfrentam-hegemonia-dos-eua-em-busca-do-ouro/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2016/08/03/invictas-em-estreias-olimpicas-meninas-do-futebol-enfrentam-hegemonia-dos-eua-em-busca-do-ouro/#respond Wed, 03 Aug 2016 05:00:14 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2016/08/461400.jff_-180x130.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=448 A seleção de futebol feminino, comandada pelo técnico Oswaldo Alvarez, estreia nos Jogos Olímpicos Rio-2016 nesta quarta (3/8) contra a China, no Engenhão, para apagar a má campanha de Londres-2012 –a pior da equipe em Olimpíadas–, quando foi eliminada nas quartas de final pelo Japão (2 a 0).

Para começar com o pé direito rumo à inédita medalha de ouro, o Brasil, comandado pelo técnico Oswaldo Alvarez, conta com bom retrospecto em estreias olímpicas. Desde o debute da modalidade nos Jogos de Atlanta, em 1996, o time feminino mantém-se invicto, com três vitórias e dois empates:

Arte

As chinesas, adversárias desta abertura do torneio, são velhas conhecidas das brasileiras. Em Atlanta-1996, elas eliminaram a seleção na semifinal, em jogo que acabou 3 a 2. Na ocasião, o Brasil perdeu a disputa do bronze para as norueguesas, por 2 a 0.

Remanescente desde o início da caminhada da seleção feminina em Olimpíadas, a meio-campo Formiga, 38, se tornará a jogadora brasileira que mais disputou os Jogos (seis vezes). Também defenderão a seleção as experientes Cristiane, 31 –maior artilheira da história das Olimpíadas, com 12 gols–, e Marta, 30, escolhida como melhor jogadora do mundo cinco vezes consecutivas e camisa 10 da equipe.

A meio-campista brasileira Formiga disputa bola contra jogadora americana, na vitória dos EUA por 2 a 1, na final dos Jogos de Atenas-2004 (Foto: Flávio Florido/Folhapress)
A meio-campista brasileira Formiga disputa bola contra rival na vitória dos EUA por 2 a 1, na final de Atenas-2004 (Foto: Flávio Florido/Folhapress)

O trio, inclusive, fez parte das equipes que conquistaram as únicas duas medalhas do Brasil, em uma modalidade dominada pelos EUA, detentor de quatro ouros e uma prata.

MEDALHAS

Nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004, após atropelar o México nas quartas de final, por 5 a 0, e vencer a forte seleção sueca pelo placar de 1 a 0 na semifinal, o time comandado pelo então técnico Renê Simões fez grande partida contra os EUA na final.

As americanas abriram o placar aos 39min do primeiro tempo, em um erro da arbitragem. Boxx tocou com a mão na bola e passou para a meia Lindsay Tarpley, que bateu no canto da goleira Andréia. O Brasil empatou no segundo tempo, aos 27min, após bela jogada de Cristiane, quando a bola bateu na defesa americana e sobrou para Pretinha empatar. Depois disso, a seleção brasileira acertou a trave por duas vezes, mas o jogo terminou empatado e foi para a prorrogação. Aos 6min do segundo tempo, Abby Wamback fez o gol de ouro, de cabeça, após cobrança de escanteio.

Mesmo com a derrota, as meninas comemoraram com o técnico o primeiro pódio brasileiro no futebol feminino.

Em Pequim-2008, novamente com uma boa campanha, a seleção brasileira chegou forte ao mata-mata do torneio olímpico. Na semifinal, o time do técnico Jorge Barcellos não tomou conhecimento da força das alemãs e goleou por 4 a 1. O país chegava pela segunda vez a uma final, novamente disputando o ouro com as norte-americanas.

Em um jogo em que o Brasil foi superior aos EUA em quase sua totalidade, a seleção não soube aproveitar as oportunidades que teve para vencer. A sólida defesa americana segurou o placar, que só foi alterado na prorrogação, com uma bomba da americana Lloyd, aos 6min.

Ao contrário dos Jogos de Atenas-2004, desta vez, a decepção estava evidente no rosto das jogadoras brasileiras. Mais uma vez, a seleção fazia uma grande campanha, apresentava um futebol mais vistoso, mas saia derrotada pela grande rival.

Jogadoras da seleção brasileira desoladas após perda do segundo ouro olímpico seguido para os EUA
Jogadoras da seleção brasileira desoladas após a perda da segunda final olímpica consecutiva para os EUA

A goleira dos EUA, Hope Solo, em entrevista após o fim da partida, provocou: “O Brasil deveria gostar mais do jogo defensivo. Olhem só meu ouro aqui”.

Já a lateral brasileira, Rosana, resumiu o que foi a partida: “Mais uma vez foi um jogo do talento contra a eficiência, e a eficiência ganhou de novo”.

Desta vez, no Rio, a seleção feminina,  assim como a masculina, busca o ouro inédito. Mesmo com o evidente abismo (leia-se patrocinadores, apoio de dirigentes, estrutura e mídia) que separa homens e mulheres no futebol brasileiro, agora, ao menos, elas jogam em casa.

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Seleção joga contra o passado e tenta ouro inédito https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2016/07/30/selecao-joga-contra-o-passado-e-tenta-ouro-inedito/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2016/07/30/selecao-joga-contra-o-passado-e-tenta-ouro-inedito/#respond Sat, 30 Jul 2016 05:00:28 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2016/07/NEYMAR__FUTEBOL_OLIMPICO__BLOG-180x120.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=417 A seleção brasileira de futebol inicia na próxima quinta-feira (4), diante da África do Sul, sua caminhada nos Jogos Olímpicos Rio-2016 em busca do único título que ainda não possui: a medalha de ouro.

Para isso se concretizar, o técnico Rogério Micale convocou uma equipe que mescla jovens talentos, como o santista Gabriel e o seu xará palmeirense Jesus -ambos têm 19 anos-, com os experientes Neymar (Barcelona), 24, Renato Augusto (Beijing Guoan), 28, e Fernando Prass (Palmeiras), 38. O goleiro, aliás, se tornará o jogador mais velho a defender a seleção em uma Olimpíada, feito que pertence ao atacante Bebeto, que em Atlanta-1996 tinha 32 anos.

A força do futebol brasileiro, pentacampeão mundial, é reconhecida e respeitada em todos os cantos do planeta. Mas, apesar de ser o país com mais Copas do Mundo, o que explica o fato do Brasil nunca ter conquistado a medalha de ouro olímpica na modalidade?

A reposta não é simples, pois existem muitos fatores, alguns tangíveis, outros não.

O futebol entrou para o programa olímpico em 1908 –em 1900 e 1904, foi disputado apenas como demonstração–, e, desde então, só era permitida a participação de jogadores amadores. O Brasil levou seu primeiro selecionado apenas em 1952, em Helsinque (Finlândia), quando estreou com vitória sobre Holanda, por 5 a 1, mas foi eliminado nas quartas de final pela Alemanha Ocidental, por 4 a 2.

Do período que compreende a estreia da seleção brasileira até o final da década de 1970, o futebol olímpico viveu o auge do “amadorismo”. Amadorismo entre aspas, já que seleções do Leste Europeu levavam seus times principais aos Jogos –elencos que disputavam Copas do Mundo–, pois nesses países quase todos os atletas faziam parte das Forças Armadas. Então, o futebol era visto como uma atividade paralela, o que o descaracterizava como profissão.

Assim como o Brasil, a Alemanha*, outra potência do futebol, vencedora de quatro Copas do Mundo, nunca alcançou o lugar mais alto do pódio na Olimpíada. Aliás, os alemães têm apenas uma medalha olímpica: a de bronze, conquistada em Seul, em 1988. Um desempenho bem inferior ao brasileiro, detentor de três medalhas de prata e duas de bronze na modalidade.

O REI E EL PIBE DE ORO

Vale ressaltar que Pelé e Maradona, considerados os maiores de todos os tempos, nunca disputaram uma Olimpíada, já que a proibição para jogadores profissionais só foi abolida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) em 1984, mas com uma restrição: o atleta não poderia ter disputado uma Copa do Mundo.

Essa limitação durou até os Jogos de Barcelona-1992, quando a regra mudou novamente, e o torneio virou sub-23, com a possibilidade de levar três atletas acima da idade. Na ocasião, a seleção brasileira não conseguiu a classificação no Pré-Olímpico. Após este período, os argentinos foram os campeões em 2004 (Atenas) e 2008 (Pequim). O que ajuda a aumentar a pressão pelo título inédito do Brasil.

DIVERSIDADE

Os campeões ao longo da história do futebol olímpico evidenciam o quanto é difícil vencer este torneio. Foram 18 diferentes medalhistas de ouro em 25 disputas. Grã-Bretanha e Hungria, esta última com a talentosa geração comandada por Puskas, despontam como as grandes campeãs, com três medalhas de ouro cada uma, seguidas pelos bicampeões Uruguai, Argentina e União Soviética.

AS MEDALHAS

Das 12 participações olímpicas, desde a estreia da seleção brasileira de futebol em Helsinque (Finlândia), em 1952, o Brasil conquistou cinco medalhas. Todas a partir da década de 1980.

Los Angeles (1984) – PRATA: o Brasil, comandado pelo técnico Jair Picerni, tinha em seu elenco nomes como Dunga, Mauro Galvão e o goleiro Gilmar.

Na primeira fase, venceu Arábia Saudita (3 a 1), Alemanha Ocidental (1 a 0) e Marrocos (2 a 0); nas quartas, empatou com o Canadá (1 a 1) –venceu por 4 a 2 nas penalidades–; na semifinal, derrotou a Itália (2 a 1). Na final, perdeu para a França (2 a 0).

Seul (1988) – PRATA: o técnico Carlos Alberto Silva comandou um elenco talentoso (talvez o melhor selecionado olímpico que o país já teve), com o goleiro Taffarel e os atacantes Careca, Giovani, Bebeto e Romário, o artilheiro da competição com sete gols.

Na primeira fase, vitórias sobre Nigéria (4 a 0), Austrália (3 a 0) e Iugoslávia (2 a 1); nas quartas, eliminou a rival Argentina (1 a 0); na semifinal, empate com a Alemanha Ocidental (1 a 1) –vitória nos pênaltis (4 a 3)– e na final, derrota para a União Soviética, em uma prorrogação dramática (2 a 1).

 Romário comemora gol no jogo final contra a União Soviética, em que a seleção brasileira perdeu, ficando com a medalha de prata.
Romário comemora gol contra a União Soviética, em jogo que a seleção brasileira perdeu o ouro (2 a 1). (Crédito: Wilson Melo – 1º.out.1988/Folhapress)

Atlanta (1996) – BRONZE: sob o comando de Zagallo, Dida, Roberto Carlos, Rivaldo, Ronaldo e o então veterano Bebeto ficaram com o terceiro lugar.

Na fase de classificação, derrota para o Japão (1 a 0) e vitórias ante Hungria (3 a 1) e Nigéria (1 a 0); pelas quartas, vitória contra Gana (4 a 2); na semifinal, o nigeriano Kanu marcou na morte súbita e eliminou o Brasil (4 a 3); na disputa pela medalha de bronze, a seleção venceu Portugal (5 a 0).

Pequim (2008) – BRONZE: o técnico Dunga convocou jovens promessas como Hernanes, Rafael Sobis, Thiago Neves e Alexandre Pato e depositou suas fichas na experiência de Ronaldinho Gaúcho.

Pela primeira fase, atropelou Bélgica (1 a 0), Nova Zelândia (5 a 0) e China (3 a 0); nas quartas de final, vitória sobre Camarões (2 a 0); já na semifinal, a Argentina passeou contra o Brasil (3 a 0). Em mais uma disputa pelo bronze, a seleção venceu os belgas (3 a 0).

20.ago.2008

Londres (2012) – PRATA: com Neymar como a grande esperança de gols, o sonho dourado parecia estar mais próximo do que nunca esteve.

O time do técnico Mano Menezes venceu bem os cinco jogos que fez até chegar à final –Egito (3 a 2), Bielorrússia (3 a 1), Nova Zelândia (3 a 0), Honduras (3 a 2) e Coreia do Sul (3 a 0). Porém, na decisão, em um jogo repleto de falhas por parte do Brasil, o mexicano Peralta fez dois gols e transformou a tão sonhada medalha de ouro brasileira em prata (2 a 1).

O GRANDE VEXAME

O fato de agora o Brasil jogar em casa também é visto como uma grande oportunidade de apagar decepções e vexames históricos na competição. O maior deles foi a eliminação para Camarões, em Sydney-2000.

Nas quartas de final, o Brasil de Ronaldinho Gaúcho, Alex e Lúcio perdeu para os africanos, estes, com nove em campo, devido às expulsões de Njitab e Nguimbat. Resultado final: 1 a 1 no tempo normal (Mboma, aos 16min do 1º tempo, e Ronaldinho, aos 48min do 2º tempo) e 2 a 1 para os camaroneses na prorrogação, com o “gol de ouro” marcado por Mbami aos 8min da segunda etapa.

A seleção brasileira era comandada pelo técnico Vanderlei Luxemburgo, que se recusou a levar o atacante Romário e qualquer outro atleta acima da idade permitida. A vexatória derrota resultou na demissão do treinador.

ORG XMIT: 344301_1.tif Futebol - Jogos Olímpicos de Sydney 2000 - Brasil 1 X 2 Camarões: o técnico da seleção brasileira, Wanderley Luxemburgo, após a derrota que eliminou o Brasil.   Brisbane - AUSTRÁLIA, 23.09.2000, Foto Digital: Juca Varella/Folhapress
Brasil 1 x 2 Camarões: o técnico da seleção brasileira, Vanderlei Luxemburgo, após a derrota que eliminou o Brasil. (Crédito: Juca Varella – 23.set.2000/Folhapress)

Apesar das mudanças nas regras olímpicas e as artimanhas de alguns países para levar seus principais jogadores, a resposta para a falta da medalha de ouro na lista de títulos do time canarinho talvez esteja em um dos jargões deste esporte: “o futebol é uma caixinha de surpresas”.

 

*A Alemanha Oriental conquistou uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Montréal-1976.

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Há 20 anos, bomba matou 2 e ameaçou Olimpíada https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2016/07/27/ha-20-anos-bomba-matou-2-e-ameacou-olimpiada/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2016/07/27/ha-20-anos-bomba-matou-2-e-ameacou-olimpiada/#respond Wed, 27 Jul 2016 04:55:46 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2016/07/d0118055_BLOG-180x113.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=399 Há exatos 20 anos, um atentado deixou dois mortos e 111 feridos na Olimpíada de Atlanta-96.

O relógio marcava 2h20 (horário de Brasília) de 27 de julho de 1996, quando o parque Centenário, em Atlanta, tremeu com a explosão de uma bomba.

Até então, os Estados Unidos apresentavam o maior esquema de segurança para uma edição dos Jogos Olímpicos, com 35 mil pessoas envolvidas.

O artefato foi detonado durante um show do grupo de rock Jack Mack and a Heart Attack ao ar livre e estava em uma das torres de som e luz, a 40 metros do palco.

O FBI (Federal Birô de Investigação) tratou a explosão da bomba como ato terrorista, já que a polícia encontrou mais dois artefatos explosivos no parque Centenário e outra bomba caseira no estádio Olímpico, onde foi feito um minuto de silêncio pelas vítimas (foto no alto). O órgão associou à época o caso ao sequestro de avião DC-10 pelo libanês Saado Ibrahim.

Relato publicado pela Folha em 28 de julho de 1996
Relato publicado pela Folha em 28 de julho de 1996

Cerca de 50 mil pessoas assistiam ao show. O turco Milih Uzunyol, 37, que trabalhava como cinegrafista da TV estatal TRT, e a norte-americana Alice Hawthorne, 44, morreram no local. Ele, de ataque cardíaco, ela, atingida por estilhaços da explosão.

Houve pânico e correria, e a tragédia só não foi maior porque um engenheiro de som percebera uma sacola suspeita em frente à torre de som. Ele ligou para a polícia e começou a afastar as pessoas mais próximas do local.

Infográfico publicado pela Folha em 28 de julho de 1996 conta como foi a explosão
Infográfico publicado pela Folha em 28 de julho de 1996 conta como foi a explosão


O atentado chegou a ameaçar o prosseguimento da 26ª edição dos Jogos na Era Moderna, mudou a rotina do Parque Olímpico em Atlanta e levou a apreensão a familiares de atletas.

Título de reportagem sobre impacto do atentado na delegação brasileira em Atlanta-1996
Título de reportagem sobre impacto do atentado na delegação brasileira em Atlanta-1996

O presidente dos Estados Unidos à época, Bill Clinton, declarou que se empenharia pessoalmente para descobrir o autor do atentado a fim de “fazer justiça e puni-lo”, lembrando que sua filha Chelsea estivera três dias antes no mesmo parque.

Em outubro de 1998, dois anos depois da Olimpíada, o FBI identificou o autor do atentado: Eric Rudolph. Ele tinha servido no Exército americano e passou então a figurar na lista dos dez mais procurados. A recompensa para quem ajudasse a encontrar Rudolph poderia chegar a US$ 1 milhão.

Rudolph, que também tinha cometido atentado contra clínica de aborto, só foi capturado em 2003, no Estado do Alabama. Confessou ter praticado os atentados para protestar contra o aborto e o homossexualismo e disse que não pretendia ferir “civis inocentes”, e sim “constranger o governo dos Estados Unidos diante do mundo por sua permissão abominável ao aborto”. Ao confessar, escapou da pena de morte, mas foi condenado a quatro períodos de prisão perpétua em 22 de agosto de 2005.

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