Acervo Folha https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br No jornal, na internet e na história Fri, 19 Feb 2021 13:40:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 1968: Protesto de atletas americanos mostra o Poder Negro contra o racismo https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/10/16/1968-protesto-de-atletas-americanos-mostra-o-poder-negro-contra-o-racismo/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/10/16/1968-protesto-de-atletas-americanos-mostra-o-poder-negro-contra-o-racismo/#respond Tue, 16 Oct 2018 10:00:49 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/10/Olimpíadas-México-Protesto-320x213.jpg https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10372 No dia 16 de outubro de 1968, em uma cerimônia de premiação na Olimpíada da Cidade do México, Tommie Smith e John Carlos subiram ao pódio para ouvir o hino dos EUA, depois de conquistarem ouro e bronze nos 200 metros. E entraram para a história ao erguerem os punhos, com luvas pretas, em uma saudação associada aos Panteras Negras.

O protesto dos dois atletas norte-americanos contra o racismo em seu país ficou marcado como um dos momentos mais importantes do esporte.

Um ano antes, em outubro de 1967, a Folha noticiou um possível boicote -organizado por atletas negros- aos Jogos Olímpicos do México, uma articulação do “Projeto Olímpico para os Direitos Humanos” (OPHR) . “A conduta dos meus patrícios de cor será provavelmente ditada pelos acontecimentos que ocorrerem na América, de agora até os Jogos”, afirmou Tommie Smith.

Sem a adesão de todos os atletas negros que participariam da Olimpíada, o OPHR acabou perdendo a força, mas, com a morte do reverendo Martin Luther King, em abril de 1968, a construção de uma forma de protesto permaneceu na mente de Tommie Smith e John Carlos.

Reprodução da página de Esporte de 4 de maio de 2008

Smith, numa das finais que selecionou os atletas americanos para os Jogos Olímpicos, dedicou sua vitória ao Poder Negro.

O Comitê Olímpico dos EUA -que estava de olho em Tommie Smith, John Carlos e Lee Evans- esperava uma possível ausência dos atletas negros vencedores na cerimônia de entrega das medalhas, o que representaria uma humilhação para os EUA.

“A discriminação é um problema social e não deve atingir o esporte. Sei que houve ameaça de boicote e que só podemos contar com todos os negros porque não houve unanimidade entre eles […] Parece que farão novos protestos, mas não sei e nem quero saber em que consistirá esse protesto”, disse Payton Jordan, técnico-chefe da equipe americana, antes do início da Olimpíada.

E o dia chegou. No pódio, que ficou registrado para sempre, o atleta australiano Peter Norman, ganhador da medalha de prata, aderiu ao protesto e,  assim como Tommie Smith e John Carlos, usou no peito o símbolo do OPHR. Seguindo o conselho de Norman, os americanos dividiram o único par de luvas disponível -por isso um levantou o braço direito, e o outro, o esquerdo.

John Carlos, de chapéu, deixa a Vila com a mulher após expulsão (AFP)

A manifestação dos três atletas causou retaliações. Tommie Smith e John Carlos foram suspensos da equipe dos EUA e excluídos dos Jogos Olímpicos. O australiano branco Peter Norman foi jogado no ostracismo em seu próprio país. O atleta morreu em 3 de outubro de 2006 de um ataque cardíaco. No sepultamento de Peter Norman, Smith e Carlos carregaram o caixão de seu companheiro de luta.

Em 2016, numa recepção na Casa Branca, o presidente Barack Obama homenageou os dois medalhistas olímpicos que levantaram seus punhos contra o racismo.

[+] Conheça o histórico de protestos de atletas negros ao longo da história dos EUA

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OUTROS 13 DE MAIO: Helio Santos critica versão oficial do Dia da Abolição https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/05/13/outros-13-de-maio-helio-santos-critica-versao-oficial-do-dia-da-abolicao/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/05/13/outros-13-de-maio-helio-santos-critica-versao-oficial-do-dia-da-abolicao/#respond Sun, 13 May 2018 15:00:50 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/SANTOS-4328-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=9435 Helio Santos tem sua trajetória marcada pelo ativismo em prol dos direitos dos negros brasileiros. Em 1984, o professor falou sobre A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios –PNAD– e o empobrecimento da população rotulada pelo IBGE como preta e parda. “Enquanto, aproximadamente, a metade dos não brancos ganha até 1 salário mínimo, apenas 28% dos brancos estão neste patamar.

O Blog do Acervo Folha reproduz artigo do atual presidente do Instituto Brasileiro da Diversidade – IBD, publicado em 13 de maio de 1984, no encerramento da série Outros 13 de Maio, em referência aos 130 anos da abolição.

13.mai.1984

O 13 de Maio e o seu novo significado

*Helio Santos

Hoje já não se discute o racismo e a discriminação racial apenas em tese –como em passado recente (década de 60). Hoje a discriminação racial é quantificada. Saímos, pois, a partir da segunda metade da década de 70, daquela fase discursiva para tratarmos deste assunto com a presteza que ele requer, sobretudo tendo em vista o número de pessoas envolvidas; cerca de 44% da  população, segundo o IBGE.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios –PNAD–, mais uma vez, demonstrou quem é mais pobre no país. Ela demonstrou que o país empobreceu do último censo para cá.  Em 1980, 33% da população econômica ativa (PEA) viviam com uma renda mensal de até 1 salário mínimo; em 1982 esta taxa cresce para 36%.

 

OUTROS 13 DE MAIO: Darcy Ribeiro escreveu que escravidão era sustentáculo do império: “Morra a princesa”

 

Esse empobrecimento atinge preferencialmente a população não branca –que o IBGE rotula como “preta” e “parda”. Enquanto, aproximadamente, a metade dos não brancos ganha até 1 salário mínimo, apenas 28% dos brancos estão neste patamar.

Em contrapartida, apenas 3 em cada 100 não brancos ganham mais de cinco salários mínimos (cerca de 500 mil cruzeiros –equivalente hoje a R$ 23.742,08). Nessa faixa os brancos são 13 para cada 100. Outro indicador das diferenças de oportunidades das pessoas, em função de sua cor, fica bem evidenciado quando nos detemos a examinar sua escolaridade.

O PNAD-82 dá um diagnóstico sombrio aqueles que acreditam na educação como fator de mobilidade social: os não brancos têm o dobro de possibilidades de ser analfabetos, ao passo que os brancos têm quase o triplo de possibilidades de ingressar em um curso superior. Do ponto de vista ético-político nada justifica a marginalização de quem tanto contribuiu e continua contribuindo para a construção desta nação.

 

OUTROS 13 DE MAIO: Rubens Ricupero destacou relação entre escravidão e terra


Vendo a questão em seu ângulo estritamente técnico-econômico não há como viabilizar um país desconsiderando parcela tão ampla de sua população.

A viabilização do negro, enquanto cidadão, passa a ser a questão chave por aqueles –negros e brancos– que se colocam em uma perspectiva moderna de combate ao racismo e à discriminação racial. Exemplo disso é o Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra, cujo decreto de criação foi assinado pelo governador Franco Montoro no último dia 11.

O conselho é formado por pessoas oriundas da sociedade civil e objetiva “desenvolver estudos relativos à condição da Comunidade Negra e propor medidas que visem à defesa de seus direitos, à eliminação das discriminações que a atingem e à sua plena inserção na vida socioeconômica, política e cultural”.

 

OUTROS 13 DE MAIO: Raquel Rolnik explica a formação de territórios negros em São Paulo

OUTROS 13 DE MAIO: Robert Slenes contrariou intelectuais ao mostrar núcleo familiar na escravidão


O conselho está aberto a todos aqueles que tenham uma contribuição a dar à essa causa e deverá ser uma forma autônoma, moderna e eficaz de participação da população negra.

Quanto à versão oficial de 13 de maio, tem para nós apenas a utilidade para dar nomes às ruas, aos largos e às praças deste país: rua da Abolição, largo 13 de Maio, etc…

 

Helio Santos é professor e presidente do Instituto Brasileiro da Diversidade – IBD. Produziu artigos acadêmicos e textos jornalísticos sobre a questão racial e inclusão social.  É autor do livro “A busca de um caminho para o Brasil: a trilha do círculo vicioso”.  Nos anos 1970,  foi  presidente fundador Conselho da Comunidade Negra do Estado de São Paulo.

 

OUTROS 13 DE MAIO: Abdias do Nascimento explica o Quilombismo

 

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OUTROS 13 DE MAIO: Abdias do Nascimento explica o Quilombismo https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/05/12/outros-13-de-maio-abdias-do-nascimento-explica-o-quilombismo/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/05/12/outros-13-de-maio-abdias-do-nascimento-explica-o-quilombismo/#respond Sat, 12 May 2018 17:00:14 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/e490e5b3bc358606391782435fe4c21d23e1e9c8a624b22ced533cfad65a9013_5a54fb4e29a34-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=9420 Com uma vida dedicada à luta contra o racismo, Abdias do Nascimento (1914-2011) combateu a desigualdade, discutiu formas de elevar a autoestima do negro brasileiro e desconstruiu a ideia de democracia racial.

Num autoexílio durante o regime militar, Abdias ficou 13 anos fora do Brasil, de 1968 a 1981. No dia 9 de setembro de 1979, durante passagem pelo país, o criador do Teatro Experimental do Negro concedeu entrevista ao Folhetim.

Abdias do Nascimento falou da situação do negro na década de 1970 e, entre outros assuntos, explicou o que é o Quilombismo, movimento cultural e político. O Blog do Acervo Folha reproduz o texto “ABC do Quilombismo” na série Outros 13 de Maio, que vai até este domingo (13), quando serão completados 130 anos da abolição.

Leia o artigo completo abaixo:.

 

9.set.1979

ABC do Quilombismo

* Abdias do Nascimento

O Quilombismo pretende ser um método de análise, de interpretação de conceituação, de conscientização e de ação das massas afro-brasileiras. No livro que vai sair, editado pelas Vozes, toda essa sistematização que se caracteriza como ciência política do negro será amplamente exposta e documentada.

Nesta oportunidade, eu queria apresentar o ABC do Quilombismo, os Princípios do Quilombismo e a Semana da Memória Afro-Brasileira.

O ABC do Quilombismo na trajetória consignada no livro  “O Quilombismo: documentos de uma militância pan-africanista” nos ensina principalmente o seguinte:

 

OUTROS 13 DE MAIO: Darcy Ribeiro escreveu que escravidão era sustentáculo do império: “Morra a princesa”


a) Autoritarismo de quase 500 anos, já basta. Não devemos tolerá-lo por mais tempo.

b) Bantu estava entre os primeiros africanos escravizados no Brasil. Estes foram os primeiros quilombolas e, desde o Quilombo dos Palmares, eles nos ensinaram a falsidade dos tratos do poder branco.

c) Cuidar e organizar nossa luta por nós mesmos. Cuidado com se aliar a outras forças políticas, sejam as ditas revolucionárias, reformistas ou promessistas. Qualquer aliança deve obedecer o interesse estratégico dentro do qual o negro precisa estar em posição de decisão, a fim de não permitir que massas negras sejam, mais uma vez, manipuladas por interesses e causas alheias.

d) Devemos ampliar nossa frente de luta, tendo em vista: 1º – Objetivos mais distantes da transformação radical das estruturas sócio-econômicas da sociedade; 2º – Os interesses táticos imediatos. Nestes últimos se inclui o voto analfabeto e a anistia aos prisioneiros políticos negros, maliciosamente fichados pela polícia como desocupados, vadios, malandros, marginais, etc.

e) Ejetar o supremacismo branco do nosso meio e ter sempre presente que o racismo o preconceito e a discriminação compõem o fator raça, a primeira contradição para as massas negras na sociedade brasileira.

f) Formar os quadros do quilombismo é tão importante quanto a mobilização e a organização das massas negras.

g) Garantir às massas seu lugar na hierarquia do poder de decisão, mantendo sua integridade etnocultural, é a motivação básica do quilombismo.

 

OUTROS 13 DE MAIO: Rubens Ricupero destacou relação entre escravidão e terra

 

h) Humilhados que fomos todos os negros africanos, com todos eles devemos manter íntimo contato, assim como também com organizações africanas independentes, tanto na diáspora, como no continente. São ajudas necessárias as relações com órgãos e instituições internacionais de direitos humanos, tais como a Unesco e a ONU, de onde podemos perceber apoio em casos de repressão. Não esquecer que sempre estivemos sob a violência da oligarquia latifundiária, da oligarquia industrial-financeira, ou da oligarquia militar.

i) Infalível como um fenômeno da natureza será a perseguição do poder branco ao quilombismo.

 

Então vice-governador do Rio pelo PDT, Darcy Ribeiro participa da inauguração do CIEP Zumbi dos Palmares com o governador Leonel Brizola (à dir.) e o ativista negro e deputado federal Abdias do Nascimento (à esq.), no Rio. (Foto: 1º.abr.86 – Paulo Whitaker/Folha Imagem)

 j) Jamais as organizações afro-brasileiras deverão permitir acesso aos brancos não quilombistas a posições dentro do movimento, com autoridade para obstruir a ação ou influenciar as tomadas teóricas de posições em face da luta.

k) “Know-how” é a maneira em inglês de falar do conhecimento científico e técnico, o qual devemos urgentemente obter. E, com ele, dar um novo avanço de autonomia nacional. O quilombismo não aceita que se entregue nossa economia às corporações monopolistas internacionais, porém tampouco defende os interesses de uma burguesia nacional. O negro foi o principal artífice da formação econômica do país e a riqueza nacional pertence a ele e a todo novo brasileiro.

 

OUTROS 13 DE MAIO: Raquel Rolnik explica a formação de territórios negros em São Paulo

 

l) Livrar o Brasil da industrialização artificial, tipo “milagre econômico”, é uma tarefa do quilombismo. Neste esquema, o negro tem sido explorado tanto pelo capitalista industrial, como pela classe trabalhadora classificada. O negro, como trabalhador desclassificado, ou qualificado, e também classe trabalhadora qualificada, é vítima dupla: da raça e da classe.

m) Mancha branca é o que significa a imposição miscigenadora do branco, ou seja, o estupro da mulher negra.

n) Nada de permitir mais confusões. Se no Brasil todos tivessem efetivamente igualdade de tratamento, de oportunidade, de respeito e de poder político e econômico e seu encontro sexual, entre pessoas e raças diferentes, ocorresse espontânea e livre dos condicionamentos repressivos atuais, a miscigenação seria um fenômeno positivo, capaz de enriquecer a sociedade, a cultura e a humanidade das pessoas.

o) Obliterar os ensinamentos genocidas do supremacismo branco é uma das metas do Quilombismo.

p) Poder quilombista quer dizer: a raça negra no poder. A raça negra é majoritária, portanto, o poder negro será um poder democrático.

q) Quebrar determinados “slogans” que atravessam nossa ação contra o racismo, como esse de que nossa luta se localiza unicamente no conflito de classes. Os privilégios raciais do branco em detrimento dos negros é uma ideologia que vem desde o mundo antigo, não importa a roupagem que usava ou usa.
OUTROS 13 DE MAIO: Robert Slenes contrariou intelectuais ao mostrar núcleo familiar na escravidão

 

r) Racismo é a primeira contradição no caminho do negro. A esta se juntam outras, como a contradição de classes e de sexo.

s) Saber que é hipócrita a condenação pública e reiterada do racismo e da discriminação racial por parte das classes dominantes, se tornou uma arma eficaz, objetivando amortecer o ímpeto da luta da luta do negro e disfarçar a operação racista e discriminatória contra as massas afro-brasileiras.

t) Todo negro ou mulato que aceita a democracia racial como uma realidade brasileira e a miscigenação vigente como positiva está traindo a si mesmo e se considerando um ser inferior.

u) Unanimidade é impossível e não devemos perder nosso tempo e nossa energia com as críticas vindas de fora. Temos de nos preocupar e criticar a nós mesmos e as nossas organizações no sentido de ampliar nossa consciência negra e quilombista, rumo ao objetivo final: a ascensão das massas negras no poder.

v) Vênia é o que não precisamos pedir aos brancos para reconquistarmos os frutos do trabalho realizado pelos nossos ancestrais africanos.

x) Xingar não basta. Precisamos é de mobilização, organização e de luta sem pausa e sem descanso contra as instituições que nos atingem.

y) Yoruba somos também em nossa africanidade. Os Yorubas são parte integrante de nosso povo, de nossa cultura, de nossa religião de nossa luta.

z) Zumbi é o fundador do quilombismo.

 

* Abdias do Nascimento foi escritor e teatrólogo criador do Teatro Experimental do Negro e professor na Universidade de Nova York. Deputado federal (RJ), vice-presidente nacional do PDT e diretor do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Autor de livros sobre a questão racial, como “O Quilombismo: documentos de uma militância pan-africanista” e “O Genocídio do Negro Brasileiro”, Abdias morreu de insuficiência cardíaca aos 97 anos, no dia 23 de maio de 2011.

 

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Ação de advogado negro tirou prisioneiro do corredor da morte em 1993 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/03/02/racismo-na-justica-dos-eua-levou-a-soltura-de-prisioneiro-negro-em-1993/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/03/02/racismo-na-justica-dos-eua-levou-a-soltura-de-prisioneiro-negro-em-1993/#respond Fri, 02 Mar 2018 11:00:15 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=8166 O dia 2 de março de 1993 expôs duas faces do racismo nos EUA.

Isso porque, enquanto a primeira referia-se à população do estado da Califórnia ainda repercutindo os resultados da série de protestos violentos após o julgamento e a absolvição dos policiais que espancaram o taxista negro Rodney King, em abril de 1992, a segunda pautava-se pela Justiça dos EUA libertando o afroamericano Walter McMillian, numa tentativa de amenizar um processo marcado por controvérsias.

A soltura de McMillian, que já estava no corredor da morte havia seis anos, só foi possível com a atuação do advogado Bryan Stevenson.

Acusado e condenado à morte em 1988, pelo assassinato da jovem branca Ronda Morrison, 18, em 1 de novembro de 1986, McMillian viu Stevenson reverter sua situação, com a anulação do julgamento e a soltura do prisioneiro.

Reportagem publicada na Folha de S.Paulo em 4 de março de 1993 (Foto: Folhapress)

Stevenson, fundador da Equal Justice Initiative, organização sem fins lucrativos do Alabama que defende os condenados à morte que não têm advogados, revelou que as provas contra seu cliente eram falsas e que os depoimentos das testemunhas foram obtidos por meio de coerção e métodos violentos adotados pelas autoridades do Alabama. 

“Eu acho que todo mundo precisa entender o que aconteceu, porque o que aconteceu hoje pode acontecer amanhã se não aprendemos algumas lições com isso”, disse Stevenson em reportagem no New York Times.

A batalha de Stevenson pela liberdade de Walter McMillian está registrada em seu livro “Just Mercy: A Story of Justice and Redemption”, publicado em 2014, e será contada no filme “Just Mercy”, da Warner Bros. De acordo com o site Variety, a película deve ser rodada em 2018 e terá o ator de “Pantera Negra”, Michael B. Jordan, no papel de Bryan Stevenson.

Livro de Bryan Stevenson sobre a história de Walter McMillian

No dia da libertação de McMillian, o jornal The New York Times publicou: “Se Walter McMillian também foi colocado no corredor da morte por ser um homem negro que violou os tabus raciais e sexuais da pequena cidade do Sul, é apenas uma das questões que gira em torno de um caso que evocaram questões muito mais amplas de raça e justiça.”

McMillian, que tinha álibis consistentes –estava numa igreja no momento em que o crime foi cometido e tinha pelo menos 12 testemunhas que atestavam isso–, sempre afirmara que foi condenado pelo fato de a sociedade não aceitar que ele, negro, se relacionava com uma mulher branca.

Apesar de a liberdade ter mostrado uma face nefasta do sistema judicial dos EUA, ela nunca conseguiu fazer com que McMillian, que era um pequeno empresário do ramo do papel, tivesse justiça, já que não conseguiu indenização e ainda passou a sofrer com processo de demência, sequela do tempo em que ficou no corredor da morte.

Cronologia dos eventos sobre o caso Walter McMillian
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Há 50 anos, ‘O Poder Negro’, peça com Antonio Pitanga e Ítala Nandi, era censurada no Brasil https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/12/18/ha-50-anos-o-poder-negro-peca-teatral-com-o-ator-antonio-pitanga-era-censurada-no-brasil/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/12/18/ha-50-anos-o-poder-negro-peca-teatral-com-o-ator-antonio-pitanga-era-censurada-no-brasil/#respond Mon, 18 Dec 2017 07:00:15 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/12/Antonio-Pitanga_ARTE-180x122.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=6738 “Um atentado ao decoro público.” Esse foi o argumento dado pela Censura Federal em 13 de dezembro de 1967 para justificar a proibição no Brasil da peça “O Poder Negro”, do autor  norte-americano LeRoi Jones.

O espetáculo, originalmente chamado “Dutchman”, seria protagonizado pela atriz Ítala Nandi e pelo ator Antonio Pitanga, pai dos atores Rocco e Camila Pitanga.

Nandi já havia atuado em montagens antológicas, como “O Beijo no Asfalto” (1961), “Quatro Num Quarto” (1962), “Pequenos Burgueses” (1963) e o “Rei da Vela” (1967). Pitanga, ligado ao Cinema Novo e ator preferido de Glauber Rocha, integrara o elenco de pelo menos 15 longas, entre os quais “Bahia de Todos os Santos” (1960), “O Pagador de Promessas” (1962), “Ganga Zumba” (1963) e “Lampião, o Rei do Cangaço” (1964).

O ENREDO

“O Poder Negro”, conforme publicado à época na Folha “focaliza a história de Lula, uma loira prostituta militarizada que, ao entrar em um metrô de Nova York, procura humilhar ao máximo um negro [Clay], reduzindo-o a nada”. A discussão entre os interlocutores, repleta de insultos racistas por parte de Lula, termina de forma trágica, com o assassinato de Clay com uma facada desferida pela meretriz.

A peça de LeRoi Jones tenta salientar a incessante luta dos negros norte-americanos contra o racismo e destaca a truculência da polícia dos EUA contra os jovens afrodescendentes, ação que contribuiu para a criação, em 1966, do Partido dos Panteras Negras, em Oakland, no sul do Estado da Califórnia.

Ítala Nandi, que na ocasião enfatizou não se identificar em nada com a personagem, classificou Lula como uma mulher fria e violenta. “Ela não pretende o sexo, mas a agressão. É uma personagem neurótica e paranoica, como as criaturas de Tennesse Williams. Representa uma sociedade em diarreia”, resumiu a atriz.

O personagem interpretado por Antonio Pitanga, o  jovem Clay, é caracterizado como um negro sem consciência de sua negritude e frágil na sua defesa. “Clay sofre o problema da dúvida, da não certeza se é branco ou negro. Ele acha que tem ‘alma de branco’ e como negro faz concessões”, contou Pitanga.

Ítala Nandi e Antonio Pitanga, durante ensaio da peça “O Poder Negro”, de LeRoi Jones (8.jul.1968/Folhapress)

A CENSURA

A proibição da peça foi comunicada por telefone ao diretor do espetáculo, Fernando Peixoto, que considerou “um absurdo” a decisão da Censura Federal em cercear a montagem. “Não tem sentido essa medida, a peça tem livre trânsito nos EUA e alcança sucesso na Europa. Por que então uma atitude como essa, sem sentido, no nosso país?”

Peixoto, cuja peça era a primeira dirigida em São Paulo, declarou que recorreria para que a decisão fosse reavaliada pelo órgão. “Acho que ‘atentado ao decoro público’ é tentar esconder do Brasil um problema que todo mundo sabe existir nos Estados Unidos”, disse o diretor.

O AUTOR

Nascido em 8 outubro de 1934 em Nova Jersey, Everett LeRoi Jones, era poeta, escritor, ensaísta, ativista negro e professor do departamento de pesquisas sociais de uma universidade de Nova York. 

Sua peça “O Poder Negro”, apresentada com grande êxito em países da Europa, como Inglaterra, França e Itália, já havia arrebatado nos EUA o prêmio “Obie Awards” de melhor encenação de 1964, ano em que o drama foi escrito. Um ano depois escreveu o manifesto “Black Art”, que tinha como intuito promover a autonomia dos negros na literatura.

Sempre radical em seus ideais de luta, em 1966, o autor foi preso e torturado quando liderava uma marcha contra a guerra do Vietnã. Na ocasião ficou detido por cinco meses. 

Com diversos livros publicados, lançou no Brasil, em 1967, a obra “O Jazz e Sua Influência na Cultura Americana”, que esmiúça a relevância do gênero sobre a vida da população negra dos EUA.

O assassinato de Malcolm X dois anos antes,  levou LeRoi a adotar mais tarde o pseudônimo Amiri Baraka, quando converteu-se ao islamismo.

Apoiador do regime cubano de Fidel Castro e tendo sido um dos poucos negros a integrar a Geração beat de Allen Ginsberg, o ativista morreu em 9 de janeiro de 2014, em Nova York, aos 79 anos.

O ativista, poeta e escritor, Amiri Baraka em janeiro de 2014 (Reuters)

O MANIFESTO

Em 13 de fevereiro de 1968, quando o “O Poder Negro” ainda se encontrava censurado, a Folha publicou extensa reportagem sobre o descontentamento da classe teatral com as então recentes proibições e restrições praticadas pela Censura Federal contra a arte.

A íntegra de um manifesto elaborado pela classe, cujo trecho menciona o imbróglio envolvendo a peça de Leroi Jones, ganhou grande espaço no jornal: “[…] a peça ‘O Poder Negro’, foi proibida pela Censura Federal após três meses de exames pelos seus censores, que pretenderam fazer até mesmo a verificação da fidelidade da tradução do texto original […]”. No mês seguinte, outras quatro montagens foram proibidas.

Título de reportagem da Folha sobre o protesto da classe teatral contra a proibição de peças pela Censura Federal (13.fev.1968/Folhapress)

A ESTREIA

Na noite de 8 de agosto de 1968, após quase um ano de embargo pelo órgão censor, ocorre, finalmente, a tão aguardada estreia.

Com um coquetel oferecido à imprensa e um vagão de metrô construído pelo cenógrafo Marcos Flaksman, o primeiro dia de encenação foi um ato beneficente, em favor da Escola Israelita Brasileira.

Um dia depois, a peça foi apresentada apenas a convidados e à crítica especializada. E em 10 de agosto, houve a estreia oficial, aberta ao público.

A atriz Ítala Nandi, que personificou a loira prostituta Lula, destacou à imprensa que sua personagem, além de ter sido o seu melhor papel até então, lhe proporcionou “uma riquíssima vivência interior”.

Antonio Pitanga, que representou o negro humilhado Clay, disse que “O Poder Negro” o fez recusar o convite do cineasta Glauber Rocha para a atuação no clássico “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”, lançado em 1969.

Chamada de primeira página da Folha para a estreia da peça “O Poder Negro”, de LeRoi Jones (9.ago.1968/Folhapress)
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No Dia da Consciência Negra, ouça músicas que desde os anos 30 marcam a luta por direitos civis https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/11/20/no-dia-da-consciencia-negra-ouca-musicas-que-desde-os-anos-30-marcam-a-luta-por-direitos-civis/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/11/20/no-dia-da-consciencia-negra-ouca-musicas-que-desde-os-anos-30-marcam-a-luta-por-direitos-civis/#respond Mon, 20 Nov 2017 07:00:46 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/11/Consultar-Imagem-Helius-2-180x150.png http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=6225 É quase impossível separar a música negra das ideias de resistência e luta. Mesmo quando suas letras e seus artistas não apresentam uma linha de combate, ao retratar o cotidiano de uma comunidade e as formas de relacionamento que são desenvolvidas dentro de determinados regimes e leis opressivas, estas expressões também dão formas ao que o jamaicano Bob Marley chamou de canções de liberdade.

“A música é a resposta dos negros ao terror e ao trauma”, afirma Cornel West,  filósofo, ativista e professor, no documentário “Chasing Trane”, sobre o músico John Coltrane, que compôs a música “Alabama”, em reação ao atentado de 15 de setembro de 1963, na Igreja Batista da rua 16, onde quatro crianças negras foram mortas.

O movimento negro ainda luta contra a violência, a repressão policial, o apartheid social e econômico e a violência contra a mulher, entre outras bandeiras –seja no Brasil, nos Estados Unidos ou na África. O ano de 2017 vai terminando e artistas como americanos como Beyoncé, Jay-Z, Kendrick Lamar, os brasileiros Emicida, Rashid, Karol Conka e Preta Rara, as bandas Aláfia e OQuadro, os veteranos Racionais, Elza Soares e a jovem MC Sofia, entre outros, ainda são destaques no cenário musical pela atitude combatente diante a desigualdade racial.

Neste Dia da Consciência Negra, o Blog do Acervo Folha recorda algumas das manifestações musicais que expuseram a violência contra os negros e tornaram-se hinos que ecoam até hoje. Duas dessas canções são “Strange Fruit”, interpretada por Billie Holiday (foto acima) e até hoje executada por artistas dos mais diferentes estilos, e “Tributo a Martin Luther King”, de Wilson Simonal (1939-2000), que num show em 1967 dedicou a música ao filho e disse esperar que ele “não encontre nunca aqueles problemas que encontrei e tenho às vezes encontrado”.

1939
“Strange Fruit”

Árvores do sul produzem uma fruta estranha, sangue nas folhas e sangue nas raízes. Corpos negros balançando na brisa do sul, frutas estranhas penduradas nos álamos”. O poema “Strange Fruit”, do professor Abel Meeropool, escrito em 1936, ganhou dramaticidade na voz da cantora Billie Holiday e entrou para a história como pioneira da música de protesto ao relatar a violência racial no sul dos Estados Unidos. Abel, um judeu progressista, compôs o poema após ver uma revista de direitos civis que estampava o linchamento de dois negros em Indiana, em 1930. O poeta apresentou a canção a Billie Holiday em 1938. No ano seguinte, a voz de Holiday eternizou a luta contra o racismo em “Strange Fruit”. O historiador inglês, Eric J. Hobsbawn, um amante do jazz, durante anos, escreveu sobre o gênero no semanário “The New Statesman” sob o pseudônimo Francis Newton, em homenagem ao trompetista comunista que tocou com Billie Holiday na gravação de “Strange Fruit”. Em 2000, a triste música de Billie Holiday ganhou uma biografia, “Strange Fruit – Billie Holiday e a Biografia de uma Canção” foi escrita pelo jornalista americano David Margolick.


1947
“We Shall Overcome”
Canção fruto do hibridismo cultural americano do século 19, composta pelo compositor negro Charles Albert Tindley. Durante o período das guerras mundiais, foi reformulada por sul-africanos que trabalhavam na indústria do tabaco dos EUA e teve seu nome mudado para “We Shall Overcome”.  A música, lançada em 1947, foi apresentada à diretora Zilphia Horton, no Highlander Folk School, campo de treinamento birracial para interessados em sindicalismo e reformas progressistas no sul do país. Horton mostrou “We Shall Overcome” ao cantor e ativista Pete Seeger, que fez algumas adaptações. No final da década 1950, durante um protesto contra o fechamento da Highlander Folk School pela polícia, a estudante negra Mary Ehtel Dozier acrescentou o verso “Não temos medo”. “We Shall Overcome” tornou-se uma arma sonora contra as injustiças sociais e um hino símbolo do movimento pelos direitos civis dos negros americanos, nas décadas de 1950 e 1960. A música foi cantada em protestos, comícios e festas por outras regiões do país.


1957
“Fables of Faubus”
O contrabaixista de jazz, Charles Mingus, escreveu “Fables of Faubus” em 1957, a partir do episódio de Orval Faubus, governador do Arkansas, que ganhou notoriedade na época por reagir contra a integração racial nas escolas de seu Estado, no famoso caso dos “Nove de Little Rock”, quando Faubus agiu contra as ordens federais para acabar com a segregação nas escolas públicas. “Ó Senhor, não deixe que eles atirem em nós”, gritam os músicos da banda na introdução da música. Em 1959, o protesto jazzístico causou problemas para os executivos da gravadora Columbia. As letras controversas da versão original foram deixadas fora do lançamento. A forma completa de “Fables of Faubus” foi lançada na década de 1960, no disco “Charles Mingus Presents Charles Mingus”.



1963
“Alabama”
Em 15 de setembro de 1963, uma bomba colocada por membros da Ku Klux Klan foi detonada na Igreja Batista da rua 16, em Birmingham, Alabama, matando Addie Mae Collins, Cynthia Wesley, Carole Robertson e Denise McNair, crianças com idades entre 11 e 14 anos. O atentado revoltou a população negra do Estado e o Movimento dos Direitos Civis. O crime contra as meninas inspirou o ícone do jazz, John Coltrane, que gravou a canção “Alabama”, em 18 de novembro de 1963. No mesmo ano, Coltrane tocou a música ao vivo no programa de TV Jazz Casual. “Alabama” é um jazz triste- baseado no discurso de Martin Luther King, feito após o atentado da Ku Klux Klan- que vai da revolta à esperança. Considerada um estandarte sonoro da luta contra o racismo, “Alabama”  teve importância comparável ao discurso “Eu Tenho um Sonho”, de Martin Luther King.


“Mississippi Goddam”
Nos anos 1960, em plena tensão racial nos EUA, Nina Simone aderiu ao movimento pelos direitos civis dos negros. A explosão na Igreja Batista do Alabama, que causou a morte de quatro meninas negras, e o assassinato do ativista Medgar Ever, no Mississippi, em 1963, foram o gatilho para a criação de “Mississippi Goddam”, canção que transformou Nina Simone num símbolo da luta do movimento negro. “O nome desta música é maldito Mississippi […] Alabama me deixou chateada, Tennessee me fez perder o sossego. E todo mundo sabe sobre o maldito Mississippi”, canta Nina Simone. “Mississippi Goddam” voltou a embalar protestos durante os primeiros meses do governo de Donald Trump.


 

O cantor norte-americano de soul e funk, James Brown, tenta tocar pandeiro ao lado de Wilson Simonal (à esquerda) e sambistas brasileiras após desembarque no aeroporto de Congonhas, em São Paulo (SP). (São Paulo (SP), 29.03.1973. Foto: Acervo UH/Folhapress)


1967
“Tributo a Martin Luther King”
“Sim, sou negro de cor, meu irmão de minha cor. O que eu te peço é luta sim. Luta mais! Que a luta está no fim”, conclama Wilson Simonal na canção “Tributo a Martin Luther King”, composta em parceria com Ronaldo Bôscoli  em homenagem ao líder da luta antirracista e pelos direitos civis nos EUA. Em vídeo disponibilizado no canal de seu filho, Wilson Simoninha, Simonal, durante a apresentação de seu programa “Show em Si…monal”, em 1967, faz um discurso marcante e afirma que “o mérito maior de Martin Luther King é lutar, cada vez mais, pela igualdade dos direitos das raças”. Continuando o discurso, o cantor brasileiro dedica a canção ao seu filho e fala sobre a esperança de um futuro sem racismo, “esperando que no futuro ele não encontre nunca aqueles problemas que encontrei e tenho às vezes encontrado”. Luther King foi assassinado em abril de 1968.


1968
“Say It Loud – I’m Black and I’m Proud”
Vinte e quatro horas após o assassinato de Martin Luther King, em 4 de abril de 1968, num clima extremamente tenso, com um saldo de 40 mortos, centenas de feridos e 20 mil presos, James Brown cantou “Say It Loud, I’m Black and I’m Proud” [diga alto: sou negro e tenho orgulho] –música que falava de respeito, autoestima, desafio e libertação– para uma multidão durante um show na cidade de Boston, em Massachusetts. “Aquela canção sozinha conferiu a Mr. JB sete afortunados anos de amor por parte da comunidade negra, o que não é fácil de conseguir. Em minha humilde opinião, imediatamente após o assassinato de Martin Luther King, James Brown se tornou o negro mais importante dos Estados Unidos”, afirma Chuck D, líder do grupo Public Enemy, no prefácio do livro “O Dia em que James Brown Salvou a Pátria”, que traz registros do dia em que o cantor garantiu a paz nas ruas dos EUA. O cantor veio ao Brasil em 1973, quando foi recepcionado por Wilson Simonal,  1988, em São Paulo e Rio de Janeiro,  e 1994, no Free Jazz Festival.

1971
“Negro É Lindo”
Como se ouvisse o chamado de Simonal em “Com uma canção também se luta irmão” (“Tributo a Martin Luther King”),  em 1971, Jorge Ben Jor lançou o disco “Negro É Lindo”, com referência ao conceito de consciência negra, elaborado pelo ativista sul-africano Steve Biko, e ao “Black Is Beautiful”, expressão do movimento negro dos EUA que ultrapassou as fronteiras do país e representa até hoje a reconstrução da identidade e autoestima negra. Em 1972, no disco “A Tábua de Esmeralda”, Ben Jor apresentou “Zumbi”, faixa que fala do líder Zumbi dos Palmares, homenageado no Dia da Consciência Negra, 20 de novembro. Na década de 1980, nos bailes black e nas festas das comunidades negras nas periferias, as canções de Jorge Ben Jor fizeram parte da construção da identidade dos jovens negros, entre eles, estavam os adolescentes Mano Brown, Edi Rock, Ice Blue e KL Jay, que formariam o grupo Racionais.


“What”s Going On”
Em 1970, Marvin Gaye passou por momentos difíceis, sua parceira de música e amiga, Tammi Terrell, morreu após uma luta de três anos contra um tumor cerebral. Seu irmão Frankie havia retornado do Vietnã contando histórias trágicas da guerra. Em 1971, contrariando outros músicos e produtores, que achavam que Gaye arruinaria sua carreira cantando uma canção de protesto, o cantor gravou “What”s Going On”, uma inspiração de Obie Benson, membro do Four Tops. Em 1969, Benson esteve em San Francisco e presenciou crianças sendo espancadas pela polícia. “Eu vi isso e comecei a me perguntar o que estava acontecendo. ‘O que está acontecendo aqui?’ Uma pergunta leva a outra. Por que eles estão enviando crianças tão longe de suas famílias no exterior?’”. Para protestar contra a guerra e a situação racial nos EUA, Marvin Gaye colocou sua alma em  “What”s Going On”.

1977
“Mandamentos black”

“Dançar como dança um black; amar como ama um black; andar como anda um black; usar sempre o cumprimento black.” Na ditadura de 1977, durante o governo Ernesto Geisel, Gerson King Combo, influenciado pelo funk e a soul music, integra o emergente Movimento Black Rio e pede aos jovens que assumam suas mentes, sua cor e sua história na música “Mandamentos Black”, parceria com Augusto César e Pedrinho. Na década de 1970, Gerson King Combo, durante uma viagem a Porto Rico, assistiu a uma apresentação do cantor James Brown, fato que mudou totalmente sua arte. Nos anos 1990, a música de Combo foi revisitada pelos rappers do grupo Câmbio Negro. O termo empoderamento não era popular no Brasil, mas “Mandamentos Black”, de maneira simples, transmite os conceitos de autoestima e conquistas em meio ao racismo estrutural.

1979
“Redemption Song”
Escrita nos últimos meses de 1979 e gravada em seu próprio estúdio, na Jamaica, “Redemption Song” é uma das músicas que marcam a trajetória de Bob Marley, a faixa entrou no disco “Uprising”, lançado em 1980. A canção traz Marley cantando sozinho com um violão acústico, fato que rendeu comparações com a obra de Bob Dylan. “Por quanto tempo vão matar nossos profetas, enquanto ficamos parados olhando?”, pergunta Bob Marley ao fazer relações com as mortes de ativistas pelos direitos civis como o pastor Martin Luther King. “Redemption Song” também é um chamado ao retorno da consciência negra. “Emancipem-se da escravidão mental, ninguém além de nós mesmos pode libertar nossa mente”, canta Marley.


 

O grupo de rap americano Public Enemy, com Chuck D (à frente, à esq.) e Flavor Flav (à frente, no centro), em imagem de divulgação de 2012.

1981
“Sorriso Negro”
A sambista Dona Ivone Lara, primeira mulher a compor um samba-enredo, interpreta “Sorriso Negro”, música de Jorge Portela e Adilson Barbado que é um forte protesto contra o racismo. Com foco na mobilização e no amor próprio, Dona Ivone canta: “Um sorriso negro, um abraço negro, traz felicidade”. A canção também fala da situação de desemprego e preconceito no mercado de trabalho que atinge a população negra. Regravada pelo grupo Fundo de Quintal e pela cantora Mart’nália, “Sorriso Negro” é entoada até hoje em rodas de samba pelo país. Entre os versos de afirmação, Dona Ivone Lara conclui: “Negro é a raiz da liberdade.”

1982
“Olhos Coloridos”
Interpretando uma composição de Macau, em 1982, Sandra de Sá, apresentou ao Brasil “Olhos Coloridos”,  música que mescla soul e samba, seguindo a linha de seus antecessores Lady Zu e Tim Maia, entre outros. Abordando a estética negra, “Olhos Coloridos” cabe perfeitamente nos ideais divulgados pela atual geração tombamento, manifestados por jovens negros que combatem o racismo utilizando a estética como uma de suas armas. Autoestima, roupas, tranças, cores e enfrentamento mostram hoje o empoderamento que Sandra Sá cantou nos anos 1980. “Meu cabelo enrolado, todos querem imitar. Eles estão baratinados, também querem enrolar”, diz Sandra. “Olhos Coloridos” também fala do descaso e do racismo no cotidiano dos negros brasileiros. “Você ri da minha roupa, você ri do meu cabelo. Você ri da minha pele, você ri do meu sorriso.”


1989
“Fight the Power”
Emprestando o refrão da música “Fight the Power”, gravada em 1975 pela banda The Isley Brothers, o grupo Public Enemy faz seu protesto visceral em instrumental caótico e cheio de groove que tem samples de “Funky Drummer”, de James Brown (1970), “Different Strokes”, de Syl Johnson (1967), e recortes vocais de Sly & The Family Stone, todos ícones da música negra que Chuck D e Flavor Flav, líderes do P.E., cresceram ouvindo.  O resultado: um rap dançante, com energia rock e que convoca os negros para enfrentar o racismo.  “Fight the Power” foi trilha sonora de “Faça a Coisa Certa”, filme sobre a tensão racial no Brooklyn dirigido pelo cineasta Spike Lee. De acordo com Manning Marable, autor da biografia “Malcolm X – Uma Vida de Reinvenções”, sobre o líder negro assassinado em 1965, os integrantes do Public Enemy são fenômenos da “nação hip-hop” e no começo dos anos 1990 protagonizaram o renascimento da popularidade de Malcolm.  Mano Brown, integrante do grupo Racionais, no livro “Hip Hop Brasil”, diz que conhecer o Public Enemy foi  “o mesmo que ver o Pelé para o moleque que jogava futebol.”


1992
“Voz Ativa”
A influência do rap militante dos EUA, adaptada ao enfrentamento do racismo brasileiro, que foi desenvolvido de maneira diferente da realidade americana, fez nascer “Voz Ativa”, rap dos Racionais que fala da violência policial e convoca os jovens negros  para uma mobilização que vá além dos debates sobre preconceito racial. “Precisamos de um líder de crédito popular, como Malcolm X em outros tempos foi na América. Que seja negro até os ossos, um dos nossos. E reconstrua nosso orgulho que foi feito em destroços”, canta Edi Rock. “Voz Ativa” também critica a falta de negros na mídia e o conformismo da população diante da desigualdade social. “Não proponho o ódio. Porém acho incrível que o nosso conformismo já esteja nesse nível”, rima Mano Brown, que anos depois afirmou não gostar mais da música por ter utilizado uma linguagem que não era local, da rua. Dez anos depois, no disco “Nada Como um Dia Após o Outro Dia”, o grupo apresentou “Negro Drama”, rap que traça rimas sobre o racismo estrutural brasileiro, mas, desta vez, sem falar como “um professor universitário”.


1993
“Haiti”
Faixa que integra o disco “Tropicália 2”, lançado em 1993 por Gilberto Gil e Caetano Veloso, em comemoração as 25 anos da Tropicália, movimento artístico formado por músicos e artistas como Rogério Duprat, Torquato Neto, Os Mutantes, José Carlos Capinan e  Tom Zé, “Haiti” é o retrato do Brasil nos anos 1990. Influenciados pelo canto falado do rap, Caetano e Gil afirmam que o Haiti –primeira nação negra das Américas– é aqui. Quando Caetano diz “O Haiti é aqui / O Haiti não é aqui”, refere-se ao fato de que, em muita coisa, o Brasil e o Haiti são (des)semelhantes. Refere-se também ao fato de que, pelas semelhanças (histórica, étnica, econômica, sobretudo quando se trata de alguns estratos da sociedade brasileira, do resultado da monocultura do açúcar etc.), certa parcela do Brasil pode, sim, ter o mesmo destino do Haiti, afirma o professor Pasquale Cipro Neto, em sua coluna. Em 2015, o rapper Emicida cantou a música de Gil e Caetano, durante apresentação no Sesc Pinheiros, em São Paulo.

1999
“Identidade”
“Se preto de alma branca pra você é o exemplo da dignidade, não nos ajuda, só nos faz sofrer, nem resgata nossa identidade”, o chamado racismo cordial, o preconceito que ultrapassa gerações em frases como “preto de alma branca”, para mostrar que o negro está num nível elevado em relação aos seus semelhantes, a segregação representada no cotidiano pelas placas de elevador de serviço e o mito da democracia racial são os alvos do sambista Jorge Aragão na música “Identidade”, uma tomada de posição e pedido de compromisso aos negros. “Quem cede a vez não quer vitória, somos herança da memória, temos a cor da noite, filhos de todo açoite. Fato real da nossa história”, canta o ex-integrante do Fundo de Quintal, um dos mais importantes grupos de samba do país.


2002
“A Carne”
A faixa “A Carne”, uma canção de protesto criada por Marcelo Yuka, Seu Jorge e Wilson Capellette e lançado originalmente pelo Farofa Carioca, que integra o disco “Do Cóccix Até o Pescoço” (2002), representa a retorno da cantora Elza Soares –que estava havia mais de cinco anos sem gravar discos– ao cenário musical de maneira independente e com influência visual do movimento black power. A frase “A carne mais barata do mercado é a carne negra”, cantada por Elza, ecoa até hoje em manifestações, protestos e saraus organizados para discutir e combater o genocídio da juventude negra. Segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o perfil padrão das pessoas assassinadas no Brasil em 2016 é homem, jovem e negro. 99,3% dos mortos em ocorrências policiais são homens, 82% tem entre 12 e 29 anos (17% tem entre 12 e 17 anos) e 76% são negros.

 

Colaborou EDGAR SILVA, do Banco de Dados Folha

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Há 30 anos, assassinato brutal interrompeu vida do jamaicano Peter Tosh, mas sua obra ainda ecoa https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/09/11/ha-30-anos-assassinato-brutal-interrompeu-vida-do-jamaicano-peter-tosh-mas-sua-obra-ainda-ecoa/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/09/11/ha-30-anos-assassinato-brutal-interrompeu-vida-do-jamaicano-peter-tosh-mas-sua-obra-ainda-ecoa/#respond Mon, 11 Sep 2017 09:00:13 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/09/TOSH-43-1-180x126.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=4995 “Minhas músicas vêm da experiência pessoal e fraternal, o que significa comunidade, fraternidade e nacionalidade. Faço música para conscientizar as pessoas.”

Frases como esta, proferida por Peter Tosh, ícone do reggae assassinado no dia 11 de setembro de 1987, são frequentes no mundo da música engajada, mas estão diluídas no mercado musical –hoje dominado pelas playlists em plataformas de streaming– e ganham outras formas para conquistar um público sedento por diversão. Como a obra de Tosh registra, falar sobre desigualdade e direitos humanos não combina com o clima festeiro dos artistas da música pop daquela época e de hoje.

A leitura que Tosh fazia da música já identificava o risco de que o compromisso social pudesse ser usado para dar lucro às empresas que estão de olho na segmentação do mercado e nas exigências de grupos sociais historicamente excluídos.

Hoje, o lugar de fala, a discussão sobre empoderamento e o questionamento de privilégios passaram a entrar na pauta das agências publicitárias e de estratégias de marketing. Em sua época, Tosh tinha ciência de que as empresas apenas levavam em conta o poder de consumo das diferentes camadas sociais, o lugar de cada indivíduo na economia, e não a crítica social que ele encampou.

A carreira solo de Peter Tosh foi iniciada na segunda metade da década de 1970, após sua saída do The Wailers, grupo que fundou com Bob Marley, e foi repleta de críticas a estes lugares determinados pela economia e pelo racismo que os sustentam. Com espiritualidade, ele marcou presença na luta por direitos iguais e emancipação do povo negro da Jamaica e de cada canto do planeta.

As posições políticas de Peter Tosh causaram perseguições e outros problemas ao músico, mas o astro do reggae tinha a alienação do seu povo na mira. “Toda a forma de vitimização é universal, não só na Jamaica. Mas, porque eu vivo na Jamaica e vi muitos jovens se tornarem vítimas do sistema, eu sei que é universal. O Pai me dá a inspiração para que eu possa despertar o sono e a mentalidade das pessoas.”

Com a adolescência vivida na favela de Trenchtown, em Kingston (Jamaica), Winston Hubert McIntosh, jovem gênio de temperamento difícil, sentiu na pele as diferenças que foram criadas para os negros dos guetos jamaicanos. Essa experiência e o tempo transformaram Peter Tosh num artista altamente politizado. Do ska ao reggae, Tosh passou por diferentes fases destes gêneros musicais até encontrar o rastafarianismo, movimento fundamental para o cunho revolucionário de suas canções.

Em seu primeiro disco, “Legalize It”, lançado em 1976, ele criticou a política antidrogas e o sistema prisional que encarcera jovens negros pelo uso da maconha, questões que ainda geram intensos debates.

A PAZ QUE EU NÃO QUERO

Em “Equal Rigths”, música de 1977 que dá título ao seu segundo disco, Peter Tosh protestou contra a pacificação proposta pelos poderosos: “Eu não quero nenhuma paz, um homem precisa de direitos iguais e justiça”. Durante entrevista para a revista “Pulse”, em dezembro de 1983, Tosh disse que não brincava com as palavras em suas músicas.

“Toda vez que eu vejo a palavra paz…você sabe onde vejo isso? No cemitério: aqui está o corpo de fulano. Que ele descanse em paz”, disse Tosh, autointitulado  “Stepping Razor”, algo como ser barra pesada. “Se você quer viver bem, trate-me bem”, registra a canção “Stepping razor”.

Comparada com os nossos dias, a realidade tratada pelo cantor e ativista –que é comparado com Malcolm X– ultrapassa o tempo e o espaço. Apesar dos avanços desde o final do século 20, a população negra ainda tem seus direitos minados.

Segundo a Anistia Internacional, a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil. No mercado de trabalho, de acordo com reportagem da Folha, o impacto da atual recessão econômica é maior sobre negros do que sobre brancos porque eles estão concentrados no setor informal, mais vulnerável a oscilações, mas também, segundo especialistas, pela sobrevivência de uma visão racista no mercado de trabalho, à qual profissionais qualificados no setor formal não estão imunes.

AINDA SOMOS OS MESMOS

Ainda que ficasse eternizado pelo hit “Johnny Be Good”, Peter Tosh sempre fez questão de marcar sua posição. Um exemplo foi quando esteve em São Paulo, no dia 27 de abril de 1980, para participar do 2º Festival Internacional de Jazz da cidade.

Naquela ocasião, em que estavam vivos a Guerra Fria e o apartheid na África do Sul,  o fundador do The Wailers e primeiro artista a assinar com a gravadora do Rolling Stones, a Rolling Stone Records, declarou: “Minha música guarda a marca da opressão que vivi e ainda vivo”.

Esse ativismo faz com que Tosh, autor do hino “Get up, stand up”, seja combustível ideológico para movimentos como Black Lives Matter, nos EUA, e Reaja ou Será Morto, no Brasil, que enfrentam o racismo e a violência contra jovens negros promovida pela polícia.

Assim como Malcolm-X, Peter Tosh sempre soube que o racismo deveria ser desconstruído em qualquer que fosse o país ou a época, como se previsse os fatos recentes, como o do dia 11 de agosto de 2017, quando representantes da supremacia branca mostraram sua face em Charlottesville, Virgínia (EUA), e o vocabulário, em especial nas redes sociais, adotou o termo “supremacia branca”.

Mais uma prova de que Tosh estava tão atuante em sua época como tinha visão do que poderia nos esperar no futuro foi o disco “No Nuclear War”, lançado alguns meses antes de sua morte.

Nele, o jamaicano realizou protesto contra as grandes potências mundiais e suas ameaças armamentistas. A canção que dá nome ao álbum poderia estar nas playlists de Donald Trump e Kim Jong-un.

 

 

REGISTROS

O livro “Steppin’ Razor: The Life of Peter Tosh” e o documentário “Stepping Razor – Red X”, com base em seus diários pessoais gravados, as fitas Red X  e entrevistas de arquivo abordam o pensamento de Peter Tosh, sua vida conturbada e morte trágica.

Em 1987, o músico foi assassinado por três homens em uma tentativa de assalto à  sua casa. Cinco pessoas que estavam na residência ficaram feridas, entre elas, a mulher de Tosh. Dennis “Leppo” Lobban, conhecido do cantor, foi acusado, julgado e condenado à pena de morte. Os outros dois criminosos não foram encontrados. Em 1995, a sentença de Dennis “Leppo” Lobban foi alterada para prisão perpétua.

NOVAS GERAÇÕES

No dia 9 de fevereiro de 2017, quase trinta anos após a morte do revolucionário do reggae, seu filho Andrew Tosh retornou ao Brasil com a turnê Legalize, “para novamente homenagear o pai”. “Ele foi uma pessoa importante e deve ser apresentado para as novas gerações”, disse Andrew.

DISCOGRAFIA

Em sua carreira solo, Peter Tosh lançou sete discos de estúdio e um ao vivo. Com o passar do tempo, outros discos e remasterizações foram apresentados ao público, mas são seus primeiros trabalhos que sintetizam sua obra e sua luta política.

Legalize It (1976)

Equal Rights (1977)

Bush Doctor (1978)

Mystic Man (1979)

Wanted Dread And Alive (1981)

Mama Africa (1983)

Captured Live (1984)

No Nuclear War (1987)

Conheça os trabalhos de Peter Tosh no seu site oficial.

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HÁ 50 ANOS: Exército usa tanque nas ruas de Detroit para conter conflito racial que já matou 33 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/07/27/ha-50-anos-exercito-usa-tanque-nas-ruas-de-detroit-para-conter-conflito-racial-que-ja-matou-33/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/07/27/ha-50-anos-exercito-usa-tanque-nas-ruas-de-detroit-para-conter-conflito-racial-que-ja-matou-33/#respond Thu, 27 Jul 2017 05:00:48 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/07/conflitoracial27-180x108.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=4509 No quarto dia de conflitos raciais na cidade de Detroit, nos EUA, mais oito pessoas morreram. O número de mortos na onda de violência agora chega a 33, segundo autoridades locais.

De acordo com a polícia, franco-atiradores negros e brancos continuam agindo no topo dos edifícios da cidade. Três policiais foram gravemente feridos, um deles enquanto montava guarda na frente de um hospital.

Novamente o Exército teve que intervir no confronto –iniciado após batida policial na rua 12–, desta vez com tanques de guerra fortemente armados nas ruas.

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HÁ 50 ANOS: Exército dos EUA intervém em conflito racial que já provocou 24 mortes https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/07/26/ha-50-anos-exercito-dos-eua-intervem-em-conflito-racial-que-ja-provocou-24-mortes/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/07/26/ha-50-anos-exercito-dos-eua-intervem-em-conflito-racial-que-ja-provocou-24-mortes/#respond Wed, 26 Jul 2017 05:00:14 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/07/conflitoracial26-180x136.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=4505 Dois mil paraquedistas do Exército dos EUA tomaram na madrugada desta terça (25) parte da cidade de Detroit, onde conflitos raciais mataram 24 pessoas nas últimas duas noites.

Os distúrbios tiveram início após uma intervenção policial na rua 12, de maioria negra. Até o momento são cerca de 1.200 feridos e 2.100 detidos. Calcula-se prejuízos na casa dos US$ 200 milhões.

O líder integracionista Martin Luther King telegrafou ao presidente Lyndon Johnson afirmando que a violência se equipara ao absurdo do Congresso ainda não ter votado a lei que faculta aos negros mais facilidades de emprego.

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HÁ 50 ANOS: À Folha, músico Wilson Simonal fala sobre seu tempo como militar e racismo https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/07/17/ha-50-anos-a-folha-musico-wilson-simonal-fala-sobre-seu-tempo-como-militar-e-racismo/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/07/17/ha-50-anos-a-folha-musico-wilson-simonal-fala-sobre-seu-tempo-como-militar-e-racismo/#respond Mon, 17 Jul 2017 05:00:11 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/07/simonal-180x140.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=4473 Em entrevista à Folha nesta edição de segunda-feira (17), o músico Wilson Simonal falou sobre a importância do Exército em sua carreira e sobre racismo, um tema que, segundo o próprio, ele nunca escapa.

Para Simonal, foi no Exército que ele percebeu o dom de dominar público, o valor da entonação e que há um segredo na maneira de falar, olhar e se portar. “É necessário que eu veja o público e que ele me vejaº, disse.

Sobre racismo, o músico, que já foi barrado na entrada de uma boate, lamentou: “Tenho muita pena de pessoas que medem o valor de alguém pela cor da pele”

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