Acervo Folha https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br No jornal, na internet e na história Fri, 19 Feb 2021 13:40:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 1988: Folha desmascara banda fake do hit ‘Pipi Popô’, idealizada pelos Titãs https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/12/18/1988-folha-desmascara-banda-fake-do-hit-pipi-popo-idealizada-pelos-titas/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/12/18/1988-folha-desmascara-banda-fake-do-hit-pipi-popo-idealizada-pelos-titas/#respond Tue, 18 Dec 2018 09:00:03 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/12/PIPI-POPO-320x213.jpg https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10583 No final de 1988, um sucesso meteórico começava a fazer barulho nas FMs. Era o proibidão “Pipi Popô”,  uma marchinha nonsense do grupo fake Vestidos de Espaço, feita para o Carnaval de 89.

Com referência clara à homossexualidade [“Seu pipi no meu popô, seu popô no meu pipi…”], o hit foi o escolhido para ser a faixa-título do único trabalho do grupo, um compacto de duas músicas.

No lado B do disco está a mais elaborada, porém menos difusa, “A Marcha do Demo”, feita em homenagem ao compositor popular Lamartine Babo (1904-1963), dos clássicos “O Teu Cabelo Não Nega” e “Linda Morena”.

O grupo era formado pelos “farsantes” Pepino Carnale, 37 –que assina as composições do disco–, Lola, 26, Zeno, 25, e Sebastian, 23, todos nomes fictícios para aumentar ainda mais o ar de mistério diante do então novo fenômeno musical.

O propósito era fazer com que o público acreditasse que o Vestidos de Espaço fosse uma banda real. Outra estratégia era salvaguardar as identidades dos músicos de estúdio e dos verdadeiros letristas.

Mas a brincadeira durou poucas semanas, já que em 3 de dezembro daquele ano, a Folha, por intermédio do repórter Mario Cesar Carvalho, tornou público o enigma.

“É tudo mentira. Vestidos de Espaço, o grupo que está nas rádios com a marchinha ‘Pipi Popô’, nunca entrou num estúdio de gravação”, revelou o jornal.

A reportagem mostrou que quem estava por trás das letras, dos instrumentos e vozes, eram os Titãs, à época em processo de gravação do seu 5° álbum de estúdio, “Õ Blésq Blom” (Warner), das músicas Miséria, Flores e O Pulso.

Os vocais tiveram também as contribuições secretas da então integrante do Kid Abelha, Paula Toller, do produtor musical e ex-Mutante Liminha, do engenheiro de som Vitor Farias e do traquejado músico, escritor e poeta Jorge Mautner, que foi quem batizou a banda. Segundo Mautner, a expressão “vestido de espaço” era usada na Grécia Antiga para dizer que uma pessoa estava despida. 

A reportagem veio acompanhada de uma entrevista exclusiva com dois dos integrantes fake: Pepino Carnale, que o jornal revelou ser o artista plástico Fernando Zarif (1960-2010), e Lola, que era representada pela modelo Bronie, uma das mais requisitadas para desfiles entre os anos 70 e 80.

Na tentativa de mostrar a verdade dos fatos, o jornal perguntou aos falsos músicos se eles sabiam que as marchinhas do compacto eram cantadas e tocadas pelos Titãs, ao que Carnale respondeu: “Quem? Deve haver algum engano. Se isso for uma intriga, eu entro na justiça e processo. Os Titãs formam um grupo interessante. Mas nós fazemos outra coisa. Rock é coisa de colonizado”.

Antes, a Folha havia questionado a banda sobre a possibilidade de “Pipi popô” ser censurada por causa de sua conotação homossexual. Carnale rechaçou o cenário ao afirmar que a música “é muito casta” e que “não existe orgasmo e nem penetração na letra”.

Sobre o poder de influência da marchinha nas crianças, Carnale e Lola, num tom intelectualizado, responderam que “a cultura de massa infantil é onanística” e que a composição foi pensada para ser “uma coisa anti-onanística”.

Os porta-vozes do grupo aproveitaram a entrevista para reforçar que o Vestidos de Espaço não era uma banda de mentira, e sim um projeto que culminaria no lançamento de um LP para o ano seguinte, que não chegou a ser concretizado pelo grupo.

Conforme a biografia “A Vida Até Parece uma Festa – Toda a História dos Titãs” (Record), escrita pelos jornalistas Luiz André Alzer e Hérica Marmo, lançada em 2003, as marchinhas “Pipi popô” e “Marcha do Demo” começaram a ser trabalhadas entre setembro e outubro de 87, no estúdio Nas Nuvens (Rio).

As músicas foram feitas durante os intervalos das gravações do 4º LP dos Titãs, “Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas”, dos sucessos “Comida”, “Diversão” e “Lugar Nenhum”, lançado em 88 pela Warner.

“Aproveitávamos o tempo para brincar com faixas e bagunças perdidas no estúdio”, disse Charles Gavin, em 1995, em entrevista para a MTV.

“Pipi Popô é uma composição super infantil, embora com uma certa tendência homossexual. Era uma brincadeira!”, disse Paulo Miklos, também para a MTV, anos após a produção do disco.

Em janeiro de 1989, com o estouro de “Pipi Popô” nas rádios, um manifesto organizado por um estudante de nome Fábio Moura, de 24 anos e estagiário de uma agência de publicidade, pedia a censura da marchinha nas rádios.

A ideia do estudante, segundo a Folha publicou na ocasião, surgiu após o seu retorno dos EUA, onde cursou marketing por dois anos na universidade estadual do Missouri, em Springfield.

Fábio disse ter ficado chocado ao voltar para o Brasil, onde, na sua visão, “tudo estava indo para pior”, até que ele resolveu se manifestar contra um estado de coisas, entre as quais a execução de “Pipi Popô” na mídia.

Empenhado em manter a “ordem”, o estagiário reuniu alguns colegas do Mackenzie e do Anglo, onde havia estudado, para coletar assinaturas em oposição a marchinha, que ele classificou como “símbolo da corrupção no país”.

O estudante, que contou à Folha ser da Igreja Batista e confessou então ser grande admirador de Paulo Maluf, disse que sua principal oposição era ao efeito maléfico que a audição da música poderia causar aos mais velhos e, principalmente, às crianças.     

Para Fábio, que conseguiu 244 assinaturas, “Pipi Popô” estimulava o homossexualismo infantil. “Quem já tem a tendência, vai virar de qualquer jeito. Mas ouvindo essa música, a criança, que é ingênua e pura, vai querer brincar de ‘Pipi Popô’ com os amiguinhos”, afirmou.

Em 14 de janeiro, uma semana após a publicação da reportagem, a leitora da Folha Duane Barros da Fonseca, do Rio, que teve sua carta publicada na coluna “Painel do Leitor”, retrucou o manifesto do estagiário ao chamá-lo de “ridículo”. “O manifesto que pede a censura da música é simplesmente ridículo. Seu organizador devia se preocupar com problemas mais sérios. Manifestos políticos não irão melhorar a moral do país”, escreveu Fonseca.

No mesmo dia em que revelou o segredo dos Titãs e da Warner, o jornal relembrou outros episódios envolvendo bandas fake pelo mundo, como foi o caso do conjunto Klaatu, que, quando do lançamento em 1976 do seu primeiro LP (sem créditos e fotos), deixou rumores de que quem estaria por trás das gravações do álbum seriam os Beatles, por causa de similaridades com a sonoridade do álbum “Sgt. Pepper’s  Lonely Hearts Club Band”, gravado pelo quarteto inglês em 1967.

As identidades dos componentes do Klaatu eram desconhecidas até pela própria gravadora da banda. A verdade só veio à tona dois anos depois, em 1978, quando foi revelado que o conjunto era formado por quatro músicos canadenses de estúdio, que acabaram entrando no ostracismo.

Outra história citada pela reportagem é a dos célebres roqueiros Robert Plant e Jimmy Page, ex-membros do Led Zeppelin, que em 1985 gravaram um disco com “baladinhas açucaradas” sob o nome de Honeydrippers, “provavelmente, tentando escapar à fúria dos fãs conservadores do Led”.

Confira as letras das duas marchinhas do compacto “Pipi Popô”

Pipi Popô 
(Arnaldo Antunes e Branco Mello)

Seu popô no meu pipi

Seu pipi no meu popô

Meu pipi no seu popô

Meu popô no seu pipi

 

Seu pipi no meu popô

Seu popô no meu pipi

Meu popô no seu pipi

Meu pipi no se popô

 

Pipi popô, popô pipi,

Pipi popô popô pipi popô pipi

Pipi popô

 

A Marcha do Demo
(Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer, Branco Mello e Paulo Miklos)

Não foi por falta de aviso

Não foi por falta de alarde

Agora nas chamas do inferno

O seu corpo arde

 

Já dizia o Capitão Nemo

Cuidado com o Demo, cuidado com o Demo

Já dizia Pero Vaz

Cuidado com o Satanás

 

Não foi por falta de aviso

Não foi por falta de alarde

Agora nas chamas do inferno

O seu corpo arde

 

Já dizia Maria Antonieta

Cuidado com o Capeta, cuidado com o Capeta

Já dizia pai Jeú

Cuidado com o Belzebu

 

Não foi por falta de aviso

Não foi por falta de alarde

Agora nas chamas do inferno

O seu corpo arde

 

Já dizia Napoleão

Cuidado com o Cão, cuidado com o Cão

Já dizia Santo Antônio

Cuidado com o Demônio

 

Não foi por falta de aviso

Não foi pro falta de alarde

Agora nas chamas do inferno

O seu corpo arde

 

Já dizia Lamartine Babo

Cuidado com o Diabo, cuidado com o Diabo

Já dizia Simbá o Marujo

Cuidado com o Dito Cujo

 

Não foi por falta de aviso

Não foi por falta de alarde

Agora nas chamas do inferno

O seu corpo arde

Agora nas chamas do inferno

O seu corpo arde

 

 

 

]]>
0
1943: Nasce Jim Morrison, poeta, cantor e símbolo sexual da música dos anos 60 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/12/08/1948-nasce-jim-morrison-poeta-cantor-e-simbolo-sexual-da-musica-dos-anos-60/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/12/08/1948-nasce-jim-morrison-poeta-cantor-e-simbolo-sexual-da-musica-dos-anos-60/#respond Sat, 08 Dec 2018 09:00:56 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/12/Doors__bx__blog-320x213.jpg https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10618 Para descrever Jim Morrison, as palavras cantor, compositor e líder dos The Doors podem ser substituídas por poeta, provocador e rock star incendiário e sexy.

Há 75 anos, nascia em Melbourne, na Flórida, James Douglas Morrison, primogênito de um militar de alta patente da Marinha, em cuja casa reinava a ordem, a disciplina e a retidão. Pela carreira de George Stephen Morrison, pai de Jim, a família se mudou diversas vezes de cidades e estados.

Quando entrou para o curso de cinema da Universidade da Califórnia (UCLA), em 1964, praticamente cortou os laços com a família e dali em diante se dedicou a filmes de curta metragem, poesia e, em pouco tempo, música.

Leitor voraz desde os tempos de escola, foi influenciado por Nietzche, Plutarco, Arthur Rimbaud, além de Jack Kerouac, Allen Ginsberg e Charles Baudelaire.

Um professor de inglês disse: “Jim leu tanto e provavelmente mais do que qualquer aluno, mas tudo o que leu era tão inusitado que outro professor (que estava indo para a Biblioteca do Congresso) foi verificar se os livros que relatava realmente existiam.”

A literatura se fez tão presente na vida dele que até o nome da banda foi inspirado em um livro. The Doors é uma referência direta à obra psicodélica de Aldous Huxley, “The Doors of Perception”. Huxley, por sua vez, tinha se baseado em um trecho de “The Marriage of Heaven and Hell”, de William Blake, de quem Morrison era fã.

De 1966 a 1971 (ano de sua morte), esteve à frente da banda que formara com o tecladista Ray Manzarek (1939-2013), em Venice, na Califórnia. Eles produziram apenas seis álbuns em cinco anos, mas com canções suficientes para marcar aqueles anos turbulentos e criarem clássicos como “The End”, “L.A. Woman”, “Light My Fire” e “Love Me Two Times”.

As músicas dos Doors eram uma fusão de blues, jazz e rock psicodélico. Suas composições captaram a atmosfera de rebeldia efervescente dos anos 1960 e o choque de gerações.

Não à toa que, diante de suas performances no palco, Jim se tornou um dos mais célebres mártires do rock. À frente dos Doors, sua presença magnética de cantor e poeta (também conhecido como “Lizard King”) vestido de couro, trouxe o poder fascinante de um xamã ao microfone.

A rebeldia e o confronto com a ordem, presente em suas canções e atitudes eram sua marca registrada, desafiando a censura e a sabedoria convencional. As letras de Morrison mergulharam em questões de sexo, violência, liberdade e espírito.

“Eu sempre fui atraído por ideias que eram sobre revolta contra a autoridade. Eu gosto de ideias sobre o rompimento ou a derrubada de uma ordem estabelecida”, explicou em uma entrevista.

Sua carreira sempre foi marcada por confronto e provocação. Em março de 1969, em Miami, durante um show Morrison baixou as calças para a plateia ao som de “Touch Me”. Foi julgado e condenado a seis meses de prisão e obrigado a pagar uma multa de US$ 500.

A atitude fez os Doors serem banidos das rádios, tiveram discos recolhidos de lojas e viram seus futuros shows cancelados.

Longe do estúdio, os problemas com drogas e álcool, combinados com sua mentalidade antiautoritária, resultaram em um comportamento sempre imprevisível.

Antes do lançamento de “L.A. Woman” (último álbum da banda com Jim ainda vivo), em abril de 1971, mudou-se para Paris.

Em 3 de julho do mesmo ano foi encontrado morto na banheira do apartamento que dividia com a namorada Pamela Courson. Oficialmente foi declarado ataque cardíaco, mas não houve autópsia e a verdadeira causa da morte segue sem explicação.

Do último trabalho resultaram em clássicos a faixa-título, “Love Her Madly” e “Riders on the Storm”.

Jim Morrison morreu exatamente dois anos depois de Brian Jones (um dos fundadores dos Rolling Stones), dez meses após Jimi Hendrix e nove de Janis Joplin.

Em 1984, o colunista da Folha Ruy Castro escreveu sobre o lançamento do disco “Alive, She Cried”, que continha gravações inéditas dos Doors, ao vivo. O jornalista sintetizou a sucessão de perdas para o rock com uma questão.

“Por que todos os mártires do rock têm J no nome?” E citou todos os acima com o acréscimo de John Lennon, assassinado em 8 de dezembro de 1980. “Quem será o próximo?”, perguntou Castro. E ele mesmo respondeu: “Quem falou Mick Jagger errou. Jagger é esperto demais para morrer”.

Ao longo de seis álbuns e incontáveis apresentações ao vivo, Morrison mudou o curso do rock. Seu corpo acabou não sendo trasladado para os EUA e foi enterrado na capital francesa, onde fãs do mundo todo fazem peregrinações para seu ver túmulo.

]]>
0
1993: Frank Zappa deixou rock and roll órfão de seu humor e inventividade https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/12/04/1993-frank-zappa-deixou-rock-e-musica-orfaos-de-seu-humor-e-inventividade/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/12/04/1993-frank-zappa-deixou-rock-e-musica-orfaos-de-seu-humor-e-inventividade/#respond Tue, 04 Dec 2018 19:01:03 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/12/Zappa-320x213.jpg https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10592 O mundo da música nesta terça-feira (4) completa 25 anos sem um de seus ícones: Frank Zappa.

Como bem escreveu o jornalista Fábio Massari em 1997, na Folha, com Frank Vincent Zappa é difícil ficar no meio de caminho. “É amar ou odiar. Ficar indiferente frente à música do ‘american composer’ requer sacrifício.”

Isso porque o americano nascido em 21 de dezembro de 1940, em Baltimore, foi um workaholic da música, tendo lançado mais de 60 álbuns ao longo de 30 anos de carreira e ter sido sempre imprevisível.

Em 1978, porém, num show em Paris, o guitarrista tocou durante três horas, inventando versões de suas “The Illinois Enema Bandit” e “The Torture Neves Stops”, aproveitando as brechas das músicas para fazer gozações com ingleses, para delírio dos franceses.

A efervescência surgiu na infância, quando vivia com o pai, a mãe e três irmãos mais novos. Agarrou-se à música e dela jamais se desprendeu. Foi baterista, compositor, vocalista e guitarrista, e não só isso.

A sua banda, Mothers of Invention, formada em 1964, como descrito em 1983 pelo jornalista Pepe Escobar na Folha, materializou o que Zappa construía em mente, que misturava música, paródias pop, referências clássicas (Edgard Varèse e Béla Bartók), improvisos de jazz de vanguarda, teatro de variedades e comédia burlesca.

Imagem de Frank Zappa que ilustra “You Are What You Is”, álbum duplo do cantor lançado em 1981 (Crédito: Divulgação)

Com um bigode e cavanhaque que também viraram símbolo, Zappa tinha um humor impagável. Exemplo disso: com a banda usando máscaras de gases, de repente todos os músicos ignoravam o público e cessavam a música, e o baterista se levantava para engraxar os sapatos de Zappa. No limite da paciência do espectadores, ele ironizava: “Isto traz à tona todas as hostilidades dentro de vocês, não é?”.

E poucos souberam brincar como Zappa, que reunia desde ácidas críticas ao establishment, deboche e improvisos únicos com a guitarra que o colocam ao lado de Jimi Hendrix, Jeff Beck e Eric Clapton. Um exemplo do que falava: “Não usem drogas, crianças! Elas arrasam o fígado, o coração, a cabeça e, de modo geral, fazem com que vocês fiquem que nem os seus pais”.

Não à toa e por ter deixado uma das mais inacreditáveis discografias, Zappa teve seu nome incluído no Hall da Fama do rock and roll, em 1995, (“Repórteres de rock são pessoas que não sabem escrever, entrevistando gente que não sabe falar para leitores que não sabem ler”, dizia) e também deixou um enorme legado no jazz. Ganhou ainda Grammy póstumo pelo conjunto da obra, em 1997.

Para dar uma ideia de como a obra de Zappa influenciou a música, nada menos do Paul McCartney disse que, se não fosse “Freak Out” (1966), não haveria “Sgt. Pepper” (1967), dos Beatles.

O americano, que também chamou a atenção por participações políticas —chegou “a se lançar” a Presidência dos EUA— e virou tema de filme, morreu em 1993, aos 52 anos, vítima de câncer na próstata.

Abaixo você confere um texto do músico, escrito e publicado pela Folha em 3 de abril de 1983.

Americanos e mediocridade
“A América deveria se orgulhar das coisas que foram produzidas aqui e são excepcionais, diferentes, ousadas, e não coisas das coisas que se fingem de excepcionais, diferentes e ousadas. A América deveria optar pelo que realmente conta. Mas os americanos não optam, porque nunca são expostos a isso. O trabalho transgressivo nunca chega ao rádio, e nunca é comentado. Porque tudo que é ouvido sobre a dita vida musical nos EUA é de autoria de pessoas em jornais e revistas que não estão qualificadas para a tarefa; não são capazes de diferenciar uma composição boa de uma péssima, e não sabem diferenciar uma ótima composição mal tocada de uma composição medíocre que ganhou um grande tratamento molto vibrato por uma orquestra importante (…) É o clima dos tempos. Você faz alguma coisa realmente ousada, e fica com sua vida na palma da mão. Todo mundo quer ficar com a mediocridade.”
Frank Zappa
]]>
0
1948: Nasce Ozzy Osbourne, que comeu morcego, cheirou formiga e se tornou ‘O Príncipe das Trevas’ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/12/03/1948-nasce-ozzy-osbourne-que-comeu-morcego-cheirou-formiga-e-se-tornou-o-principe-das-trevas/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/12/03/1948-nasce-ozzy-osbourne-que-comeu-morcego-cheirou-formiga-e-se-tornou-o-principe-das-trevas/#respond Mon, 03 Dec 2018 09:00:12 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/11/Ozzy-careta__BX-320x213.jpg https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10522 Três anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, nasce em Birmingham, na Inglaterra, John Michael Osbourne, o Ozzy, mundialmente conhecido por um apelido dado na escola como provocação por sua dislexia.

Após passar por uma série de empregos na juventude e ter cometido pequenos crimes que acabaram levando-o a uma sentença de prisão por roubo, aos 20 anos ele se junta a Geezer Butler, Tony Iommi e Bill Ward para formar a banda Polka Tulk Blues.

O conjunto, depois, se tornaria Earth, mas, como havia um grupo de mesmo nome, os músicos decidiram adotar Black Sabbath, referência a um filme de Boris Karloff e título da canção que abre o primeiro trabalho do quarteto, em 1970.

Nos vocais da banda, que inaugurava um novo gênero, o heavy metal, Ozzy ficou até 1979, onde emprestou sua voz em nove discos e cravou sucessos como “N.I.B”, “Paranoid”, “Iron Man” e “War Pigs”.

Sobre o “divórcio” com o Sabbath, Ozzy disse em entrevista à Folha, em 1995, que “a banda é como uma ex-namorada: desejo tudo de melhor para ela, mas tenho minha própria vida”.

Capa do primeiro disco da banda Black Sabbath (Divulgação)

A partir de 1980, Ozzy inicia sua carreira solo e já no primeiro disco emplaca três canções executadas até hoje em suas turnês: “Crazy Train”, “Mr. Crownley” e “Suicide Solution”.

Desta última há duas controversas: Ozzy disse ser em homenagem ao ex-vocalista do AC/DC, Bon Scott, morto em 1980, mas Bob Daisley (ex-baixista e principal letrista de Ozzy) afirmou que a letra faz alusão ao próprio cantor. E o suicídio de um fã cujos pais processaram o cantor como responsável por sua morte.

Em 1985, Ozzy desembarcou no Rio de Janeiro para a primeira edição do Rock in Rio. Realizou dois shows, um em 16 de janeiro e outro no dia 19. Na ocasião explicou a Folha sua fama de mau.

“Faço as pessoas sentirem medo porque elas gostam de sentir essa sensação. Para mim tanto faz, sou tão interessado em Deus como no Diabo. Se querem horror, tomem lá, que todo mundo se diverte e eu ainda ganho dinheiro”, disse o “Príncipe das Trevas”, como também é conhecido.

Na década de 80, ele lançou praticamente um disco por ano. Já nos anos 1990, foram apenas quatro trabalhos. Porém o primeiro deles, “No More Tears” (1991), também deixou uma marca com a canção título e “Mama, I’m Coming Home”, tocadas até hoje quando está no palco.

‘THE OSBOURNES’

Com a aposentadoria anunciada inúmeras vezes e sempre de volta à estrada, os anos 2000 acabaram mais lembrados pelo reality show “The Osbournes” do que pelos sete discos.

Com quatro temporadas na MTV, os telespectadores viram outra pessoa. O cotidiano de Ozzy, a inseparável (e empresária) Sharon, os filhos Jack e Kelly, além dos gatos e cachorros, foram transmitidos de 2002 a 2005. Prevaleceram os diálogos esculachados, os palavrões, e o dia a dia de uma família cujo “chefe” apalermado foi motivo de muitas risadas.

Num dos episódios, ao ser maquiado e penteado para ir a um jantar na Casa Branca com George W. Bush, o roqueiro disparou: “Não quero parecer a Cher”.

Sua contribuição para a música juntamente com a fase no Black Sabbath, no entanto, vão além da caricatura que ficou por causa do programa.

Nada menos do que 162 produções, sejam de longas, de documentários ou de séries de TV, já usaram alguma de suas canções ou do Sabbath.

Talvez a mais famosa e na memória dos fãs mais jovens seja a música tema do “Homem de Ferro”, protagonizado por Robert Downey Jr. Sobre ela, Ozzy declarou sem nenhum pudor: “Gostaria de não ter que tocar ‘Iron Man’ todas as noites”.

BEATLES

Com 18 shows no Brasil –já computados os de sua última passagem, em maio deste ano–, Ozzy disse que precisava diminuir o ritmo. Apesar de a turnê No More Tours Tour ter programação até 2020, o “Padrinho do Heavy Metal” afirmou “não estou me aposentando, só não vou mais cair na estrada por longos períodos em turnês“.

Para quem já comeu morcegos, mordeu pombos, cheirou formigas (relatos podem ser conferidos na autobiografia “Eu sou Ozzy”) e bebeu hectolitros de álcool, um descanso é merecido.

Fã confesso dos Beatles (“A maior coisa da minha vida foram os Beatles. Agradeço a Deus por eles.”), falando à Folha oito anos atrás, foi questionado sobre se havia alguma coisa que ainda gostaria de fazer. “Sim, tocar com Paul McCartney”, disse.

Quem sabe um dia o novo setentão da praça não realiza seu sonho. Afinal, seu ídolo segue ativo, com disco novo (“Egypt Station”) e sem pistas de uma possível aposentadoria.

Trecho do livro “Eu sou Ozzy” (Reprodução)
]]>
0
1988: Morre Aracy de Almeida, jurada de TV e maior intérprete de Noel Rosa https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/06/20/1988-morre-aracy-de-almeida-jurada-de-tv-e-maior-interprete-de-noel-rosa/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/06/20/1988-morre-aracy-de-almeida-jurada-de-tv-e-maior-interprete-de-noel-rosa/#respond Wed, 20 Jun 2018 11:00:02 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/Aracy1-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=9737 “Mas que putaria, eu não posso estar aqui”, afirmou Aracy de Almeida à sua afilhada Maria Adelaide Bragança minutos antes de uma embolia pulmonar  tirá-la de cena aos 73 anos, na tarde de 20 de junho de 1988, no Hospital dos Servidores do Estado (centro do Rio), onde estava internada havia 13 dias por causa de um acidente vascular cerebral.

Personagem das mais memoráveis da TV brasileira, onde encarnou a jurada “ranzinza” em quadros de calouros, o último deles no Programa Silvio Santos –onde estava desde 1975–, Aracy de Almeida foi, sobretudo, uma das mais proeminentes cantoras da era de ouro do rádio. No samba, gênero que adotou para a carreira, foi considerada a mais fiel intérprete de Noel Rosa, ao lado da cantora Marília Batista.

Aracy, que nunca se casou nem teve filhos, foi sepultada no cemitério Parque Jardim da Saudade (Rio) depois de ser velada por cerca de 20 mil pessoas no Teatro João Caetano, onde em 1981 e 1982 fez suas últimas apresentações como cantora, ao lado de João Nogueira e do grupo Coisas Nossas, respectivamente.

“O mais triste é saber que toda esta gente veio aqui para se despedir da jurada de televisão. Quase ninguém mais lembra que ela foi uma grande cantora”, disse o compositor e pesquisador da música brasileira Hermínio Bello de Carvalho, que esteve na cerimônia para dar o último adeus à cantora e amiga.

Aracy Teles de Almeida, ou “Araca”, como também era chamada pelos amigos, nasceu em 19 de agosto de 1914, na rua Guilhermina, no bairro suburbano do Encantado (zona norte do Rio), onde morou até o fim da vida. Filha de uma dona de casa e de Baltasar Teles Almeida, um pastor protestante e funcionário da Central do Brasil, Aracy, que dizia nunca ter brincado de boneca nem de ciranda durante a infância, era a única mulher entre os cinco filhos da família.

O SAMBA EM PESSOA

Durante a adolescência, a pulsação pelas batucadas do Rio levou Aracy a ser uma assídua frequentadora de escolas de samba na zona norte da cidade, onde aprendeu as gírias, os trejeitos e a ginga que acabaram se tornando marcas na vida da artista. Em entrevistas revelou que a escolha pela música veio por necessidade. “Era uma menina pilantra, safada, que não queria estudar e não sabia fazer nada. Daí, só mesmo cantando.”

Aracy começou muito jovem. O primeiro contato direto com a música foi quando integrou corais evangélicos no bairro do Méier (zona norte do Rio). Depois, contrariando os preceitos religiosos da família, passou a cantar em candomblés no Engenho de Dentro, também na zona norte.

NOEL ROSA

A entrada na música popular se deu no início dos anos 30, sob influência de Carmen Miranda, cantora que Aracy admirava e tentava imitar no início da trajetória. Sua dicção peculiar, caracterizada por sua voz nasalada, foi elogiada num estudo de Mário de Andrade numa conferência em 1943.

O primeiro empurrão para o profissionalismo, porém, foi dado pelo compositor Custódio Mesquita, que, em 1933, a levou para um teste no programa Pinocchio, da Rádio Educadora (depois Tamoio), onde cantou a marchinha “Bom Dia, Meu Amor” (Joubert de Carvalho e Olegário Mariano), sucesso na voz de Carmen Miranda. Foi lá que conheceu o eterno “poeta da Vila”, Noel Rosa, que no mesmo dia compôs para a estreante “Seu Riso de Criança”, após ter ouvido e apreciado o raro timbre vocal da iniciante.

Aracy e Noel se tornaram grandes amigos, construindo uma parceria que duraria até a morte do compositor em 4 de maio de 1937, de tuberculose. Dele, gravou “Feitio de Oração”, “Palpite Infeliz” e “O X do Problema”, entre outras. O último trabalho foi a melancólica “Último Desejo”, cuja interpretação Noel não teve tempo de ouvir.

Em 1934, Aracy  foi contratada pela Columbia, onde gravou o seu primeiro disco, com a marcha carnavalesca “Em Plena Folia”, de Julieta de Oliveira. Depois, assinou com a Rádio Cruzeiro do Sul. Daí não demorou muito até a sambista ser convidada pela RCA Victor, onde gravaria “Cansei de Pedir”, “Triste Cuíca” e “Amor em Parceria”, todas de Noel. Logo passou pelas rádios Philips, Mayrink Veiga, Ipanema e Tupi. Ao longo da carreira foram mais de 400 canções gravadas.

OUTROS COMPOSITORES

A trajetória de Aracy na MPB não se resumiu apenas à grandeza de ter sido uma das maiores intérpretes de Noel. A “Dama da Central”, como também ficou conhecida, emprestou sua voz a vários outros nomes do cancioneiro brasileiro.

Dentre as composições que a sambista gravou estão “Helena” (Raul Marques e Ernâni Silva), “Vaca Amarela” (Lamartine Babo e Carlos Neto), “Saudosa Favela” (Heitor do Prazeres), “Fale Mal… Mas Fale de Mim” (Ataulfo Alves e Marino Pinto), “Brigamos Outra Vez” (Wilson Batista e Marino Pinto), “Saia do Caminho” (Custódio Mesquita e Evaldo Rui) e “Camisa Amarela”, de Ary Barroso, que certa vez criticou a voz da cantora ao dizer que ela desafinava e cantava pelo nariz.

A partir de 1948, com Noel Rosa quase esquecido, Aracy decidiu revisitar a obra do poeta com apresentações antológicas na famosa boate Vogue, no Rio, que posteriormente viraram discos e ajudaram a ecoar a poesia do autor às novas gerações. Em 1950, a cantora reduziu o ritmo de shows e passou a morar em São Paulo, onde viveu até 1962.

Em 1968 gravou “A Voz do Morto”, do tropicalista Caetano Veloso, que entrou para um compacto-simples produzido para a Bienal do Samba daquele ano. “Essa música é uma coisa meio tétrica, um negócio pra tocar em castelo estranho”, disse a cantora no programa de entrevistas Vox Populi, da TV Cultura.

Um ano depois, participou do show “Que Matavilha”, com Toquinho, Jorge Benjor, Paulinho da Viola, Trio Mocotó e Trio do Luiz Melo. Apresentado no Teatro Cacilda Becker, o espetáculo teve a direção do amigo Fernando Faro.

Tida por Paulinho da Viola como a maior cantora de samba, no final dos anos 70 Aracy esbarrou no rock, quando se apresentou ao lado do grupo Joelho de Porco, em espetáculo apresentado no Teatro Célia Helena, onde interpretaram Noel Rosa, Antônio Maria e Chico Buarque, entre outros nomes.

A JURADA

Começou a trabalhar como jurada nos programas do Chacrinha e do Bolinha, até ser contratada em 1975 para o “Show de Calouros” de Silvio Santos, atração que a tornou uma das figuras mais populares da TV pela irreverência e pelo deboche com que julgava os aspirantes a artistas.

Aracy era direta e não amenizava nas críticas nem mesmo calouros mirins, que recebiam palavras duras sobre suas performances.

Quando perguntada sobre ter abdicado da profissão de cantora pela de jurada de TV, respondia: “Melhor ser jurada do que ficar em casa fazendo tricô”.

]]>
0
1998: Morre nos EUA o cantor e ator Frank Sinatra, conhecido como ‘A Voz’ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/05/14/1998-morre-em-los-angeles-o-cantor-e-ator-frank-sinatra/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/05/14/1998-morre-em-los-angeles-o-cantor-e-ator-frank-sinatra/#respond Mon, 14 May 2018 16:00:10 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/AHi_j0048__Sinatraabre-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=9479 Há 20 anos, morria em Los Angeles Francis Albert Sinatra, ou simplesmente Frank Sinatra, o maior cantor do século 20, vítima de um ataque cardíaco, aos 82 anos.

O filho de imigrantes italianos deixou a cidade de Hoboken, no estado de Nova Jersey, e o sonho da mãe de que se tornasse engenheiro para se tornar cantor. Sua saga começa em 1935 e desse ano em diante colecionou números impressionantes, não à toa a Folha dedicou um caderno de 12 páginas em sua morte.

Foram cerca de 2.000 canções gravadas em estúdio (e outras mais extraídas de apresentações em cinema, rádio, televisão, boates e estádios), mais de 200 álbuns e ao menos 206 CDs que fazem dele o músico mais preservado digitalmente na história do som gravado.

Em 2015, quando completaria cem anos, havia quase mil livros publicados a seu respeito. Como disse o colunista da Folha Ruy Castro, “alguns, destruidores, a maioria, admirativos, e muitos, sérios e consistentes”. No cinema foram quase 60 filmes, tendo recebido um Oscar de melhor ator coadjuvante por “A Um Passo da Eternidade” (1953).

E, até sua morte, seu patrimônio era estimado em US$ 200 milhões.

Bem menos numerosos eram os apelidos pelos quais era conhecido. “Presidente do Conselho”, “Líder”, “Olhos Azuis”, mas o principal deles e pelo qual ficou mundialmente conhecido era “A Voz”.

MULHERES

Isso sem contar suas paixões e os refrões e as gírias que inventou. Sinatra era próximo aos chefões da máfia nos Estados Unidos e colecionava tudo, amigos, inimigos e até brigas com a imprensa, ao ponto de chegar a investir com o carro contra fotógrafos.

Foi casado oficialmente quatro vezes, mas as relações extraconjugais eram contadas as dezenas. Apesar de ter arrebatado as mulheres mais lindas da época (Joan Crawford, Kim Novak, Sophia Loren, Gloria Vanderbilt, entre outras), o cantor se sentiu atraído por Ava Gardner por muito tempo. A relação conturbada entre os dois resultou na canção “I’m a Fool to Want You”, a qual coescreveu e gravou em 1951.

Os arroubos, os excessos –com ou sem o “Rat Pack”– em bares (seja em Nova York, Flórida ou Chicago), hotéis e cassinos marcaram a personalidade do ator, cantor, “líder”, namorador e amigo pessoal de políticos como John F. Kennedy e Ronald Reagan.

Sua filha caçula, Tina Sinatra, resumiu assim seu temperamento: “Suas bravatas, sua grandeza, sua dimensão na vida pública, tudo faz parte dele. Mas por baixo existe alguma coisa muito –não quero dizer ‘sensível’, porque seria uma redução–, por baixo há um menino frágil e delicado”.

CANTOR

Sinatra tinha em Bing Crosby sua maior inspiração, mas também o maior desafio: precisava superá-lo para garantir que era grande. Nunca negou a influência dele, porém sempre se derreteu em elogios a Billie Holiday –na década de 1980, ele afirmou que era sua maior influência isolada– e a Ella Fitzgerald, eleitas por ele como as melhores vozes da América.

Mesmo colecionando sucessos, ele conheceu o fracasso. Em 1941, foi eleito vocalista de banda mais popular do país pela revista Billboard e desbancou Bing Crosby do topo da lista dos melhores cantores da Down Beat.

Até 1948 reinou quase absoluto. Mas em 1949 passou a ver o declínio de sua popularidade, que resultaram em queda na venda de discos, na dispensa dos estúdios MGM e na revelação de casos fora do casamento.

No ano seguinte, sua primeira mulher, Nancy Sinatra, aceitou a separação, mas negou-lhe o divórcio. Para piorar, o comitê do Senado o convocou para depor sobre seu envolvimento com a máfia (havia sido fotografado com o chefão Lucky Luciano em Havana) e ainda sofreu com uma hemorragia na garganta, que o deixou sem cantar por meses.

Como se isso não bastasse, a relação extraconjugal com Ava Gardner, que finalmente se tornou oficial em 1951, naufragou 11 meses depois, cercada por crises de ciúmes, traições e reconciliações. A essa altura, a reputação de Sinatra com fãs e opinião pública estava arrasada.

A virada dos anos 50 trouxe muitas novidades musicais, mas Frank Sinatra ainda estava envolto em escândalos. Assim, só tocava antigos sucessos e continuava em baixa com o público.

Somente em 1953, quando inicia sua parceria com Nelson Riddle, o cantor retomou o caminho do sucesso. As músicas “I’ve Got the World on a String”, “Don’t Worry ‘Bout Me”, “Young at Heart” trouxeram um novo Sinatra.

A partir daí suas canções passaram a ser vistas como autobiográficas, e sua interpretação, mais madura, que a depender da letra refletia felicidade ou dor. Para o jornalista John Lahr, “Sinatra não cantava simplesmente uma canção. Dava uma urgência especial a seu tema”.

Sobre a nova fase, o cantor foi direto: “Você tem de chegar ao fundo do poço para apreciar a vida e começar a viver novamente”.

Com Riddle, engrenou um sucesso atrás do outro. Entre abril de 1958 e abril de 1966, não teve só compactos entre os dez mais da Billboard, mas sim 20 álbuns. “Only the Lonely”, lançado em 1958, ficou nas paradas durante 120 semanas. O seguinte, de 1959, “Come Dance with Me”, ficou 140 semanas.

No mesmo período de oito anos, Sinatra voltou a ser o queridinho da América e também dos estúdios de Hollywood, participando de 22 produções.

BRASIL

Sinatra gravou dois discos com o maestro Tom Jobim. Em 1967, foi lançado o álbum “Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim”.

Anos depois, gravações para um segundo disco da dupla chegaram a acontecer, mas, em vez de um álbum ao estilo do primeiro, somente com os dois, tornou-se um disco de Sinatra com vários parceiros. O que estava planejado para ser “Sinatra-Jobim” acabou virando “Sinatra & Co.”.

Os fãs brasileiros ficaram animados com o encontro de Jobim e o maior cantor popular americano, mas um show mesmo só foi acontecer 13 anos após o encontro dos dois.

Em 1980, Sinatra se apresentou por seis noites seguidas (de 22 a 27 de janeiro), no Rio. Foram cinco shows no Rio Palace Hotel e um no estádio do Maracanã, que, segundo o colunista Ruy Castro, “ele cantou para 150 mil pessoas”.

No ano seguinte, voltou ao Brasil para três shows em São Paulo, onde se apresentou no Maksoud Plaza Hotel.

FRASES

FILHOS

O Blog Acervo Folha entrou em contato com a filha mais velha de Sinatra, a atriz e cantora Nancy. Seu assessor de imprensa disse que “no momento não estão agendando nenhuma entrevista com a senhora Sinatra”.

]]>
0
1988: Trompetista Chet Baker, expoente do cool jazz, morre misteriosamente https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/05/13/1988-trompetista-chet-baker-expoente-do-cool-jazz-morre-misteriosamente/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/05/13/1988-trompetista-chet-baker-expoente-do-cool-jazz-morre-misteriosamente/#respond Sun, 13 May 2018 10:45:57 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/BAKER-CHET-3027__abreblog-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=9401 Há 30 anos, morria o músico americano Chet Baker, ícone do jazz ao lado de nomes como Miles Davis, John Coltrane e Dizzy Gillespie, entre outros.

Passadas três décadas, a morte de Baker continua um mistério –se foi suicídio ou assassinato. O certo é que o corpo do trompetista foi encontrado no dia 13 de maio de 1988 na sarjeta, embaixo da janela do quarto em que se hospedara, no terceiro andar, no Hotel Prins Hendrik, em Amsterdã.

A polícia holandesa apontou indícios de suicídio, mas amigos de Baker sustentaram a hipótese de assassinato. Já o Consulado dos EUA declarou, oficialmente, que a queda do músico teria sido acidental.

A carreira e a vida de Baker foi marcada pelos contrastes entre o gênio musical –que adorou o bebop de Gillespie e depois entendeu que o estilo não seria adequado ao que desejava– e o trompetista arrasado pelo vício em heroína.

As histórias que contou (sempre recheadas de fantasia) e realidade escondiam a verdade sobre as primeiras bandas em que tocou e a perda dos dentes –tanto na adolescência quanto adulto–, razão pela qual não sorria em fotografias.

De galã na juventude e na fase de exército, Baker tornou-se jazzista profissional em 1952, aos 22 anos (completaria 23 só no final do ano), e entre seu ingresso no “time dos grandes” e a descoberta da heroína também não há consenso.

O músico declarava que começou a usar a droga em 1957, dois anos após atingir o auge do sucesso com o álbum “Chet Baker Sings” e aceitar o convite para uma turnê de quatro meses pela Europa. Já o jornalista holandês Jeroen de Valk e o pianista americano Russ Freeman sustentam que Baker usava heroína já no início da década de 1950.

O vício tirou a feição de galã e as comparações que recebera no começo da carreira com James Dean e Marlon Brando. E também o fez definhar. A força com que consumia o levava às vezes a penhorar seus instrumentos para comprar drogas.

A heroína transformou sua vida numa sequência de eventos repetitivos. “Detenção, prisão, liberação, mudança de residência, tentativa de volta, e uma nova detenção para reiniciar o ciclo”, sintetizou o escritor e pianista Ted Gioia, no livro “West Coast Jazz”.

 

No Brasil

Na única vez em que se apresentou no Brasil, Baker decepcionou seus fãs –alguns esperaram por décadas a chance de vê-lo tocar. Nos shows que fez durante a primeira edição do Free Jazz Festival (no Rio e em São Paulo, em 1985), ficou sentado quase todo o tempo, olhando para o chão do palco.

Apesar disso, o crítico musical Carlos Calado o descreveu como “expoente do cool jazz (também conhecido como West Coast jazz), do qual foi um dos trompetistas mais cultuados”. Segundo ele, “Baker conquistou boa parte de seus fãs como cantor”. E complementou: “Seus vocais suaves e andróginos influenciaram músicos e intérpretes brasileiros de diversas gerações, entre eles adeptos da bossa nova e os tropicalistas Caetano Veloso e Gal Costa”.

Chesney Henry baker Jr. nasceu em 23 de dezembro de 1929, em Yale (Oklahoma), foi casado três vezes e teve quatro filhos. Além do cool jazz, deixou 130 álbuns como testemunho de seu virtuosismo e músicas imortais como “Walkin’ Shoes”, “Bernie’s Tune”, “How Deep Is the Ocean?” e “My Funny Valentine”.

O documentário “Let’s Get Lost” (1988), do diretor Bruce Weber, procurou desvendar o músico e mostrou, no que são as últimas imagens públicas de Baker, um sujeito desfigurado.

A obra do trompetista e cantor já foi motivo de homenagens por outros jazzistas, entre eles as cantoras Luciana Souza e Eliane Elias, ambas radicadas nos Estados Unidos –e também no cinema e no teatro.

Em 2015, foi lançado o filme “Chet Baker: A Lenda do Jazz”, com Ethan Hawke no papel principal. E um ano depois, por aqui, no teatro, a peça “Chet Baker – Apenas um Sopro” reverenciou o gênio e os traumas, com o músico Paulo Miklos encarnando o trompetista.

Paulo Miklos interpreta Chet Baker em peça dirigida por José Roberto Jardim. (Lenise Pinheiro – 13.jan.2016/Folhapress)

 

]]>
0
1948: Nasce Kate Pierson, vocalista e fundadora da banda B-52’s https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/04/27/1948-nasce-kate-pierson-vocalista-e-fundadora-da-banda-b-52s/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/04/27/1948-nasce-kate-pierson-vocalista-e-fundadora-da-banda-b-52s/#respond Fri, 27 Apr 2018 10:00:55 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/Kate__abre_241795-work-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=9264 Difícil falar de Kate Pierson sem falar do grupo norte-americano de new wave B-52’s. Nascida no estado americano de Nova Jersey, Catherine Elizabeth Pierson é cantora, compositora, multi-instrumentista e uma das fundadoras da banda.

O conjunto foi fundado em 1976, na Geórgia, e tem o nome retirado do penteado tipo bolo de noiva usados pelas vocalistas —a própria Kate e Cindy Wilson.

Ainda hoje é reconhecida pelos sucessos “Rock Lobster” (primeiro single da banda), “Roam”, “Love Schack” e “Private Idaho”, quanto pelos penteados extravagantes, roupas coloridas e letras debochadas.

Kate está na formação desde o início e se você não quem ela é ou pelo menos não se lembra, duas coisas podem ajudar: ela é a ruiva e ficou mundialmente famosa por suas parcerias com Iggy Pop na canção “Candy” e com o REM em  “Shiny Happy People”.

Ela é a mais velha dos quatro integrantes (o quinto, Ricky Wilson, irmão de Cindy, morreu em decorrência de Aids em 1985). Ao todo, esteve quatro vezes (1985, 1999, 2009 e 2013) no Brasil. A primeira apresentação ficou marcada na mente de Kate. “Um dos momentos mais icônicos [do B-52’s] foi tocar no Rock in Rio”, disse ela em 2013, em entrevista para a revista.

Kate Pierson, Fred Schneider, Keith Strickland e Cindy Wilson, do grupo norte-americano B-52’s. (Divulgação)

Além de elogiar o público de São Paulo que esteve nos shows de 2009 e dizer que “sempre foi ótimo” voltar ao Brasil, a ruiva comentou sobre sua união com Monica Coleman, com quem está desde 2003. Ela disse que ainda não estão casadas, mas, “quando a lei sair, Monica e eu faremos um lindo casamento”.

Apesar de o último sucesso ser a música “Os Flintstones”, em 1994, e de o B-52’s ainda lançar o álbum “Funplex” em 2008, Kate se reinventou, tanto que em 2015 lançou o disco solo “Guitars and Microphones”.

A revista americana Rolling Stone classificou o trabalho com três estrelas e o definiu assim: “Enquanto [Kate] Pierson não anda muito longe da nave-mãe B-52’s, ela deixa as guitarras de surfe para trás, exceto no single do new wave-y “Mister Sister”, um hino LGBT que Cyndi Lauper provavelmente desejaria ter escrito”.

]]>
0
1998: Morre o cantor e compositor Nelson Gonçalves, 78, o eterno boêmio https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/04/18/1998-morre-o-cantor-e-compositor-nelson-goncalves-78-o-eterno-boemio/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/04/18/1998-morre-o-cantor-e-compositor-nelson-goncalves-78-o-eterno-boemio/#respond Wed, 18 Apr 2018 10:00:46 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/AHi_j0227__Nelson-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=9080 Há 20 anos, no Rio de Janeiro, morria o cantor e compositor Nelson Gonçalves, aos 78 anos, em decorrência de uma parada cardíaca. O “rei do rádio”, como chegou a ser chamado, morreu no apartamento da filha Margareth Gonçalves, no bairro da Gávea, zona sul do Rio.

Gaúcho de Sant’Ana do Livramento, ele imigrou para São Paulo com os pais logo após o nascimento, passando a morar no Brás. Trabalhou como engraxate, jornaleiro, mecânico, garçom (no bar que seu irmão tinha na avenida São João) e, aos 16 anos, tornou-se lutador de boxe, categoria peso médio —chegou a ser campeão paulista.

Em 1939, após ser dispensado da rádio Tupi, em São Paulo, foi tentar a sorte no Rio de Janeiro. Na antiga capital da República, bateu na porta de diversos programas de calouros. Na rádio Cruzeiro do Sul, o apresentador Ari Barroso recomendou que desistisse de ser cantor e voltasse a ser garçom.

Mas, dois anos depois, assinou contrato com a rádio Mayrink Veiga e gravou “Sinto-me”, um samba de Ataulfo Alves. A bem-sucedida gravação inaugurava uma longa sequência de sucessos.

A partir daí seguem-se “Pensando em Ti”, dele mesmo, “Caminhemos” e “Carlos Gardel”, as duas com Davi Nasser,  e o sucesso “Maria Betânia” —que acabou por batizar a cantora baiana irmã de Caetano Veloso—, do pernambucano Capiba.

Os anos 40 e 50 foram promissores para Nelson. Ao lado de Adelino Moreira, um dos maiores compositores de samba-canção, gravou alguns de seus maiores sucessos como: “A Volta do Boêmio”, “Deus do Asfalto”, “Êxtase”, “Mariposa” e “Fica Comigo Esta Noite”.

DROGAS

Além da bebida e do cigarro, a partir de 1958 Nelson Gonçalves se envolveu com drogas ilícitas, especialmente a cocaína. Quatro anos mais tarde, o vício o tirou da cena musical.

Assim, ele só voltou às paradas de sucesso em 1965 com o LP “A Volta do Boêmio nº1”. Em maio do ano seguinte, foi preso em flagrante por porte de cocaína, porém em menos de 15 dias depois ele estava solto e absolvido da acusação de tráfico de entorpecentes.

A passagem pelo cárcere rendeu uma de suas muitas histórias de valentia e brigas. “Cheguei à prisão e logo dei um soco na cara do preso que mandava no local. Disse que dali em diante nós dois seríamos os chefes, e todo mundo passou a me respeitar”, disse.

A fama de durão e briguento foi recordada em 1995, quando declarou: “Levei tiro de traficante, mas dizia que era pedrada, porque nesse mundo ninguém entrega ninguém”.

A dependência só foi superada em 1973, quando o próprio anunciou que não consumia mais drogas.

MÚSICA E HOMENAGENS

Nelson brilhou no rádio nos anos 40 e 50 e, ao lado de Francisco Alves e Orlando Silva (que aliás era seu ídolo), é tido como um dos maiores cantores de todos os tempos.

Foram quase 60 anos de carreira, onde gravou 128 LPs e mais de 2.000 músicas, vendendo 78 milhões de discos.

Em 1981, a TV Globo exibiu o especial “Nelson Gonçalves – 40 anos” para celebrar as quatro décadas de seu trabalho.

Um ano antes de seu falecimento, ele mostrou fôlego ao renovar seu repertório com a gravação do álbum “Ainda é Cedo” com a música do Legião Urbana que dá nome ao disco, além de “Caso Sério”, de Rita Lee, de “Meu Erro”, dos Paralamas do Sucesso, e de “Faz Parte do Meu Show”, de Cazuza.

O produtor do disco Robertinho do Recife justificou o trabalho inusitado no repertório já conhecido do “rei do rádio”. “Ele é muito punk, diferente dos cantores certinhos da época dele. A carreira de Nelson é cheia de escândalos. Ele tem atitudes roqueiras.”

Em 1996, o cantor foi homenageado com a peça “Metralha”, estrelada por Diogo Vilela, que contava sua história. Cinco anos depois foi a vez do documentário “Nelson Gonçalves”.

O colunista da Folha Mario Sergio Conti ao resenhar a obra disse: “A poética de Nelson Gonçalves é punk. Talvez não caiba num documentário. Enquanto existir um foxe triste, um otário com dor de corno, um cabaré desolado, uma guitarra solitária, ela viverá”.

Nelson justificava assim seu talento: “Bebo e fumo. Quem cuida da minha voz é Deus”. E era enfático ao resumir sua importância à música brasileira. “Não apareceu mais nenhum cantor com voz. Eu uso um terço da potência da minha; não precisa mais”, afirmava.

]]>
0
1978: Adoniran Barbosa critica rodízio de pizza e elogia Chico Buarque https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/04/11/em-1978-adoniran-barbosa-desdenhou-de-rodizio-de-pizza-e-afirmou-que-chico-buarque-era-fora-de-serie/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/04/11/em-1978-adoniran-barbosa-desdenhou-de-rodizio-de-pizza-e-afirmou-que-chico-buarque-era-fora-de-serie/#respond Wed, 11 Apr 2018 10:30:00 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/BHi_j0043-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=8944 O rodízio de pizza foi popularizado em São Paulo no ano de 1976, com o Grupo Sérgio. Mas nem todos os cidadãos da capital gostaram da ideia.

Dois anos depois, quando o Grupo Sérgio inaugurou sua quinta filial, um ilustre morador da região central de São Paulo reclamou da nova onda gastronômica. Seu nome: Adoniran Barbosa.

“Eu nunca fui na pizza rodízio. Eu acho muita graça, acho que isso não existe. Eles inventam cada uma, não? Me desculpe, mas eu não vou”, comentou o compositor de “Samba do Arnesto” e “Trem das Onze” durante entrevista aos jornalistas Sérgio Gomes e Roberto Jardim, no La Barca, bar localizado na esquina da rua General Jardim com a Bento Freitas.

Completando 40 anos de carreira em 1978, Barbosa falou sobre os restaurantes do centro de São Paulo, local onde morava desde 1932.

“Morei na rua da Glória, depois no Brás. Depois, Bexiga, Bela Vista, pouca coisa. O mais foi sempre no centro”, disse o cantor.

Adoniran Barbosa revelou aos jornalistas que gravou sua primeira música aos 35 anos, uma marcha de carnaval chamada “Dona Boa”.

Com a canção– feita em parceria com J. Aimberê e cantada por Raul Torres–, o compositor ganhou o primeiro lugar no concurso da prefeitura.

“Dona Boa, Dona Boa, vem pro cordão e não fique assim à toa…”, cantou Adoniran, após insistência dos jornalistas. “É a primeira parte, a outra esqueci”, disse o compositor de “Saudosa Maloca”.

Na entrevista, o cantor ainda elogiou o trabalho de sambistas como Martinho da Vila, Jorginho do Império, Jair Rodrigues e João Nogueira. Adoniran Barbosa também falou de João Bosco: “Ele compõe bem, toca bem”.

Sobre Chico Buarque, Barbosa afirmou: “Nunca apareceu cara igual a ele”.

[+] Leia a íntegra da entrevista no Acervo Folha

 

Colaborou Shirley Queiroz

]]>
0