Acervo Folha https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br No jornal, na internet e na história Fri, 19 Feb 2021 13:40:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 1968 – DA 21ª À 23ª BOMBA: Após explosões no Dops e em fóruns, polícia prende grupo de extrema direita https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/08/20/1968-da-21a-a-23a-bomba-apos-explosoes-no-dops-e-em-foruns-policia-prende-grupo-de-extrema-direita/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/08/20/1968-da-21a-a-23a-bomba-apos-explosoes-no-dops-e-em-foruns-policia-prende-grupo-de-extrema-direita/#respond Mon, 20 Aug 2018 09:00:56 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/08/carro2-320x213.jpg https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10300 A madrugada de 19 de agosto de 1968 foi muito agitada para os policiais em São Paulo. A partir das 3h, houve uma sequência de três explosões em locais relevantes para o poder público.

Um carro-bomba, cheio de dinamites, foi detonado na frente do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) e dois artefatos foram jogadas nos prédios dos fóruns da Lapa e de Santana.

Apesar de o ataque ter sido de grande potência, só houve vítimas com ferimentos leves.

Com essa ação, a região metropolitana de São Paulo passou a registrar, pelo menos, 23 casos de bomba somente em 1968. Essas histórias estão sendo resgatadas pelo Banco de Dados e publicadas no Blog do Acervo Folha.

Após tantos ataques, a polícia prendeu um grupo de extrema direita e o apontou como responsável por, pelo menos, 13 ações com bombas, inclusive as três do dia 19 de agosto.

Clique na imagem e confira o mapa das bombas em São Paulo em 1968

A maior explosão daquela madrugada ocorreu no largo General Osório a cerca de 50 metros do Dops. A bomba estava dentro de um automóvel Aero Willys, de cor verde.

Esse carro e outros dois, que estavam parados ao seu lado, ficaram destruídos. Estilhaços dos veículos foram encontrados até a 150 metros.

O estouro destruiu todos os vidros do prédio do Dops e deixou um policial ferido, o sentinela Paulo Roberto Santos. Com o impacto da explosão, ele foi jogado para trás e teve a perna cortada.

Um hóspede de um hotel da região também se feriu. Jeronimo Moreira Neto foi atingido por um estilhaço de vidro na testa enquanto dormia. Passou pelo Pronto-Socorro da Barra Funda e depois foi ao Dops.

A cerca de cinco quilômetros dali, o Fórum Distrital de Santana também foi alvo de um ataque apenas poucos minutos depois. Uma bomba destruiu a fachada do local.

O soldado da Força Pública Isidoro Luís Inoe estava dormindo nos fundos do prédio e caiu da cama com o estouro. Ele, ainda atordoado e usando apenas um shorts, foi até a frente do prédio e verificou o que tinha acontecido.

As casas vizinhas do fórum também sofreram danos. A deslocação de ar quebrou muitos vidros das residências.

O terceiro e último atentado daquela madrugada ocorreu no Fórum Distrital da Lapa, localizado a dez quilômetros do de Santana e a oito quilômetros do Dops.

A bomba foi jogada na parede lateral do edifício, provocando um rombo no concreto. Uma agência bancária, instalada no prédio vizinho, ficou com sua entrada bastante danificada.

A primeira viatura que chegou ao local teve que prestar socorro a um casal de namorados que estava passando próximo ao local. Eles ficaram levemente feridos.

A moradora Neusa Pinto Magalhães, que residia perto do fórum na Lapa, disse que a explosão deixou a rua sob muita fumaça.

“Eram 3h15, mais ou menos. Eu acordei um pouco antes. Repentinamente, ouvi uma violenta explosão, as paredes tremeram, os vidros se partiram”, afirmou.

Investigação

Ao analisar os destroços, a polícia verificou que o carro que explodiu era o mesmo utilizado por ladrões em um assalto a um banco em Perus, no dia 1º de agosto daquele ano. O automóvel havia sido roubado e teve a placa trocada.

Em 22 de agosto, as forças de segurança informaram ter detido alguns membros do grupo que organizou os atentados ao Dops e aos fóruns da Lapa e Santana, além do assalto ao banco de Perus.

As investigações prosseguiram. E, após depoimentos de 19 presos, o Exército apontou o escritor Aladino Félix (que usava o codinome de Sábato Dinotos) como o chefe da quadrilha. O grupo de extrema direita contava com a participação de militares e de civis.

O motivo era político. Segundo a polícia, eles formam um movimento que pretendia levar Félix a ser governador de São Paulo e fazer com que o soldado Gesse Candido de Morais se tornasse comandante da Força Pública.

Apenas parte dos adeptos desse movimento, porém, teria participado das ações violentas. As autoridades acreditavam que eles organizaram outras dez ações com explosivos em pontos estratégicos:

  1.  Quartel-general da Força Pública
  2.  Departamento de Alistamento da Força Pública
  3.  Bolsa de Valores
  4.  Pontilhão da ferrovia Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, no Piqueri
  5.  Passagem subterrânea da ferrovia Estrada de Ferro Sorocabana, na Lapa
  6.  Passagem de nível da Estrada de Ferro Central do Brasil, na Penha
  7.  Trem da da Estrada de Ferro Central do Brasil
  8.  Oleoduto em em Utinga, na cidade Santo André
  9.  Estátua de Duque de Caxias, na praça Princesa Isabel
  10.  Palácio do Governo

Félix havia ganhado notoriedade com seus estudos sobre disco voador anteriormente. Chegou a dizer a um jornalista que tinha feito uma viagem de ida e volta ao planeta Vênus. Também foi divulgado na época que ele havia criado uma nova língua, misturando o hebraico, o grego e o latim, na qual ele teria aprendido de Deus.

De acordo com a polícia, o plano do preso era primeiro atingir o poder do estado de São Paulo e, depois, dominar o país.

Em depoimento ao juiz, Félix negou que tenha participado diretamente de um atentado a bomba. No entanto disse que os atos eram determinados pela Casa Militar da Presidência da República e que ele era apenas o intermediário do grupo.

Segundo ele, o objetivo era apenas criar tensão para possibilitar uma ditadura mais aberta e, por isso, não poderia chamar as ações de “terroristas”.

Félix disse que, quando foi preso, sofreu tortura, com choques elétricos, e que assinou o seu depoimento quando estava semiconsciente.

O general Silvio Correia de Andrade, titular do Departamento de Polícia Federal em São Paulo, desmentiu as falas de Félix. “Está completamente fora da realidade”, disse, sobre o escritor preso.

À parte a prisão de Félix, as forças de segurança se mantinham em alerta e ainda à caça dos autores de outros atendados a bomba.

Veja também:

1968 – A PRIMEIRA BOMBA: Explosão no Consulado dos EUA deixa feridas abertas até hoje

1968 – A SEGUNDA BOMBA: Depois de alarme na Polícia Federal, explosão atinge coração da Força Pública

1968 – A TERCEIRA BOMBA: Explosão endereçada ao 2º Exército fere 2 pessoas

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1968 – 20ª BOMBA: Ataque no Sumaré faz polícia suspeitar de ação contra EUA https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/07/30/1968-20a-bomba-ataque-no-sumare-faz-policia-suspeitar-de-acao-contra-eua/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/07/30/1968-20a-bomba-ataque-no-sumare-faz-policia-suspeitar-de-acao-contra-eua/#respond Mon, 30 Jul 2018 09:21:26 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/DOPS4-320x213.jpg https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10228 No primeiro semestre de 1968, o Consulado dos Estados Unidos e a residência de um executivo norte-americano da Kibon já haviam sido alvos de atentados a bombas em São Paulo.

O caso seguinte a estes contra um estrangeiro ocorreu no dia 28 de julho daquele ano, um domingo.

Às 3h30, um coquetel molotov foi jogado na residência da chinesa Elizabeth Chang Margareth, que havia vindo de Hong Kong para São Paulo fazia cinco anos.

O explosivo caiu no jardim, falhou ao explodir e só queimou uma pequena parte da grama.

Ela morava na rua Grajaú, número 212, no Sumaré, na zona oeste de São Paulo. Seu vizinho era o vice-cônsul norte-americano Richard Baker.

Com esse dia, ao menos, 20 bombas haviam sido registradas na região metropolitana de São Paulo pela polícia em 1968, conforme mostra a série do Banco de Dados que está sendo publicada no Blog do Acervo Folha.

Clique na imagem e confira o mapa das bombas em São Paulo em 1968

O Brasil vivia um período de ditadura. Os militares, no poder desde 1964, estavam sendo desafiados por grupos armados.

E as autoridades batiam cabeça para tentar desvendar a autoria dos ataques a bombas e se havia alguma relação entre eles.

Sobre o atentado do dia 28 de julho, a polícia sabia que, além do explosivo jogado, também houve disparos de tiros. E isso não era comum nos casos de bombas registrados em 1968.

A janela de frente da casa foi atingida e ficou com vidros quebrados. O Dops (Departamento de Ordem Política e Social) esteve no local e apurou, ao analisar uma bala incrustada na parede, que a arma usada era de calibre 38.

Morador da casa ao lado, o vice-cônsul americano acordou e foi para a janela ver o que estava acontecendo.

Ele relatou que chegou a ver um carro Aero Willys, com várias pessoas discutindo em seu interior. O veículo logo partiu em alta velocidade.

Uma das suspeitas da polícia era que os autores do atentado desejariam fazer um ataque contra o diplomata dos Estados Unidos. Porém eles teriam se enganado na hora da ação e lançado o coquetel molotov na casa errada.

Outra hipótese, esta com cunho político contra Hong Kong, levantada pela polícia considerava que o grupo responsável pelo ataque tinha alguma ligação com a comunista China continental.

O território, de onde veio Elizabeth, estava sob o controle do Reino Unido e era um polo do capitalismo na região da Ásia.

Suspeitas sem relação política também foram feitas.

Sem ter muitas pistas, esse caso se juntou a outros atentados (alguns bem mais graves) que as autoridades brasileiras buscavam,  ainda meio desnorteadas, esclarecer.

Veja também:

1968 – A PRIMEIRA BOMBA: Explosão no Consulado dos EUA deixa feridas abertas até hoje

1968 – A SEGUNDA BOMBA: Depois de alarme na Polícia Federal, explosão atinge coração da Força Pública

1968 – A TERCEIRA BOMBA: Explosão endereçada ao 2º Exército fere 2 pessoas

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1968 – 18ª E 19ª BOMBAS: Em SP, série de explosões em ferrovias atinge trens https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/07/12/1968-18a-e-19a-bombas-serie-de-explosoes-em-ferrovias-chega-aos-trens/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/07/12/1968-18a-e-19a-bombas-serie-de-explosoes-em-ferrovias-chega-aos-trens/#respond Thu, 12 Jul 2018 10:00:20 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/07/trem_-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10044 Duas bombas em trens em São Paulo, na noite da sexta-feira 12 de julho de 1968, voltaram a desafiar a ditadura miliar, instalada no país havia quatro anos.

As ações não provocaram vítimas, mas danificaram dois vagões de composições diferentes.

Um trem estava parado na estação Roosevelt (atualmente chamada de Brás) quando o explosivo foi detonado. O outro passava por um pontilhão da Alameda Nothmann, no bairro de Campos Elíseos.

Cinco dias antes desses atentados, cinco ataques foram feitos em áreas de ferrovias. Provocaram estragos em linhas férreas e outras instalações, mas ninguém ficou ferido.

No dia 8 de julho, o ministro da Justiça, Luís Antônio Gama e Silva, participou de uma reunião com o chefe do Departamento da Polícia Federal em São Paulo, o general Sílvio Correia de Andrade, e com diretores e chefes de segurança de ferrovias para discutir os ataques.

Os serviços de segurança estaduais e federais entraram em prontidão. Mesmo assim, o esquema estabelecido não evitou que dinamites fossem colocadas dentro de trens.

Em um período de quatro meses, 19 casos de bombas, pelo menos, foram registrados na região metropolitana de São Paulo naquele ano. O levantamento foi feito pelo Banco de Dados e está sendo publicado no Blog do Acervo Folha.

Essa era uma época em que grupos armados estavam mobilizados e protagonizavam ações para tentar desestabilizar o regime militar.

Clique na imagem e confira o mapa das bombas em São Paulo em 1968

As duas bombas de 12 de julho explodiram em um intervalo de cerca de uma hora. A primeira estourou por volta das 22h20 em um trem da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí.

Ele estava a passar pelo pontilhão da Alameda Nothmann, no Campos Elíseos, em direção à estação da Luz, na região central de São Paulo.

Segundo o Departamento da Polícia Federal, o explosivo havia sido deixado dentro do banheiro com a porta fechada, e nenhum dos seis passageiros do vagão ficaram feridos.  As pessoas ficaram apavoradas e desceram do comboio que parou e abriu suas portas.

Ao investigar o caso, os agentes federais disseram acreditar que a bomba teria sido preparada para estourar quando o trem já estivesse na estação Luz, a menos de um quilômetro dali.

Funcionários da ferrovia informaram que a movimentação de passageiros de sexta-feira na estação costumava ser maior, e uma explosão àquela hora poderia gerar pânico no local.

A outra bomba da noite foi detonada por volta das 23h15 em um trem da Estrada de Ferro Central do Brasil, na estação Roosevelt (hoje Brás).

O comboio veio de Mogi das Cruzes, transportando muitos estudantes e professores. A explosão ocorreu cinco minutos depois da chegada, quando os passageiros  já haviam descido.

A bomba, que tinha sido colocada embaixo de um dos bancos, provocou um rombo no assoalho e assustou as pessoas que embarcariam em uma composição próxima.

Os seguranças da estação chegaram a deter dois homens. Porém constaram que eles estavam bêbados.

Passageiros já tinham saído do trem após chegada ao Brás – Reprodução

De acordo com o chefe do Departamento da Polícia Federal em São Paulo, o general Sílvio Correia de Andrade, o laudo pericial apontou que as duas bombas eram feitas de dinamites, sem canos ou roscas como as usadas em outros atentados.

Isso o forçava a crer que os explosivos foram roubados de pedreiras. Segundo o general, os responsáveis pela ação tentavam chamar a atenção com as ações em trens.

“Os terroristas querem fazer guerra psicológica e propaganda de uma força que realmente não possuem”, disse. “Eles querem demonstrar força para conseguir adeptos”, declarou.

O delegado João Candido Delfino, do Serviço de Ordem Política e Social, manifestou a sua intenção de pagar 2 milhões de cruzeiros velhos (o que equivaleria hoje a cerca de R$ 16 mil) a quem lhe oferecesse uma boa pista sobre os atentados.

“O dinheiro influenciará não só os alcaguetes como algum parente de terrorista que esteja necessitado”, afirmou Delfino.

A atitude, porém, não era aprovada por todos nas forças de segurança. O general Sílvio Correia, por exemplo, tinha afirmado que não ofereceria dinheiro nenhum a ninguém no caso.

O fato é que mais uma vez a polícia encontrava muitas dificuldades para tentar solucionar casos de bomba que geravam grande repercussão.

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1968 – DA 13ª À 17ª BOMBA: Ferrovias de SP registram 5 explosões em menos de 2 horas https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/07/09/1968-da-13a-a-17a-bomba-ferrovias-de-sp-registram-5-explosoes-menos-de-2-h/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/07/09/1968-da-13a-a-17a-bomba-ferrovias-de-sp-registram-5-explosoes-menos-de-2-h/#respond Mon, 09 Jul 2018 09:00:57 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/IMG_5680_-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10002 O número de bombas registradas ao longo 1968, na região metropolitana de São Paulo, deu um grande salto na madrugada de 7 de julho.

Até aquele dia, pelo menos, 12 casos haviam sido contabilizados em 1968. Em menos de duas horas, o número passou para 17.

Cinco explosivos foram detonados em áreas de ferrovias. Não houve vítimas nem grandes prejuízos, apenas sustos e aumento da sensação de insegurança.

Foram atingidos um pontilhão sobre o rio Tietê (perto do Piqueri), dois pontos de uma passagem subterrânea para passageiros na estação da Lapa, uma passagem de nível perto da estação de Engenheiro Goulart e um jardim de oleoduto em Utinga, em Santo André.

O Brasil vivia a ditadura desde 1964, e militares mostravam sinais de que o regime se tornaria ainda mais duro. Usavam o combate à luta armada de opositores como uma das justificativas.

Banco de Dados tem resgatado as histórias de bombas jogadas em 1968 em São Paulo no Blog do Acervo Folha.

Clique na imagem e confira o mapa das bombas em São Paulo em 1968

A primeira bomba na madrugada de 7 de julho foi deixada em uma passagem de nível (um viaduto para trem passar sobre a rua) na avenida Gabriel Mistral, na Penha, bairro da zona leste de São Paulo, perto da estação de Engenheiro Goulart, da Estrada de Ferro Central do Brasil. A explosão ocorreu por volta da 1h30.

De acordo com uma testemunha, duas pessoas, que estavam em um Volks vermelho, foram responsáveis pela ação. No momento em que a dupla colocava a bomba no local, outro veículo, um Gordini bordô, fazia a cobertura.

A versão ganhou força com o depoimento de outra testemunha, que informou ter visto integrantes do carro Gordini alertarem um taxista e um motorista de ônibus Penha-Lapa para não passarem pelo local onde a bomba estava.

Os trilhos ficaram retorcidos, peças foram arremessadas para longe, e a rede elétrica, ao lado da ferrovia, foi danificada.

O deslocamento de ar causou quebra de vidros em várias casas na rua Assis Ribeiro, a cerca de 100 metros do local da explosão.

Por temer atentados nesta área, a polícia interrompeu o trânsito em ruas nessa área.

 

Pontilhão sobre o rio Tietê

Enquanto o Departamento da Polícia Federal recebia as primeiras informações sobre a ação a Penha, o Dops (Departamento de Ordem Política e Social) era avisado sobre a segunda explosão do dia.

Uma bomba foi detonada aproximadamente à 1h45, apenas 15 minutos depois da primeira, em uma ferrovia da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí. O alvo foi trecho de uma linha que passa em um pontilhão sobre o rio Tietê, perto do Piqueri, na zona noroeste da capital.

A explosão fez com que vários metros de trilhos fossem destruídos e provocou o descarrilhamento dos três últimos vagões de um trem de carga, que estava vazio indo para Jundiaí.

Uma linha de energia de alta-tensão foi desligada, e a movimentação de trens, interrompida. Assim, evitou-se um desastre.

Estação da Lapa

A terceira e a quarta explosões da madrugada ocorreram quase simultaneamente, em torno das 2h, em uma passagem subterrânea para passageiros, na Estação da Lapa, da Estrada de Ferro Sorocabana.

Uma das bombas foi deixada perto do compartimento que abrigava uma central elétrica. A porta de ferro da dependência resistiu ao impacto. Ela cedeu um pouco, mas não o suficiente para que os equipamentos fossem atingidos.

De acordo com peritos, essa bomba falhou parcialmente ao estourar, pois foram encontrados pedaços de canos inteiros.

O outro petardo estourou a 20 metros dali, arrancando cerca de três metros quadrados de ladrilhos da passagem e destruindo a tubulação de água.

 

Oleoduto

A quinta bomba daquela madrugada explodiu, por volta das 3h15, no terminal de oleoduto da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, em Utinga, na cidade Santo André.

A explosão abriu um buraco de dois metros em um jardim próximo à rua Felipe Camarão. O local ficava a 50 metros de um tanque de querosene.

Se o mesmo explosivo tivesse sido jogado do lado oposto, os equipamentos de bombeamentos dos combustíveis poderiam ter sido atingidos. Seria uma situação muito grave, pois o fogo, provavelmente, se espalharia pela tubulação ligada a 16 tanques.

Ninguém foi preso naquela madrugada.

Um dia depois, o ministro da Justiça, Luís Antônio Gama e Silva, esteve em São Paulo e participou de uma reunião com diretores e chefes de segurança de ferrovias.

Para jornalistas, o ministro declarou que não eram ações de estudantes e indicou que os atendados poderiam levar o governo a tomar uma atitude mais severa. “Estão tentando criar condições para o estado de sítio”, disse.

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1968 – A 12ª BOMBA: Coquetel molotov é jogado em muro do Colégio Mackenzie https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/06/28/1968-a-12a-bomba-coquetel-molotov-e-jogado-em-muro-do-colegio-mackenzie/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/06/28/1968-a-12a-bomba-coquetel-molotov-e-jogado-em-muro-do-colegio-mackenzie/#respond Thu, 28 Jun 2018 10:00:45 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/mackenzie_-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=9868 Por volta das 4h de 28 de julho de 1968, dois dias após um carro carregado de dinamite ser lançado no quartel-general do 2º Exército e a explosão ter matado o soldado Mário Kozel Filho, a polícia contabilizou mais um ataque com bomba.

Desta vez, o episódio não foi grave e ninguém ficou ferido. Um coquetel molotov foi jogado em um muro do Colégio Mackenzie, em Higienópolis, em São Paulo.

Em menos de quatro meses, pelo menos 12 casos de bombas já tinham sido registrados na cidade. E essas histórias estão sendo resgatadas pelo Banco de Dados e publicadas no Blog do Acervo Folha.

Nesta época, os atentados intrigavam a ditadura militar, que estava em seu quarto ano no Brasil. E grupos de guerrilhas agiam pela cidade desafiando as forças de segurança.

Clique na imagem e confira o mapa das bombas em São Paulo em 1968

Conforme a Folha da Tarde publicou, o ataque feito ao Mackenzie teve dois médicos como testemunhas. Eles viram um carro Volkswagen vermelho passar em alta velocidade pela rua Itambé, fazer uma rápida parada, jogar a bomba e fugir.

A dupla chegou a seguir o veículo, mas o perdeu de vista. Depois, eles foram ao quartel-general relatar o ocorrido.

O Dops (Departamento de Ordem Política e Social) foi acionado, e policiais foram ao colégio, recolheram material para a análise e começaram a investigação.

Os agentes voltaram à delegacia às 6h com um homem detido. Porém, após uma interrogação, ele comprovou inocência e foi solto. Assim, a autoria e o motivo do ataque não foram esclarecidos.

Furto de dinamites

No mesmo dia, mais notícias aumentaram a preocupação das autoridades. Um grupo invadiu, também de madrugada, o depósito de explosivos de uma pedreira, perto do 15º quilometro da rodovia Raposo Tavares, e levou 500 quilos de dinamites.

A quantidade de explosivo que foi subtraída da pedreira era dez vezes maior do que a colocada no carro-bomba que matou Kozel Filho, 18.

O furto só foi descoberto às 6h30 pelo funcionário Jurael Lara dos Santos, quando este chegava ao trabalho.

“Conversei um pouco com os meus colegas lá do escritório e depois fui ao depósito buscar as dinamites. Uns 20 metros antes de chegar ao depósito vi que a porta estava meio aberta e a fechadura arrebentada. Corri, puxei a porta, a dinamite tinha sumido”, disse Santos para a Folha.

Os cálculos feitos eram que, somando essa ação a outros assaltos já efetuados em pedreiras, cerca de 1.100 quilos de dinamites estavam em mãos de elementos desconhecidos. E a polícia ainda teria muito trabalho naquele ano.

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1968 – A SEXTA BOMBA: Coquetel molotov é jogado em ônibus após aumento de passagem https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/05/07/1968-a-sexta-bomba-coquetel-molotov-e-jogado-em-onibus-apos-aumento-de-passagem/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/05/07/1968-a-sexta-bomba-coquetel-molotov-e-jogado-em-onibus-apos-aumento-de-passagem/#respond Mon, 07 May 2018 10:00:48 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/banco-de-ônibus-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=9307 Durante a madrugada de 6 de maio de 1968, São Paulo voltou a registrar uma explosão, a sexta em menos de dois meses.

Depois de serem atingidos os prédios do Consulado dos Estados Unidos, da Força Pública, do 2º Exército, do jornal O Estado de S.Paulo e da casa de um ex-procurador do estado de SP, o alvo, desta vez, foi um ônibus.

A polícia não prendeu ninguém nesta ação, mas encontrou no local da explosão vários panfletos de protesto contra o aumento na tarifa do transporte público.

O preço das passagens dos ônibus foi majorado em 25% por decisão do prefeito Faria Lima e entrou em vigor no dia 5 de maio de 1968. Passou de NCr$ 0,20 (equivalente a R$ 1,68) para NCr$ 0,25 (R$ 2,10).

Clique na imagem e confira o mapa das explosões em São Paulo em 1968

O ataque ao ônibus não feriu ninguém nem causou grandes prejuízos, mas a situação poderia ter sido bem mais grave.

Um coquetel molotov foi atirado contra um ônibus que estava estacionado ao lado de mais de cem veículos no pátio da empresa Viação Urbana Penha, na avenida Gabriel Mistral, na Penha da França, na zona leste de São Paulo.

O produto não explodiu totalmente e provocou só um pequeno incêndio, logo apagado pelos funcionários da companhia.

O Dops (Departamento de Ordem Política e Social) e a Polícia Técnica foram até lá e encontraram uma garrafa quebrada, ainda com resto da substância química, além de panfletos contra o novo no preço das passagens.

De acordo com um vigia da empresa, dois carros saíram em disparada logo depois da explosão, um Fusca e um Gordini.

O ano de 1968 foi o quarto da ditadura militar no Brasil, e a polícia e o Exército buscavam conter as ações das guerrilhas urbanas que lutavam contra o regime.  Com a série de explosões em São Paulo (que estão sendo recontadas agora pelo Banco de Dados no Blog do Acervo Folha), o temor de mais atentados era grande.

No mesmo dia ao ataque do ônibus, a notícia de uma bomba no Parque do Estado causou grande apreensão. O objeto encontrado, porém, foi uma granada enferrujada, que, de acordo com a polícia, devia ter sido enterrada naquela área havia muitos anos.

Outro susto foi tomado no dia anterior. Policiais foram avisados de um explosivo sob o pontilhão do Pavilhão Internacional do Ibirapuera.

Agentes especializados em bombas foram chamados e viram que o objeto suspeito era apenas de uma lata furada, com um pedaço de pau fino. Segundo policiais, a lata parecia mais uma brincadeira do que um artefato.

Granada encontrada no Parque do Estado estava enferrujada – Folhapress

 

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1968 – A QUARTA BOMBA: Impacto de explosão na sede de O Estado de S. Paulo atinge raio de 200 m

1968 – A QUINTA BOMBA: Bomba explode em casa de ex-procurador do Estado

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1968 – A QUINTA BOMBA: Bomba explode em casa de ex-procurador do Estado https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/04/21/1968-quinta-bomba-bomba-explode-em-casa-de-ex-procurador-do-estado/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/04/21/1968-quinta-bomba-bomba-explode-em-casa-de-ex-procurador-do-estado/#respond Sat, 21 Apr 2018 12:00:21 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/IMG_9283_tratada-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=9213 Luiz Carlos Ferreira
Cristiano Cipriano Pombo
Jair dos Santos Cortecertu
Rodolfo Stipp Martino

Após a bomba na sede do jornal “O Estado de S. Paulo”, no centro da capital, na madrugada do sábado de 20 de abril, não demorou um dia para que outra explosão viesse à tona em São Paulo.

Desta vez o artefato foi colocado no jardim de inverno da residência do desembargador aposentado e ex-procurador do estado Virgilio Malta Cardoso, que ficava num edifício da avenida Rebouças (zona oeste de São Paulo).

Esta foi a quinta de uma série de explosões que foram registradas na cidade de São Paulo ao longo de 1968 –a primeira delas explodiu em 19 de março no Consulado dos EUA– e que o Banco de Dados resgata no Blog do Acervo Folha.

Clique na imagem e confira o mapa das explosões em São Paulo em 1968

Eram 20h quando ouviu-se um estampido no edifício de número 3.143 da Rebouças. Uma das empregadas do ex-procurador, Isilda Batista de Sousa, estava sozinha na casa no momento da explosão. Virgilio e sua família passavam o fim de semana em Santos (litoral de São Paulo). Em contato com a polícia, o aposentado disse que não tinha suspeitas de quem teria causado a explosão e completou: “Se quiserem fazer promoção, procuraram a pessoa errada”.

Todos os vidros de uma porta de ferro que dava acesso ao jardim, nos fundos do imóvel, foram quebrados com o impacto do petardo. 

Policial mostra estragos causados pela bomba que explodiu na casa do desembargador aposentado Virgilio Malta Cardoso (Reprodução/Folhapress)

Logo a polícia técnica chegou ao local para a coleta de fragmentos para a perícia e antecipou que se tratava de uma bomba caseira. Estiveram também na residência um delegado de plantão do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) e agentes da Força Pública do Estado.

Um dos investigadores do caso comentou que “avacalharam com terrorismo”, em referência ao curto espaço de tempo entre uma explosão e outra na capital, que, naquele ano, o quarto da ditadura, viu cerca de 800 agentes serem mobilizados pelos governos federal e estadual, pelo Exército, pela Polícia Federal, pelo Dops (Departamento de Ordem Política e Social), pela Força Pública e pelas delegacias da cidade na caça aos responsáveis pelas explosões.

O chefe da Polícia Federal, o general Silvio Correia de Andrade, o mesmo que esteve à frente das investigações do “atentado” contra o jornal O Estado de S. Paulo, ocorrido um dia antes, cogitou a hipótese de a bomba ter sido fabricada a partir das 250 bananas de dinamite roubadas em Cajamar (região metropolitana de São Paulo), um ano antes. Já a equipe do Sops (Seção de Ordem Política e Social) informou que poderia até mesmo ser uma “brincadeira de crianças”, pela baixa potência do explosivo.

O medo de novas explosões na capital levou a polícia a adotar procedimentos de segurança até em suas próprias dependências. No Dops, órgão que vinha recebendo telefonemas com ameaças de atentados, ninguém podia entrar sem passar por revista. A mesma regra se estendeu ao Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais).

Além dos lugares já atingidos por bombas naquele ano, entre os quais o Consulado dos EUA e o quartel-general do 2º Exército de São Paulo, outras instalações públicas, como o Palácio dos Bandeirantes e a Assembleia Legislativa, também passaram a ter a segurança reforçada por imposição da Secretaria da Segurança Pública do Estado.

Colaboraram Carlos Bozzo JúniorFelipe Lima e Shirley Queiroz

 

Veja também:

1968 – A PRIMEIRA BOMBA: Explosão no Consulado dos EUA deixa feridas abertas até hoje

1968 – A SEGUNDA BOMBA: Depois de alarme na Polícia Federal, explosão atinge coração da Força Pública

1968 – A TERCEIRA BOMBA: Explosão endereçada ao 2º Exército fere 2 pessoas

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1968 – A TERCEIRA BOMBA: Explosão endereçada ao 2º Exército fere 2 pessoas https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/04/16/1968-a-terceira-bomba-bomba-enderecada-ao-2o-exercito-fere-2-pessoas/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/04/16/1968-a-terceira-bomba-bomba-enderecada-ao-2o-exercito-fere-2-pessoas/#respond Mon, 16 Apr 2018 11:00:17 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/predio-Helio_-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=9104 Rodolfo Stipp Martino
Cristiano Cipriano Pombo
Jair dos Santos Cortecertu
Luiz Carlos Ferreira

A série de explosões ocorridas em São Paulo ao longo de 1968 ganhou mais um capítulo por volta das 17h45 do dia 15 de abril .

Depois de jogarem bombas no Consulado dos Estados Unidos e no prédio da Força Pública em São Paulo, o alvo, desta vez, foi o quartel-general do 2º Exército em São Paulo.

No entanto a tentativa deu errado, o explosivo caiu no pátio interno de um edifício ao lado do quartel e feriu dois trabalhadores.

Essa é mais uma história desse agitado período –foram registradas, ao menos, 24 bombas e explosões em 1968 em São Paulo– que o Banco de Dados resgata no Blog do Acervo Folha. Naquele ano, o quarto da ditadura militar no  país e marcado pela ação de guerrilhas urbanas, os governos federal e estadual, o Exército, a Polícia Federal, o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), a Força Pública e delegacias da capital paulista mobilizaram mais de 800 agentes na caçada aos autores das explosões.

 

Clique na imagem e confira o mapa das explosões em São Paulo em 1968

O quartel-general do 2º Exército estava localizado na rua Conselheiro Crispiniano, 378, bem no centro da cidade. E, ao seu lado, havia um alto prédio, o edifício Hélio.

De acordo com detetives do Dops (Departamento de Ordem Política e Social), a bomba teria sido arremessada do quinto andar desse prédio, pela janela do banheiro que dava visão para o quartel. O banheiro era de uso coletivo, e o andar estava vazio para ser alugado.

Esse local seria o melhor ponto para lançar a bomba com o objetivo de acertar o gabinete de comando do 2º Exército.

Mas, por precipitação na hora de jogar ou um erro de pontaria, o lançamento foi feito sem muita força. O explosivo caiu no terraço interno do mesmo edifício, em cima de um vaso de folhagens.

Funcionários do escritório das Lojas Marisa, instalado dentro do prédio, perceberam que havia caído um objeto e que estava saindo uma fumaça dele.

Explosão

O corretor Darci de Almeida, 48, decidiu, então, jogar água para evitar maiores danos. “A molecada jogou uma bomba no terraço. Não é bom apagar com um pouco de água?”, disse ele para o gerente do estabelecimento, Bassil Babadobulos.

A telefonista Iara Aparecida Mendes, 23, também entrou na conversa e perguntou: “Já é tempo de São João?”. Na tradicional festa junina, são comuns bombinhas serem soltas para celebrar a data.

Ela pegou um balde, colocou água, e Darci levou para jogar na fumaça. Porém, ao se aproximar do local, a bomba explodiu.

Com o balde,  Darci  protegeu o rosto, mas sofreu um ferimento no olho direito e teve o tímpano rompido.

Já Iara machucou as pernas e sofreu um corte no rosto devido aos  estilhaços que voaram na explosão. Quando viu as pernas ensanguentadas, ela desmaiou. Foi levada ao pronto-socorro, que funcionava no Pátio do Colégio, e foi liberada na mesma noite.

“O Brasil já está um vietconguinho, com essas bombas todas. E é um país tão maravilhoso”, afirmou Iara, referindo-se à Guerra do Vietnã.

Fabricação caseira

A explosão foi ouvida em um raio de mais de um quilômetro, em um momento de grande movimentação de pedestres e veículos pela rua Conselheiro Crispiniano.

Segundo os técnicos, a bomba era de fabricação caseira, com pólvora preta colocada dentro de um cano de duas polegadas de diâmetro por dez centímetro de comprimento.

Como tinha um pavio longo, a bomba demorou cerca de três minutos até a explosão. O prédio foi fechado, mas policiais acreditavam que esse tempo teria sido suficiente para quem jogou a bomba ter saído do edifício.

O mistério sobre a autoria do atentado continuou apesar de dois suspeitos terem sido presos.

Darci e Iara sofreram ferimentos com a explosão (15.abr.1968/Folhapress)

Sequência

De acordo com o secretário de Segurança, Hely Lopes Meirelles, essa explosão no quartel-general do 2º Exército era “um dos atos de uma cadeia de terrorismo previamente planejada”.

“Outras bombas virão, mas a polícia está atenta para tentar evitar que novas explosões se verifiquem”, declarou.

A primeira bomba em São Paulo em 1968 havia estourado no dia 19 de março no Consulado dos Estados Unidos, que era localizado no Conjunto Nacional na avenida Paulista. Nessa explosão, o estudante Orlando Lovecchio Filho, que passava pelo local, sofreu grave ferimento e perdeu o terço inferior de sua perna esquerda.

No dia 9 de abril, uma bomba chegou a ser jogada nas dependências da Polícia Federal, mas falhou. A segunda explosão foi registrada no dia 10 de abril no quartel-general da Força Pública em São Paulo –essa não deixou feridos.

Quartel-general do 2º Exército, no centro de São Paulo (Acervo UH – 15.abr.1968/Folhapress)

Colaboraram Carlos Bozzo Júnior, Felipe Lima e Shirley Queiroz

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1968 – A SEGUNDA BOMBA: Depois de alarme na Polícia Federal, explosão atinge coração da Força Pública https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/04/10/1968-a-segunda-bomba-depois-de-alarme-na-policia-federal-explosao-atinge-coracao-da-forca-publica/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/04/10/1968-a-segunda-bomba-depois-de-alarme-na-policia-federal-explosao-atinge-coracao-da-forca-publica/#respond Tue, 10 Apr 2018 10:30:09 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/Viatura-na-frente-da-Força-Pública-em-1968-VA-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=9034

Cristiano Cipriano Pombo
Jair dos Santos Cortecertu
Luiz Carlos Ferreira
Rodolfo Stipp Martino

O relógio marcava 22h05 da quarta-feira, dia 10 de abril de 1968.

Um estrondo foi ouvido na praça Coronel Fernando Prestes, 115, no bairro do Bom Retiro (região central da capital paulista). Era uma bomba, a segunda de uma série de explosões que foram registradas há 50 anos na cidade de São Paulo –a primeira explodiu em 19 de março de 1968, no Consulado dos EUA– e que o Banco de Dados resgata no Blog do Acervo Folha.

O alvo foi o quartel-general da Força Pública em São Paulo –hoje o local abriga o Quartel e o Comando do Policiamento Metropolitano da Polícia Militar.

Foram registradas pelo menos 24 bombas e explosões naquele ano, o que mobilizou os governos federal e estadual, o Exército, a Polícia Federal, o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), a própria Força Pública e delegacias da cidade, num total de 800 agentes voltados a caçar os autores dos ataques, das ameças feitas a repartições públicas e também dois roubos de dinamites e explosivos.

Clique na imagem e confira o mapa das explosões em São Paulo em 1968

A segunda bomba de 1968 em São Paulo foi colocada no teto do elevador do prédio da Força Pública. Ao contrário da bomba de 19 de março, que fez a primeira vítima daquele ano –o estudante Orlando Lovecchio Filho–, a explosão não feriu ninguém, mas provocou forte deslocamento de ar que estilhaçou vidraças e também quebrou o vidro da entrada principal do QG.

E esses danos foram suficientes para deixar a força policial e os governantes alarmados. Afinal: como uma bomba foi parar dentro do prédio da Força Pública?

Assim que a explosão foi ouvida, quatro carros do Corpo de Bombeiros e da Polícia Técnica foram enviados para o local. Viaturas da Rádio Patrulha cercaram o prédio, para manter o isolamento da área.

O diretor do DOPS, delegado Petrarca Ielo, e o chefe da Casa Militar do governo do estado, coronel Edmundo de Moura Salles, foram até a Força Pública avaliar os estragos.

Apesar de a polícia informar que a bomba colocada era do tipo “Molotov”, imprensa e especialistas descartaram essa versão, já que bombas deste tipo só explodem com impacto, e a que foi detonada no QG da Força Pública teve um estopim.

Para dar uma ideia da potência da explosão, a porta do elevador sobre o qual foi colocada a bomba foi atirada a uma distância de 10 metros.

Três estudantes que estavam em frente ao QG madrugada do dia 11 foram detidos por policiais à paisana, mas depois acabaram soltos devido à intermediação de um professor universitário.

Assim, a polícia, mais uma vez, via-se sem pistas diante de uma explosão. Tanto que a imprensa começou a tratar as bombas como “Terror Fantasma”.

Policiais andam na frente quartel-general da polícia (Arquivo/Última Hora)

PROPAGANDA

O termo ganhou força já que, dias antes, fora descoberta outra bomba, no Departamento da Polícia Federal. Na ocasião, o general Silvio Correia de Andrade, chefe da PF, ironizou o artefato: “Essa bomba aí é de fabricação caseira, muito malfeita conforme vocês [repórteres presentes no local] podem observar. O efeito de sua explosão seria exclusivamente propagandístico”.

De acordo com o coronel, a bomba na PF não passava de uma caixinha cheia de pólvora, coberta com um pano embebido em gasolina, e embrulhada num jornal. E tinha o pavio tão malfeito que o vento o apagou.

Naquele dia, porém, Correia de Andrade afirmou que o artefato era “altamente subversivo” e disse que não sabia se existia um plano terrorista em marcha.

Título da reportagem da Folha da Tarde na qual relata a explosão da bomba colocada no teto do elevador

TESES

O secretário de Segurança, Hely Lopes Meirelles, que havia tomado posse no cargo um dia antes da explosão do quartel-general da Força Pública em São Paulo, não tinha dúvida de que o artefato deixado na Polícia Federal e a bomba detonada na Força Pública estavam ligadas a um plano para desestabilizar a segurança.

“Essa bomba faz parte de um plano terrorista, que se iniciou com o atentado à Polícia Federal”, afirmou.

Apesar da certeza do secretário de Segurança, a possibilidade de ser um plano terrorista era vista com desconfiança.

Segundo deputados da oposição, não havia motivos para essas bombas serem jogadas, porque o governador Abreu Sodré tinha permitido a realização de passeatas em São Paulo e nem havia reprimido as mais violentas.  Outro ponto que a oposição destacou é que o governador já tinha permitido as manifestações do Dia do Trabalho (1º de maio) e havia até prometido comparecer ao local para ouvir as críticas à política salarial que era adotada.

Dessa forma, não se acreditava que a bomba pudesse ser um ataque ao governo. E tampouco conseguiam estabelecer paralelo com a explosão no Consulado dos EUA.

Com a incógnita, a imprensa apelidou as bombas de “fantasmas”, já que assombravam as forças militares e os policiais sem que deixassem rastros de seus autores.

O mistério sobre aquele ataque continuou, e a Força Pública ainda viria a ter muito mais trabalho com outras bombas mais graves que explodiriam ao longo de 1968.

Colaboraram Carlos Bozzo Júnior, Felipe Lima Shirley Queiroz 

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Há 50 anos: China testa bomba H e diz aplicar duro golpe à chantagem nuclear https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/06/18/ha-50-anos-china-testa-bomba-h-e-diz-aplicar-duro-golpe-a-chantagem-nuclear/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/06/18/ha-50-anos-china-testa-bomba-h-e-diz-aplicar-duro-golpe-a-chantagem-nuclear/#respond Sun, 18 Jun 2017 23:16:33 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/06/Há-50_-18.06.67-180x43.png http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=4227 A China explodiu no sábado (17), no deserto de Sinkiang, sua primeira bomba de hidrogênio.

O anúncio foi feito pela agência Nova China e, pouco depois, foi confirmado pela Comissão de Energia Atômica dos EUA, que informou que se trata de “bomba de hidrogênio de vários megatons”.

Com isso, a China se torna a quarta maior potência mundial, superando a França, que não testou uma bomba H.

O Partido Comunista chinês diz que a bomba põe fim ao “monopólio dos imperialistas norte-americanos e dos revisionistas soviéticos, constituindo duro golpe à política de chantagem nuclear”.

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