Acervo Folha https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br No jornal, na internet e na história Fri, 19 Feb 2021 13:40:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 1938: Com ‘Guerra dos Mundos’, Orson Welles leva pânico a ouvintes da CBS https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/10/30/1938-com-guerra-dos-mundos-orson-welles-causa-panico-a-ouvintes-da-cbs/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/10/30/1938-com-guerra-dos-mundos-orson-welles-causa-panico-a-ouvintes-da-cbs/#respond Tue, 30 Oct 2018 15:00:23 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/10/Orson-320x213.jpg https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10398 Há 80 anos, um jovem diretor de cinema, com apenas dois curtas e um longa no currículo, causou pânico nos Estados Unidos com a transmissão de uma peça de radioteatro, “A Guerra dos Mundos”, do escritor inglês H.G. Wells, na véspera do Dia das Bruxas.

A notícia em edição extraordinária em que narra uma batalha entre terráqueos e marcianos foi transmitida pela rede de rádio CBS por um desconhecido Orson Welles —sua obra-prima, “Cidadão Kane”, seria lançada menos de três anos depois.

Welles adaptou, produziu e dirigiu a peça. De quebra ainda encarnou o papel do professor da Universidade de Princeton, que liderava a resistência à invasão marciana. A transmissão combinava elementos do radioteatro com os noticiários da época.

A primazia do trabalho estava na veracidade e seriedade com que a notícia foi transmitida nas ondas do rádio —na época o meio de comunicação de maior alcance.

O programa trazia boletins noticiosos, entrevistas, efeitos sonoros, opinião de peritos, declarações de autoridades sobre a “guerra” e a emoção dos supostos repórteres.

Como milhares de pessoas sintonizaram a estação com a narração de Welles já iniciada, a introdução em que ele explicou tratar-se de uma adaptação de um livro, tal como o programa fazia semanalmente, foi perdida, e o pânico foi total.

O escritor britânico H.G. Wells (8.nov.1937/Associated Press)

O medo e a sensação de realidade trouxeram pânico a várias cidades americanas próximas a Nova Jersey, de onde a CBS fazia a transmissão e de onde Welles ambientou a história. Houve fuga em massa e reações desesperadas de moradores também em Newark e Nova York.

No dia seguinte, o jornal Daily News estampou em sua capa “Guerra falsa no rádio espalha terror pelos Estados Unidos”.

Outros periódicos seguiram na mesma linha. O Boston Globe publicou “Brincadeira no rádio aterroriza nação” e o New York Times destacou em manchete “Ouvintes de rádio em pânico tomam drama de guerra como fato” e acrescentou “Muitos fugiram de suas casas para escapar de ‘ataque a gás de Marte'”.

Na época, a rede CBS calculou que o programa protagonizado por Welles chegou a ser ouvido por pelo menos 6 milhões de pessoas e que ao menos 1,2 milhão pessoas (algo como 20% de toda a audiência) acreditou que a história era de fato real.

O professor de Informação e Comunicação Rodrigo Cássio Oliveira, da Universidade Federal de Goiás, explica que a transmissão “pode ser vista como uma das histórias mais marcantes do século 20, especificamente em relação ao poder do rádio como meio de comunicação”.

Capa do jornal nova-iorquino Daily News de 31 de outubro de 1938 sobre a transmissão de “Guerra dos Mundos” (Reprodução)

FAKE NEWS

Para o colunista da Folha Luís Francisco Carvalho Filho, “a transmissão radiofônica de ‘A Guerra dos Mundos’ talvez seja o caso mais desconcertante do insuperável confronto entre verdade e mentira”.

“Em outubro de 1938, o jovem Orson Welles (1915-85) se consagraria por assustar um pedaço da América. Do ponto de vista estritamente burocrático, é adaptação teatral, anunciada, de obra preexistente. No entanto, décadas antes de se instalar a rede mundial de computadores, milhares de habitantes de New Jersey sentiriam verdadeiro pânico diante da notícia da invasão de marcianos”, explica Carvalho Filho.

Já para o professor Rodrigo Cássio a comparação com as fake news é indevida. “As fake news pertencem a outra lógica de produção e consumo de informações. O caso Guerra dos Mundos foi ocasionado por um problema de decodificação do conteúdo. Aquilo que se apresentava como ficção deveria ter sido assimilado como tal, mas não o foi. Já as fake news são produzidas, na maior parte das vezes, a partir de uma intenção deliberada de simular a verdade”, explica.

OUTROS ‘GUERRA DOS MUNDOS’

Passado o pânico que o programa causou, o romance de ficção científica do britânico Herbert George Wells ainda rende lembranças e referências.

No cinema ganhou duas versões, em 1958 e em 2005 —a primeira pelas mãos do diretor Byron Haskin e que ganhou o Oscar de melhor efeitos especiais e a segunda com direção de Steven Spielberg e Tom Cruise no papel principal.

Além dos filmes, há ainda inúmeros HQs, novas edições de livros e está sendo produzida uma série de três episódios na Inglaterra com distribuição pela BBC. Por enquanto, sem data de estreia.

O ator Tom Cruise em cena de ‘Guerra dos Mundos’, de Steven Spielberg (Divulgação)
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1998: Morre nos EUA o cantor e ator Frank Sinatra, conhecido como ‘A Voz’ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/05/14/1998-morre-em-los-angeles-o-cantor-e-ator-frank-sinatra/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/05/14/1998-morre-em-los-angeles-o-cantor-e-ator-frank-sinatra/#respond Mon, 14 May 2018 16:00:10 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/AHi_j0048__Sinatraabre-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=9479 Há 20 anos, morria em Los Angeles Francis Albert Sinatra, ou simplesmente Frank Sinatra, o maior cantor do século 20, vítima de um ataque cardíaco, aos 82 anos.

O filho de imigrantes italianos deixou a cidade de Hoboken, no estado de Nova Jersey, e o sonho da mãe de que se tornasse engenheiro para se tornar cantor. Sua saga começa em 1935 e desse ano em diante colecionou números impressionantes, não à toa a Folha dedicou um caderno de 12 páginas em sua morte.

Foram cerca de 2.000 canções gravadas em estúdio (e outras mais extraídas de apresentações em cinema, rádio, televisão, boates e estádios), mais de 200 álbuns e ao menos 206 CDs que fazem dele o músico mais preservado digitalmente na história do som gravado.

Em 2015, quando completaria cem anos, havia quase mil livros publicados a seu respeito. Como disse o colunista da Folha Ruy Castro, “alguns, destruidores, a maioria, admirativos, e muitos, sérios e consistentes”. No cinema foram quase 60 filmes, tendo recebido um Oscar de melhor ator coadjuvante por “A Um Passo da Eternidade” (1953).

E, até sua morte, seu patrimônio era estimado em US$ 200 milhões.

Bem menos numerosos eram os apelidos pelos quais era conhecido. “Presidente do Conselho”, “Líder”, “Olhos Azuis”, mas o principal deles e pelo qual ficou mundialmente conhecido era “A Voz”.

MULHERES

Isso sem contar suas paixões e os refrões e as gírias que inventou. Sinatra era próximo aos chefões da máfia nos Estados Unidos e colecionava tudo, amigos, inimigos e até brigas com a imprensa, ao ponto de chegar a investir com o carro contra fotógrafos.

Foi casado oficialmente quatro vezes, mas as relações extraconjugais eram contadas as dezenas. Apesar de ter arrebatado as mulheres mais lindas da época (Joan Crawford, Kim Novak, Sophia Loren, Gloria Vanderbilt, entre outras), o cantor se sentiu atraído por Ava Gardner por muito tempo. A relação conturbada entre os dois resultou na canção “I’m a Fool to Want You”, a qual coescreveu e gravou em 1951.

Os arroubos, os excessos –com ou sem o “Rat Pack”– em bares (seja em Nova York, Flórida ou Chicago), hotéis e cassinos marcaram a personalidade do ator, cantor, “líder”, namorador e amigo pessoal de políticos como John F. Kennedy e Ronald Reagan.

Sua filha caçula, Tina Sinatra, resumiu assim seu temperamento: “Suas bravatas, sua grandeza, sua dimensão na vida pública, tudo faz parte dele. Mas por baixo existe alguma coisa muito –não quero dizer ‘sensível’, porque seria uma redução–, por baixo há um menino frágil e delicado”.

CANTOR

Sinatra tinha em Bing Crosby sua maior inspiração, mas também o maior desafio: precisava superá-lo para garantir que era grande. Nunca negou a influência dele, porém sempre se derreteu em elogios a Billie Holiday –na década de 1980, ele afirmou que era sua maior influência isolada– e a Ella Fitzgerald, eleitas por ele como as melhores vozes da América.

Mesmo colecionando sucessos, ele conheceu o fracasso. Em 1941, foi eleito vocalista de banda mais popular do país pela revista Billboard e desbancou Bing Crosby do topo da lista dos melhores cantores da Down Beat.

Até 1948 reinou quase absoluto. Mas em 1949 passou a ver o declínio de sua popularidade, que resultaram em queda na venda de discos, na dispensa dos estúdios MGM e na revelação de casos fora do casamento.

No ano seguinte, sua primeira mulher, Nancy Sinatra, aceitou a separação, mas negou-lhe o divórcio. Para piorar, o comitê do Senado o convocou para depor sobre seu envolvimento com a máfia (havia sido fotografado com o chefão Lucky Luciano em Havana) e ainda sofreu com uma hemorragia na garganta, que o deixou sem cantar por meses.

Como se isso não bastasse, a relação extraconjugal com Ava Gardner, que finalmente se tornou oficial em 1951, naufragou 11 meses depois, cercada por crises de ciúmes, traições e reconciliações. A essa altura, a reputação de Sinatra com fãs e opinião pública estava arrasada.

A virada dos anos 50 trouxe muitas novidades musicais, mas Frank Sinatra ainda estava envolto em escândalos. Assim, só tocava antigos sucessos e continuava em baixa com o público.

Somente em 1953, quando inicia sua parceria com Nelson Riddle, o cantor retomou o caminho do sucesso. As músicas “I’ve Got the World on a String”, “Don’t Worry ‘Bout Me”, “Young at Heart” trouxeram um novo Sinatra.

A partir daí suas canções passaram a ser vistas como autobiográficas, e sua interpretação, mais madura, que a depender da letra refletia felicidade ou dor. Para o jornalista John Lahr, “Sinatra não cantava simplesmente uma canção. Dava uma urgência especial a seu tema”.

Sobre a nova fase, o cantor foi direto: “Você tem de chegar ao fundo do poço para apreciar a vida e começar a viver novamente”.

Com Riddle, engrenou um sucesso atrás do outro. Entre abril de 1958 e abril de 1966, não teve só compactos entre os dez mais da Billboard, mas sim 20 álbuns. “Only the Lonely”, lançado em 1958, ficou nas paradas durante 120 semanas. O seguinte, de 1959, “Come Dance with Me”, ficou 140 semanas.

No mesmo período de oito anos, Sinatra voltou a ser o queridinho da América e também dos estúdios de Hollywood, participando de 22 produções.

BRASIL

Sinatra gravou dois discos com o maestro Tom Jobim. Em 1967, foi lançado o álbum “Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim”.

Anos depois, gravações para um segundo disco da dupla chegaram a acontecer, mas, em vez de um álbum ao estilo do primeiro, somente com os dois, tornou-se um disco de Sinatra com vários parceiros. O que estava planejado para ser “Sinatra-Jobim” acabou virando “Sinatra & Co.”.

Os fãs brasileiros ficaram animados com o encontro de Jobim e o maior cantor popular americano, mas um show mesmo só foi acontecer 13 anos após o encontro dos dois.

Em 1980, Sinatra se apresentou por seis noites seguidas (de 22 a 27 de janeiro), no Rio. Foram cinco shows no Rio Palace Hotel e um no estádio do Maracanã, que, segundo o colunista Ruy Castro, “ele cantou para 150 mil pessoas”.

No ano seguinte, voltou ao Brasil para três shows em São Paulo, onde se apresentou no Maksoud Plaza Hotel.

FRASES

FILHOS

O Blog Acervo Folha entrou em contato com a filha mais velha de Sinatra, a atriz e cantora Nancy. Seu assessor de imprensa disse que “no momento não estão agendando nenhuma entrevista com a senhora Sinatra”.

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Há 25 anos, morria a atriz Audrey Hepburn, aclamada por seu papel em ‘Bonequinha de Luxo’ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/01/20/ha-25-anos-morria-a-atriz-audrey-hepburn-aclamada-por-seu-papel-em-bonequinha-de-luxo/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/01/20/ha-25-anos-morria-a-atriz-audrey-hepburn-aclamada-por-seu-papel-em-bonequinha-de-luxo/#respond Sat, 20 Jan 2018 08:00:08 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/01/BHi_j0042-180x84.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=7463 Imortalizada no papel de Holly Golightly, a “call girl” de “Bonequinha de Luxo” (1961), a atriz Audrey Hepburn morreu em 20 de janeiro de 1993 na cidade suíça de Tolochenaz , em decorrência de um câncer de apêndice.

Audrey Kathleen Ruston, mais conhecida como Audrey Hepburn, nasceu em Bruxelas (Bélgica), em 4 de maio de 1929, filha de um homem de negócios de origem irlandesa, e a mãe, uma baronesa holandesa.

Com uma família abastada, mas com pais sempre ocupados, Audrey acabou ficando sob os cuidados das babás, dos professores particulares e dos dois irmãos mais velhos. Já adulta, ela explicou a ausência dos pais: “eu nasci com uma necessidade enorme de afeto e uma necessidade terrível de dar afeto”.

Na década de 1940, Audrey se mudou com a mãe para o Reino Unido, e lá, aos 19 anos, começou a dançar profissionalmente em shows e clubes noturnos.

Em 1951, a artista estreou no cinema no filme “Monte Carlo Baby”. No mesmo ano, Audrey trabalhou em outros cinco filmes, uma série para TV e uma peça na Broadway –que rendeu ótimas críticas de jornais ao seu desempenho e beleza.

Pouco tempo depois, produtores de Hollywood a levaram para a costa oeste dos EUA. Encantado por Audrey, o diretor William Wyler a escalou para viver a princesa Ann, no filme “A Princesa e o Plebeu” (1953), papel que lhe rendeu o Oscar de melhor atriz, sua única estatueta.

Não demorou para que ela fosse escalada para outras produções. Em 1954, a belga interpretou a protagonista do filme “Sabrina”, disputada pelos personagens de Humphrey Bogart e William Holden.

Dois anos depois, ela estrelou “Guerra e Paz”, baseado na obra homônima de Liev Tolstói, quando contracenou com Henry Fonda e Mel Ferrer –que viria a se tornar seu primeiro marido.

Com um ou dois papéis por ano no cinema, Audrey já não trabalhava como no início da carreira. Mais seletiva na escolha dos trabalhos, estrelava produções ao lado de grandes atores, como Gary Cooper, Burt Lancaster, Anthony Perkins e Fred Astaire.

Com Astaire, protagonizou “Cinderela em Paris” (1957). “Eu esperei 20 anos para dançar com Fred Astaire e o que ganho? Lama no olho!”, reclamou a atriz, decepcionada com o mau tempo na capital francesa durante as gravações.

Dois anos mais tarde, ela estrelou “Uma Cruz à Beira do Abismo”, do diretor Fred Zinnemann, que não poupou elogios a ela. O filme foi sucesso de crítica e rendeu sua terceira indicação ao Oscar.

“Audrey alcançou a maturidade. Nunca vi ninguém tão disciplinado, tão gracioso e mais dedicado ao seu trabalho do que Audrey. Não há ego, não pede favores, tem enorme consideração pelos colegas”, declarou Zinnemann.

Mas nenhuma produção marcaria tanto sua carreira quanto “Bonequinha de Luxo” (“Breakfast at Tiffany’s”), de 1961, baseada no livro (de mesmo nome) do jornalista e escritor Truman Capote.

Sua personagem, Holly Golightly, vestida com tubinho preto (desenhado por Givenchy), piteira em punho, óculos escuros grandes e o cabelo preso em coque transpôs a tela. “Meu ‘look’ é algo alcançável. As mulheres podem ser Audrey Hepburn somente levantando seus cabelos num coque, comprando óculos de sol grande e usando um vestido sem mangas.”

A cena em que aparece em frente a uma vitrine da Tiffany’s, em Nova York, com um copo de café numa mão e uma bolinha na outra, tornou-se uma das mais icônicas da história do cinema (foto que abre o post).

PRÊMIOS

Depois de “Bonequinha de Luxo”, Audrey trabalhou em outras 12 produções (incluindo uma para TV) de um total de 34. Recebeu cinco indicações para o Oscar (todas como atriz principal), tendo vencido logo na primeira, por “A Princesa e o Plebeu”, aos 24 anos.

Conquistou também Tony (o grande prêmio do teatro americano) em 1954 por “Ondine”, um Emmy (principal prêmio da televisão americana) em 1993 por “Gardens of the World”, e um prêmio Cecil B. DeMille, durante a 47ª premiação do Globo de Ouro, em reconhecimento a sua obra.

FORA DAS TELAS

A atriz foi casada duas vezes. A primeira, em 1954, com o ator Mel Ferrer, que conhecera no set de “Sabrina” e com quem tivera um filho, Sean Hepburn Ferrer. O casal viria a se divorciar em 1968. Seu segundo casamento fora realizado em 1969, com Andrea Dotti, com quem tivera outro filho, Luca Dotti.

A artista foi nomeada embaixadora da Unicef para causas humanitárias na América Latina e África, em 1988. No continente africano, a atriz visitou vários países que sofriam com as guerras e a fome.

A experiência a marcou profundamente. Depois de visitar a Somália, em 1992, declarou: “Nunca vou me recuperar dessa viagem. Quando se entra num centro para crianças famintas, sentir o cheiro da morte, ver os olhos delas em corpos esqueléticos, é insuportável. Tive vontade de pegá-los nos meus braços, mas não ousei pois tive medo de machucá-los. Lá na Somália, eu quase afundei.”

HERANÇA

Em 2015, os dois filhos da atriz ainda brigavam por sua herança. A batalha judicial era pela posse de joias, vestidos, chapéus e até lenços, segundo o site “TMZ”.

Audrey havia divido seus bens ao meio, mas não especificou o que ficaria para Sean Hepburn Ferrer e o que seria para Luca Dotti.

Dois anos depois, ambos decidiram leiloar objetos pessoais da mãe. Na ocasião, um total de 500 lotes pertencentes a Audrey foram a leilão em Londres. Foram colocados à venda vestidos pretos, bailarinas multicoloridas, cachecóis e óculos.

Ferrer e Dotti preferiram guardar algumas fotos, especialmente de sua mãe quando criança, e os prêmios que ela recebeu, incluindo a estátua do Oscar de 1954, por seu papel em “A Princesa e o Plebeu”. “Gosto particularmente do início da sua carreira. Sua vida antes de se tornar Audrey Hepburn”, declarou Dotti.

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Há 80 anos, nascia o apresentador Jô Soares; veja crônicas e desenhos feitos pelo artista na Folha https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/01/16/ha-80-anos-nascia-o-apresentador-jo-soares-veja-cronicas-e-desenhos-feitos-pelo-artista-na-folha/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/01/16/ha-80-anos-nascia-o-apresentador-jo-soares-veja-cronicas-e-desenhos-feitos-pelo-artista-na-folha/#respond Tue, 16 Jan 2018 10:00:03 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/01/Jô-180x115.jpeg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=7383 O apresentador, diretor, humorista e escritor Jô Soares completa 80 anos nesta terça-feira (16).

Antes do sucesso no comando de “talk shows”, o artista, autor de “O Xangô de Baker Street (1995)” e “O Homem que Matou Getúlio Vargas” (1998), já havia mostrado sua veia escritora na Folha, de 1985 a 1986. No jornal também desenhou a série de ilustrações “Grandes Baratos”, que acompanhava suas crônicas.

Apesar de José Eugênio Soares ter nascido no Rio, em 16 janeiro de 1938, foi na cidade de São Paulo que deu início a sua carreira artística.

O amor pelas duas cidades é definido pelo artista com um trocadilho: “sou carlista e paurioca.”

Antes da vida na TV, Jô teve alguns papéis no cinema, como na comédia “O Homem do Sputinik” (1959), do diretor  Carlos Manga. No filme, o ator interpretou um agente americano enviado ao Brasil para capturar o satélite russo, que havia caído no galinheiro do personagem de Oscarito.

A partir de 1967, o artista roteirizou, ao lado de Carlos Alberto de Nóbrega, os episódios do humorístico “Família Trapo”, da TV Record. No programa, Jô também fez o papel do mordomo Gordon.

A ida para a Globo se deu em 1970. Na emissora, estrelou com destaque “Faça Humor, Não Faça Guerra” e, em 1981, “Viva o Gordo”, seu primeiro programa solo.

O humorista saiu da emissora no final dos anos 1980, quando assinou com o SBT e passou a apresentar o “Veja o Gordo”.

Foi no canal de Silvio Santos que estreou  o “talk show” “Jô Soares Onze e Meia”. Jô foi responsável por popularizar este gênero televisivo no Brasil.

Após mais de uma década no SBT, o artista voltou para a TV Globo, onde se tornou apresentador do “Programa do Jô”. A atração ficou no ar até o final de 2016.

Recentemente, Jô lançou –com Matinas Suzuki Jr.– “O Livro de Jô, Uma autobiografia Desautorizada” (Companhia das Letras). E já prepara um segundo volume da publicação, que deve ser lançado ainda em 2018.

Abaixo, confira uma seleção de dez textos e desenhos de Jô Soares na Folha.

 “Censura-padrão” (21.abr.1985)
http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/1985/04/21/2//4147718

“Perdoai as nossas dívidas” (21.abr.1985)
http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/1985/05/26/2//4152009

“Ideias e projetos” (4.ago.1985)
http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/1985/08/04/268//4115157

“Ajudando o pacto” (13.out.1985)
http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/1985/10/13/2//4296261

“Viagem à lua” (20.out.1985)
http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/1985/10/20/2//4159084

“Todo o lixo do mundo” (12.jan.1986)
http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/1986/01/12/158//4110262

“Socorro” (6.abr.1986)
http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/1986/04/06/2//4287081

“Fon-Fon” (23.mar.1986)
http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/1986/03/23/2//4149997

“Dos esportes imbecis” (4.mai.1986)
http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/1986/05/04/2//4285901

“O templo do consumo” (18.mai.1986)
http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/1986/05/18/2//4147959

“Um pequeno estudo sobre viadutos” (22.jun.1986)
http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/1986/06/22/21//4150556

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Há 85 anos, nascia o ator Paulo Goulart https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/01/09/ha-85-anos-nascia-o-ator-paulo-goulart/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/01/09/ha-85-anos-nascia-o-ator-paulo-goulart/#respond Tue, 09 Jan 2018 06:00:32 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/01/Goulart-180x129.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=7242 “Aproveite bem a vida, porque ela passa depressa.”

Estas foram as últimas palavras do ator Paulo Goulart a sua mulher, a atriz Nicette Bruno, pouco antes de sua morte, em 13 de março de 2014, devido a complicações em decorrência de um câncer renal, doença contra a qual lutou por cerca de cinco anos.

Se ainda estivesse vivo, Goulart faria 85 anos nesta terça (9).

Com 62 anos de carreira, o ator é amplamente conhecido por seus diversos papéis na TV, no teatro e no cinema. Mas poucos sabem que ele tinha uma outra paixão na juventude, algo que vinha de família: o rádio.

Paulo Afonso Miessa –nome de batismo– nasceu em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, onde viveu parte da infância na fazenda, em meio a criação de café e de gado.

Uma mudança de cidade, quando ele ainda era bem jovem, mudou o ambiente ao seu redor. Em Olímpia, também no interior do Estado, vacas e plantações deram lugar a mesa de som. Seu pai havia fundado uma rádio, local onde Goulart trabalhou como DJ e operador antes de ser promovido a locutor, aos 13 anos.

O ator também tinha um tio radialista. Foi dele, Airton Goulart, que herdou o sobrenome artístico.

Anos depois de sua experiência na rádio do pai, Goulart veio para a cidade de São Paulo estudar química industrial. Na capital também tentou dar sequência na carreira de radialista, com um teste na Rádio Tupi, mas foi reprovado.

Todavia, foi contratado pelo dramaturgo Oduvaldo Vianna para atuar como ator de rádio na própria emissora onde havia sido preterido. Lá, trabalhou com Hebe Camargo (1929-2012) e Cassiano Gabus Mendes (1929-1993), pai dos também atores Tato e Cássio Gabus Mendes.

A ida para a TV não demorou muito. Após algumas aparições na TV Tupi, foi contratado em 1952 pela TV Paulista para atuar na novela “Helena”, de Manoel Carlos, sua estreia na teledramaturgia. Este também foi o ano em que descobriu outras duas paixões: o teatro e Nicette Bruno.

O palco, inclusive, foi o motivo dele ter abandonado o curso de química industrial. “Cheguei até o segundo ano e descobri a minha verdadeira vocação. Graças a Deus, o teatro me tirou da química”, disse em entrevista à Folha, em 2010. O artista debutou nos palcos, ao lado de Nicette, na peça “Senhorita Minha Mãe”, de Louis Verneuil, com direção de Abelardo Figueiredo.

Goulart e a atriz se casaram em 1954. Ao longo de 60 anos formaram um casal na vida real, nas telas e nos palcos. Os frutos desse relacionamento foram os três filhos, os também atores Bárbara Bruno, Beth Goulart e Paulo Goulart Filho.

TRAJETÓRIA

1952
Primeira novela, “Helena”, adaptação de Manoel Carlos para o romance homônimo de Machado de Assis, na TV Paulista

Convidado por Nicette Bruno, na época do elenco da companhia Teatro de Alumínio, estreia no teatro com a peça “Senhorita Minha Mãe”, de Louis Verneuil, dirigida por Abelardo Figueiredo

1953
Funda, com Nicette Bruno, a companhia Teatro Íntimo

1956
Participa da montagem da peça “Vestido de Noiva” de Nelson Rodrigues, com a companhia de Henriette Morineau

1957
Estreia no cinema com o filme “Rio Zona Norte”, de Nelson Pereira dos Santos

1966-68
Atua nas novelas “As Minas de Prata”, ‘Os Fantoches’ e ‘O Terceiro Pecado’, escritas por Ivani Ribeiro para a TV Excelsior

1969
Atua nas novelas “A Cabana do Pai Tomás” (Hedy Maia) e “Verão Vermelho” (Dias Gomes), da TV Globo

Na trama de Dias Gomes, Goulart integra o triângulo amoroso central junto a Jardel Filho e Dina Sfat

1972
É o par romântico de Marília Pera na novela da Globo “Uma Rosa com Amor”, de Vicente Sesso

1974
Ganha os prêmios da APCA e o Molière de Melhor Ator por sua atuação na peça “Orquestra de Senhoritas”, de Jean Anouilh, com direção de Luís Sérgio Person

1977-79
Na TV Tupi, atua nas novelas “Éramos Seis” e “Gaivotas”

1980
Na Globo, participa das novelas “Plumas e Paetês” (Silvio de Abreu)

1986
Faz a novela “Roda de Fogo” (Lauro César Muniz), na TV Globo

1988
Na TV Bandeirantes, atua na minissérie “Chapadão do Bugre”, adaptação de Antônio Carlos da Fontoura para a obra de Mário Palmério, e na Globo, participa da novela “Fera Radical”, de Walther Negrão

1991
Na novela “O Dono do Mundo” (TV Globo), de Gilberto Braga, interpreta o pai do vilão vivido por Antônio Fagundes

1993
Interpreta o vilão Donato no remake de “Mulheres de Areia”, de Ivani Ribeiro, na TV Globo

1999-2000
Participa das minisséries da Globo “Auto da Compadecida”, adaptação de Guel Arraes, Adriana Falcão e João Falcão e “Aquarela do Brasil”, de Lauro César Muniz

2004
Integra elenco das minissérie “Um Só Coração”, de Maria Adelaide Amaral, na TV Globo

2006-7
Na Globo, faz as minisséries “JK” (Maria Adelaide Amaral) e “Amazônia – de Galvez a Chico Mendes” (Gloria Perez) e participa da novela “Duas Caras” (Aguinaldo Silva)

2010-11
Entra nos elencos das novelas da Globo “Cama de Gato” (Duca Rachid e Thelma Guedes) e “Morde & Assopra” (Walcyr Carrasco)

2012
Faz seu último trabalho na TV, na série “Loucos Por Elas”, da Globo

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Há 35 anos, morreu Adoniran Barbosa, autor de ‘Trem das Onze’ e bamba do samba paulista https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/11/23/ha-35-anos-morreu-adoniran-barbosa-autor-de-trem-das-onze-e-bamba-do-samba-paulista/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/11/23/ha-35-anos-morreu-adoniran-barbosa-autor-de-trem-das-onze-e-bamba-do-samba-paulista/#respond Thu, 23 Nov 2017 07:00:32 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/11/12-127x180.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=6362 No dia 23 de novembro de 1982, morria João Rubinato, vítima de enfisema pulmonar. Mais conhecido como Adoniran Barbosa, tinha 72 anos.

Sua mulher, Matilde Luttif, que o acompanhava no quarto do hospital, disse que Adoniran “morreu como um passarinho”. De acordo com ela, o compositor morreu pobre. Deixou uma casa, a aposentadoria de Cr$ 125 mil (equivalente hoje a R$ 4.052), mais Cr$ 60 mil (cerca de R$ 1.945) por trimestre, referente a direitos autorais.

A última aparição pública de Adoniran foi como destaque da escola de samba Colorados do Brás, no Carnaval de 1982. Um problema burocrático quase o impediu de desfilar como destaque: sua roupa não tinha as cores da escola. E seu último trabalho profissional foi um comercial da Volkswagen, em setembro do mesmo ano.

O próprio compositor afirmou que Adoniran veio do nome de um amigo boêmio –Adoniran Alves– e Barbosa foi uma homenagem ao sambista carioca, Luis Barbosa.

Nascido em Valinhos (SP), no dia 6 de agosto de 1910, criou uma linguagem própria, utilizando em suas composições a forma como os imigrantes italianos, dos bairros do Brás e do Bixiga, costumavam falar.

O compositor Adoniran Barbosa (à dir.) posa para foto com seu pai, Ferdinando Rubinato (centro), e com seu irmão mais velho

Trabalhou como tecelão, faxineiro, ajudante de encanador, pedreiro, mascate e ajudante de carregador de vagões, onde ajudava o pai ferroviário. Também trabalhou como garçom na casa do ministro da Guerra, Pandiá Calógeras, do governo Epitácio Pessoa. “Eu usava roupas bonitas e comia muito bem.” Nessa época Adoniran tinha 12 anos.

Nunca foi músico. Dizia que não aprendeu a tocar violão por preguiça. Em 1930, venceu um concurso de calouros da rádio Cruzeiro do Sul, com a canção “Filosofia”, de Noel Rosa –em 1935, ele venceu o concurso da Prefeitura de São Paulo para músicas de carnaval com a composição “Dona Boa”, em parceria com J. Emerê e gravada por Raul Torres para a Columbia.

Lá esteve com os radialistas Vicente Leporace, Blota Junior e Sagramor de Scuvero. Adoniran vendia anúncios e cantava.

Em 1934, foi apresentado a Otávio Gabus Mendes, da Record, que simpatizou com Adoniran e o levou aos estúdios da rádio, onde começou a fazer o programa “Zé Conversa”, escrito por Osvaldo Moles e que mais tarde seria seu parceiro.

Recebia 30 mil réis por mês pelo programa, o que era muito pouco. “Eu falava com o Otávio todos os dias. Queria ir para a folha de pagamento, ter um salário. Um dia ele me disse: fale com o Barreto Machado, ele ganha um conto de réis por mês. Pode dividir com você”.

Machado era funcionário público e ator nas horas vagas. Adoniran explicou o caso, e Machado concordou em dividir seu salário.

Depois, Osvaldo Moles passou a produzir outros programas, e Adoniran cantava, fazia teatro e humorismo.

Adoniran Barbosa e Maria Amélia, artistas da Rádio Record

Em seus programas, Moles satirizava o povo paulistano, especialmente os de origem italiana que viviam no Brás, Bixiga e Barra Funda.

Criou para Adoniran o personagem Charutinho, um malandro paulistano que vivia numa maloca.

Entre 1942 e 1945, o compositor participou do programa infantil “Escola Risonha e Franca”, onde interpretava o personagem Barbosinha Mal Educado da Silva. Participou também do programa “O Crime Não Compensa”, onde Adoniran interpretava a voz do bandido e que foi levado ao ar de 1944 a 1954.

Ele não se considerava um compositor tipicamente carnavalesco. Compôs poucos sambas que chamava de “puro sangue”, feitos na medida para o Carnaval. Entre eles, “Malvina” –primeira música dele gravada pelos Demônios da Garoa, composta em 1944 ou 1945.

No final dos anos 1940, gravou “Saudosa Maloca”, com “êxito relativo”, como costumava dizer. A música teve enorme sucesso depois que foi gravada pelo grupo Demônios da Garoa, em 1955. Depois, veio o “Samba do Arnesto”. Nestas duas composições, Adoniran deixou sua marca e começou a fazer uma crônica da cidade.

O cantor e compositor Adoniran Barbosa ao lado dos integrantes do Demônios da Garoa

Mas seu grande sucesso veio em 1964, quando os Demônios da Garoa gravaram “Trem das Onze”, que ele considerava seu verdadeiro “sucesso internacional”.

“Vila Esperança” foi sua grande contribuição para o Carnaval nos anos 1960. Apresentada em 1969, no 1º Festival de Músicas de Carnaval da TV Tupi, classificou-se em segundo lugar. É considerada uma das mais belas músicas carnavalescas de todos os tempos.

Entre suas parcerias ele gostava de citar a que fez com Vinícius de Moraes, um poeta “culto”, que o tinha criticado anteriormente pelos erros de português. Adoniran não deu importância às declarações do poeta, tanto que musicou uma poesia do escritor carioca, transformando-a na valsa “Bom Dia, Tristeza”.

Às críticas que recebia Adoniran rebatia: “Só faço samba pra povo“. “Por isso faço letras com erros de português, porque é assim que o povo fala. Além disso, acho que o samba, assim, fica mais bonito de se cantar.”

“Adoniran Barbosa e Convidados”, de 1980, foi seu último LP. Produzido por Fernando Faro, o cantor e compositor reuniu neste disco Clementina de Jesus, Carlinhos Vergueiro, Elis Regina, Djavan, Gonzaguinha, Clara Nunes, MPB 4, Roberto Ribeiro, Vânia Carvalho e o grupo Nosso Samba.

Uma das faixas deste disco, “Tiro ao Álvaro”, acabou sendo um dos últimos sucessos de Elis Regina, morta em janeiro de 1982.

Além do rádio e da música, Adoniran também trabalhou no cinema, com a atriz Derci Gonçalves, o diretor Lima Barreto entre outros. Na TV, participou de alguns programas e novelas.

Em 1970, tristonho, queixava-se da cidade. “Até 1960, São Paulo ainda existia. Depois, procurei, mas não achei São Paulo. O Brás, cadê o Brás? E o Bixiga, cadê? Mandaram-me achar a Sé. Não achei. Só vejo carros e cimento armado.”

Também protestava contra os rodízios de pizza: “Onde já se viu isso? Rodízio de pizza é várzea”.

“O samba que faço hoje? Tudo bem, Modelo 19, estrangeiro residente, americanizado. Os autores dessa coisa dizem que sou superado. Que não atualizei meu jeito de fazer samba. Pois não mudo e não mudo. Azar dos que não gostam da minha música. Você sabe que até Vinícius de Moraes foi meu crítico? Pois um dia musiquei uma de suas poesias. O samba chama-se ‘Bom Dia, Tristeza’. Ah, mas o que me emocionou mesmo foram os cumprimentos que recebi junto com a Matilde, no dia da estreia do filme ‘Eles Não Usam Black Tie’. A música do filme é minha (“Nóis não usa blequitai”) e, na porta do cinema, aquela juventude a me abraçar e dizer que a trilha era maravilhosa. Ah, rapaz, que felicidade.”

Reportagem exibida no programa “Fantástico”, da TV Globo, em 12 de novembro de 2017, mostrou que os objetos deixados por Adoniran estão sem destino.

Roupas, óculos, discos, gravatas borboleta, chapéus, entre outras relíquias estão encaixotadas na Galeria do Rock, no centro de São Paulo. São mais de mil objetos que foram deixados para a sua filha única, Maria Helena. Entre eles está uma miniatura do Trem das Onze, feita pelo próprio compositor.

A advogada dos herdeiros, Luciana Arruda, afirmou ao “Fantástico” que a filha do sambista entende que o acervo não pode ficar mantido de forma privada nem escondido.

A família procurou a ajuda do poder público. Nos anos 2000, parte dos objetos foi exibida no cofre de um banco, em um teatro e em seguida no MIS (Museu da Imagem e do Som), onde o acervo não ficou todo junto, motivo pelo qual a filha temia perder as peças.

Neste meio-tempo, o acervo foi levado para ser catalogado na USP, transferido para um sítio e depois guardado em um galpão.

No início de novembro deste ano, a administração da Galeria do Rock aceitou guardar as peças do sambista, que morava a três quadras dali.

 

 

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Há 50 anos, gato da Disney ganhou tratamento de rei em São Paulo, mas desprezou cardápio diabólico https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/11/02/ha-50-anos-gato-da-disney-ganha-tratamento-de-rei-em-sao-paulo-mas-despreza-cardapio-diabolico/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/11/02/ha-50-anos-gato-da-disney-ganha-tratamento-de-rei-em-sao-paulo-mas-despreza-cardapio-diabolico/#respond Thu, 02 Nov 2017 06:00:21 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/11/dc_gato-diabólico.foto2_-133x180.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=6102 Uma garotinha de uma cidade típica do interior dos EUA, uma mulher raptada, um gato diabólico. Estes são os ingredientes da produção da Disney que estreou nas telas paulistanas em novembro de 1967.

O astro principal do filme “O Diabólico Agente DC”, tem olhos azuis, nasceu nos Estados Unidos e se hospedou na suíte real do Othon Palace. Nada de estranho se a celebridade não fosse um gato siamês.

O gato artista veio a São Paulo para o lançamento do filme. Na entrevista coletiva concedida à imprensa ele não se sentiu muito à vontade diante de tantos flashes. Na verdade ele não respondeu a nenhuma pergunta, ouvia tudo calado. Um funcionário da empresa aérea que o trouxe ficou responsável por responder aos jornalistas. Ele disse que o animal é bonzinho, dorme num tapete sob a cama, apesar do conforto da cama da suíte, toma leite e come filé malpassado.

Os responsáveis pela permanência do gato em São Paulo disseram que receberam um telefonema de uma senhora indignada com o fato de se manter um animal tão bem acomodado em um país tão subdesenvolvido.

A atriz Dercy Gonçalves, que é dona de uma siamesa, gostaria de que sua gata e o astro se casassem, mas provavelmente isso não aconteceria por total falta de tempo.

Para homenagear DC, o Othon Palace incluiu em seu cardápio o coquetel Gato Diabólico, elaborado com gin, vodka, rum, groselha, creme de leite e gelo. O gato não quis prová-lo.

Além da coletiva, DC participaria de extensa programação, principalmente com aparições na televisão. Ele foi requisitado com antecedência por muitas emissoras.

A película conta a história de uma garota que vivia numa pacata e típica cidadezinha dos EUA. Ela acreditava que seu gato, DC, teria descoberto o paradeiro de uma mulher sequestrada. A partir daí começa uma investigação envolvendo os pais da menina e um agente federal trapalhão. Ela foi refilmada em 1997, também com produção da Disney.

De São Paulo, o astro siamês iria para Londres.

DC, o nome do gato, vem de “That Darn Cat” (de 1965), que é o título original do filme.

 

Cartaz do filme nos EUA
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Há 65 anos, morria Hattie McDaniel, a primeira atriz negra vencedora do Oscar https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/10/26/ha-65-anos-morria-hattie-mcdaniel-a-primeira-atriz-negra-vencedora-do-oscar/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/10/26/ha-65-anos-morria-hattie-mcdaniel-a-primeira-atriz-negra-vencedora-do-oscar/#respond Thu, 26 Oct 2017 06:00:02 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/10/Hattie-McDaniel-e1508973788744-180x113.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=5963 Morta aos 57 anos, vítima de câncer de mama no dia 26 de outubro de 1952, a atriz norte-americana Hattie McDaniel não teve seu último desejo atendido. Ela queria ser enterrada no cemitério Hollywood Memorial Park, onde estavam corpos de nomes famosos do cinema, como o de Rodolfo Valentino.

No entanto negros não podiam ser sepultados lá, e seu corpo teve que ser levado para outro cemitério (em 1999, os novos administradores do local fizeram um memorial, como informou a BBC, para homenageá-la).

Daquela vez, Hattie McDaniel, que era a 13ª filha de pais escravos libertados,  não havia conseguido superar a divisão racial. Mas isso foi diferente no dia em que entrou para a história do cinema norte-americano. Em 29 de fevereiro de 1940, ela foi a primeira atriz negra a ganhar um Oscar. Por sua interpretação de Mammy no filme “E o Vento Levou”, recebeu o prêmio na categoria de melhor atriz coadjuvante.

Até para participar da cerimônia de premiação, ela enfrentou barreiras. O hotel onde foi realizado o evento do Oscar não permitia a presença de negros. Para que sua entrada fosse liberada, os executivos do cinema tiveram que intervir para que a regra fosse quebrada. Mesmo assim, ela não pôde se sentar perto de seus outros colegas brancos.

Segundo o site “The Hollywood Reporter”, a lista com os nomes dos vencedores já havia sido divulgada, por isso não houve uma grande surpresa na hora da cerimônia. Ela foi fortemente aplaudida quando teve seu nome anunciado.  Emocionada,  falou por cerca de 35 segundos: “Devo sempre levar isso como referência para tudo o que eu for fazer no futuro. Eu, sinceramente, espero ser sempre um orgulho para a minha raça e para a indústria cinematográfica”. Depois, chorou.

Apesar da sua façanha, Hattie McDaniel sofreu com críticas de outros negros por ter aceitado um papel de uma criada que servia como ama de família, o que poderia reforçar um estereótipo racista.

Mas ela se defendeu, e uma de suas frases ficou famosa. “Por que eu deveria me queixar de ganhar US$ 700 por semana interpretando uma empregada? Se eu não fizesse isso, eu ganharia US$ 7 por semana trabalhando como uma empregada”, afirmou a atriz, que começou a carreira como cantora e só ganhou o primeiro papel no cinema no filme “Destino Rubro” em 1932.

A professora Burlette Carter, da George Washington University, afirmou ao jornal inglês “Daily Mail” que Hattie McDaniel adorava participar de projetos de caridades, dar festas, e que as outras pessoas amavam participar. “No entanto ela nunca foi completamente aceita por Hollywood.”

Em 2014, o escritor americano Donald McCaig dedicou a Hattie McDaniel um livro que tem o personagem de Mammy como o protagonista. O romance “A jornada de Ruth” conta uma história precedente a do filme.

“Para mim, a ausência da voz de Mammy, de sua história, de sua personalidade em ‘E o Vento Levou’, foi um grande vazio, é como se o livro contasse a metade da história”, afirmou o autor.

Hattie McDaniel (esq.) recebe a estatueta do Oscar da atriz Fay Bainter (Associated Press)

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Há 70 anos, nascia Stephen King, escritor que pauta cinema e TV e toca tanto quanto Metallica faz livros https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/09/21/ha-70-anos-nascia-stephen-king-escritor-que-pauta-cinema-e-tv-e-toca-tanto-quanto-metallica-faz-livros/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/09/21/ha-70-anos-nascia-stephen-king-escritor-que-pauta-cinema-e-tv-e-toca-tanto-quanto-metallica-faz-livros/#respond Thu, 21 Sep 2017 05:00:27 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/09/CHi_j0149__King__blog-180x120.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=5220 Há 70 anos, nascia no Estado americano do Maine o escritor, roteirista, produtor, ator e músico Stephen King.

Autor de quase 80 livros (oito deles sob o pseudônimo de Richard Bachman) e ganhador de vários prêmios literários, ele tem observado sua obra se confundir (e inspirar) mais de 60 filmes para o cinema –incluindo remakes– e outros para a TV.

A diferença entre livros e filmes, apesar de contarem a mesma história, mas com formas diferentes, para o autor, são significativas. “Livros e filmes são como maçãs e laranjas. Ambos são frutos, mas são completamente diferentes.”

Atualmente está no circuito oficial o filme “It – A Coisa”, adaptação do livro homônimo de 1986 e que foi lançado em 1990 como minissérie.

Por falar em série, a Netflix lançou em agosto “O Nevoeiro”, baseado na obra “The Mist”, de 1980 –o mesmo título esteve no cinema em 2007, sob a direção de Frank Darabont.

Além destes, recentes, há os famosos “Carrie, a Estranha” (1976), “O Iluminado” (1980), “Cemitério Maldito” (1989), “Louca Obsessão” (1990) –que rendeu o único Oscar que a atriz Kathy Bates possui– e os nada assustadores “Conta Comigo” (1986), “Um Sonho de Liberdade” (1994) e “À Espera de Um Milagre” (1999), só para ficar em alguns.

King também é apaixonado por música. Ele integra a banda “Rock Bottom Remainders”, que é formada só por escritores e que tem como lema “Nós tocamos música tão bem quanto Metallica escreve romances”.

Fã confesso de Ramones, o escritor foi homenageado pelo grupo norte-americano com a canção “Pet Sematary”, que se tornou tema do filme “Cemitério Maldito”, de 1989, também baseado em livro.

Não há consenso sobre a quantidade de exemplares vendidos até hoje. O número, é certo, ultrapassa os 300 milhões. Sobre cifras tão superlativas o autor chegou a declarar: “Eu já matei árvores o suficiente no mundo”.

Isso porque, para King, o ato de escrever é simples. Tanto que uma vez o questionaram sobre como era seu processo de escrita, e ele simplesmente disse “Uma palavra de cada vez”.

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Há 70 anos, Schwarzenegger nascia para ganhar o mundo do fisiculturismo e dos filmes de ação https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/07/30/ha-70-anos-schwarzenegger-nascia-para-ganhar-o-mundo-do-fisiculturismo-e-dos-filmes-de-acao/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/07/30/ha-70-anos-schwarzenegger-nascia-para-ganhar-o-mundo-do-fisiculturismo-e-dos-filmes-de-acao/#respond Sun, 30 Jul 2017 05:00:11 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/07/terminator-2-e1501359291964-180x145.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=4549 O bodybuilder, ator e ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger se torna neste domingo (30) o mais novo septuagenário de Hollywood.

Nascido no vilarejo de Thal, na Áustria, em 30 de julho de 1947, Arnold Alois Schwarzenegger migrou aos 21 anos para os EUA.30

Fascinado pelo fisiculturismo desde cedo, o austríaco trocou de continente para realizar o sonho de ser um dos maiores do esporte.

Para isso, em solo americano contou com o apoio dos irmãos canadenses Joe Weider (1919-2013) e Ben Weider (1923-2008), empresários que ajudaram a popularizar a musculação e seus eventos durante as décadas de 1960 e 1970.

O Austrian Oak [Carvalho Austríaco] –apelido que ganhou no meio– dominou o fisiculturismo competitivo com quatro títulos de Mister Universo e sete de Mister Olympia.

Ao mesmo tempo que fazia fama como fisiculturista, Schwarzenegger queria fazer carreira no cinema. Em 1970, teve sua primeira chance, no filme de baixo orçamento “Hércules em Nova York”, quando ainda era conhecido como Arnold “Strong” [“Forte”].

Seis anos depois de sua estreia, protagonizou o fisiculturista Joe Santo no filme “Stay Hungry” [no Brasil, “O Guarda Costas”], de Bob Rafelson. O papel lhe rendeu o Globo de Ouro de “Revelação do Ano”.

O porte físico do ator austríaco fazia com que ele fosse frequentemente escalado para papeis de semideuses, guerreiros, mercenários e afins, como em “Conan, o Bárbaro” (1982), “Exterminador do Futuro” (1984), “Predador” (1987), “Vingador do Futuro” (1990) e “True Lies” (1994).

O filme “Exterminador do Futuro” e sua aclamada sequência “O Julgamento Final” (1991), ambos sob a direção de James Cameron (de “Avatar”), foram a consolidação de Schwarzenegger como uma das maiores estrelas de filmes de ação nas décadas de 1980 e 1990.

A mesma estrutura física, aliada ao seu talento artístico, também colocou o ator em comédias de sucesso. “Irmão Gêmeos” (1988) e “Junior” (1994) –neste o personagem está grávido–, protagonizados ao lado do pequenino Danny DeVito, e “Um Tira no Jardim de Infância” (1990) são exemplos de que o fortão também é engraçado.

‘THE GOVERNATOR’

A popularidade conquistada no cinema o levou a um voo mais ousado. Cidadão americano desde 1983, Schwarzenegger venceu a eleição “recall” para o governo do Estado da Califórnia em 2003, como candidato do Partido Republicano.

“The Governator” [mistura de governador com exterminador], assim como ficou conhecido enquanto esteve no cargo, foi reeleito em 2006. Em um governo de altos e baixos, conseguiu importantes conquistas legislativas sobre questões de meio ambiente, mas o deficit orçamentário do Estado fez sua aprovação cair diante da população. Ele deixou a política ao final de seu mandato, em 2011.

O término de seu governo coincidiu com o fim de seu casamento de 25 anos com Maria Shriver, sobrinha do democrata e ex-presidente dos EUA John F. Kennedy (1917-1963), com quem teve quatro filhos. Um filho fruto de um relacionamento extraconjugal com uma ex-funcionária foi o que motivou a separação.

EXTERMINADOR X TRUMP

Republicano, o ator e ex-governador não votou no colega de partido Donald Trump, atual presidente dos EUA. Os dois, inclusive, trocam farpas em entrevistas e pela internet.

No início deste ano, Schwarzenegger assumiu o comando do reality show “O Aprendiz”, programa que ajudou Trump a se tornar popular no país. Desde então, o presidente americano faz críticas a baixa audiência da atração.

“Oi, Donald, tenho uma grande ideia: por que não trocamos de cargo? Você se encarrega da TV, porque é um especialista em audiência, e eu faço o seu trabalho. Assim, a gente poderá enfim voltar a dormir tranquilamente”, respondeu Schwarzenegger ao atual chefe da Casa Branca em vídeo pelo Twitter.

Em outra oportunidade, o ator criticou a decisão de Trump de tirar os EUA do Acordo de Paris sobre o clima. “Como presidente, sua primeira e mais importante responsabilidade é proteger as pessoas. Não podemos ficar sem fazer nada enquanto pessoas estão adoecendo e morrendo, especialmente quando você sabe que há uma outra alternativa”, disse.

‘ILL BE BACK’

Politicagem à parte, nos últimos anos Schwarzenegger voltou aos cinemas em filmes como “Mercenários” e “Exterminador do Futuro: Gênesis” (2015). A franquia que popularizou o ator deve passar por um reboot em breve, mas não há informações se o astro fará parte do projeto.

Em abril, Schwarzenegger esteve em cartaz nos cinemas americanos com o longa “Em Busca de Vingança”. No futuro, estará novamente na pele do bárbaro que protagonizou no início de carreira em “A Lenda de Conan”, ainda sem data para estrear. Hasta la vista, baby!

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