Acervo Folha https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br No jornal, na internet e na história Fri, 19 Feb 2021 13:40:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Referência no rap, Sabotage, que completaria 45 anos, era fã de Chicos https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/04/03/referencia-no-rap-sabotage-que-completaria-45-anos-era-fa-de-chicos/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/04/03/referencia-no-rap-sabotage-que-completaria-45-anos-era-fa-de-chicos/#respond Tue, 03 Apr 2018 11:00:15 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/Sabotage-320x213.jpeg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=8873 Mesmo com uma curta trajetória profissional, o paulistano Mauro Mateus dos Santos, o Sabotage, –que completaria 45 anos nesta terça-feira (3)– virou um dos ícones do rap nacional.

O músico lançou em 2000 o seu primeiro CD, “Rap É Compromisso”, e estava em ascensão quando morreu em 2003, assassinado a tiros em São Paulo.

A sua carreira recebeu outro impulso com o seu trabalho no filme “O Invasor”, de 2002. Ele liderou a trilha sonora e também atuou como ator.

O diretor de “O Invasor”, Beto Brant, citou justamente um trecho da música-tema composta por Sabotage quando ganhou o prêmio de melhor direção no festival de Brasília.

“O que nos resta é espalhar que Deus existe e agora é a hora, porque a paz plantada aqui irá dar flor lá fora”, disse.

O rapper também ajudou o cantor Paulo Miklos a se preparar para interpretar o papel de um matador de aluguel no filme. Ele ensinou várias gírias para o vocalista dos Titãs .

“Ele era de uma empatia fantástica, era sedutor, tinha uma vivacidade e uma alegria impressionantes. Era muito poeta, tinha muito a dizer e tinha um traço muito dele. Se diferenciava de tudo, tinha uma capacidade violenta. É lamentável que não tenha sido muito percebido, mas sua música já era da rapaziada mais nova, o cara era um ídolo para eles”, declarou Miklos, após a morte do cantor.

CHICO SCIENCE

“O Invasor” também recebeu prêmios de melhor trilha sonora em festivais de cinema, como o de Brasília e o do Recife. E ir a Pernambuco foi especial para ele por um outro motivo. Era o estado natal do cantor Chico Science (morto em 1997) .

O rapper paulistano, inclusive, fez a música “Alto Zé do Pinho” (o nome é em referência a um bairro do Recife) para homenagear Science.

“Uma vez o Sabotage foi a Recife receber um prêmio por ter atuado no filme ‘O Invasor’ e pirou com a cidade. Ele dizia que se sentia especial só de estar na terra do Chico Science. Voltou e escreveu a música”, afirmou o produtor Tejo Damasceno.

A música, que tem participações do Otto, da Nação Zumbi e do rapper Sombra, de São Paulo, faz parte do álbum “Violar”, lançado pelo Instituto em 2015.

MAIS CINEMA

Depois de “O Invasor”, o rapper participou do filme “Carandiru” (2003), de Hector Babenco. Interpretou o papel de Fuinha, detento viciado em drogas, mas também atuou como uma espécie de consultor.

O ator Caio Blat definiu a participação de Sabotage, que teve um tio preso naquela cadeia, como “termômetro” para outros atores. “Ele conhecia alguns dos personagens que estão no filme”, disse.

O rapper cresceu em uma área violenta na zona sul de São Paulo. Comentava que onde vivia nem era possível denunciar os crimes que via.

“Nasci num mundo sujo, na favela do Canão, no Buraco Quente. Pequeno, vi pessoa morta na minha porta e minha mãe tentando esconder isso de mim. Não pode denunciar, senão eles vêm atrás da sua família”, declarou.

CHICO BUARQUE

Em entrevista para a revista Trip, Sabotage afirmou que escutava, desde criança, músicas de Pixinguinha e Chico Buarque e que uma canção, em especial, marcou a sua vida, na época em que esteve envolvido com drogas.

“Quando ouvia ‘O Meu Guri’ [de Chico Buarque], aquilo era o meu retrato no morro. Porque eu era vendedor de droga. E, quando vinha a polícia, corria para dentro do morro, guardava os bagulhos em tal lugar, a arma em outro, trocava de roupa e ia para dentro do meu barraco. Chegava lá, meu pai estava vendo televisão, e meu coração batendo na boca”, afirmou.

“Aí entravam os homens, perguntavam se ele não tinha visto nada e ele ‘não, não’. Ficava olhando para mim, para os policiais, e quieto. Ele tinha medo dos caras, mas eu dizia para ele: ‘Você não viu nada, não vai falar nada. Se vierem aqui falar que vendo droga, você não diz nada’ ”, continuou.

Com duas passagens pela polícia –por porte e tráfico de drogas–, Sabotage comentava que conseguiu mudar de vida por meio da música. “Foi o rap que me salvou”, dizia.

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Tiro acidental matou o ator Brandon Lee nas filmagens de ‘O Corvo’, há 25 anos https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/03/31/tiro-acidental-matou-o-ator-brando-lee-nas-filmagens-de-o-corvo-ha-25-anos/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/03/31/tiro-acidental-matou-o-ator-brando-lee-nas-filmagens-de-o-corvo-ha-25-anos/#respond Sat, 31 Mar 2018 10:00:43 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/03/Brandon-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=8768 Há 25 anos, durante as filmagens de “O Corvo”, morria o ator Brandon Lee, filho do mestre das artes marciais, Bruce Lee.

Lançado em maio de 1994, o longa dirigido pelo egípcio Alex Proyas é baseado em uma história em quadrinhos homônima escrita por James O’Barr.

Durante a gravação de uma cena em Wilmington, na Carolina do Norte, Lee foi alvejado acidentalmente no estômago por Michael Massee (1952-2016), com uma pistola que deveria estar carregada com balas de festim.

No filme, Lee fazia o papel de um roqueiro (Eric Draven) que volta à vida para vingar seu assassinato e o de sua namorada, na véspera de seu casamento, e é guiado por um corvo.

Antes dele, outros participantes já tinham ido parar no hospital. Um eletricista levou um choque em um cabo de alta-tensão, um carpinteiro feriu gravemente a mão e outro empregado chocou seu carro contra os cenários do filme.

ATOR

Assim como seu pai, Brandon Lee também nasceu na Califórnia (ele em Oakland e o pai em San Francisco), mas passou boa parte da infância em Hong Kong.

Após a morte de Bruce Lee (ainda envolta em mistério), Brandon, sua mãe e sua irmã se mudaram para Los Angeles.

Apesar da herança paterna e de treinar artes marciais desde a infância, Brandon preferiu mais a atuação do que as lutas. O aspirante a ator cursou interpretação no Emerson College, em Massachusetts, e mais tarde estudou no Lee Strasberg Theatre and Film Institute, em Nova York.

Antes de estrelar “O Corvo”, Brandon trabalhou em dois filmes de ação. Em 1991, foi escalado ao lado de Dolph Lundgren para protagonizar “Massacre no Bairro Japonês”.

No ano seguinte estrelou “Rajada de Fogo” e veio ao Brasil para promover o filme, seis meses antes de sua morte. Em entrevista à Folha, o ator declarou que pretendia ser lembrado por seu trabalho, e não pelas lutas marciais.

“Meu pai gostaria de ser lembrado antes de tudo como um mestre das artes marciais. Eu prefiro o reconhecimento como ator.”

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Há um ano, gafe histórica marcava cerimônia de entrega do Oscar https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/02/27/ha-um-ano-gafe-historica-marcava-cerimonia-de-entrega-do-oscar/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/02/27/ha-um-ano-gafe-historica-marcava-cerimonia-de-entrega-do-oscar/#respond Tue, 27 Feb 2018 09:00:58 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/02/gafe-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=8042 Mateus Luiz de Souza

Segunda-feira de Carnaval, 27 de fevereiro de 2017, 2h09 (horário de Brasília). Quem não estava na folia e resistia acordado à cerimônia de entrega do Oscar no Dolby Theatre, em Los Angeles, mal sabia que estava prestes a testemunhar a história sendo escrita.

Quando o ator Warren Beatty, um dos responsáveis pelo anúncio dos vencedores, abriu o envelope, titubeou. Ele percebeu algo estranho no ar e chamou sua colega de premiação, a atriz Faye Dunaway, para ajudá-lo a conferir. Ela, sem hesitar, anunciou o musical “La La Land” como ganhador de melhor filme de 2017.

Houve a euforia de sempre na plateia, e a equipe de “La La Land” subiu ao palco. Três pessoas chegaram a discursar por um minuto e dez segundos quando uma movimentação anormal tomou conta dos bastidores e olhares inseguros eram trocados por quem estava lá em cima. Até aparecer um produtor do Oscar com um envelope na mão e revelar o erro.

Movimentação é prenúncio de gafe

O vencedor havia sido “Moonlight”, e o papel de melhor atriz para Emma Stone em “La La Land” havia parado, por engano, nas mãos da dupla Beatty e Dunaway.

Os produtores do musical ficaram perplexos, atônitos. Emma Stone, que também estava no palco, repetia incrédula “no way, no way” (não é possível, em inglês).

O produtor Fred Berger interrompeu sua fala. “A propósito, nós perdemos.” Jordan Horowitz, o primeiro a discursar, retoma o microfone. “Houve um erro. ‘Moonlight’, vocês ganharam melhor filme. Isso não é uma piada.” Para confirmar, arrancou o papel, agora correto, da mão de Beatty e mostrou às câmeras.

A equipe de “Moonlight” subiu então aos palcos e comemorou timidamente. Ninguém sabia muito bem como reagir e por muito tempo plateia, audiência, apresentadores, equipes pensavam (ou nutriam alguma esperança) que tudo fosse apenas uma pegadinha ou um mal-entendido.

Não, o que houve mesmo foi uma gafe histórica. Se você, leitor, é daqueles que sentem vergonha alheia, deve ter ficado com o rosto corado.

O diretor de “Moonlight”, Barry Jenkins, afirmou que nem mesmo em sonhos pensava que isso se tornaria realidade. “Mas danem-se os sonhos, porque isso é verdade. Meu amor para ‘La La Land’, meu amor a todos”. E, na saída do Dolby Theatre, completou. “Somos humanos, não somos perfeitos. Foi um jeito imperfeito de atingir um resultado perfeito.”

Jordan Horowitz, produtor de “La La Land”, reagiu com elegância. “Foi uma honra entregar o prêmio aos meus amigos de ‘Moonlight’, fiquei muito feliz.”

A repercussão mais imediata foi uma inundação de memes na internet. O mais lembrado foi a gafe de proporções parecidas na entrega do Miss Universo 2015, em 21 de dezembro daquele ano, em Las Vegas. O apresentador Steve Harvey anunciou a Miss Colômbia Ariadna Gutiérrez como vencedora. Já com a coroa na cabeça, ela teve que retirá-la e ceder para a Miss Filipinas Pia Wurtzbach, verdadeira ganhadora daquele ano. “É meu erro”, afirmou Harvey na sequência, ao explicar que leu errado os papéis.

‘La La Land’ perde Oscar para ‘Moonlight’

AFINAL, O QUE HOUVE?
Na noite da própria segunda-feira, 27, a PricewaterhouseCoopers, empresa que audita o Oscar, divulgou um comunicado responsabilizando o funcionário Brian Cullinan, que entrega os envelopes aos apresentadores, pelo erro na entrega do prêmio de melhor filme.

A empresa também disse que os protocolos para que o erro fosse corrigido não foram seguidos de maneira rápida o suficiente, e assumiu a culpa.

“A PwC é a responsável pela série de erros e de quebras de protocolo durante a noite do Oscar. O funcionário da PwC Brian Cullinan por engano deu o envelope reserva de melhor atriz no lugar do envelope de melhor filme aos apresentadores Warren Beatty e Faye Dunaway. Assim que o erro ocorreu, protocolos para corrigi-lo não foram seguidos de forma rápida o suficiente por Cullinan ou por sua colega”, declarou.

Mas por que haviam dois papéis de melhor atriz para Emma Stone (um que estava nas mãos da própria atriz e o outro que causou toda a confusão)?

Isso é um procedimento padrão. A PricewaterhouseCoopers disponibiliza dois funcionários para a entrega, um de cada lado. Eles portam uma maleta com os papéis de todas as categorias, e dividem-se na hora de repassar aos apresentadores. A ideia é que saibam todos os vencedores e confiram se tudo está indo bem. Na fatídica noite, Martha Ruiz compartilhava o palco com Cullinan.

Cullinan, contador por formação, aparentemente não foi a pessoa mais concentrada naquela noite. Segundo a agência de notícias “AFP”, ele usou o Twitter durante toda a cerimônia do Oscar, tendo até publicado uma foto de Emma Stone, depois apagada.

A revista “Variety” revelou que Cullinan havia pedido a produtores da Academia para participar de um esquete cômico durante a cerimônia com o apresentador da noite, Jimmy Kimmel. E ele passou a noite inteira em busca de holofotes, como pedidos de selfies com celebridades hollywoodianas e a lembrança de suas semelhanças com o ator Matt Damon.

Alguns dias depois da gafe, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que organiza a premiação do Oscar, anunciou que não trabalharia mais com os dois funcionários da PricewaterhouseCoopers responsáveis pela gafe no anúncio de melhor filme.

IMAGEM ICÔNICA
Se a cerimônia de entrega do Oscar de 2016 ficou marcada pela presença majoritariamente de brancos entre os premiados (dando origem ao movimento #OscarSoWhite, Oscar tão branco, em inglês), a intenção em 2017 era a de um Oscar com mais diversidade e mais politizado, afinal ocorria pouco após a posse de Donald Trump como presidente dos EUA.

Mas a gafe, a maior de todos os tempos da Academia, ofuscou qualquer movimento nesse sentido, e a lembrança que se tem hoje, um ano depois, é a do erro na hora de anunciar os vencedores, que escancarou uma Hollywood em crise.

E é ela que continuará presente no futuro, muito embora toda essa trapalhada tenha produzido uma imagem icônica: o elenco e produtores de “La La Land”, brancos em sua maioria, de orçamento milionário, com protagonistas brancos em um universo indissociável da cultura negra, o jazz, passando o bastão de melhor filme para elenco e produtores de “Moonlight”, negros em sua maioria, de orçamento modesto e sobre a história de um jovem negro, gay e pobre que enfrenta a dureza das ruas de Miami.

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Há 50 anos, Regina Duarte falou à Folha sobre noivado e aprovação na USP https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/02/26/ha-50-anos-regina-duarte-falou-a-folha-sobre-noivado-e-aprovacao-na-usp/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/02/26/ha-50-anos-regina-duarte-falou-a-folha-sobre-noivado-e-aprovacao-na-usp/#respond Mon, 26 Feb 2018 19:30:07 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/02/capa-320x213.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=7996 “O carnaval vai ser para recuperar o sono atrasado”, disse a atriz Regina Duarte em entrevista à Folha publicada em 25 de fevereiro de 1968.

Ela tinha 21 anos e havia acabado de ficar noiva do então estudante de engenharia e hoje empresário e ex-marido, Marcos Flávio Cunha Franco, com quem teve dois filhos, André Duarte e a também atriz Gabriela Duarte.

“Fico noiva de aliança no estilo tradicional, com as duas famílias reunidas e quero casar com um suntuoso vestido de noiva”, disse ao jornal.

Outra realização da atriz durante os festejos carnavalescos, foi sua aprovação na Escola de Comunicações Culturais, hoje Escola de Comunicações e Artes (ECA), da USP (Universidade de São Paulo). Mas Regina Duarte ainda estava indecisa sobre qual especialidade seguiria.

Ela fora informada por amigos que o curso de Cinema estava “muito interessante”. “O curso está bom, existe uma sala de projeção com exibição de filmes de Buñuel e outros grandes diretores”, contou a atriz, que depois escolheu fazer Comunicação. Ela estudou na mesma sala da cantora Rita Lee.

Regina Duarte também falou sobre o seu desempenho nas provas. Em conhecimentos gerais, disse ter acertado 52 das 100 questões. Em redação, cujo tema foi “A importância da imprensa no desenvolvimento da cultura”, atingiu 72 pontos.

A atriz Regina Duarte quando prestou vestibular para a Escola de Comunicações Culturais da Universidade de São Paulo (foto: 15.fev.1968/Folhapress)

Apesar da pouca idade, a atriz já estava em sua sexta novela, “Terceiro Pecado”, exibida pela TV Excelsior, onde era contratada desde 1965. Ela estava “muito feliz” pelas conquistas. “Os pais também estão contentes. Quando um filho sobe um degrau, os pais sobem dois”.

A JORNALISTA

Nascida em Franca, no interior de São Paulo, Regina Blois Duarte era a filha mais velha da dona de casa Dulce Blois e do tenente reformado do Exército, Jesus Duarte.

Suas maiores paixões eram o jornalismo e o cinema. Desde muito cedo escrevia contos infantis para o jornal “Diário do Povo”, de Campinas (SP), cidade para onde se mudou aos 6 anos com os pais e três irmãos.

Mais tarde assinou crônicas e fez entrevistas para a revista “Nosso Cantinho”, além de colaborar com o paulistano “Diário Popular” (hoje “Diário de São Paulo), que teve falência decretada pela Justiça em janeiro deste ano. “O ambiente de jornal me prende e fascina”, contou à Folha.

Os atores Regina Duarte e Francisco Cuoco em cena da primeira versão da novela “Selva de Pedra” (1972) (Foto: Divulgação)

A ATRIZ 

Regina iniciou no teatro amador aos 14 anos. Como profissional, estreou quatro anos depois, em 1965, na peça “A Megera Domada” (William Shakespeare), dirigida por Antunes Filho.

No mesmo ano, na extinta TV Excelsior, fez sua primeira novela, “A Deusa Vencida”, de Ivani Ribeiro, com direção de Walter Avancini. No cinema começou no drama “Lance Maior” (1968), dirigido por Sylvio Back.

Em 1969, trancou a faculdade depois de receber o convite da TV Globo para protagonizar o folhetim “Véu de Noiva”, de Janete Clair, onde fez par romântico com o ator Cláudio Marzo (1940-2015).

De “Namoradinha do Brasil” à feminista da série global “Malu Mulher” (1979), a atriz se destacou em vários papéis, sobretudo na teledramaturgia.

Entre os personagens mais marcantes de sua trajetória estão a sofrida Simone, da primeira versão do drama “Selva de Pedra” (1972), a viúva Porcina, de “Roque Santeiro” (1985), e Maria do Carmo, de “Rainha da Sucata (1998), além das “Helenas”, de Manuel Carlos.

Ao longo da carreira, a atriz atuou em cerca de 50 novelas, 12 peças teatrais e 15 filmes. 

A atriz Regina Duarte na série “Malu Mulher”, exibida pela Globo em 1979 (foto: Divulgação)

POLÍTICA

Simpatizante do atual prefeito de São Paulo, João Doria, e crítica ferrenha do ex-presidente Lula, durante a campanha para o 2° turno das eleições presidenciais de 2002, a atriz causou polêmica ao gravar um vídeo eleitoral para o programa do então presidenciável José Serra (PSDB).

Na gravação, Regina Duarte disse ter “medo” da vitória do candidato Lula. A atriz palpitou que com o PT no poder, o Brasil correria sérios riscos de perder toda a estabilidade econômica. 

Em 2017, em outra manifestação pró PSDB, desta vez a favor do prefeito João Doria, a atriz mostrou-se confiante com a vitória do tucano para o posto de “gestor” da capital paulista.

Em 7 de janeiro daquele ano, quando Doria completava uma semana à frente da prefeitura, a atriz esteve na avenida Paulista para prestigiar o prefeito, que participava de uma das etapas do programa Cidade Linda, de zeladoria urbana.

O prefeito de São Paulo, João Doria Jr, e a atriz Regina Duarte participam da Operação Cidade Linda na avenida Paulista, no centro de São Paulo. (Foto: Danilo Verpa – 7.jan.2017/Folhapress)

 

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Há 20 anos, Silvio Caldas, o ‘seresteiro do Brasil’, morria aos 89, em São Paulo https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/02/03/ha-20-anos-silvio-caldas-o-seresteiro-do-brasil-morria-aos-89-em-sao-paulo/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/02/03/ha-20-anos-silvio-caldas-o-seresteiro-do-brasil-morria-aos-89-em-sao-paulo/#respond Sat, 03 Feb 2018 07:00:18 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/02/Capturar-150x150.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=7684 Às 17h30 do dia 3 de fevereiro de 1998, a música popular brasileira perdia um dos maiores representantes da época de ouro do rádio, o cantor, compositor e seresteiro Silvio Caldas, aos 89 anos, de parada cardiorrespiratória causada por uma anemia profunda.

O cantor estava internado havia cinco dias na Clínica de Repouso Elo, na cidade de Atibaia (SP), onde morava desde os anos 1960.

Três meses antes, Silvio Caldas tinha passado por uma cirurgia em um dos joelhos depois de sofrer uma queda em sua casa. Bom de copo e fumante inveterado, em seus últimos dias de vida, debilitado, já não conseguia se comunicar sem a ajuda de sinais.

“Não estou triste, estou doente. Sinto até caxumba”, disse o cantor em entrevista à Folha dez dias antes de morrer.

Cerca de 1.500 pessoas estiveram em seu velório na Câmara Municipal de Atibaia, município a 65 km ao norte de São Paulo. O sepultamento do cantor foi realizado no cemitério Parque das Flores, na mesma cidade.

Vários artistas  compareceram para o último adeus ao mestre brasileiro das serenatas, entre eles, os cantores Noite Ilustrada, Jair Rodrigues, Wilson Simonal e Francisco Petrônio, que durante a cerimônia improvisaram uma versão para o maior sucesso do cantor, o clássico “Chão de Estrelas” (1937), que compôs com Orestes Barbosa, um de seus parceiros mais constantes.

Silvio Caldas deixou a mulher Miriam, 50, os filhos Roberto, 21, Camila, 20, e o neto Vinícius, de 2 anos. O outro filho do casal, Silvio Caldas Jr., morreu atropelado aos 9 anos, em 1975, em Atibaia.

INFÂNCIA 

O cantor nasceu Silvio Antônio Narciso de Figueiredo Caldas, em 23 de maio de 1908, no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, onde foi criado. A veia artística veio de berço. Sua mãe, a baiana Alcina Figueiredo Caldas, era cantora. Antônio Narciso Caldas, o pai, além de compositor, consertava e afinava pianos.

Aos 5 anos, Silvio Caldas já desfilava no carnaval do Clube de Regatas São Cristóvão. Um ano depois, ainda em São Cristóvão, começou a participar dos saraus organizados pelo clube “Casa dos Bigodinhos” até ser convidado a integrar o bloco “Família Ideal”, onde ganhou o apelido de Rouxinol, pela qualidade vocal precoce.    

Com 9 anos, iniciou o curso de mecânica, até que em 1924, com 16 anos, foi para São Paulo, onde ficou durante três anos trabalhando como mecânico automotivo.

PROFISSIONAL DA MÚSICA

Em 1927, ao retornar para o Rio, o já exímio boêmio Silvio Caldas, por intermédio de Antônio Gomes, o Milonguita, um dos maiores nomes do tango na época, passou a se apresentar na cultuada rádio Mayrink Veiga, onde estreou profissionalmente naquele ano. Desde então não parou.

O primeiro registro fonográfico data de 1930, quando gravou “Tracuá me Ferrô” (Sátiro de Melo), um dueto com Breno Ferreira, na RCA Victor. No mesmo ano, Silvio Caldas fez parte da revista ‘Brasil do amor’, espetáculo montado por Ary Barroso, de quem gravou “Faceira” (1932), seu primeiro grande sucesso, além de outras.

Ao longo da carreira, Silvio Caldas acumulou alguns epítetos, entre os quais “Seresteiro da voz  morena”, “Caboclinho querido”, ”Titiu” e “Cantor das despedidas”, pois, nas últimas três décadas em que se apresentou, vivia se despedindo do público, sempre dizendo que iria se aposentar dos palcos.

Em 1934, ano em que foi contratado pela Odeon, conheceu um de seus maiores parceiros na música, o compositor Orestes Barbosa. No mesmo ano vingou com a valsa “Boneca”, de Benedito Lacerda e Aldo Cabral.

Entre as décadas de 1930 e 1950, reinou absoluto ao lado dos maiores nomes da era do rádio, entre eles o cantor das multidões, Orlando Silva, o rei da voz, Francisco Alves, e a cantora portuguesa Carmem Miranda, com quem em 1937 gravou um dueto em “Quando Eu Penso na Bahia”, de Ary Barroso e Luiz Peixoto.

Silvio Caldas, na quinta da Boa Vista, onde passou parte da infância (Foto: Masao Goto Filho/Folhapress)

Em meio a tantos sucessos, entre marchas, valsas, serestas, sambas e sambas-canção, estão “As pastorinhas” (Noel Rosa e João de Barro), “Morena Boca de Ouro” (Ary Barroso), “Aquarela do Brasil” (Ary Barroso), “Obrigado doutor” (Roberto Martins), “Feitiço da Vila” (Noel Rosa), “Rosa” (Pixinguinha), “Promessa” (Custódio Mesquita e Evaldo Ruy), “Viva meu Samba” (Billy Blanco), “Rancho Fundo” (Ary Barroso e Lamartine Babo) e “Serenata”, composição dele com Orestes Barbosa.

Na década de 1970, mais contido após a mudança para São Paulo, o cantor gravou em 1973 o disco duplo “Silvio Caldas ao vivo – histórias da MPB”, onde conta a história da música brasileira através de suas obras e de outros compositores em mais de 50 canções.

Em 1989, ao completar 80 anos, ganhou um espetáculo em sua homenagem no Teatro João Caetano, no centro do Rio. Três anos mais tarde, Silvio Caldas foi também homenageado pela ABL (Academia Brasileira de Letras) com a medalha Machado de Assis.

Outro tributo ao cantor veio em 1994, quando o compositor Zé Renato, lançou o álbum “Arranha-céu”, que resgata o repertório do astro seresteiro.

No cinema atuou nos filmes “Favela dos meus amores” (1935), “Carioca maravilhosa” (1936) , “Não adianta chorar”(1945) e outros.

ÚLTIMOS MOMENTOS NO PALCO

Silvio Caldas se apresentou ao vivo até 1997. Naquele ano participou do projeto “Aberto pra balanço”, no Sesc Pompeia, onde também participaram os músicos Noite Ilustrada, Miltinho e Trovadores Urbanos, entre outros artistas. 

 

 

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Há 85, nascia Ary Fontoura, um dos atores cômicos de maior destaque na teledramaturgia do país https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/01/27/ha-85-nascia-ary-fontoura-um-dos-atores-comicos-de-maior-destaque-na-teledramaturgia-do-pais/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/01/27/ha-85-nascia-ary-fontoura-um-dos-atores-comicos-de-maior-destaque-na-teledramaturgia-do-pais/#respond Sat, 27 Jan 2018 08:00:59 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/01/BHi_j0128-180x120.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=7565 Ainda chamado nas ruas e aeroportos pelos nomes dos personagens “Nonô Correia”, “Silveirinha” e “Florindo Abelha”, o ator Ary Fontoura está completando 85 anos neste sábado (27), e já é um dos integrantes do elenco da próxima novela das 6h, “Orgulho e Paixão”, de Marcos Bernstein, que estreia em março na Globo.

Na emissora, onde é contratado há 53 anos, foram mais de 50 papéis entre telenovelas, especiais e séries. Suas últimas atuações foram na minissérie “Dois Irmãos” (2017), de Maria Camargo, e no folhetim das 6h, “Êta Mundo Bom” (2016), de Walcyr Carrasco, onde interpretou o fazendeiro “Quinzinho”.

Com cerca de 40 personagens representados no teatro, em dezembro do último ano encerrou uma temporada de nove meses da peça “Num Lago Dourado”, do filme homônimo de Mark Rydell, lançado em 1981, nos EUA. O espetáculo, protagonizado também pela atriz Ana Lucia Torre, e que trata da paixão entre um casal da terceira idade, deve voltar a cartaz em São Paulo neste ano.

No cinema, Fontoura fez cerca de 20 trabalhos. No mais recente deles, “Polícia Federal – A Lei é para todos” (2017), baseado na Operação Lava Jato, interpreta o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em filme dirigido por Marcelo Antunez.

Em entrevista recente à colunista da Folha Mônica Bergamo, o ator comentou sobre as críticas recebidas por ter aceito o personagem.”Eu fui contratado para fazer um papel. Alguém tinha que interpretar o Lula. Já viu uma série chamada “House of Cards” [inspirada na política dos EUA]? Numa democracia séria isso é normal.”

ASPIRAÇÕES ARTÍSTICAS

Nascido em 27 de janeiro de 1933, na capital Curitiba (PR), Ary Beira Fontoura era filho de um professor e de uma dona de casa. Criado em meio à muita música, operetas e festas, desde pequeno já imitava tipos para a família.

Aos 10 anos, em 1943, quando faltavam sete anos para a chegada da TV no Brasil, Ary Fontoura já cantava em programas infantis na Rádio Clube Paranaense. No fim da adolescência, descobriu que incorporar personagens era o que queria para a sua vida.

A insegurança da profissão, porém, vista com desprezo pela sociedade da época, fez o ator seguir os preceitos da família em procurar uma carreira que lhe garantisse condições dignas de sobrevivência. Foi então que o jovem aspirante a ator, para agradar os pais, optou pela faculdade de Direito, a qual abandonou no último ano de curso.

Ary Fontoura preferiu enfrentar as mazelas da arte, que àquela altura já se tornara uma paixão incondicional. Logo, montou um grupo de teatro com amigos.

Antes chegou a trabalhar num dos circos mais populares de Curitiba, o “Irmãos Queirolos”, além de cantar músicas românticas em bordéis da capital paranaense.

TELEVISÃO

A trajetória de Ary Fontoura na televisão começou nos anos 1960, quando trabalhou para a TV Paraná, onde foi apresentador e diretor de novelas e séries.

O primeiro trabalho de destaque foi a participação que fez no seriado “O Vigilante Rodoviário”, exibido na Tupi entre 1962 e 1967. Com 28 anos na ocasião, Ary Fontoura ainda morava no Paraná, onde foram filmadas as cenas das quais atuou. Na série ele interpretou um um dos algozes do personagem central, interpretado pelo ator Carlos Miranda.

A veia cômica, quase sempre presente em seus personagens, veio, segundo o ator, do pai, que sempre tinha uma piada pronta até nos piores momentos da vida.

A CHEGADA AO RIO

Fontoura mudou-se para o Rio em 31 de março de 1964, data que marca o início do regime militar no Brasil. Naquele ano, para conseguir se manter financeiramente, chegou a fazer bicos como engraxate no prédio onde morava de aluguel. Foi também cozinheiro numa lanchonete, mas sempre mantendo o teatro como profissão.

Em 1965, por indicação do ator e produtor de TV, Graça Mello, estreou na TV Globo no seriado “Rua da Matriz”, de Lygia Nunes, Hélio Tys e Moysés Weltman.

TELEDRAMATURGIA

O primeiro folhetim em que Ary Fontoura atuou na Globo foi “Passo dos Ventos” (1968), de Janete Clair (1925-1983). Em 1970, o ator quebrou barreiras ao interpretar o costureiro homossexual Rodolfo Augusto, na novela “Assim na Terra como no Céu”, de Dias Gomes (1922-1999).

Com o autor, trabalhou também em “O Espigão” (1974), onde personificou o sinistro professor de botânica, Baltazar Câmara, que colecionava pedaços de cabelos das  mulheres que assediava.

O ator Ary Fontoura como o deputado Pitágoras, político corrupto, da novela “A Indomada” (Foto: Divulgação)

Ainda com Dias Gomes, fez outro professor, o personagem Aristóbulo Camargo, em “Saramandaia” (1976), que nas noites de lua cheia se transformava em lobisomem para a satisfação da amante Risoleta, interpretada pela atriz Dina Sfat (1939-1989), uma de suas parceiras preferidas.

Um ano antes, Ary Fontoura havia participado de “Gabriela” (1975), uma adaptação de Walter George Durst para o romance “Gabriela, Cravo e Canela”, de Jorge Amado. Na novela interpretou o dr. Pelópidas, conhecido como “Doutor”. Em 2005, trinta anos depois foi escalado para a segunda adaptação da obra, desta vez escrita por Walcyr Carrasco, onde fez o fazendeiro desconfiado e ciumento, Coriolano Ribeiro.

NONÔ CORREIA, FLORINDO ABELHA E SILVEIRINHA

Em 1984 representou um de seus papéis mais memoráveis, não só de sua carreira, mas da história da teledramaturgia brasileira: o protagonista “Nonô Correia” de “Amor com Amor se Paga”, de Ivani Ribeiro. “Foi a novela mais popular que fiz. Se tivesse que ter outro nome, seria “seu Nonô’; até hoje me chamam assim nas ruas”, disse o ator à Folha, em 2011.

Inspirado em “O Avarento”, de Molière, “Nonô Correia” era um pai de família que, para economizar nas despesas de casa, colocava cadeados na geladeira e na despensa. A audiência foi tamanha que durante anos o nome do personagem foi sinônimo da expressão “mão-de-vaca”.

Um ano depois, esteve no papel do prefeito Florindo Abelha, da fictícia cidade de Asa Branca, na novela “Roque Santeiro” (1985), de Dias Gomes e Aguinaldo Silva. Seu personagem era nada mais do que um “pau-mandado” que obedecia às ordens do coronel mandão do município, o Sinhozinho Malta”, interpretado por Lima Duarte.

Claudia Raia, Ary Fontoura e Isis de Oliveira, durante gravação de cenas da novela Roque Santeiro (Foto: Jorge Araújo – 19.out.1985/Folhapress)

Outro personagem de grande destaque foi o coronel “Arthur da Tapitanga”, em “Tieta” (1989), uma adaptação de Aguinaldo Silva, Ricardo Linhares e Ana Maria Moretzsohn para o romance “Tieta do Agreste”, de Jorge Amado. Na trama, Ary Fontoura faz o papel de um velho galanteador que oferece casa e comida para meninas pobres em troca de favores sexuais.

Depois vieram personagens como o do deputado corrupto “Pitágoras”, em “A Indomada” (1997), papel do qual faturou o prêmio de melhor ator pela Associação Paulista de Críticos de Arte, a APCA.

Em 2007, ao lado de Nicette Bruno formou o casal Romeu e Julieta, em “Sete Pecados”, de Walcyr Carrasco. Depois, Ary Fontoura voltou a se destacar com o personagem “Silveirinha”, o mordomo de Donatela, interpretada pela atriz Cláudia Raia na novela “A Favorita”. Fontoura esteve ainda em “Caras e Bocas” (2009) e “Morde e Assopra” (2011).

Entre especiais, séries e humorísticos, atuou em “O Matador” (1966), “Plantão de Polícia” (1979), “Carga Pesada” (1979), “Você Decide” (1992), “A Farsa da Boa Preguiça” (1995) e “Sai de Baixo” (2000).

O ator diz ser um homem realizado em sua trajetória artística e de vida, pois, como ele mesmo sempre afirma em entrevistas, “atuar é pura diversão, e receber para se divertir é melhor ainda”.

 

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Há 10 anos, morria Heath Ledger, o aclamado Coringa de ‘Batman: O Cavaleiro das Trevas’ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/01/22/ha-10-anos-morria-heath-ledger-o-aclamado-coringa-de-batman-o-cavaleiro-das-trevas/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/01/22/ha-10-anos-morria-heath-ledger-o-aclamado-coringa-de-batman-o-cavaleiro-das-trevas/#respond Mon, 22 Jan 2018 07:00:23 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/01/Coringa-2-180x115.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=7517 O ator australiano Heath Ledger, morto em 22 de janeiro de 2008, aos 28 anos, em decorrência de uma overdose acidental de medicamentos prescritos, não pôde colher os frutos de seu maior papel no cinema: o Coringa de “Batman: O Cavaleiro das Trevas”, do diretor inglês Christopher Nolan.

O segundo filme da trilogia do homem-morcego [vivido por Christian Bale] estreou em 18 de julho de 2008 e contou com uma perturbadora performance de Ledger na pele do vilão, o que lhe rendeu o Oscar póstumo de melhor ator coadjuvante.

“Ele se trancou num quarto de hotel por semanas e mergulhou no personagem. Isso era típico de Heath. Mas dessa vez ele foi longe demais. Ele ficou completamente imerso, no nível mais profundo”, contou Kim Ledger, pai do ator, em 2013, para um documentário alemão chamado “Jovem Demais para Morrer”.

Na ocasião, Kim revelara um diário do filho com anotações, recortes de quadrinhos, fotos de palhaços, cartas de baralho e desenhos usados no estudo para interpretar o Coringa. No final do caderno, Ledger anexara uma foto sua caracterizado como o palhaço pela primeira vez, para um teste de figurino, com os dizeres “bye, bye”.

Para o pai, o personagem mexeu com o emocional do ator. O próprio chegou a declarar em entrevista à “Empire Magazine”, pouco antes de sua morte, o que sentiu ao estar na pele do vilão. “Tive um pouco de medo […] Acabei entrando na esfera de um psicopata, alguém com muito pouca consciência a respeito de seus próprios atos. Ele é um palhaço assassino, sociopata e totalmente sangue-frio”, contou.

As cenas em que o Coringa explica –sempre com uma versão diferente– os motivos de suas cicatrizes na boca, ou quando ele segura uma arma contra a própria cabeça e tenta corromper o até então não corrompível promotor público Harvey Dent [Aaron Eckhart], dão uma mostra do quão perturbador é o palhaço encarnado por Ledger.

Além do australiano ter conseguido levar às telonas toda a loucura inerente do vilão dos quadrinhos, ele também conseguiu se diferenciar do também aclamado Coringa de “Batman” (Tim Burton, 1989), interpretado por Jack Nicholson.

Recentemente, o ator e músico Jared Leto teve a (talvez) ingrata missão de reviver o personagem em “Esquadrão Suicida” (2016). O artista, assim como seu antecessor, vestiu o palhaço de corpo e alma e começou a ter comportamentos atípicos. Não foram raras as vezes em que ele enviou presentes estranhos aos colegas de elenco, como camisinhas usadas, um porco morto, um rato e munição para armas. Todavia, as críticas não foram favoráveis a Leto e ao filme.

OUTROS FILMES

O primeiro trabalho de Heath Ledger no cinema foi no filme de baixo orçamento “Assassinato em Blackrock” (1997)”. Ao todo, ele atuou em 19 longa-metragens.

O ator, que trabalhou em “Dez Coisas Que Eu Odeio em Você” (1999), “O Patriota” (2000), “Coração de Cavaleiro” (2001) e “Os Irmãos Grimm” (2005), já havia sido indicado ao Oscar –melhor ator– antes do prêmio póstumo por “Batman: O Cavaleiro das Trevas”, quando interpretou o caubói Ennis Del Mar em “O Segredo de Brokeback Mountain” (2005), do diretor Ang Lee.

Sucesso comercial e bem avaliado pela crítica, o filme, que trata do relacionamento romântico e sexual do personagem de Ledger com Jack Twist (Jake Gyllenhaal), ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza, os prêmios de melhor filme dramático, direção, roteiro e canção original no Globo de Ouro e o Oscar de melhor direção, roteiro adaptado e melhor trilha sonora.

O último trabalho do australiano no cinema foi em “O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus”, que estreou em 2009.

O ator, encontrado morto em um apartamento em Nova York, deixou a filha Matilda, de apenas 2 anos na época, fruto de seu relacionamento com a atriz Michelle Williams.

 

 

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Há 50 anos, ‘O Poder Negro’, peça com Antonio Pitanga e Ítala Nandi, era censurada no Brasil https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/12/18/ha-50-anos-o-poder-negro-peca-teatral-com-o-ator-antonio-pitanga-era-censurada-no-brasil/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/12/18/ha-50-anos-o-poder-negro-peca-teatral-com-o-ator-antonio-pitanga-era-censurada-no-brasil/#respond Mon, 18 Dec 2017 07:00:15 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/12/Antonio-Pitanga_ARTE-180x122.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=6738 “Um atentado ao decoro público.” Esse foi o argumento dado pela Censura Federal em 13 de dezembro de 1967 para justificar a proibição no Brasil da peça “O Poder Negro”, do autor  norte-americano LeRoi Jones.

O espetáculo, originalmente chamado “Dutchman”, seria protagonizado pela atriz Ítala Nandi e pelo ator Antonio Pitanga, pai dos atores Rocco e Camila Pitanga.

Nandi já havia atuado em montagens antológicas, como “O Beijo no Asfalto” (1961), “Quatro Num Quarto” (1962), “Pequenos Burgueses” (1963) e o “Rei da Vela” (1967). Pitanga, ligado ao Cinema Novo e ator preferido de Glauber Rocha, integrara o elenco de pelo menos 15 longas, entre os quais “Bahia de Todos os Santos” (1960), “O Pagador de Promessas” (1962), “Ganga Zumba” (1963) e “Lampião, o Rei do Cangaço” (1964).

O ENREDO

“O Poder Negro”, conforme publicado à época na Folha “focaliza a história de Lula, uma loira prostituta militarizada que, ao entrar em um metrô de Nova York, procura humilhar ao máximo um negro [Clay], reduzindo-o a nada”. A discussão entre os interlocutores, repleta de insultos racistas por parte de Lula, termina de forma trágica, com o assassinato de Clay com uma facada desferida pela meretriz.

A peça de LeRoi Jones tenta salientar a incessante luta dos negros norte-americanos contra o racismo e destaca a truculência da polícia dos EUA contra os jovens afrodescendentes, ação que contribuiu para a criação, em 1966, do Partido dos Panteras Negras, em Oakland, no sul do Estado da Califórnia.

Ítala Nandi, que na ocasião enfatizou não se identificar em nada com a personagem, classificou Lula como uma mulher fria e violenta. “Ela não pretende o sexo, mas a agressão. É uma personagem neurótica e paranoica, como as criaturas de Tennesse Williams. Representa uma sociedade em diarreia”, resumiu a atriz.

O personagem interpretado por Antonio Pitanga, o  jovem Clay, é caracterizado como um negro sem consciência de sua negritude e frágil na sua defesa. “Clay sofre o problema da dúvida, da não certeza se é branco ou negro. Ele acha que tem ‘alma de branco’ e como negro faz concessões”, contou Pitanga.

Ítala Nandi e Antonio Pitanga, durante ensaio da peça “O Poder Negro”, de LeRoi Jones (8.jul.1968/Folhapress)

A CENSURA

A proibição da peça foi comunicada por telefone ao diretor do espetáculo, Fernando Peixoto, que considerou “um absurdo” a decisão da Censura Federal em cercear a montagem. “Não tem sentido essa medida, a peça tem livre trânsito nos EUA e alcança sucesso na Europa. Por que então uma atitude como essa, sem sentido, no nosso país?”

Peixoto, cuja peça era a primeira dirigida em São Paulo, declarou que recorreria para que a decisão fosse reavaliada pelo órgão. “Acho que ‘atentado ao decoro público’ é tentar esconder do Brasil um problema que todo mundo sabe existir nos Estados Unidos”, disse o diretor.

O AUTOR

Nascido em 8 outubro de 1934 em Nova Jersey, Everett LeRoi Jones, era poeta, escritor, ensaísta, ativista negro e professor do departamento de pesquisas sociais de uma universidade de Nova York. 

Sua peça “O Poder Negro”, apresentada com grande êxito em países da Europa, como Inglaterra, França e Itália, já havia arrebatado nos EUA o prêmio “Obie Awards” de melhor encenação de 1964, ano em que o drama foi escrito. Um ano depois escreveu o manifesto “Black Art”, que tinha como intuito promover a autonomia dos negros na literatura.

Sempre radical em seus ideais de luta, em 1966, o autor foi preso e torturado quando liderava uma marcha contra a guerra do Vietnã. Na ocasião ficou detido por cinco meses. 

Com diversos livros publicados, lançou no Brasil, em 1967, a obra “O Jazz e Sua Influência na Cultura Americana”, que esmiúça a relevância do gênero sobre a vida da população negra dos EUA.

O assassinato de Malcolm X dois anos antes,  levou LeRoi a adotar mais tarde o pseudônimo Amiri Baraka, quando converteu-se ao islamismo.

Apoiador do regime cubano de Fidel Castro e tendo sido um dos poucos negros a integrar a Geração beat de Allen Ginsberg, o ativista morreu em 9 de janeiro de 2014, em Nova York, aos 79 anos.

O ativista, poeta e escritor, Amiri Baraka em janeiro de 2014 (Reuters)

O MANIFESTO

Em 13 de fevereiro de 1968, quando o “O Poder Negro” ainda se encontrava censurado, a Folha publicou extensa reportagem sobre o descontentamento da classe teatral com as então recentes proibições e restrições praticadas pela Censura Federal contra a arte.

A íntegra de um manifesto elaborado pela classe, cujo trecho menciona o imbróglio envolvendo a peça de Leroi Jones, ganhou grande espaço no jornal: “[…] a peça ‘O Poder Negro’, foi proibida pela Censura Federal após três meses de exames pelos seus censores, que pretenderam fazer até mesmo a verificação da fidelidade da tradução do texto original […]”. No mês seguinte, outras quatro montagens foram proibidas.

Título de reportagem da Folha sobre o protesto da classe teatral contra a proibição de peças pela Censura Federal (13.fev.1968/Folhapress)

A ESTREIA

Na noite de 8 de agosto de 1968, após quase um ano de embargo pelo órgão censor, ocorre, finalmente, a tão aguardada estreia.

Com um coquetel oferecido à imprensa e um vagão de metrô construído pelo cenógrafo Marcos Flaksman, o primeiro dia de encenação foi um ato beneficente, em favor da Escola Israelita Brasileira.

Um dia depois, a peça foi apresentada apenas a convidados e à crítica especializada. E em 10 de agosto, houve a estreia oficial, aberta ao público.

A atriz Ítala Nandi, que personificou a loira prostituta Lula, destacou à imprensa que sua personagem, além de ter sido o seu melhor papel até então, lhe proporcionou “uma riquíssima vivência interior”.

Antonio Pitanga, que representou o negro humilhado Clay, disse que “O Poder Negro” o fez recusar o convite do cineasta Glauber Rocha para a atuação no clássico “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”, lançado em 1969.

Chamada de primeira página da Folha para a estreia da peça “O Poder Negro”, de LeRoi Jones (9.ago.1968/Folhapress)
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Há 35 anos, morreu Adoniran Barbosa, autor de ‘Trem das Onze’ e bamba do samba paulista https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/11/23/ha-35-anos-morreu-adoniran-barbosa-autor-de-trem-das-onze-e-bamba-do-samba-paulista/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/11/23/ha-35-anos-morreu-adoniran-barbosa-autor-de-trem-das-onze-e-bamba-do-samba-paulista/#respond Thu, 23 Nov 2017 07:00:32 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/11/12-127x180.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=6362 No dia 23 de novembro de 1982, morria João Rubinato, vítima de enfisema pulmonar. Mais conhecido como Adoniran Barbosa, tinha 72 anos.

Sua mulher, Matilde Luttif, que o acompanhava no quarto do hospital, disse que Adoniran “morreu como um passarinho”. De acordo com ela, o compositor morreu pobre. Deixou uma casa, a aposentadoria de Cr$ 125 mil (equivalente hoje a R$ 4.052), mais Cr$ 60 mil (cerca de R$ 1.945) por trimestre, referente a direitos autorais.

A última aparição pública de Adoniran foi como destaque da escola de samba Colorados do Brás, no Carnaval de 1982. Um problema burocrático quase o impediu de desfilar como destaque: sua roupa não tinha as cores da escola. E seu último trabalho profissional foi um comercial da Volkswagen, em setembro do mesmo ano.

O próprio compositor afirmou que Adoniran veio do nome de um amigo boêmio –Adoniran Alves– e Barbosa foi uma homenagem ao sambista carioca, Luis Barbosa.

Nascido em Valinhos (SP), no dia 6 de agosto de 1910, criou uma linguagem própria, utilizando em suas composições a forma como os imigrantes italianos, dos bairros do Brás e do Bixiga, costumavam falar.

O compositor Adoniran Barbosa (à dir.) posa para foto com seu pai, Ferdinando Rubinato (centro), e com seu irmão mais velho

Trabalhou como tecelão, faxineiro, ajudante de encanador, pedreiro, mascate e ajudante de carregador de vagões, onde ajudava o pai ferroviário. Também trabalhou como garçom na casa do ministro da Guerra, Pandiá Calógeras, do governo Epitácio Pessoa. “Eu usava roupas bonitas e comia muito bem.” Nessa época Adoniran tinha 12 anos.

Nunca foi músico. Dizia que não aprendeu a tocar violão por preguiça. Em 1930, venceu um concurso de calouros da rádio Cruzeiro do Sul, com a canção “Filosofia”, de Noel Rosa –em 1935, ele venceu o concurso da Prefeitura de São Paulo para músicas de carnaval com a composição “Dona Boa”, em parceria com J. Emerê e gravada por Raul Torres para a Columbia.

Lá esteve com os radialistas Vicente Leporace, Blota Junior e Sagramor de Scuvero. Adoniran vendia anúncios e cantava.

Em 1934, foi apresentado a Otávio Gabus Mendes, da Record, que simpatizou com Adoniran e o levou aos estúdios da rádio, onde começou a fazer o programa “Zé Conversa”, escrito por Osvaldo Moles e que mais tarde seria seu parceiro.

Recebia 30 mil réis por mês pelo programa, o que era muito pouco. “Eu falava com o Otávio todos os dias. Queria ir para a folha de pagamento, ter um salário. Um dia ele me disse: fale com o Barreto Machado, ele ganha um conto de réis por mês. Pode dividir com você”.

Machado era funcionário público e ator nas horas vagas. Adoniran explicou o caso, e Machado concordou em dividir seu salário.

Depois, Osvaldo Moles passou a produzir outros programas, e Adoniran cantava, fazia teatro e humorismo.

Adoniran Barbosa e Maria Amélia, artistas da Rádio Record

Em seus programas, Moles satirizava o povo paulistano, especialmente os de origem italiana que viviam no Brás, Bixiga e Barra Funda.

Criou para Adoniran o personagem Charutinho, um malandro paulistano que vivia numa maloca.

Entre 1942 e 1945, o compositor participou do programa infantil “Escola Risonha e Franca”, onde interpretava o personagem Barbosinha Mal Educado da Silva. Participou também do programa “O Crime Não Compensa”, onde Adoniran interpretava a voz do bandido e que foi levado ao ar de 1944 a 1954.

Ele não se considerava um compositor tipicamente carnavalesco. Compôs poucos sambas que chamava de “puro sangue”, feitos na medida para o Carnaval. Entre eles, “Malvina” –primeira música dele gravada pelos Demônios da Garoa, composta em 1944 ou 1945.

No final dos anos 1940, gravou “Saudosa Maloca”, com “êxito relativo”, como costumava dizer. A música teve enorme sucesso depois que foi gravada pelo grupo Demônios da Garoa, em 1955. Depois, veio o “Samba do Arnesto”. Nestas duas composições, Adoniran deixou sua marca e começou a fazer uma crônica da cidade.

O cantor e compositor Adoniran Barbosa ao lado dos integrantes do Demônios da Garoa

Mas seu grande sucesso veio em 1964, quando os Demônios da Garoa gravaram “Trem das Onze”, que ele considerava seu verdadeiro “sucesso internacional”.

“Vila Esperança” foi sua grande contribuição para o Carnaval nos anos 1960. Apresentada em 1969, no 1º Festival de Músicas de Carnaval da TV Tupi, classificou-se em segundo lugar. É considerada uma das mais belas músicas carnavalescas de todos os tempos.

Entre suas parcerias ele gostava de citar a que fez com Vinícius de Moraes, um poeta “culto”, que o tinha criticado anteriormente pelos erros de português. Adoniran não deu importância às declarações do poeta, tanto que musicou uma poesia do escritor carioca, transformando-a na valsa “Bom Dia, Tristeza”.

Às críticas que recebia Adoniran rebatia: “Só faço samba pra povo“. “Por isso faço letras com erros de português, porque é assim que o povo fala. Além disso, acho que o samba, assim, fica mais bonito de se cantar.”

“Adoniran Barbosa e Convidados”, de 1980, foi seu último LP. Produzido por Fernando Faro, o cantor e compositor reuniu neste disco Clementina de Jesus, Carlinhos Vergueiro, Elis Regina, Djavan, Gonzaguinha, Clara Nunes, MPB 4, Roberto Ribeiro, Vânia Carvalho e o grupo Nosso Samba.

Uma das faixas deste disco, “Tiro ao Álvaro”, acabou sendo um dos últimos sucessos de Elis Regina, morta em janeiro de 1982.

Além do rádio e da música, Adoniran também trabalhou no cinema, com a atriz Derci Gonçalves, o diretor Lima Barreto entre outros. Na TV, participou de alguns programas e novelas.

Em 1970, tristonho, queixava-se da cidade. “Até 1960, São Paulo ainda existia. Depois, procurei, mas não achei São Paulo. O Brás, cadê o Brás? E o Bixiga, cadê? Mandaram-me achar a Sé. Não achei. Só vejo carros e cimento armado.”

Também protestava contra os rodízios de pizza: “Onde já se viu isso? Rodízio de pizza é várzea”.

“O samba que faço hoje? Tudo bem, Modelo 19, estrangeiro residente, americanizado. Os autores dessa coisa dizem que sou superado. Que não atualizei meu jeito de fazer samba. Pois não mudo e não mudo. Azar dos que não gostam da minha música. Você sabe que até Vinícius de Moraes foi meu crítico? Pois um dia musiquei uma de suas poesias. O samba chama-se ‘Bom Dia, Tristeza’. Ah, mas o que me emocionou mesmo foram os cumprimentos que recebi junto com a Matilde, no dia da estreia do filme ‘Eles Não Usam Black Tie’. A música do filme é minha (“Nóis não usa blequitai”) e, na porta do cinema, aquela juventude a me abraçar e dizer que a trilha era maravilhosa. Ah, rapaz, que felicidade.”

Reportagem exibida no programa “Fantástico”, da TV Globo, em 12 de novembro de 2017, mostrou que os objetos deixados por Adoniran estão sem destino.

Roupas, óculos, discos, gravatas borboleta, chapéus, entre outras relíquias estão encaixotadas na Galeria do Rock, no centro de São Paulo. São mais de mil objetos que foram deixados para a sua filha única, Maria Helena. Entre eles está uma miniatura do Trem das Onze, feita pelo próprio compositor.

A advogada dos herdeiros, Luciana Arruda, afirmou ao “Fantástico” que a filha do sambista entende que o acervo não pode ficar mantido de forma privada nem escondido.

A família procurou a ajuda do poder público. Nos anos 2000, parte dos objetos foi exibida no cofre de um banco, em um teatro e em seguida no MIS (Museu da Imagem e do Som), onde o acervo não ficou todo junto, motivo pelo qual a filha temia perder as peças.

Neste meio-tempo, o acervo foi levado para ser catalogado na USP, transferido para um sítio e depois guardado em um galpão.

No início de novembro deste ano, a administração da Galeria do Rock aceitou guardar as peças do sambista, que morava a três quadras dali.

 

 

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Há 50 anos, Herman’s Hermits foi o primeiro grupo britânico de iê-iê-iê a visitar o Brasil https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/11/18/ha-50-anos-hermans-hermits-foi-o-primeiro-grupo-britanico-de-ie-ie-ie-a-visitar-o-brasil/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2017/11/18/ha-50-anos-hermans-hermits-foi-o-primeiro-grupo-britanico-de-ie-ie-ie-a-visitar-o-brasil/#respond Sat, 18 Nov 2017 07:00:44 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2017/11/capa-180x94.jpg http://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=6307 Em 1966, reverberou-se na imprensa que os Beatles se apresentariam no Brasil. Mas o alarde era apenas buxixo. A verdade é que o famigerado quarteto de Liverpool nunca esteve nem sequer na América Latina. Os Rolling Stones, segundo lugar no ranking, demoraram mais de três décadas para pisar aqui. Outro nome de peso da chamada invasão britânica nos EUA durante os anos 1960, o The Who, esperou 53 anos até aparecer no país. A visita foi concretizada neste ano com apresentações em São Paulo, Rio e Porto Alegre.

Há 50 anos, contudo, em novembro de 1967, outro grupo inglês de grande popularidade na época, o Herman’s Hermits, que ainda mantinha o espírito iê-iê-iê de fazer música, tornou-se a primeira banda inglesa de rock a tocar no Brasil. Naquele ano, Stones, Who, Kinks e Hollies, entre outras grupos britânicos ilustres, transitavam por novas tendências sonoras, influenciadas sobretudo pelo lançamento dos clássicos e psicodélicos álbuns “Sargent Peppers” (Beatles) e “Pet Sounds” (do quinteto californiano The Beach Boys). 

Originário da cidade de Manchester, a 56 quilômetros da Liverpool dos Beatles, o Herman’s Hermits era formado por Peter Noone (vocal, piano e sax), Karl Green (guitarra base), Derek Leckenby (guitarra solo), Barry Whitwam (bateria) e Keith Hopwood (guitarra solo). O grupo ganhou fama mundial depois de se apresentar em um dos programas de entretenimento de maior audiência da TV americana nos anos 60, o “The Ed Sullivan Show”, atração televisiva de grande importância na divulgação do rock inglês para o mundo. 

Anúncio dos shows do grupo britânico “Herman’s Hermits” em São Paulo – Reprodução

BRASIL

Com vendagens que ultrapassavam a marca de 9 milhões de compactos e cerca de 3 milhões de LPs, os Herman’s Hermits desembarcaram no Brasil em 17 de novembro de 1967, para duas apresentações em São Paulo, no Cine Miami, no centro da capital. Logo que chegaram a Congonhas, às 12h40, procedentes do Rio, Peter Noone e sua trupe, com roupas consideradas “extravagantes” para a época e bagagem com quase 1.600 kg de equipamentos, foram recebidos com euforia por um grupo de adolescentes que portavam cadernos, discos e revistas com fotos dos ídolos. Demonstrando extrema simpatia com a histeria dos fãs, os músicos permaneceram por quase meia hora no aeroporto, numa improvisada sessão  de autógrafos para a alegria de seus admiradores.

Conhecidos mundialmente pelos hits “I’m Into Something Good”,  “No Milk Today” e “There’s A Kind Of Hush”, todas estouradas nos EUA, o conjunto aproveitou a visita para destacar a sua admiração pela bossa nova, em especial pelo compositor Antonio Carlos Jobim. A revelação foi dita em entrevista à imprensa no Terraço Itália, no centro de São Paulo, aonde chegaram com uma hora de atraso para a coletiva.

Chegada da banda inglesa “Herman’s Hermits no Rio – Reprodução

No encontro com os jornalistas, realizado após o ensaio do grupo no Cine Miami –palco das apresentações nas noites dos dias 17 e 18 de novembro–, extrovertidos, os músicos tiraram risos dos profissionais da imprensa quando disseram que a Inglaterra seria bicampeã de futebol na Copa de 1970, e que o Brasil de Pelé não teria vez para seleção inglesa. O grupo também revelou ter ouvido algumas canções de Roberto Carlos, que foram classificadas pelos músicos como românticas e “lentas”.

Apesar dos elogios à mídia pelo tratamento respeitoso prestado a eles no Brasil, os jovens astros se queixaram da ação da polícia em frente ao edifício Itália, que não permitiu a entrada de mais  de 40 alunos do Colégio Caetano de Campos, que aguardavam para ganhar autógrafo dos músicos.

Famosos não só na música, os Herman’s Hermits já tinham participado de alguns filmes, entre os quais “Aguenta a Mão” (1966) e “Quando Eles e Elas se Encontram” (1965).

Cotados pela imprensa americana como os próximos substitutos dos Beatles, que àquela altura já haviam deixado de se apresentar ao vivo para se dedicar em tempo integral a produções musicais mais complexas nos estúdios da Abbey Road, em Londres, os Herman’s Hermits fizeram dois espetáculos no país, com ingressos ao preço de NCr$ 10,00 (equivalente hoje a R$ 93,70), ambos exibidos pelo Canal 5, em São Paulo.

HOJE

Cinquenta anos depois e com mais de uma dezena de álbuns lançados entre paradas, saídas e desentendimentos, a banda continua sendo representada nos palcos pelo vocalista Peter Noone e pelo baterista Barry Whitwam, com shows agendados até o início de 2018.

 

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