Acervo Folha https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br No jornal, na internet e na história Fri, 19 Feb 2021 13:40:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 1968 – AS 28ª E 29ª BOMBAS: Avião da praça 14 Bis e multinacional viram alvos https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/12/17/1968-as-28a-e-29a-bombas-aviao-da-praca-14-bis-e-multinacional-viram-alvos/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/12/17/1968-as-28a-e-29a-bombas-aviao-da-praca-14-bis-e-multinacional-viram-alvos/#respond Mon, 17 Dec 2018 09:00:38 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/12/aviaoC3-320x213.jpg https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10645 Quatro dias após o então presidente do Brasil, Arthur da Costa e Silva, ter baixado o Ato Institucional nº5 e endurecido o regime ditatorial, duas bombas explodiram na região da Grande São Paulo na madrugada de 17 de dezembro de 1968.

Um dos alvos foi o avião da FAB (Força Aérea Brasileira) que ficava exposto como um monumento na praça 14 Bis, perto da avenida 9 de Julho, na Bela Vista, região central de São Paulo.

O outro ponto de ataque foi  na  seção de classificação de algodão da multinacional americana Anderson, Clayton & Company, em São Caetano do Sul. As duas ações não deixaram feridos.

Essas foram as últimas duas das 28 bombas em 1968 na região metropolitana de São Paulo que foram contabilizadas em um levantamento do Banco de Dados da Folha. As histórias de todos os casos foram relatados no Blog do Acervo em 2018.

Clique na imagem e confira o mapa das bombas em São Paulo em 1968

A bomba na praça 14 Bis não teve grande poder destrutivo. Danificou a fuselagem e a asa direita do avião C-3, que havia sido transformado em um monumento para homenagear os pracinhas da FEB (Força Expedicionária Brasileira).

O veículo aéreo, utilizado em combates na Itália durante a Segunda Guerra, foi adaptado e colocado sobre uma armação de cimento para que pudesse ser visto com maior facilidade. Em sua volta, para isolá-lo, foi colocada uma corrente presa a cápsulas usadas também na guerra. Porém as crianças costumavam entrar na área para brincar.

O autor do atentado, assim como faziam as crianças nas brincadeiras, passou pelas correntes. Deixou o artefato junto ao pedestal do monumento e fugiu.

A explosão não fez com que o avião caísse, mas provocou a quebra de vidros em vários prédios vizinhos. O barulho foi ouvido até da delegacia que funcionava na rua Marques de Paranaguá (a aproximadamente um quilômetro do local).

Os agentes foram à praça e recolheram panfletos com mensagens atribuídas ao ex-deputado Carlos Marighella. Ele lutava contra a ditadura e era líder de um grupo armado que viria a receber o nome de ALN (Ação Libertadora Nacional).

O texto divulgado nos panfletos negava a participação de Marighella em assaltos, mas o ligava aos movimentos contra o regime militar. Também havia a reclamação de que os Estados Unidos tinham se transformado em donos do Brasil.

Em 18 de maio de 1992, a Folha publicou uma reportagem, assinada pelo jornalista Mario Cesar Carvalho, relatando que o arquiteto e artista plástico Sérgio Ferro participou do ataque contra o avião da FAB.

Na época da ditadura, Ferro integrava o “Grupo de Arquitetos”, que tinha ligação com a ALN. Também chegou a fazer a ponte com a VPR (Vanguarda Popular Revolucionária). Ficou preso por um ano, entre dezembro de 1970 e dezembro de 1971, e foi torturado.

Da França, onde radicou-se no exílio, Ferro comentou a ação na praça 14 Bis. “Isso foi ridículo. O avião não caiu, coitado, ficou lá”, declarou.

Na mesma reportagem de 1992, o arquiteto fez uma revelação, bem mais séria. Disse ter colocado, junto com o arquiteto Rodrigo Lefévre (1938-1984) e com uma outra pessoa que ele não contou o nome, a bomba no Consulado dos Estados Unidos na madrugada de 19 de março de 1968.

A explosão atingiu o estudante Orlando Lovecchio Filho, que passava pelo local e teve que amputar o terço inferior de sua perna esquerda.

A reportagem do Banco de Dados Folha não conseguiu entrar em contato com Ferro.

São Caetano do Sul

Assim como ocorreu na praça 14 Bis, panfletos com mensagens que seriam de Marighella foram encontrados onde explodiu a outra bomba da madrugada de 17 de dezembro de 1968.

O petardo foi colocado na porta do prédio da Anderson, Clayton & Company no centro de São Caetano do Sul. Com a detonação, a porta de ferro foi bastante danificada. Vários vidros do edifício também ficaram quebrados.

Antes disso, os agentes estavam empenhados em averiguar uma falsa ameaça.

Uma ligação telefônica anônima, por volta das 23h, informava que uma bomba seria jogada na empresa Matarazzo Rayon (a cerca de 2,5 quilômetros da Anderson) em dez minutos.

Com isso, viaturas da Rádio-Patrulha, dos Bombeiros e da Polícia Civil se dirigiram para o local para realizar as buscas, tomando um drible.

A polícia só ficou sabendo do verdadeiro ataque por volta das 3h30 com um telefonema de um morador da região.

O Dops (Departamento de Ordem Política e Social) foi avisado do ataque pela delegacia de São Caetano, mas o delegado de plantão não pôde ir ao local de prontidão, porque estava ocupado no caso da praça 14 Bis.

O chefe da Polícia Federal em São Paulo, o general Silvio Correia de Andrade, disse acreditar que foi o mesmo grupo que realizou as duas ações.

Independentemente de quem foi o autor da ação em São Caetano, o fato foi que mais uma vez a ditadura voltou a ser desafiada em 1968.

Prédio da Anderson, Clayton em São Caetano depois do ataque – Reprodução

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Hipopótamos, fogueira de dinheiro e prisão de luxo marcaram o traficante Pablo Escobar, morto há 25 anos https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/12/02/hipopotamos-fogueira-de-dinheiro-e-prisao-de-luxo-marcaram-o-traficante-pablo-escobar-morto-ha-25-anos/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/12/02/hipopotamos-fogueira-de-dinheiro-e-prisao-de-luxo-marcaram-o-traficante-pablo-escobar-morto-ha-25-anos/#respond Sun, 02 Dec 2018 09:00:39 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/12/hipo-320x213.jpg https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10542 Quando estava em cima do telhado durante uma fuga, na tarde de 2 de dezembro de 1993, o mais famoso narcotraficante do mundo, o colombiano Pablo Escobar Gavíria, foi alvejado e morto, em Medellín.

Ele tentava escapar de um cerco montado por forças do Exército e da polícia, conforme consta a versão oficial.

O cartel da cidade, liderado por Escobar, chegou a responder por cerca de 80% do fornecimento de cocaína ao Estados Unidos, segundo dados da DEA, a agência norte-americana de combate às drogas.

Estima-se que a organização criminosa tenha sido responsável pela morte de mais de 4.000 pessoas.

O traficante estava foragido desde julho de 1992, quando tinha escapado de uma prisão em Envigado (a cerca de 20 quilômetros de Medellín).

A cadeia em que ficou (conhecida como La Catedral) poderia ser mais comparada a um luxuoso hotel do que a um centro de detenção.

A imprensa colombiana divulgou que os traficantes teriam à disposição, de dentro do cárcere, banheira com hidromassagem, televisão de 60 polegadas, videocassete, telefones celulares e armas.

Foi Escobar quem teria mandado construí-la, já projetando a possibilidade de se entregar para a polícia, o que ocorreu ao obter a garantia de que não seria extraditado aos Estados Unidos.

Edição da Folha de 20 de junho de 1991

Ficou 13 meses detido. Só optou pela fuga quando soube que seria transferido de penitenciária, depois que seus privilégios se tornaram público.

Fogueira de dinheiro

Para escapar da polícia e de seus inimigos, Escobar organizou um esquema com esconderijos em várias casas espalhadas pela região.

Em março de 2015, um de seus filhos, Juan Pablo Escobar Henao, falou para a revista colombiana Don Juan que seu pai, quando estava foragido, chegou a fazer uma fogueira com notas de dinheiro, em um total de US$ 2 milhões, por causa do frio intenso.

Isso ocorreu quando a família estava escondida em uma habitação rústica, em uma das montanhas que rodeiam Medellín. A polícia havia armado um bloqueio na área, e eles não poderiam deixar o local naquele momento.

Segundo o filho, a sua irmã começou a sentir mal por causa da hipotermia. O pai, então, decidiu queimar dois sacos de dinheiro para aquecê-los.

Pablo Escobar foi muito rico. Seu nome constou na lista de bilionários da revista Forbes por sete anos, de 1987 a 1993. Na primeira edição, a publicação informou que o traficante recebia a maior fatia, estipulada em 40%, dos negócios do Cartel de Medellín.

A revista estimou que, ao longo de 1987, o criminoso teria movimentado sozinho US$ 3 bilhões (cerca de R$ 11,56 bilhões) e o seu patrimônio líquido seria de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 7,71 bilhões).

Fortuna que começou a ser formada na segunda metade da década de 1970. Em 1980, ele já tinha sua própria organização para o envio de drogas aos Estados Unidos.

Juan Pablo Escobar Henao passou a adotar o nome de Sebastián Marroquín depois da morte de seu pai (foto: Enrique Marcarian – 6.nov.2009 / Reuters)

Hipopótamos

Com dinheiro em abundância, Escobar comprou mansões, fazendas, edifícios de apartamentos, escritórios e obras de arte. Uma de suas investidas foi montar um zoológico particular na Hacienda Nápoles, onde também tinha uma luxuosa casa.

Comprou quatro hipopótamos, que se adaptaram bem ao clima e procriaram bastante. Com os anos, os animais viraram uma preocupação na região.

O pesquisador David Echeverri, de uma agência ambiental do governo colombiano, disse para o site da revista National Geographic Brasil que o problema ainda persiste.

Em entrevista publicada em agosto de 2018, Echeverri afirmou que entre 26 e 28 hipopótamos vivem no lago da Hacienda Nápoles, mas relatou que há evidências de que pequenos grupos ou animais solitários tenham migrado pelo rio Magdalena e ido para outras áreas.

“É possível que haja até 40 hipopótamos na região. Em dez anos, este número pode chegar a quase 100 se não forem administrados”, afirmou o pesquisador.

Sem símbolos

Assim como a Hacienda Nápoles, há outros lugares relacionados a Escobar, que atraem pessoas curiosas sobre a vida do traficante.

Como mostrou a reportagem da jornalista Sylvia Colombo, na edição de 9 de outubro de 2018 da Folha, Medellín lançou ofensivas para apagar os símbolos do auge de Escobar.

O edifício Mônaco, onde a família do traficante morou, vai dar lugar a um memorial para as vítimas. O prefeito da cidade, Federico Gutiérrez, foi quem iniciou a demolição simbólica do prédio.

“Apagar o passado é impossível, devemos aprender com ele e construir uma melhor cidade a partir do que aprendemos perdendo tantos seres queridos”, declarou Gutiérrez.

O prefeito Federico Gutiérrez iniciou a demolição simbólica do prédio de Mônaco – Reprodução
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1968 – 27ª BOMBA: Jato de fogo em área da Aeronáutica gera especulações https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/11/24/1968-27a-bomba-jato-de-fogo-em-area-da-aeronautica-gera-especulacoes/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/11/24/1968-27a-bomba-jato-de-fogo-em-area-da-aeronautica-gera-especulacoes/#respond Sat, 24 Nov 2018 09:00:45 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/11/CampodeMarte-320x213.jpg https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10495 Apesar de 1968 ter sido um período marcado por bombas em São Paulo, uma explosão no Parque da Aeronáutica no Campo de Marte (zona norte de São Paulo), na noite de 25 de novembro daquele ano, não gerou muito alarme nas autoridades. Pelo menos, publicamente.

No dia seguinte ao fato, a Folha da Tarde divulgou que duas bombas foram detonadas no local e que o assunto estava sendo mantido em sigilo pela Aeronáutica para não provocar pânico na região.

Depois, veio a versão oficial: uma explosão ocorreu em um buraco de um terreno vazio no Campo de Marte. Porém não foi explicado o que provocou o estouro nem quem foram os autores.

Esse caso se juntou a outros 26 registros de explosivos e bombas, ocorridos na região metropolitana paulista desde março a novembro de 1968 (o quarto ano da ditadura militar no Brasil).

O levantamento foi realizado pelo Banco de Dados, e os episódios estão sendo publicados no Blog do Acervo da Folha.

Clique na imagem e confira o mapa das bombas em São Paulo em 1968

A misteriosa explosão em uma zona de segurança da Aeronáutica gerou muitas especulações.

O então chefe da Polícia Federal em São Paulo, o general Silvio Correa de Andrade, recusou-se a comentar a possibilidade de ligação com algum outro atentado anterior.

“Não fui solicitado pelas autoridades da Aeronáutica nem sei qual tipo dos artefatos, o material utilizado, o estrago causado e outros detalhes para fazer uma comparação com a [bomba] do consulado americano, a do Estadão e as que foram lançadas contra os quartéis do 2º Exército”, declarou na época o general, citando alguns atentados que estavam sob investigação.

Segundo o relato do delegado Wanderico Arruda de Moraes, o Dops (Departamento de Ordem Política e Social) foi chamado no dia 25 de novembro para atender a um acidente com um garoto atingido por um jato de fogo, vindo de um buraco num terreno baldio. Não foi revelada a gravidade dos ferimentos no garoto.

Edição da Folha da Tarde de 27 de setembro de 1968

Um tenente-coronel apontou que a explosão pode ter sido causada por um obus (uma espécie de granada explosiva que era arremessada por boca de fogo) enterrado no local em 1932, ano da Revolução Constitucionalista. Também informou que um buraco de um metro e meio no terreno ficou aberto e que só um menino foi queimado.

Oficiais da 4ª Zona Aérea disseram acreditar que a explosão tenha sido provocada pelo garoto que estaria brincando nas imediações do Campo de Marte.

Já o delegado-adjunto Orlando Rosante cogitou a possibilidade de ter ocorrido uma combustão espontânea com gases acumulados no local.

O Dops desligou-se do caso. As autoridades da Força Aérea Brasileira negaram-se a considerar que tenha sido um ação política e preferiram não comentar o fato por causa da sua “pequena importância”. E, assim, mais uma bomba ficava sem solução.

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Em 50 anos, rodovia Castello Branco já foi palco de nascimento de bebê e de travessia de patos https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/11/10/em-50-anos-rodovia-castello-branco-ja-foi-palco-de-nascimento-de-bebe-e-de-travessia-de-patos/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/11/10/em-50-anos-rodovia-castello-branco-ja-foi-palco-de-nascimento-de-bebe-e-de-travessia-de-patos/#respond Sat, 10 Nov 2018 09:00:05 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/11/castellobranco-320x213.jpg https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10463 Nascimento de um bebê dentro de carro parado em uma base policial. Interrupção do trânsito de veículos para patos atravessarem a pista. Uma estrada aberta sem nenhum posto de combustível.

Essas são algumas das histórias incomuns para uma autoestrada, mas que ocorreram na rodovia Castello Branco, durante os seus 50 anos.

O  primeiro trecho, inaugurado em 10 de novembro de 1968, foi construído com 171 quilômetros para ligar São Paulo à cidade de Torre de Pedra (40 quilômetros depois de Tatuí aproximadamente).

O custo da obra foi de quase NCr$ 350 milhões (o que equivaleria hoje a cerca de R$ 2,8 bilhões), conforme divulgado na época. Era considerada a rodovia mais moderna do país.

No entanto, o acesso não estava pronto, e quem estava em São Paulo e quisesse usar a nova estrada tinha que ir até Osasco e de lá seguir as orientações de placas indicativas.

As autoridades também alertavam para não entrar na rodovia com pouco combustível: Não havia nenhum posto de gasolina ao longo do trajeto e só dava para fazer retorno quando chegasse a um trevo. Também não havia oficinas mecânicas.

Apesar de já ter o nome oficial, ela ainda era conhecida por Estrada do Oeste. Sua capacidade era estipulada em 40 mil veículos por dia, no trajeto entre a capital e Sorocaba.

Hoje, a rodovia tem 315 quilômetros e vai até a região próxima a Santa Cruz do Rio Pardo (SP). No trecho mais movimentado (entre São Paulo e Itapevi), são feitas 215 mil viagens por dia.

Patos

E foi justamente um local de trânsito intenso da Castello que teve que ser bloqueado, por instantes, para um pato e cerca de 15 filhotes saírem do canteiro central da estrada, no dia 22 de novembro de 2016.

A agente de monitoramento Angela Cruz, que trabalha no Centro de Controle Operacional, da CCR ViaOeste (empresa que administra parte da rodovia), contou que ficou surpresa quando surgiu a informação da presença desses animais no quilômetro 20, em Barueri.

Para chegar até o canteiro central, os patos tiveram que atravessar as três vias da pista expressa e as cinco da marginal.

O alerta veio por usuários, e Angela avisou uma viatura da concessionária para ir ao local. Os funcionários ficaram tomando conta dos animais para impedir que entrassem novamente nas pistas.

“Foi um fato muito inusitado. É um trecho urbano, mas com bastante mata em volta”, disse Angela para a reportagem do Banco de Dados da Folha.

Os patos saíram de lá com segurança. “As pistas foram bloqueadas por policiais, e eles foram andando de volta para o seu habitat [retornando para a mata].”

Bebê

Assim como Angela, o condutor de emergência Marcos Aurélio Inoue (que dirige o carro de resgate) também recebeu um chamado diferente de sua rotina: Uma mulher estava em trabalho de parto, em um posto policial, em Avaré, no dia 6 de dezembro de 2016.

“A adrenalina subiu na hora. A gente pensa que precisa chegar logo para ajudar. É uma vida em jogo”, afirmou Inoue, que trabalha para a concessionária CCR SPvias.

Quando chegou, a criança tinha acabado de nascer, dentro do carro. O parto foi feito por um policial.

Inoue, que também atua como bombeiro, ajudou a prestar os atendimentos necessários seguintes. Depois, a mulher e a filha foram levadas a um hospital.

A mãe da criança é a escriturária Camila Helena Presser Gonçalves, hoje com 37 anos. Ela morava em Iaras, cidade que não tinha Santa Casa. Por isso, fazia o acompanhamento de gestação em Avaré (a cerca de 40 quilômetros).

Camila e a filha são levadas pelo resgate à Santa Casa de Misericórdia de Avaré – 6.dez.2016/Arquivo pessoal

O nascimento estava previsto para o começo de janeiro de 2017, mas Camila começou a sentir dores e resolveu ir com a irmã até Avaré.

“No caminho, senti duas contrações mais fortes e falei para a minha irmã que não daria tempo de chegar ao hospital”, lembrou a escriturária.

Elas pararam no posto policial e receberam a ajuda. “Minha filha nasceu supersaudável. Ficou três dias na incubadora só por precaução. Eu também passei bem depois do parto.”

Hoje, quando passa pela rodovia, ela conta que tem um sentimento especial. “Não tem como não lembrar do nascimento da minha filha”, declarou Camila.

 

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1968 – DA 24ª À 26ª BOMBA: Após dois meses, explosivos na Água Branca e na Bela Vista voltam a intrigar o Exército https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/10/31/1968-da-24a-a-26a-bomba-apos-dois-meses-explosivos-na-agua-branca-e-na-bela-vista-voltam-a-intrigar-o-exercito/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/10/31/1968-da-24a-a-26a-bomba-apos-dois-meses-explosivos-na-agua-branca-e-na-bela-vista-voltam-a-intrigar-o-exercito/#respond Wed, 31 Oct 2018 15:00:09 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/10/Bomba1-320x213.jpg https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10447 O final de outubro de 1968 marcou a volta dos casos de grande repercussão de bombas em São Paulo. Uma explodiu na loja Sears, na Água Branca (zona oeste), no dia 27, sem provocar vítimas. Outras duas foram encontradas, sem serem detonadas, na Bela Vista (região central), no dia 31.

Essas ações representaram o fim de mais de dois meses sem notícias assim nos jornais naquele ano.

Os últimos haviam sido no dia 19 de agosto, com explosões em frente ao Dops (Departamento de Ordem Política e Social) e nos fóruns da Lapa e de Santana –os três foram de madrugada.

Conforme levantamento feito pelo Banco de Dados, foram feitos, ao menos, 26 registros de bombas, entre março e outubro de 1968 -era o quarto ano dos militares no poder. Essas histórias estão sendo resgatadas e publicadas no Blog do Acervo Folha.

Depois do atentado no Dops, a polícia prendeu um grupo de extrema direita acusado de provocarem, pelo menos, 13 ataques a bomba.

O líder do grupo, o escritor Aladino Félix, afirmou que as explosões eram determinadas pela Casa Militar da Presidência da República e que ele era apenas um intermediário.

Clique na imagem e confira o mapa das bombas em São Paulo em 1968

Quando uma explosão voltou a ocorrer, com o episódio na loja Sears, surgiu novamente a dúvida se havia um cunho político.

Para o delegado Edward Quass, do Dops, o “atentado era obra de pessoas interessadas no endurecimento do regime militar”, independentemente se tivesse sido feito por integrantes extremistas da direita ou da esquerda.

O ataque foi feito de madrugada. Uma bomba explodiu em uma das portas de aço que protegem as vitrines da loja, destruindo vários aparelhos eletrodomésticos. Um cano também foi rompido. A água jorrou pelo local, alagando os porões.

Segundo cálculos dos diretores da Sears, os prejuízos causados eram de mais de NCr$ 30.000 (o que equivaleria a aproximadamente R$ 240 mil).

Os vidros das janelas de uma empresa vizinha quebraram com o deslocamento de ar. Isso também ocorreu em residências próximas.

Foram recolhidos os fragmentos da bomba, uma peça de aço, pedaço de um cano, papéis com o emblema das Forças Armadas e em um deles havia a inscrição: Ministério da Guerra, Fábrica de Explosivos do Exército, Piquete.

A hipótese de que o artefato teria sido lançado por um Volkswagen, que tinha passado momentos antes da explosão, foi deixada de lado, já que a bomba era muito pesada.

Quatro dias depois, a polícia ganhou um outro mistério para tentar desvendar. Duas bombas, de alto poder destrutivo, foram encontradas de madrugada perto de um estacionamento de carros na rua Paim, na Bela Vista.

Elas estavam escondidas embaixo de um monte de pedras, o que, segundo policiais, aumentaria o poder de ação quando explodisse, porque gerariam muitos estilhaços.

Bombas estavam debaixo de um monte de pedras

O Exército não informou como as descobriu lá. Durante a madrugada, oficiais do Serviço Secreto foram até o local,  começaram a a cavar as pedras, cuidadosamente, até que acharam os dois petardos.

Houve um impasse para fazer a remoção das bombas. Os agentes militares queriam que a Polícia Técnica as desmontasse, mas não foram atendidos.

Um engenheiro da Polícia Técnica alegou que elas poderiam explodir ao simples contato com mão e que as Forças Armadas tinham o equipamento necessário para a ação.

Quem fez esse trabalho foi a Polícia do Exército. Nenhum dos oficiais quis fazer alguma declaração para a imprensa, mas eles admitiram que “aquilo era obra de terrorista”.

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1978: Rodovia dos Bandeirantes é inaugurada para ligar São Paulo a Campinas e desafogar Anhanguera https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/10/28/1978-rodovia-dos-bandeirantes-e-inaugurada-para-ligar-sao-paulo-a-campinas-e-desafogar-anhanguera/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/10/28/1978-rodovia-dos-bandeirantes-e-inaugurada-para-ligar-sao-paulo-a-campinas-e-desafogar-anhanguera/#respond Sun, 28 Oct 2018 10:00:21 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/10/sistema-bandeirantes-320x213.jpg https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10416 Após cerca de dois anos de construção, a rodovia dos Bandeirantes (conhecida popularmente com Via Norte), com 88,46 quilômetros, entre São Paulo e Campinas, foi inaugurada em 28 de outubro de 1978.

Conforme a Folha noticiou nesse dia, em reportagem de Jane Soares, a estrada ficou pronta dentro do prazo estipulado, mas custou quase três vezes a mais que o previsto inicialmente. Isso sem contar as desapropriações que ainda seriam pagas.

A via tinha duas pistas e seis faixas de tráfego, cada uma com 3,6 metros de largura. Sua capacidade estipulada era de 70 mil veículos por dia.

A  ideia era que o trânsito na via Anhanguera, apontada então como uma das mais perigosas do estado de São Paulo, fosse desafogado.

Quando foi construída, a Bandeirantes tinha duas posições de pedágio, quatro postos de gasolina e dois postos de polícia rodoviária.

Houve queixas sobre a prioridade dada para a obra, a maneira como foi feita a concorrência e a falta de acessos para a nova estrada (eram somente três, além da entrada e saída em São Paulo e Campinas).

Hoje, a rodovia possui 159,7 quilômetros de extensão. Ela liga a marginal Tietê, em São Paulo, à via Anhanguera, em Cordeirópolis. De acordo com a concessionária CCR AutoBAn, que administra a estrada desde 1º de maio de 1998, são realizadas 500 mil viagens por dia.

Leia, na íntegra, a reportagem publicada à época:

28.out.1978

Via Norte será entregue ao tráfego hoje à tarde

Jane Soares

“Conseguimos.” Esta é a expressão mais ouvida nos últimos dias na Via Norte. Doze mil homens, entre engenheiros, técnicos e pessoal da produção ainda não acreditam que conseguiram entregar a estrada no prazo previsto de 26 meses.

A corrida contra o tempo começou no dia 11 de agosto de 1976, quando as cinco firmas ganhadoras da concorrência para a construção da rodovia dos Bandeirantes assinaram contrato com a Dersa – Desenvolvimento Rodoviário S. A. E terminará hoje à tarde quando o presidente Ernesto Geisel, acompanhado por seu sucessor, o general João Batista Figueiredo percorrer os 88,46 quilômetros da estrada, durante a solenidade de inauguração.

Já no governo de Abreu Sodré, em 1968, foi determinada a necessidade de construção de uma nova rodovia ligando São Paulo a Campinas. O projeto demorou oito anos para ser iniciado e, justamente por esse motivo, tornou-se depois prioritário.

A maior obra do governo Paulo Egydio Martins custou, até o final de setembro deste ano, 4,862 bilhões de cruzeiros [o que equivaleria hoje a cerca de R$ 3,6 bilhões], sem levar em consideração os gastos com as desapropriações. A previsão inicial era de 1,8 bilhão de cruzeiros [aproximadamente R$ 1,3 bilhão], quase três vezes menos que o custo final.

Este se elevará ainda mais quando forem somados os valores com as desapropriações, que, até o momento, já se elevaram a mais de 300 milhões de cruzeiros [cerca de R$ 220 milhões], segundo informações de Manoel Ferrari, responsável pelo serviço. Mas ainda existem 500 propriedades que não foram pagas, esperando a decisão da Justiça.

A Dersa conseguiu fazer 970 acordos amigáveis e, em um ano, 95% da área de 14 milhões de metros quadrados estava liberada.

Neste momento entrou em ação o engenheiro Lourenço Cecchi, responsável pela remoção das interferências, constituídas, entre outras coisas, por oleodutos, gasodutos, adutoras, linhas de transmissão de energia elétrica e de telefones e linhas férreas.

Para que as máquinas começassem a abrir a estrada, esse trabalho deveria ser feito em “ritmo de Brasil grande”, como explicou Cecchi. E ele conseguiu fazer 290 remoções em 440 dias úteis.

Orgulhoso, Cecchi afirma ter percorrido 110 mil quilômetros, “o equivalente a duas voltas em torno do eixo equatorial e uma volta e meia do polo Norte ao polo Sul”.

Removidas as interferências, homens e máquinas começaram a transferir o traçado da estrada dos mapas para a terra. Em cada um dos cinco trechos em que ela foi dividida, as empreiteiras montaram laboratórios completos para a preparação do concreto, para exames de solo e material de pavimentação.

Para Heitor Castro, gerente do trecho que vai de São Paulo a Jundiaí, as dificuldades foram “minimizadas porque adotou-se o critério de soluções homogêneas e todos os recursos foram programados”.

Edição de 28 de outubro de 1978 da Folha

Para a Dersa, a execução dos trabalhos em apenas 26 meses, só foi possível devido “aos critérios adotados na fase de concorrência pública para a contratação das obras, admitindo-se apenas habilitação de empreiteiras que comprovaram condições técnicas e financeiras satisfatórias”.

Mas a canalização de recursos para a construção da Via Norte e as concorrências públicas realizadas são justamente os dois pontos que receberam as críticas mais duras.

Para a Associação dos Empreiteiros de Obras Públicas, as normas contidas nos editais de convocação foram elaboradas de forma a indicar os ganhadores da concorrência, em prejuízo dos pequenos empreiteiros.

Para Bernardino Pimentel Mendes, presidente do Instituto de Engenharia, a construção da Via Norte sacrificou o plano rodoviário do estado, já que grande parte dos recursos financeiros foi canalizado para sua execução. Mendes contesta não só o prazo estabelecido como a própria prioridade da obra.

“Por causa da Via Norte, foram preteridas realizações importantes, como o alargamento da Washington Luis”, dizia Pimentel, em abril deste ano. “Todos dizem que sua realização era prioritária. Se ela era tão prioritária, por que não foi inciada no começo do governo? Os prazos seriam dilatados e os recursos, distribuídos de maneira a servir a outros empreendimentos.”

Mas as críticas não conseguiram impedir a execução da rodovia dos Bandeirantes. A principal justificativa do governo foi a necessidade de desafogar o trânsito na via Anhanguera, uma das mais perigosas do estado. A média diária de carros que circularam por ela no ano passado foi de 56.708, a maior do país.

A Via Norte, com suas duas pistas e seis faixas de tráfego, cada uma com 3,60 metros de largura, tem capacidade para suportar 70 mil veículos por dia.

Com 112 obras de arte, perfazendo um total de 9.470 metros, a rodovia possui dois postos de pedágio, quatro postos de gasolina, duas balanças, dois postos de polícia rodoviária e três passarelas.

Os motoristas das empreiteiras e firmas prestadoras de serviços, que circularam pela estrada antes de sua inauguração, são unânimes em salientar as suas condições de segurança. Ela possui rampas de no máximo 4%, significando que as subidas não ultrapassarão, em média, a quatro metros em cada cem, e curvas onde o raio mínimo é de 600 metros.

A única preocupação destes usuários é a possibilidade do aparecimento de neblina, e as próprias placas de sinalização alertam para esse perigo.

A estrada conta ainda com 34 placas de sinalização aéreas, 679 placas de sinalização vertical, 72.800 metros de defensas, 70 mil tachas refletivas e 40 pórticos e semipórticos.

Nela será instalado o Sistema de Ajuda ao Usuário – SAU, a exemplo do que acontece no sistema Imigrantes-Anchieta e na própria Anhanguera. Para esse trabalho, foram comprados 48 veículos e treinados 246 funcionários.

O Centro de Controle Operacional, instalado no km 60 da Anhanguera, poderá ser acionado por telefones, as “caixas de chamada”, instalados ao longo da rodovia. Inicialmente, serão colocados apenas seis aparelhos, fabricados pela Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico de Engenharia, até que a concorrência para aquisição de mais 164 telefones, feitos por indústrias nacionais, seja julgada pela Dersa.

Falta de acessos, uma das críticas

Construída para ser uma via expressa bloqueada, a Via Norte possui apenas três acessos , além das entradas e saídas de São Paulo e Campinas: entre Jordanésia e Jundiaí, através do trevo de transposição no km 49 da Anhanguera; na intersecção com a Marechal Rondon, onde um trevo de diversas alças permitirá conversões no sentido Jundiaí e Itatiba, de um lado, e Itu, Porto Feliz e Tietê, de outro; no cruzamento com a rodovia Campinas-Viracopos, na chegada de Campinas.

Essa orientação motivou novas críticas, desta vez, por parte dos prefeitos das cidades que não serão servidas pela estrada, como Jarinu, Cajamar, Campo Limpo Paulista, Francisco Morato e outras.

Para elas, a ligação com a Via Norte significaria a atração de novas indústrias para a região e a consequente fixação da mão de obra. Além disto, a produção agrícola e industrial seria facilitada.

A movimentação foi grande no primeiro dia da rodovia dos Bandeirantes – Reprodução

Para os prefeitos, não tem sentido a construção de uma estrada que não vai beneficiar as cidades próximas a ela. Eles ainda têm esperanças de conseguir mudar a orientação principalmente após a troca do governo do estado.

Totalmente pronta, a rodovia dos Bandeirantes apresenta uma paisagem diferente das demais estradas do estado.

A ausência de indústrias deixa um lugar para área dominada pelo verde. Apesar da Dersa enfatizar que na execução do projeto de paisagismo “limitou ao mínimo possível o prejuízo à vegetação ambiente e, em muitos trechos, conservou árvores e arbustos para posterior replantio”, a aceitação dessa política custou muito esforço a Rodolfo Geiser, autor do trabalho.

Depois de muita discussão, Geiser conseguiu convencer a Dersa a desenvolver um trabalho pioneiro de preservação da natureza. E a implantação do projeto foi motivo de pressão, por parte das empreiteiras encarregadas do serviço que pediam o afastamento de Geiser, conforme os próprios funcionários.

À custa de muita fiscalização, os engenheiros agrônomos conseguiram evitar que os trabalhos de terraplanagem fizessem destruições desnecessárias, como enfatizava o projeto de Geiser.

Apesar de não conseguir que a totalidade de seu trabalho fosse aceito, Geiser se diz satisfeito, pois considera que as modificações feitas não têm grande importância. O principal -a reconstrução de um ambiente o mais possível do original, dando condições para que o terreno seja recuperado e para própria natureza se manifestar- foi conseguido.

Com esse trabalho, foram plantadas 55 mil árvores, de 70 espécies diferentes, 270 mil arbustos, de 40 espécies e 1,64 milhão de metros quadrados receberam revestimento vegetal. Cerca de 80% deste revestimento foi feito pelo processo de hidrossemeadura, onde foram usadas quatro espécies de gramíneas e quatro de leguminosas.

Segundo João Antunes, o engenheiro agrônomo responsável pelo trecho 2, essa diversidade é fundamental para a manutenção do equilíbrio biológico. Em consequência da seca, a estrada não estará totalmente verde no dia da sua inauguração, embora o trabalho já esteja concluído.

A equipe deverá permanecer mais seis meses na rodovia dos Bandeirantes, acompanhando o desenvolvimento de recuperação da natureza, fazendo, inclusive, o replantio das espécies que não brotaram.

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Mortes e atentados fazem parte do histórico de ações contra políticos no Brasil https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/09/06/mortes-e-atentados-fazem-parte-do-historico-de-acoes-contra-politicos-no-brasil/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/09/06/mortes-e-atentados-fazem-parte-do-historico-de-acoes-contra-politicos-no-brasil/#respond Thu, 06 Sep 2018 23:36:14 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/09/itumbiara-320x213.jpeg https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10331

Ataques a políticos no Brasil, que chamam a atenção da mídia e da população, estão presentes no país com mais repercussão desde o século retrasado. Assassinatos, tiros, brigas e até bolinha de papel fazem parte do histórico de ações contra a classe.

Um levantamento feito por pesquisadores da UniRio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro) mostra que foram assassinados 79 candidatos que concorreram às eleições ocorridas entre 2000 e 2016 –os casos diferem da execução da vereadora Marielle Franco (PSOL), que não estava em campanha, mas indicam os riscos da atuação política, que se concentram, mas vão além do período eleitoral.

Abaixo você confere alguns casos levantados pelo Banco de Dados Folha:

21.nov.1830 – Assassinato de Libero Badaró

Político, jornalista e médico, Giovanni Battista Líbero Badaró chegou ao Brasil em 1826. Ele se estabeleceu em São Paulo e fundou o jornal Observador Constitucional, em que criticava ação de governantes. Ele foi assassinado após sofrer atentado a bala, quando chegava em sua casa, na rua que hoje leva seu nome no centro de São Paulo. Antes de morrer teria dito: “Morre um liberal, mas não morre a liberdade”.

O crime foi considerado político, já que o imigrante alemão Henrique Stock alegou ter atirado a mando do desembargador ouvidor Candido Ladislau Japi-Assú, defensor do Império.

15.jul.1889 – Atentado contra dom Pedro 2º

Quando dom Pedro 2º saia do teatro Sant’Anna, no centro do Rio, e se dirigia para uma carruagem, um pequeno grupo gritou vivas à República.

O carro imperial seguiu para a praça da Constituição, um indivíduo disparou na direção do monarca e fugiu para um estabelecimento próximo.

Pouco depois, porém, foi preso pelo povo um homem que acreditava-se ser o autor do atentado. Não ficou comprovado se o suspeito tinha ligações políticas com grupos republicanos.

5.nov.1895 – Prudente de Morais escapa de facada, mas ministro morre

Era uma terça-feira quando o soldado Marcellino Bispo tentou esfaquear o presidente da República, Prudente de Morais, no pátio do Arsenal de Guerra (Rio), durante a cerimônia de recepção dos militares vindos da Guerra de Canudos. Morais foi salvo pelo ministro da Guerra, o marechal Carlos Machado Bittencourt, que se jogou na frente do presidente. O ministro foi atingido e morto por Bispo.

O coronel Luís Mendes de Morais, chefe da Casa Militar e sobrinho de Prudente de Morais, que ajudou a defender o presidente, também foi esfaqueado, mas sem gravidade.

26.jul.1930 – Morte de João Pessoa

Presidente da Paraíba, posto equivalente hoje ao de governador, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque foi assassinado em Recife, em 1930, pelo advogado João Dantas. Ele era candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Getúlio Vargas (1883-1954).

O movimento, liderado por Vargas, derrubou do poder o presidente Washington Luís, que apoiava a chapa da situação formada por Julio Prestes e Vital Soares. O assassinato foi utilizado pelos getulistas como propaganda para derrubar Washington Luís.

O crime foi definido como um atentado político e imediatamente atribuído aos aliados do presidente da República. Porém, o motivo mais provável do crime, conforme vários historiadores e reportagens publicadas na época, foi passional.

Dias antes do crime, o jornal aliado na Paraíba a João Pessoa, A União, havia publicado a correspondência íntima entre Dantas, o advogado que matou o político, e a sua namorada Anayde Beiriz.
Revoltado, Dantas surpreendeu João Pessoa na Confeitaria e Café Glória, no Recife, e o assassinou com tiros à queima-roupa.

Primeira página da Folha da Manhã sobre a morte de João Pessoa

4.ago.1954 – Atentado contra Lacerda

Na madrugada de quarta-feira, o jornalista e político Carlos Lacerda, maior opositor do presidente Getúlio Vargas e que fazia ferrenha campanha contra Getúlio no jornal Tribuna da Imprensa, de sua propriedade, foi atingido por um tiro no pé quando chegava ao número 180 da rua Tonelero, em Copacabana (Rio), onde morava.

Os disparos, vindos de um carro, atingiram também o major da Aeronáutica Rubens Vaz, que fazia a segurança de Lacerda com outro oficial. Vaz foi morto com dois tiros.

De acordo com o inquérito policial, o mandante do crime foi Gregório Fortunato, chefe da Guarda Pessoal de Vargas.

4.dez.1963 – Morte do senador José Kairala

Durante uma discussão no Senado, o senador Arnon de Mello, pai do ex-presidente e atual candidato ao governo de Alagoas Fernando Collor de Mello, matou por engano o senador José Kairala com um tiro no abdômen.

O alvo do disparo era o senador Silvestre Péricles, que já havia ameaçado Arnon durante seu discurso na Casa.

Tanto Arnon quanto Péricles, que também estava armado, foram presos em flagrante por decisão do Senado. Poucos meses depois, o Tribunal do Júri de Brasília votou pela inocência dos senadores.

18.dez.2006 – ACM Neto é esfaqueado

A pensionista Rita de Cássia Sampaio de Souza utilizou uma peixeira de 40 centímetros para esfaquear o deputado federal Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL), quando o parlamentar deixava seu escritório no bairro da Pituba, em Salvador.

Ele disse estar revoltada com o aumento salarial dos deputados. ACM Neto foi atingido nas costas, quando já estava sentado em seu carro, mas se recuperou.

20.out.2010 – Objeto jogado em José Serra

Durante a campanha presidencial em 2010, o candidato José Serra (PSDB) foi atingido por um objeto circular e transparente durante confusão no Rio de Janeiro.

Ele foi a um hospital onde passou por uma tomografia e cancelou a agenda no período da tarde. Com base em uma reportagem do SBT mostrando o tucano sendo atingido por uma bolinha de papel, Lula ironizou o incidente no dia seguinte.

No entanto, imagens gravadas pela Folha indicavam que o vídeo do SBT mostrando a bolinha de papel atingindo Serra é anterior a arremesso de um outro objeto.

28.set.2016 – Candidato a prefeito de Itumbiara (GO) é morto

O candidato à Prefeitura de Itumbiara (GO) José Gomes da Rocha (PTB) morreu após ser baleado durante a última carreata de campanha. Ele estava acompanhado do então vice-governador de Goiás e hoje governador do estado, José Eliton, que também foi atingido pelos disparos, mas sobreviveu.

Após o ataque, houve uma troca de tiros. O cabo da Polícia Militar Vanilson Rodrigues, que fazia a segurança do evento, e o autor do atentado, identificado como Gilberto Ferreira do Amaral, funcionário da Secretaria Municipal de Saúde, também morreram na ação.

14.mar.2018 – Vereadora do Rio é assassinada

A vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista do carro que a transportava, Anderson Gomes, foram assassinados na rua Joaquim Palhares, no Estácio, zona norte do Rio.

Um carro parou ao lado deles, disparou e fugiu sem roubar nada. Uma assessora que a acompanhava sobreviveu.

27.mar.2018 – Tiros na caravana de Lula

Dois dos três ônibus da caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foram atingidos por quatro tiros na noite de 27 de março de 2018, no Paraná.

Um dos veículos, que era ocupado por jornalistas e era o último do comboio, teve duas perfurações na lataria —dos dois lados. Outro tiro atingiu de raspão um dos vidros do mesmo veículo. Ninguém se feriu.

O ataque ocorreu na saída da cidade de Quedas do Iguaçu, no Paraná, quando a caravana seguia para Laranjeiras do Sul.

 

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1968 – DA 21ª À 23ª BOMBA: Após explosões no Dops e em fóruns, polícia prende grupo de extrema direita https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/08/20/1968-da-21a-a-23a-bomba-apos-explosoes-no-dops-e-em-foruns-policia-prende-grupo-de-extrema-direita/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/08/20/1968-da-21a-a-23a-bomba-apos-explosoes-no-dops-e-em-foruns-policia-prende-grupo-de-extrema-direita/#respond Mon, 20 Aug 2018 09:00:56 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/08/carro2-320x213.jpg https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10300 A madrugada de 19 de agosto de 1968 foi muito agitada para os policiais em São Paulo. A partir das 3h, houve uma sequência de três explosões em locais relevantes para o poder público.

Um carro-bomba, cheio de dinamites, foi detonado na frente do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) e dois artefatos foram jogadas nos prédios dos fóruns da Lapa e de Santana.

Apesar de o ataque ter sido de grande potência, só houve vítimas com ferimentos leves.

Com essa ação, a região metropolitana de São Paulo passou a registrar, pelo menos, 23 casos de bomba somente em 1968. Essas histórias estão sendo resgatadas pelo Banco de Dados e publicadas no Blog do Acervo Folha.

Após tantos ataques, a polícia prendeu um grupo de extrema direita e o apontou como responsável por, pelo menos, 13 ações com bombas, inclusive as três do dia 19 de agosto.

Clique na imagem e confira o mapa das bombas em São Paulo em 1968

A maior explosão daquela madrugada ocorreu no largo General Osório a cerca de 50 metros do Dops. A bomba estava dentro de um automóvel Aero Willys, de cor verde.

Esse carro e outros dois, que estavam parados ao seu lado, ficaram destruídos. Estilhaços dos veículos foram encontrados até a 150 metros.

O estouro destruiu todos os vidros do prédio do Dops e deixou um policial ferido, o sentinela Paulo Roberto Santos. Com o impacto da explosão, ele foi jogado para trás e teve a perna cortada.

Um hóspede de um hotel da região também se feriu. Jeronimo Moreira Neto foi atingido por um estilhaço de vidro na testa enquanto dormia. Passou pelo Pronto-Socorro da Barra Funda e depois foi ao Dops.

A cerca de cinco quilômetros dali, o Fórum Distrital de Santana também foi alvo de um ataque apenas poucos minutos depois. Uma bomba destruiu a fachada do local.

O soldado da Força Pública Isidoro Luís Inoe estava dormindo nos fundos do prédio e caiu da cama com o estouro. Ele, ainda atordoado e usando apenas um shorts, foi até a frente do prédio e verificou o que tinha acontecido.

As casas vizinhas do fórum também sofreram danos. A deslocação de ar quebrou muitos vidros das residências.

O terceiro e último atentado daquela madrugada ocorreu no Fórum Distrital da Lapa, localizado a dez quilômetros do de Santana e a oito quilômetros do Dops.

A bomba foi jogada na parede lateral do edifício, provocando um rombo no concreto. Uma agência bancária, instalada no prédio vizinho, ficou com sua entrada bastante danificada.

A primeira viatura que chegou ao local teve que prestar socorro a um casal de namorados que estava passando próximo ao local. Eles ficaram levemente feridos.

A moradora Neusa Pinto Magalhães, que residia perto do fórum na Lapa, disse que a explosão deixou a rua sob muita fumaça.

“Eram 3h15, mais ou menos. Eu acordei um pouco antes. Repentinamente, ouvi uma violenta explosão, as paredes tremeram, os vidros se partiram”, afirmou.

Investigação

Ao analisar os destroços, a polícia verificou que o carro que explodiu era o mesmo utilizado por ladrões em um assalto a um banco em Perus, no dia 1º de agosto daquele ano. O automóvel havia sido roubado e teve a placa trocada.

Em 22 de agosto, as forças de segurança informaram ter detido alguns membros do grupo que organizou os atentados ao Dops e aos fóruns da Lapa e Santana, além do assalto ao banco de Perus.

As investigações prosseguiram. E, após depoimentos de 19 presos, o Exército apontou o escritor Aladino Félix (que usava o codinome de Sábato Dinotos) como o chefe da quadrilha. O grupo de extrema direita contava com a participação de militares e de civis.

O motivo era político. Segundo a polícia, eles formam um movimento que pretendia levar Félix a ser governador de São Paulo e fazer com que o soldado Gesse Candido de Morais se tornasse comandante da Força Pública.

Apenas parte dos adeptos desse movimento, porém, teria participado das ações violentas. As autoridades acreditavam que eles organizaram outras dez ações com explosivos em pontos estratégicos:

  1.  Quartel-general da Força Pública
  2.  Departamento de Alistamento da Força Pública
  3.  Bolsa de Valores
  4.  Pontilhão da ferrovia Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, no Piqueri
  5.  Passagem subterrânea da ferrovia Estrada de Ferro Sorocabana, na Lapa
  6.  Passagem de nível da Estrada de Ferro Central do Brasil, na Penha
  7.  Trem da da Estrada de Ferro Central do Brasil
  8.  Oleoduto em em Utinga, na cidade Santo André
  9.  Estátua de Duque de Caxias, na praça Princesa Isabel
  10.  Palácio do Governo

Félix havia ganhado notoriedade com seus estudos sobre disco voador anteriormente. Chegou a dizer a um jornalista que tinha feito uma viagem de ida e volta ao planeta Vênus. Também foi divulgado na época que ele havia criado uma nova língua, misturando o hebraico, o grego e o latim, na qual ele teria aprendido de Deus.

De acordo com a polícia, o plano do preso era primeiro atingir o poder do estado de São Paulo e, depois, dominar o país.

Em depoimento ao juiz, Félix negou que tenha participado diretamente de um atentado a bomba. No entanto disse que os atos eram determinados pela Casa Militar da Presidência da República e que ele era apenas o intermediário do grupo.

Segundo ele, o objetivo era apenas criar tensão para possibilitar uma ditadura mais aberta e, por isso, não poderia chamar as ações de “terroristas”.

Félix disse que, quando foi preso, sofreu tortura, com choques elétricos, e que assinou o seu depoimento quando estava semiconsciente.

O general Silvio Correia de Andrade, titular do Departamento de Polícia Federal em São Paulo, desmentiu as falas de Félix. “Está completamente fora da realidade”, disse, sobre o escritor preso.

À parte a prisão de Félix, as forças de segurança se mantinham em alerta e ainda à caça dos autores de outros atendados a bomba.

Veja também:

1968 – A PRIMEIRA BOMBA: Explosão no Consulado dos EUA deixa feridas abertas até hoje

1968 – A SEGUNDA BOMBA: Depois de alarme na Polícia Federal, explosão atinge coração da Força Pública

1968 – A TERCEIRA BOMBA: Explosão endereçada ao 2º Exército fere 2 pessoas

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Personagem de humor, Barão de Itararé se autoproclamou imperador da Ursas https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/08/13/personagem-de-humor-barao-de-itarare-se-autoproclamou-imperador-da-ursas/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/08/13/personagem-de-humor-barao-de-itarare-se-autoproclamou-imperador-da-ursas/#respond Tue, 14 Aug 2018 01:36:06 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/08/barao_-320x213.jpg https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10286 No debate entre candidatos a presidente na última quinta-feira (9), Cabo Daciolo (Patriota) utilizou, de forma séria, a sigla Ursal para se referir a um suposto plano para a construção de uma União das Repúblicas Socialistas da América Latina.

O termo virou piada na internet. Mas, na década de 30, o jornalista e humorista Apparício Torelly já brincava nas páginas da publicação A Manha, uma sátira ao jornal A Manhã, com algo semelhante.

Em seus textos de humor, ele criou a Ursas —que seria a União das Repúblicas Socialistas da América do Sul. A sigla era muito parecida à URSS, da União Soviética

O jornalista usava o nome Barão de Itararé, mas, gradativamente, foi aumentando o seu falso título de nobreza. Passou a dizer que tinha virado duque, grão-duque e imperador.

No dia 21 de novembro de 1931, a Manha publicou um “Manifesto á União das Republicas Sacialistas da Ameaica do Sul” (sic).

Na página, estava destacado que: “O grão-duque de Itararé corôa-se imperador dos povos opprimidos do continente austral do novo mundo” (sic).

Torelly ficou muito popular com os textos de humor. Na política, concorreu a uma cadeira de vereador no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, pelo PCB, em 1947.

O seu lema era “Mais leite! Mais água! Mas menos água no leite!”. Elegeu-se com 3.669 votos. Porém, em janeiro de 1948, os vereadores do partido foram cassados.

Torelly continuou a sua vida no jornalismo.

No livro “AlManhaque”, publicado em 1955 e ampliado em 1995 –em parceria com o diagramador e chargista paraguaio Andre Guevara–, a sigla Ursas voltou a aparecer.

​Ele brincou escrevendo que a “embaixada mais austera, mais solene e alinhada, entre as 50 representações estrangeiras” que vieram assistir à posse de Juscelino Kubitschek como presidente foi “sem dúvida a chefiada pelo exmo. sr. Barão de Itararé, que compareceu ao Palácio Tiradentes por si e pelo Território Livre de Itararé, que já faz parte das Ursas”.

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Em quase 3 décadas, Love Story recebeu marido de princesa, Fafá de Belém, Tyson e outros famosos https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/08/08/em-quase-3-decadas-love-story-recebeu-marido-de-princesa-fafa-de-belem-tyson-e-outros-famosos/ https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/08/08/em-quase-3-decadas-love-story-recebeu-marido-de-princesa-fafa-de-belem-tyson-e-outros-famosos/#respond Wed, 08 Aug 2018 23:47:33 +0000 https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/08/TysonNoLoveStory-320x213.jpg https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10263 “Esta é uma daquelas pautas que justificam a concorrência brava que existe em vestibulares de jornalismo. É, papito, eventualmente a profissão tem o seu glamour.”

Foi desta forma que o jornalista Marcelo Rubens Paiva abriu o texto sobre a festa de dez anos da boate Love Story, publicado pela Folha em 16 de novembro de 2001.

O local já era bastante conhecido. A revista americana Vanity Fair tinha citado o lugar como um dos pontos altos da noite paulistana.

Conforme Paiva descreveu, o público que frequentava a casa não era composto por  “gente muito beata”.

“É para aonde se encaminham muitas garotas de programa em final de expediente. Há também alta concentração de estudantes, turistas, tiras, advogados criminalistas, boêmios em geral e coleguinhas de profissão”, escreveu.

“A libido é contaminante. O som é o bate-estaca. Também se fazem negócios pecaminosos que saciam (será?) os prazeres da carne. Mas a maioria quer apenas se divertir depois de mais um dia de trabalho suado”, continuou o jornalista.

Mesmo com essa reputação, o local atraía gente famosa.

O ex-pugilista norte-americano Mike Tyson foi detido no dia 10 de novembro de 2005, às 4h, ao sair  dessa casa noturna.

Acusado de ter agredido um cinegrafista e ter danificado o equipamento do profissional, Tyson não esboçou resistência, foi levado a uma delegacia e depois acabou liberado.

Outro turista famoso, mas que não chamou tanta atenção ao passar pelo Love Story foi o então marido da princesa dinamarquesa Märtha Louise, o escritor Ari Behn.

Conforme a coluna da Mônica Bergamo do dia 26 de janeiro de 2013, Behn veio a São Paulo, gravou um programa para passar na Europa, foi a uma churrascaria e à boate.

O Love Story também foi parar nas telonas de cinema. Foi lá que a atriz Deborah Secco gravou as cenas para o filme “Bruna Surfistinha”,  história sobre a vida de uma ex-garota de programa.

Era a primeira vez em 18 anos que a boate aceitou ser cenário de um filme, informou a coluna Ooops!, do UOL, em 12 de outubro de 2009.

A apresentadora Sabrina Sato vai a uma festa no Love Story (Mastrângelo Reino – 15.dez.2009/Folhapress)

Com o título “Cheia de amor pra dar”, a reportagem da revista sãopaulo publicou, em 13 de fevereiro de 2011, que o Love Story havia completado 20 anos de funcionamento com um público que ia de garotas de programas a atores de TV.

Em uma das festas, o elenco foi tão eclético que contou com o publicitário Nizan Guanaes e a sua mulher Donata Meirelles, a apresentadora Sabrina Sato, o cantor Latino, a empresária Lucilia Diniz e o arquiteto João Armentano.

Mas a mudança de imagem do local não acabou por aí.

Em 13 de dezembro de 2015, a reportagem “Sob nova direção, famosos adotam clássico inferninho do centro de SP” afirmou que a boate tentava virar um misto de atração turística e playground da alta sociedade.

O texto relatou que o chef e jurado do Masterchef Erick Jacquin chegou a escolher o Love Story para comemorar seu aniversário de 51 anos.

O também chef Alex Atala decidiu organizar na boate um evento gastronômico, e a cantora Fafá de Belém foi uma das convidadas. E ela parece que gostou bastante de lá. “Esse lugar é um desbunde”, afirmou.

Com a queda de movimentação de frequentadores, o Love Story entrou com um pedido de recuperação judicial nesta segunda-feira (6). No entanto, segundo a casa, a boate não vai fechar.

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