Há 20 anos, Mike Tyson protagonizava contra Holyfield mordida de US$ 3 milhões

Há 20 anos, o boxeador Mike Tyson protagonizava uma das cenas mais inusitadas e lamentáveis da história do boxe.

Tão forte foi que marcou o ocaso de uma carreira (até então) vitoriosa.

Tudo aconteceu na revanche contra Evander Holyfield, sete meses depois de perder por nocaute técnico. A luta ocorreu na arena do Hotel MGM, em Las Vegas, quando mais de 18 mil espectadores viram Tyson morder e arrancar um naco da orelha de seu oponente.

“Iron”, como ficou conhecido Mike Tyson, explicou o gesto que o desclassificou. “Troquei um olho por uma orelha. Quem saiu perdendo fui eu, que lutei a maior parte do tempo com um olho só, graças às cabeçadas que ele me deu.”

A confusão se instalou no local. Brigas entre policiais, seguranças de Tyson e espectadores provocaram estragos no hotel. Na porta do vestiário do boxeador, John Horne, seu empresário, estava revoltado e fora de controle.

“É um canalha, transformou há muito tempo uma decisão de título mundial em uma briga de rua”, dizia, acusando Holyfield. “Se fosse uma vez, tudo bem, mas foram umas 15 [cabeçadas]. Nas duas lutas, a tática era cortar o supercílio de Mike”.

Em novembro de 1996, Holyfield impôs a segunda derrota (foram seis no total) a Tyson, por nocaute técnico no 11º assalto.

Na ocasião, assistentes do boxeador reclamaram de cabeçada intencional de Holyfield, mas o próprio lutador minimizou o episódio. “Não houve intenção. Afinal, a minha cabeça também bateu na dele”, disse Tyson.

Desta vez não. A mordida de 20 kg –duas vezes a de uma pessoa normal– visava revidar as cabeçadas, como tentou justificar Tyson. Mas ela não só lhe custou o título da AMB (Associação Mundial de Boxe), como também uma multa de US$ 3 milhões (quase R$ 10 milhões) e a suspensão da licença no Estado de Nevada.

Uma semana após o episódio, Holyfield disse que perdoava seu rival. “Já perdoei Mike, mas espero que sua atitude sirva como um exemplo para os mais jovens.”

O boxeador que aos 23 anos tinha no cartel 37 lutas e nenhuma derrota podia estar perdoado por arrancar uma orelha, mas o gesto não foi. A mordida ficou para a história como o reverso do pugilista imbatível em que se transformara.