Brasileira promove independência em 4 de julho
O dia 4 de julho é reconhecido mundialmente pela Independência dos EUA.
Mas também foi nesta data que uma atleta brasileira interrompeu o domínio norte-americano no Torneio de Wimbledon.
Isso ocorreu em 1959, quando a tenista Maria Esther Bueno, então com 19 anos e listada como sexta cabeça de chave no campeonato, realizou uma campanha praticamente impecável.
Depois de perder apenas dois sets em seis jogos, em que derrotou tenistas da Alemanha (Margot Dittmeyer e Edda Buding), da Nova Zelândia (Ruia Morrison) e dos Estados Unidos (Mimi Arnold e Sally Moore), a tenista brasileira chegou à final dividindo o favoritismo com a norte-americana Darlene Hard.
Mesmo jovem, Maria Esther Bueno já tinha na bagagem um título em Wimbledon, conquistado um ano antes, em 1958, quando foi destaque nas páginas da Folha da Manhã por ter conquistado o título de duplas do torneio, atuando ao lado de Althea Gibson (EUA).
Mas naquele 4 de julho de 1959 Maria Esther Bueno tinha um desafio maior. Contra ela pesavam três grandes tabus: 1) nunca uma sul-americana tinha conquistado o torneio feminino individual em Wimbledon; 2) nos últimos 20 anos o título feminino fora conquistado sempre por norte-americanas; e 3) nunca antes ela tinha vencido os embates com Darlene Hard.
Mas nada parecia abalar a paulistana, que figurou nas páginas da Folha pela primeira vez em 1953, quando despontou em torneio estadual de tênis (levantou cinco troféus, um ao lado do irmão Pedro Bueno) e foi considerada à época “novo valor”.
Revelada pelo Clube de Regatas Tietê 11 anos antes, já encantava pelo modo fácil de atuar e pelos voleios precisos, aliados à uma graça infantil, tanto que em 1953 a Folha destacava que “a menina dos olhos do Tietê” caminhava a passos largos para se tornar uma das melhores tenistas do Brasil.
Maria Esther Bueno sabia que a partida contra Darlene Hard poderia ser um divisor de águas. E foi.
Após 43 minutos de jogo, como informou a Folha em 5 de julho de 1959, Maria Esther Bueno deixou “a quadra central de Wimbledon para entrar na história do tênis mundial“. Com bons “serviços” e voleios, a brasileira conquistou a vitória por 2 sets a 0, com parciais de 6/3 e 6/4 e pôs fim à hegemonia de duas décadas das norte-americanas.
Ao receber o troféu de prata das mãos da duquesa de Kent, Maria Esther Bueno não conteve as lágrimas e revelou que desejava voltar ao Brasil para descansar.
“Hoje entrei decidida a ganhar o jogo”, afirmou a paulistana. “Não estava nervosa durante o jogo, mas depois não podia parar em pé”, afirmou, deixando claro que voltaria no ano seguinte para defender o título.
Ao chegar ao Brasil, abraçada às raquetes e a um ursinho de pelúcia, a tenista foi recebida com grande festa e revelou à Folha que a adversária estava certa de que venceria. “Tanto assim, que ela foi ao baile de encerramento com um vestido espetacular, que três pessoas precisavam segurar, e com luvas acima do cotovelo. Eu estava com um vestido que comprei logo após o torneio.”
Durante as homenagens e promessas feitas por políticos (como criar escola de tênis), Maria Esther Bueno disse que era “mais fácil ser campeã do que fazer discurso“.
E aquele 4 de julho marcou o início de uma era vitoriosa para a maior tenista brasileira de todos os tempos. Ainda em 1959, recusou oferta para se tornar profissional e ganhou o Forest Hill (hoje Aberto dos EUA), e, em 1960, o bicampeonato em Wimbledon e os quatro Grand Slam na modalidade de duplas.
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Quer saber mais dessa e de outras conquistas esportivas em 4 de julho, acesse: http://www1.folha.uol.com.br/asmais/2015/07/1649772-libertadores-do-corinthians-e-outros-4-fatos-marcantes-para-o-esporte-brasileiro-no-4-de-julho.shtml