Invictas em estreias olímpicas, meninas do futebol enfrentam hegemonia dos EUA em busca do ouro
A seleção de futebol feminino, comandada pelo técnico Oswaldo Alvarez, estreia nos Jogos Olímpicos Rio-2016 nesta quarta (3/8) contra a China, no Engenhão, para apagar a má campanha de Londres-2012 –a pior da equipe em Olimpíadas–, quando foi eliminada nas quartas de final pelo Japão (2 a 0).
Para começar com o pé direito rumo à inédita medalha de ouro, o Brasil, comandado pelo técnico Oswaldo Alvarez, conta com bom retrospecto em estreias olímpicas. Desde o debute da modalidade nos Jogos de Atlanta, em 1996, o time feminino mantém-se invicto, com três vitórias e dois empates:
As chinesas, adversárias desta abertura do torneio, são velhas conhecidas das brasileiras. Em Atlanta-1996, elas eliminaram a seleção na semifinal, em jogo que acabou 3 a 2. Na ocasião, o Brasil perdeu a disputa do bronze para as norueguesas, por 2 a 0.
Remanescente desde o início da caminhada da seleção feminina em Olimpíadas, a meio-campo Formiga, 38, se tornará a jogadora brasileira que mais disputou os Jogos (seis vezes). Também defenderão a seleção as experientes Cristiane, 31 –maior artilheira da história das Olimpíadas, com 12 gols–, e Marta, 30, escolhida como melhor jogadora do mundo cinco vezes consecutivas e camisa 10 da equipe.
O trio, inclusive, fez parte das equipes que conquistaram as únicas duas medalhas do Brasil, em uma modalidade dominada pelos EUA, detentor de quatro ouros e uma prata.
MEDALHAS
Nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004, após atropelar o México nas quartas de final, por 5 a 0, e vencer a forte seleção sueca pelo placar de 1 a 0 na semifinal, o time comandado pelo então técnico Renê Simões fez grande partida contra os EUA na final.
As americanas abriram o placar aos 39min do primeiro tempo, em um erro da arbitragem. Boxx tocou com a mão na bola e passou para a meia Lindsay Tarpley, que bateu no canto da goleira Andréia. O Brasil empatou no segundo tempo, aos 27min, após bela jogada de Cristiane, quando a bola bateu na defesa americana e sobrou para Pretinha empatar. Depois disso, a seleção brasileira acertou a trave por duas vezes, mas o jogo terminou empatado e foi para a prorrogação. Aos 6min do segundo tempo, Abby Wamback fez o gol de ouro, de cabeça, após cobrança de escanteio.
Mesmo com a derrota, as meninas comemoraram com o técnico o primeiro pódio brasileiro no futebol feminino.
Em Pequim-2008, novamente com uma boa campanha, a seleção brasileira chegou forte ao mata-mata do torneio olímpico. Na semifinal, o time do técnico Jorge Barcellos não tomou conhecimento da força das alemãs e goleou por 4 a 1. O país chegava pela segunda vez a uma final, novamente disputando o ouro com as norte-americanas.
Em um jogo em que o Brasil foi superior aos EUA em quase sua totalidade, a seleção não soube aproveitar as oportunidades que teve para vencer. A sólida defesa americana segurou o placar, que só foi alterado na prorrogação, com uma bomba da americana Lloyd, aos 6min.
Ao contrário dos Jogos de Atenas-2004, desta vez, a decepção estava evidente no rosto das jogadoras brasileiras. Mais uma vez, a seleção fazia uma grande campanha, apresentava um futebol mais vistoso, mas saia derrotada pela grande rival.
A goleira dos EUA, Hope Solo, em entrevista após o fim da partida, provocou: “O Brasil deveria gostar mais do jogo defensivo. Olhem só meu ouro aqui”.
Já a lateral brasileira, Rosana, resumiu o que foi a partida: “Mais uma vez foi um jogo do talento contra a eficiência, e a eficiência ganhou de novo”.
Desta vez, no Rio, a seleção feminina, assim como a masculina, busca o ouro inédito. Mesmo com o evidente abismo (leia-se patrocinadores, apoio de dirigentes, estrutura e mídia) que separa homens e mulheres no futebol brasileiro, agora, ao menos, elas jogam em casa.