Verissimo chega aos 80 e diz que deveria haver um curso preparatório para a velhice
O multitalentoso Luis Fernando Verissimo (escritor, cartunista, tradutor, humorista, autor de teatro e músico) completa hoje 80 anos. Cronista renomado, Verissimo fez do humor a marca de seus textos e tirinhas. Sim, tirinhas. Ou você nunca leu “As Cobras” ou “Família Brasil”?
Natural de Porto Alegre e filho do escritor Érico Verissimo, Luis Fernando estudou no exterior e suas experiências na infância e adolescência fora do Brasil ajudaram-no a afinar seus textos. Repetiria a mesma experiência com os filhos, morando fora e apresentando outras culturas a eles.
Mesmo quando fala de temas delicados como a política brasileira ou internacional, o terrorismo, a vida privada e outros, seu humor no tom certo dá o recado que outro escritor não conseguiria. Verissimo explicita seu talento: “A sátira tem força política porque, geralmente, os regimes repressivos têm medo do ridículo”.
Verissimo colaborou e ainda colabora com alguns dos principais periódicos brasileiros, entre eles a Folha. Em 1979, estreava pelo jornal com a crônica “A batalha final“. Até o final de 1982, o escritor esteve nas páginas da Folha imprimindo um humor que poucos possuem.
Em “Torre de Babel“, no dias de hoje, Verissimo seria criticado por citações religiosas e empresariais que permeiam a crônica. O humor presente no texto seria contestado por opiniões mais sérias, que não compreendessem a ironia.
Autor de mais de 30 livros, tem entre suas principais obras “O Analista de Bagé“, “A Velhinha de Taubaté“, “Humor nos Tempos do Collor“, “As Mentiras que os Homens Contam” e “O Melhor das Comédias da Vida Privada“.
Seus 80 anos serão celebrados até outubro com novas obras: “Verissimas: frases, reflexões e sacadas sobre quase tudo” (Objetiva, 210 páginas, R$ 44,90) e “As gêmeas de Moscou” (Companhia das Letrinhas, 32 páginas, R$ 34,90), a primeira incursão de Verissimo na literatura infantil.
Sobre chegar a oito décadas, Verissimo define assim (mantendo o famigerado humor) “A gente se distrai e, quando vê, está com 80 anos. Deveria haver um curso preparatório para a velhice”.