Em possível despedida, roqueiros do Aerosmith se apresentam pela 6ª vez no país; relembre os shows
O Aerosmith, uma das bandas de rock mais longevas em atividade, está de volta ao Brasil, pela sexta vez. O grupo, que tocou no anfiteatro do estádio Beira-Rio, em Porto Alegre (RS), nesta terça (11), ainda se apresentará no Allianz Parque neste sábado (15), em São Paulo, e no Classic Hall, em Recife (PE), no próximo dia 21.
Considerado um dos maiores grupos de hard rock de todos os tempos, os americanos também são conhecidos como os “Bad Boys de Boston”, cidade onde a banda foi formada em 1970 pelos guitarristas Joe Perry e Ray Tabano, o baixista Tom Hamilton, o vocalista Steven Tyler e o baterista Joey Kramer.
O quinteto desde então é praticamente o mesmo, exceto por Tabano, que no ano seguinte da fundação da banda foi substituído por Brad Whitford. Mas é possível afirmar que o grupo mantém até hoje a formação que estourou nas paradas de sucesso.
Apesar dos 46 anos de estrada e de estar na sua sexta vinda ao Brasil, o Aerosmith demorou para aparecer em terras tupiniquins.
A primeira apresentação aconteceu somente em 1994, no extinto Hollywood Rock –realizado no estádio do Morumbi, em SP, e na Apoteose, no Rio–, quando foi o principal nome do festival ao lado de Robert Plant, o ex-vocalista da lendária banda Led Zeppelin.
Há poucos dias do aguardado show, Steven Tyler e Tom Hamilton concederam uma entrevista exclusiva à Folha, por telefone. Os músicos falaram sobre a expectativa de tocar pela primeira vez no país e também sobre a relação dos roqueiros com as drogas.
“Nós não fazemos o papel de caretas. A única coisa que o Aerosmith é hoje é um bando de doidões que não se drogam mais. Eu sou um cara com muita energia, e as drogas estavam me tirando isso. Mas na hora você não percebe. Hoje eu ainda ando por aí agitando como se estivesse cheirando coca, mas estou limpo.”
Steven Tyler, vocalista do Aerosmith
“A gente costumava se drogar pouco no início da banda porque não tínhamos grana para muita coisa. Quando começamos a ganhar dinheiro, passamos a nos acabar de tanta droga à noite em vez de pensar no ensaio do dia seguinte.”
Tom Hamilton, baixista do Aerosmith
GÊMEOS TÓXICOS
A banda teve sérios problemas com drogas nas décadas de 70 e 80, o que quase causou o seu fim. O lema “sexo, drogas e rock n’ roll” era levado a sério pelos integrantes. O vocalista Steven Tyler, 68, e o guitarrista Joe Perry, 66, ficaram conhecidos como “Toxic Twins”.
Este fantasma voltou a assombrar o Aerosmith na segunda metade dos anos 2000 –teve reflexo no retorno da banda ao Brasil, em 2007— e atingiu o seu ápice em 2008, quando o grupo cogitou fazer audiências para encontrar um substituto para Tyler.
Em sua terceira vinda ao país, em 2010, o conjunto mostrava sinais de que superara os recentes problemas com tóxicos de seu vocalista, como falou em entrevista à Folha o baixista Tom Hamilton, 64.
No ano seguinte, com a casa já em ordem, foi a vez de Perry falar sobre Tyler: “Ele está ótimo, cantando muito. Hoje ele está 100% bom”. Além dessa afirmação, o guitarrista prometeu aos fãs um show melhor, com muito mais energia do que os dois anteriores.
ÚLTIMA VEZ?
De volta ao Brasil, três anos após sua última apresentação, o Aerosmith traz na bagagem o rótulo de “dinossauros do rock”. São mais de 150 milhões de discos vendidos. Dos 15 trabalhos de estúdio, destaque para álbuns clássicos como “Toys in the Attic” (1975) e “Rocks” (1974) e o sucesso comercial “Get a Grip” (1993).
Os shows da turnê Rock N’ Roll Rumble em território brasileiro devem trazer uma enxurrada de hits que compreendem as mais de quatro décadas de carreira dos roqueiros. Em Porto Alegre, na última terça (11), os “Bad Boys de Boston” tocaram músicas como “Back in the Sadle”, “Dream On”, “Walk This Way” e “Crazy”.
O público nestas apresentações poderá ter presenciado o conjunto pela última vez em suas cidades, já que de acordo com declarações recentes dos integrantes, em 2017 o Aerosmith deve sair para sua última turnê. E até o momento, no Brasil, a banda confirmou presença apenas no Rock in Rio do próximo ano. Se isso for mesmo verdade, os fãs da banda vão ficar “Cryin” por um bom tempo –desculpem-me pelo péssimo trocadilho.