Dona do primeiro 10 da ginástica artística em Jogos Olímpicos, romena Nadia Comaneci celebra 55 anos
Ela era apenas uma menina de 14 anos, mas assombrou o mundo do esporte ao tirar a primeira nota 10 da ginástica artística em uma Olimpíada.
Naquele dia 18 de julho de 1976, Nadia Comaneci –aniversariante deste sábado (12)– executara uma impecável série nas paralelas assimétricas e cravava seu nome na história olímpica, graças a sua performance nos Jogos de Montréal (Canadá).
Nascida na Romênia em 12 de novembro de 1961, a ex-ginasta foi descoberta pelo técnico Bela Karolyi aos seis anos de idade. Desde então, Nadia passou a acumular medalhas de ouro em competições para juniores e adultos.
A jovem garota do leste europeu era um fenômeno. Nem mesmo os organizadores daquela Olimpíada no Canadá estavam prontos para o grande feito dela. O placar não tinha a capacidade de exibir o “10.00” que ela recebeu dos juízes, pois só mostrava três dígitos.
Nadia sabia que tinha feito uma grande apresentação –foram pouco menos de 20 segundos de graciosidade e perfeição–, mas só soube da nota máxima após o público, em êxtase, ter feito muito barulho.
O saldo da ginasta nos Jogos de Montréal-1976 foi extremamente positivo. Foram sete notas dez, que lhe renderam três medalhas de ouro (paralelas assimétricas, trave e individual geral), uma de prata (equipes) e uma de bronze (solo). Nascia ali uma lenda.
Na volta para Bucareste (Romênia), milhares de pessoas que aguardavam sua chegada no aeroporto viram desembarcar uma Nadia triste. O motivo: a cabeça de umas de suas bonecas havia caído dentro do avião, disse aos jornalistas.
No Campeonato Mundial de 1978, realizado na França, a ginasta ficou com o ouro na trave e prata no salto e na competição por equipes. Nas paralelas assimétricas, aparelho no qual ela se destacou dois anos antes, ficou de fora do pódio devido a uma queda.
Dois anos mais tarde, nos Jogos Olímpicos de Moscou-1980, a atleta não conseguiu repetir o desempenho de Montréal, mas nem por isso teve uma participação decepcionante. Foram duas medalhas de ouro (trave e solo) e duas de prata (equipes e individual geral). Mas, mais uma vez, não esteve entre as três melhores nas barras.
A romena deixou a ginástica em 1984, aos 23 anos. Esteve nos Jogos de Los Angeles apenas para assistir, como convidada VIP da organização.
Dentre os motivos deste final de carreira precoce estão alguns problemas pessoais e o assédio do filho do ditador romeno Nicolae Ceausescu, que era obcecado por ela.
O autoritário Ceausescu foi inclusive motivo da fuga para os EUA de seus técnicos Bela Karolyi e sua esposa, Martha –atualmente coordenadora da seleção americana. Ambos haviam se recusado a transformar a ginasta em garota-propaganda do regime comunista da Romênia.
Nadia também deixou o seu país de origem. Em 1989 ela se radicou nos Estados Unidos, onde, em 1996, casou-se com o também ex-ginasta e campeão olímpico Bart Conner.
Neste ano, a ex-atleta esteve nas Olimpíadas do Rio como comentarista de uma TV brasileira. Na ocasião, recebeu do ex-nadador Mark Spitz um collant idêntico ao que usou em 1976, no Canadá, e refez uma de suas séries nota 10 de 40 anos atrás.
O simbolismo da primeira nota 10 deve-se ao fato de que, após muitas alterações às quais foi submetido o código de pontuação da ginástica artística, hoje não é mais possível a um ginasta, seja no masculino ou feminino, atingir o feito.
Aos 55 anos, a eterna “princesa de Montréal”, como ficou conhecida Nadia Comaneci, mora na cidade americana de Oklahoma, onde tem uma academia e trabalha com seu marido.