Relembre o octacampeonato do Palmeiras na Folha
O torcedor palmeirense que acompanhou seu time durante a década de 1990 não se esquece de uma das principais conquistas daquela era vitoriosa: o Campeonato Brasileiro de 1994, vencido sobre o maior rival, o Corinthians.
Essa também havia sido a última vez que a torcida alviverde comemorou um título nacional. Agora, quase 22 anos depois, o Palmeiras novamente dá essa alegria aos seus aficionados.
Voltando ao ano de 1994… A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) organizou um longo e confuso campeonato com 24 equipes, em duas fases –primeira em turno e returno e segunda em turno único–, repescagem e fase final (quartas de final, semifinal e final).
O time alviverde, comandado pelo técnico Vanderlei Luxemburgo, chegou forte à competição, pois manteve a base multicampeã de 1993 e ainda se reforçou com nomes como o do volante Flávio Conceição e do meia Rivaldo –este último tinha atuado pelo Corinthians no ano anterior, na época emprestado pelo Mogi Mirim (SP).
Nos dez primeiros jogos da primeira fase, o Palmeiras passeou: nove vitórias e um empate. A classificação veio com tranquilidade. No primeiro turno da segunda fase, o time alviverde manteve o desempenho arrasador. Em um grupo com Bahia, Botafogo (RJ), Flamengo, Paraná, Santos, São Paulo e Sport, só perdeu um jogo, e foi para o rubro-negro carioca (2 a 0). Já classificado, no segundo turno a equipe perdeu alguns jogos por se dar ao luxo de poupar vários titulares.
Nas quartas de final, o Palmeiras venceu as duas partidas contra o Bahia pelo placar de 2 a 1. Depois, na semifinal, não deu chances para o Guarani: 3 a 1 em SP e 2 a 1 em Campinas. Os dois gols palmeirenses da última partida foram marcados por Rivaldo. Pelo lado do Bugre, o gol foi feito pelo meio-campo Fábio Augusto.
Pelo segundo ano consecutivo, o alviverde estava na final do Campeonato Brasileiro. Mas, desta vez, teria pela frente o seu maior arquirrival: o Corinthians. Já o time alvinegro chegava à decisão com a difícil missão de acabar com a hegemonia palestrina e dar o troco pelas derrotas nas finais do Paulistão e do Rio-São Paulo de 93.
JOGO DE IDA
O estádio do Pacaembu foi escolhido como palco para os dois jogos, o que limitou demais o público para um confronto desta magnitude. Cerca de 36 mil pagantes acompanharam cada uma das partidas.
Com muita festa de ambas torcidas, os dois times subiram ao gramado, onde, antes do apito inicial, jogadores se cumprimentavam e brincavam uns com os outros. Com a bola rolando, isso mudou.
O primeiro tempo foi muito pegado. O Palmeiras já havia acertado a trave do goleiro Ronaldo em jogada de Edmundo, e o Corinthians pressionava a meta de Velloso, mas o placar persistia no 0 a 0.
Mas, ao final da etapa inicial (44min), Rivaldo abriu o marcador após receber um belo lançamento, driblar o goleiro Ronaldo, que, desesperado, saiu da área.
Se de um lado o guarda-meta corintiano mostrava nervosismo com saídas estabanadas do gol para tentar impedir os avanços palmeirenses, do outro, Velloso fazia defesas importantes e, assim, segurava o ímpeto alvinegro.
No segundo tempo, o Corinthians pressionava, mas viu, novamente, seu ex-jogador Rivaldo (18min) marcar. Desta vez, após bobeira do lateral esquerdo tetracampeão do mundo Branco. O meia palmeirense levou a bola em direção a linha de fundo pelo lado direito do ataque e tocou de bico com a perna esquerda na saída de Ronaldo.
Mal deu tempo para o Timão se recuperar do gol sofrido, dois minutos depois, o lateral esquerdo Roberto Carlos fez lançamento para o centroavante Evair, que dominou dentro da área e deu bela assistência para Edmundo estufar as redes.
A equipe de Parque São Jorge diminuiu na sequência, com Marques (22min.), após bobeira do meio-campo alviverde e grande jogada do meia Souza. Placar final: 3 a 1.
JOGO DE VOLTA
Na segunda partida, o Corinthians precisava vencer por três gols de diferença. Com isso, partiu para cima com tudo. Os alvinegros fizeram 1 a 0 logo aos 3min do primeiro tempo. Marcelinho Carioca cobrou falta, Veloso fez a defesa, mas a bola bateu na trave e sobrou para Marques, com o gol vazio, marcar.
No segundo tempo, o Palmeiras voltou melhor. Edmundo infernizou a defesa corintiana. Em dois lances pelo lado direito, o “Animal” driblou com facilidade o zagueiro Henrique.
Do outro lado, Velloso mais uma vez salvou o time nos momentos de pressão do adversário. Com as pontas dos dedos, o arqueiro defendeu outra perigosa cobrança de falta de Marcelinho Carioca.
O Corinthians precisava de mais dois gols para ficar com o título, mas o nervosismo do time, aliado aos contra-ataques palmeirenses, fez com que Luizinho fosse expulso –Zinho, do Palmeiras, e Branco, do Corinthians, desentenderam-se e também levaram cartão vermelho.
O empate, que selou de vez o título palmeirense, veio no segundo tempo com uma assistência de Edmundo. Rivaldo (36min), o artilheiro da final, sem goleiro, tocou para o fundo do gol.
Festa alviverde nas arquibancadas. O Palmeiras em seu jogo de número 600 no Brasileirão conquistava seu oitavo troféu do campeonato mais importante do país.