Em 96, Corinthians escapou de tragédia no Equador

Alberto Nogueira

O Corinthians passou por apuros em 1º de maio de 1996, quando um incêndio no avião que levaria a equipe de Quito (Equador) para São Paulo causou pânico e feriu jogadores e outros passageiros.

O clube alvinegro havia vencido a equipe equatoriana do Espoli por 3 a 1, em partida de ida, válida pelas oitavas de final da Taça Libertadores da América.

No retorno ao Brasil, piloto do Boeing 727 da empresa brasileira Fly Linhas Aéreas não conseguiu decolar e a pista molhada pela chuva impediu melhor frenagem da aeronave, que atravessou o muro do Aeroporto Internacional Mariscal Sucre –a 40 km da capital Quito– e caiu de bico na avenida adjacente.

O avião teve o trem de pouso quebrado e uma de suas turbinas pegou fogo. Os 90 passageiros, entre eles jogadores, dirigentes, jornalistas e torcedores, saíram às pressas pelo tobogã de emergência.

Dos atletas a bordo, o meia Tupãzinho queimou a perna esquerda e o zagueiro Alexandre Lopes e o goleiro se feriram. Nenhum com gravidade.

O defensor André Santos, amigo dos integrantes do Mamonas Assassinas, mortos em um acidente aéreo em 2 de março do mesmo ano, disse ter se lembrado da banda na hora.

O avião que levaria a delegação corintiana de volta a São Paulo (Foto: 1º.mai.1996/France Press)
O avião da Fly Linhas Aéreas que levaria a delegação corintiana de volta a São Paulo (Foto: 1º.mai.1996/France Press)

Já os craques Edmundo e Marcelinho Carioca não se machucaram, mas foram os últimos a desembarcar, pois tentaram ajudar o torcedor Antônio Murilo de Oliveira Jr., na época com 260 kg, que havia ficado entalado em uma das saídas de emergência. O rapaz acabou salvo por Paulo Roberto Perondi, segurança do Corinthians, e o então presidente da Gaviões da Fiel, Paulo Eduardo Romano, o Jamelão. Eles foram chamados de heróis pelo elenco.

As autoridades locais afirmaram que o excesso de combustível no tanque do avião foi o motivo do acidente. Antes, o copiloto havia declarado que o excesso de peso poderia ter impedido a decolagem, algo que foi negado pela companhia aérea.

Traumatizados, a maioria dos corintianos precisaram de calmantes para retornar ao Brasil. Anos depois, em entrevista ao UOL, o ex-volante Zé Elias disse nunca mais ter conseguido viajar tranquilo de avião. E que foi preciso o médico do Timão, o doutor Joaquim Grava, buscá-lo em casa para a partida contra o Palmeiras, dias depois, em Presidente Prudente. O atleta de 20 anos só chorava, pois teria que voar até a cidade do interior paulista.

Duas décadas depois do incidente com o clube, o Corinthians usa a cor verde em seu site oficial em solidariedade à Associação Chapecoense de Futebol, que perdeu nesta terça (29) quase que sua delegação inteira em um acidente aéreo na Colômbia.

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