Dom Paulo Evaristo Arns e seu coração corintiano
Dom Paulo Evaristo Arns nasceu em 14 de setembro de 1921, em Forquilhinha (SC), mas viveu boa parte de sua vida em São Paulo. Foi na capital paulista que ele esteve perto de uma grande paixão: o Corinthians.
Com uma história marcada pela luta política, contra a tortura da ditadura militar e a favor das Diretas Já, o religioso também é lembrado quando o assunto é futebol e o seu time do coração.
Evaristo Arns nunca escondeu a admiração pelo clube. Publicou, inclusive, o livro “Corintiano Graças a Deus!” (Editora Planeta), em 2004, com pequenas crônicas sobre momentos de dificuldade e de alegria do clube.
O amor futebolístico do líder católico era tanto que virou texto na Folha. “Desta vez é pra valer!” foi publicado em um caderno especial dedicado ao Corinthians, em 5 de dezembro de 1976, mesma data da semifinal do Campeonato Brasileiro contra o Fluminense. O dia da invasão corintiana no estádio do Maracanã, no Rio.
Evaristo Arns escreveu sobre a expectativa do fim do jejum corintiano, que na época era de 22 anos. Falou também sobre como começou sua amizade com Alfredo Trindade, ex-presidente alvinegro, descrito pelo religioso como “o homem que ganhou o último campeonato de nosso time, em 1954”.
Contou que nunca ia ao estádio, mas que sofria “como todos sofrem”, e que era vaiado quando em alguma reunião o apresentavam como corintiano. “Mas tenho a certeza de que a maioria sempre está ao meu lado”, escreveu antes do trecho abaixo, que ganhou destaque na capa do especial:
“Ser corintiano significa viver com o povo, amar São Paulo e continuar em pé, quando todos vacilam.”
Era o recado de Arns sobre o que é torcer para o Corinthians: ter esperança.
E com essa esperança que ele encerrou seu texto: “Depois de amanhã, vou tirar de novo a grande flâmula do Corinthians que ganhei em janeiro de 1974, com autógrafos e carinhosa dedicatória de todos os seus jogadores. Desta vez é pra valer!”.
Naquele dia, 70 mil corintianos viram seu time sair vitorioso nos pênaltis -4 a 1-, após empate em 1 a 1 no tempo normal. A fila parecia estar chegando ao fim. O Timão estava na final do Campeonato Brasileiro de 1976.
Uma semana depois, a equipe alvinegra perdeu o título para o Internacional, 2 a 0, mas o religioso manteve a fé, e no ano seguinte, junto com a nação corintiana, viu o Corinthians campeão paulista.