Há 15 anos, Popó unificou cinturões em Las Vegas
Há 15 anos, Popó conquistou o cinturão mundial dos superpenas (até 58,967 kg) pela AMB (Associação Mundial de Boxe), principal entidade do esporte, ao derrotar o cubano Joel Casamayor, em Las Vegas, nos EUA.
O soteropolitano Acelino Freitas ganhou o apelido “Popó” de sua mãe, devido ao barulho que fazia quando mamava. Quinto dos seis filhos de Niljalma Ferreira Jones, o Babinha, e Zuleica Freitas, Popó ingressou no boxe por incentivo do irmão Luís Cláudio, aos 14 anos.
Seu primeiro mundial superpena foi diante do cazaque Anatoly Alexandrov. A luta foi na França, onde o boxeador não deu chances ao adversário. Venceu no primeiro assalto, conquistou o título da OMB (Organização Mundial de Boxe) e ainda mandou o lutador do Cazaquistão para o hospital. O feito foi importante, pois o Brasil não vencia um mundial de boxe desde 1975, quando Miguel de Oliveira ganhou o título dos médios-ligeiros do CMB (Conselho Mundial de Boxe).
Após a luta contra Alexandrov, Popó tinha a chance de unificar os cinturões da OMB (conquistado na França) e da AMB, que pertencia a Casamayor. Na ocasião, a Folha apurou com a Comissão Atlética do Estado de Nevada que o combinado das bolsas dos dois pugilistas era recorde para um boxeador brasileiro, com valores que ultrapassavam US$ 1,3 milhão.
“Estou preparado para 12 assaltos, mas ele não passa do quinto”, provocou o baiano na coletiva de promoção do combate. “Respeito Freitas, mas essa é a luta mais importante da minha carreira. Estou pronto”, respondeu o cubano, ganhador da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Barcelona-1992.
Após um combate disputado, a vitória de Popó foi decidida de forma unânime pelos jurados. No final, 114 pontos a 112 e a unificação dos cinturões.
A repercussão do resultado ficou evidente já na primeira hora após a luta. O brasileiro recebeu quatro desafios. Floyd Mayweather, campeão do CMB; Steve Forbes, dono do cinturão da Federação Internacional de Boxe; o próprio Casamayor, que pediu uma revanche; e pelo primeiro do ranking da OMB, o nigeriano Daniel Atah. “Enfrento quem colocarem na minha frente”, respondeu Popó.
De volta ao Brasil, foi recepcionado por cerca de 8.000 pessoas, segundo a Polícia Militar da Bahia. Na ocasião, o brasileiro reivindicou o mesmo prestígio dado a outros três esportistas brasileiros: Éder Jofre, ex-pugilista, Ayrton Senna e o tenista Gustavo Kuerten. “Não quero ser comparado a eles. Só quero ter o mesmo espaço na mídia”, afirmou Popó ao desembarcar em Salvador.
Sobre a luta e o que a conquista representava, o lutador foi enfático e aproveitou para criticar o adversário. “Casamayor falou muito antes da luta. Agora, acho que ele deve ser chamado de Casamenor. Ele me deu cabeçada, tentou dar uma joelhada na minha virilha e, uma hora, pensei que ele ia me morder”, disse.
Popó estreou como profissional em 1995. Possui 42 lutas no currículo, sendo 40 vitórias (34 por nocaute e seis por decisões de pontos) e duas derrotas. O brasileiro ficou no topo de sua categoria até 2004, quando perdeu o cinturão da OMB para o americano Diego Corrales (1977-2007) por nocaute técnico.
Fora dos ringues, entre 2007 e 2008, foi secretário municipal de Esportes de Salvador e em dezembro de 2010 chegou à Câmara após a saída do deputado federal Mário Negromonte (PP-BA), que assumiu o Ministério das Cidades.
O pugilista fez sua luta de despedida, em junho de 2012, contra o brasileiro Michael Oliveira, em Punta del Este, no Uruguai. Popó venceu por nocaute técnico.
Em 2015 voltou a lutar. O palco foi a Arena Santos, no litoral paulista, onde enfrentou o argentino Mateo “El Chino” Verón. Mesmo três anos fora de atividade, o boxeador fez jus ao apelido “Mão de Pedra” ao nocautear o rival ainda no terceiro round.
Em breve, Popó deverá ser eternizado nas telinhas. Uma série de TV dirigida por Walter Salles e escrita por Sergio Machado pretende contar a história do boxeador baiano, segundo informou a coluna Mônica Bergamo, em setembro de 2016.