OUTROS CARNAVAIS: Lança-perfume e nudez sofreram proibições nos anos 1960 e 1980

Alberto Nogueira

Engana-se quem pensa que no Carnaval pode tudo.

Prova disso são dois ícones de uma das maiores festas populares do Brasil: o lança-perfume e a nudez, que sofreram proibições.

Até 1961, serpentinas e confetes tinham o lança-perfume como companheiro inseparável. Fazia parte da bagunça dos foliões lançar esses os dois primeiros itens uns nos outros e espirrar o líquido perfumado e gelado nas pernas das moças. Tudo era uma grande festa.

O lança-perfume era visto como mero instrumento de diversão, como explicou o Folhetim, suplemento da Folha, em 21 de fevereiro de 1982. Antes de sua proibição, era comum ver grandes anúncios nas páginas dos jornais vendendo o produto.

Ao longo dos anos, porém, a brincadeira saiu dos trilhos. Os frascos começaram a serem inalados por usuários, o que transformou o item em uma espécie de “droga do carnaval”.

Em 1961, o então presidente Jânio Quadros proibiu a venda e utilização do lança-perfume, mas até hoje é possível encontrar pessoas usando-o durante a folia, em misturas com outros tipos de drogas e substâncias de uso industrial.

PROTESTO CONTRA PROIBIÇÃO

Já a proibição da nudez, seja masculina, seja feminina, teve um ícone, a modelo Enoli Lara.

Em 15 de fevereiro de 1988, no Rio, ela desfilou inteiramente nua pela escola União da Ilha. Pintada de vermelho e preto, a passista entrou para a história como o primeiro nu frontal da passarela do samba. “Vim para mostrar que não é só o primeiro bumbum mais bonito do Brasil que eu tenho. O resto também é ótimo”, afirmou.

No final daquele desfile, porém, a pintura da musa estava quase toda desfeita, enquanto as mãos dos integrantes da escola ficaram cheias de tinta.

Em 1989, também pela União da Ilha, com o enredo “Festa Profana”, Eloni Lara foi a grande responsável pela proibição da “genitália desnuda” no carnaval do Rio quando desfilou apenas com um véu de noiva cobrindo o corpo.

A proibição em relação a corpos nus, instituída em 1990 pela Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), gerou protesto por parte do carnavalesco da Beija Flor, Joãozinho Trinta, que naquele ano, com o enredo “Todo mundo nasceu nu” conquistou o segundo lugar para sua agremiação.

Colaborou Luiz Carlos Ferreira