OUTROS CARNAVAIS Luxo e extravagância de Clóvis Bornay marcaram os desfiles do Rio

Jair dos Santos Cortecertu

Ícone da cena cultural do Rio de Janeiro e conhecido pelas grandiosidade das fantasias que apresentava em desfiles, o museólogo e carnavalesco Clóvis Bornay nasceu na cidade de Nova Friburgo, em 1916. Filho de mãe espanhola e pai suíço, Bornay entrou no mundo do carnaval aos 12 anos, quando começou a frequentar os bailes do Fluminense, em Laranjeiras, na zona sul carioca.

Sua carreira como carnavalesco iniciou em 1937. Influenciado pelos bailes de Veneza, Clóvis Bornay convenceu o diretor do Teatro Municipal do Rio a instituir um baile de gala com concurso de fantasias de luxo. Naquela época Bornay conquistou o primeiro lugar com a fantasia “Príncipe Hindu”.

A figura de Clóvis Bornay ultrapassou as passarelas e ganhou destaque nas telas do cinema e da TV. Bornay contracenou com o ator Paulo Autran em “Terra em Transe” (1967), filme de Glauber Rocha, e “Independência ou Morte” (1972), dirigido por Carlos Coimbra. O carnavalesco também trabalhou como jurado nos programas dos apresentadores Silvio Santos e Chacrinha.

Clóvis Bornay também foi carnavelesco das escolas de samba Portela e Mocidade Independente de Padre Miguel, mas o luxo da passarela foi sua principal marca, Bornay virou símbolo da extravagância do carnaval. “Meu grande luxo é poder me exibir com mil plumas em uma passarela e, apesar da crise política e do povo afastado das grandes alegrias da vida, ser bem recebido e aplaudido. Ainda sou uma tábua de salvação”, afirmou o carnavalesco em reportagem da Folha de 1987.

Em 1996, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro concedeu a medalha Tiradentes ao museólogo e amante do carnaval carioca.

No dia 9 de outubro de 2005, Clóvis Bornay morreu aos 89 anos, vítima de uma parada cardiorrespiratória provocada por um quadro grave de desidratação.