Há 75 anos, nascia Aretha Franklin, rainha do soul

Aretha Franklin, que completa 75 anos neste sábado (25), nasceu em Memphis, no Estado do Tennessee, em 1942. Filha do pregador Clarence LaVaughn e da cantora gospel Barbara Siggers, Aretha foi criada em Detroit, no Michigan, para onde se mudou ainda na infância com a família.

Seu pai foi um dos organizadores da Marcha da Liberdade pelos direitos civis dos negros ao lado de Martin Luther King, realizada em 1963, em Detroit.

Aretha Franklin tornou-se mãe aos 13 anos, em 1955. A segunda gravidez veio dois anos depois. Foram quatro filhos de diferentes casamentos. Em 1956, com o incentivo do pai, gravou o seu primeiro álbum, “Songs of Faith”, inteiramente dedicado ao gospel.

Casa onde Aretha Franklin passou os primeiros anos de infância, em Memphis, Tennessee (Foto: 16.jan.2017 – AP/ Mark Humphrey)

Em 1961, aos 19, já em Nova York, onde tentava conquistar espaço como cantora popular, Aretha assina contrato com a Columbia Records, onde trabalhava o renomado produtor John Hammond. “Deus, é a voz mais bonita desde Billie Holiday”, avaliou Hammond ao ouvir a mais nova promessa da gravadora.

Embora na Columbia Aretha tivesse emplacado interpretações como “Today I Sing The Blues”, Cry Like a Baby” e “Dixie Melody”, ela não se sentia realizada com a predominância do jazz induzida pelo selo em sua carreira. Mesmo sendo amante do gênero, seu desejo era ser uma cantora de soul e rhythm & blues.

Com o passar dos anos, essas divergências a levaram em 1966 ao fim da relação com a Columbia, onde produziu 12 álbuns.

A fase de maior êxito de Aretha, porém, teve início em 1967, com sua ida para a Atlantic Records, onde permaneceu por longos 12 anos, deixando um legado de 19 LPs.

Cantora Aretha Franklin em  1960 ( Foto: Divulgação)

Em seu primeiro ano na nova gravadora, Aretha logo se destacou com a vigorosa interpretação de “Respect (Otis Redding)”, do álbum “I Never Loved a Man the Way I Love You”, que, além de entrar para a primeira posição do gênero Soul nas paradas americanas, se tornou uma das principais trilhas sonoras da luta pelos direitos civis e do feminismo nos EUA.

Na sequência vieram, entre outros, os clássicos  “(You Make Me Feel Like) A Natural Woman”, “Chains of Fools”, “I Say a Little Prayer For You” e “Spanish Harlem”.

No mesmo ano, no Regal Theatre de Chicago, Aretha, que aos 25 anos já estava em seu 11º álbum, foi coroada “Rainha do Soul” pelo DJ Pervis Spann, título que desde então passou a acompanhar a diva em sua trajetória.

Em 1972, a cantora revisitou o gospel com a gravação do disco “Amazing Grace”, um registro de suas apresentações na New Temple Missionary Church, em Los Angeles (EUA). Considerado o seu melhor trabalho do gênero, o álbum vendeu dois milhões de cópias, se tornando o LP gospel mais bem sucedido da história. Há dois anos a cantora impediu judicialmente a exibição em festivais nos EUA e no Canadá do documentário homônimo com imagens das apresentações. Aretha Franklin argumentou haver falha na sincronização entre os áudios e as imagens do filme.

Em 1980 a cantora firma contrato com o selo Arista, dirigido por Clive Davis, onde, logo de cara impressiona com as músicas “United Together” e “I Can’t Turn You Loose”. No mesmo ano atuou no filme “Os Irmão Cara de Pau”, do diretor John Lands, que ganhou uma segunda parte em 1998, também com a participação da cantora.

Ainda na Arista, em 1987, ao lado de George Michael – morto no ano passado-, emplaca um de seus maiores sucessos, “I Knew You Were Waiting (For Me)”. Naquele ano a cantora passa a ser conhecida também como a primeira mulher a entrar para o Rock and Roll Hall of Fame.

Aretha Franklin no aniversário de 70 anos, com amigos e familiares (Foto: Charles Sykes – 25.mar.2012/AP Photo)

As experimentações com o hip-hop, misturadas ao jazz e à ópera, vieram em 1998, com o álbum “A Rose Is Still a Rose”, produzido pela cantora Lauren Hill e considerado o grande trabalho de Aretha na década.

Após sua saída da Arista, em 2004, Aretha lançou seu próprio selo, a Aretha’s Records. No mesmo ano a Revista Rolling Stone elegeu o seu primeiro grande sucesso, “Respect”, como a quinta maior música de todos os tempos. A canção foi tema de documentário exibido naquele ano pelo canal pago GNT.

No final de 2010, depois de ter passado por uma cirurgia, a imprensa divulgou que Aretha Franklin estava com câncer no pâncreas, fato confirmado por um familiar da cantora. No entanto pessoas próximas a ela não quiseram comentar o assunto. No ano seguinte Aretha lançou o disco “A Woman Falling Out of Love”.

Em 2014 a cantora gravou pela Warner “Aretha Franklin Sings The Great Diva Classics”, onde interpreta músicas que fizeram sucesso nas vozes de Alicia Keys, Sinéad O’ Connor, Adele e Gloria Gaynor, entre outras. Uma crítica sobre o álbum foi publicada na Folha na ocasião de seu lançamento.

Em dezembro de 2015, no Kennedy Center Honors, em Washington D.C., Aretha Franklin emocionou o então presidente americano Barack Obama ao interpretar “(You Make Me Feel Like) A Natural Woman”, em cerimônia que homenageou a co-autora da canção, Carole King, que também esteve no evento.

Com 46 discos lançados e 18 Grammys Awards, perdendo apenas para a cantora Beyoncé, que faturou 20 prêmios, Aretha Franklin não esperou a comemoração de seus 75 anos para anunciar, em fevereiro desde ano, sua aposentadoria. “ Eu devo dizer que estou muito satisfeita da trajetória da minha carreira. Eu não vou ficar sentada sem fazer nada. Isso também não seria nem um pouco bom”, comentou a diva.