‘Pai do punk’, cantor Iggy Pop completa 70 anos

Alberto Nogueira

James Newell Osterberg Jr. é o aniversariante do dia. E você deve estar aí se perguntando “mas, e daí? Quem é esse cara?”. Mais respeito, pois, “esse cara” é Iggy Pop, o mais novo septuagenário do mundo do rock.

Nascido em Ypsilanti, no Estado de Michigan (EUA), em 21 de abril de 1947, Iggy Pop é cultuado até hoje e considerado por muitos “o pai do punk“.

Sua paixão pela música vem desde a época da escola, quando foi baterista de diversas bandas. The Iguanas, uma delas, foi a responsável pelo surgimento do nome artístico Iggy.

No final da década de 1960, o músico formou o The Stooges, grupo que se notabilizou por suas performances explosivas e autodestrutivas. Para ter uma ideia, Iggy Pop se cortava no palco, passava manteiga de amendoim no próprio corpo e rolava no chão repleto de cacos de vidro.

Mas a banda não se destacava apenas pela maluquice. O disco de estreia “The Stooges” (1969) foi precursor do gênero punk –movimento que se firmaria alguns anos depois– com as músicas “I Wanna Be Your Dog” (Eu quero ser seu cachorro), “No Fun” e “Search and Destroy”.

Antes do fim precoce, entre os anos de 1974 e 1975, o The Stooges lançou os discos “Fun House” (1970) e “Raw Power” (1973). Mesmo com pouco tempo de atividade, o grupo influenciou várias bandas, como Ramones e New York Dolls.

Sozinho, Iggy Pop estava em um momento difícil, principalmente no que se refere ao abuso de drogas. Até que foi resgatado, em 1977, por David Bowie (1947-2016), que produziu naquele ano seus álbuns solos “The Idiot” e “Lust For Life”. Apesar de não terem vendido muito bem, ambos foram elogiados pela crítica.

Répteis, a iguana e o camaleão foram grandes companheiros. A música “China Girl”, do álbum “The Idiot” (1977), esteve também no disco “Last Dance” (1983), de David Bowie. “A amizade de Bowie foi uma luz em minha vida”, disse Iggy Pop quando o amigo morreu, em janeiro de 2016.

O estouro comercial do artista veio na sequência de sua carreira solo, durante a década de 1980 e o início de 1990. Um dos maiores sucessos deste período é a música “Candy”, em parceria com Kate Pierson, a ruiva do B-52s.

Foi a nítida mudança de uma sonoridade raivosa para uma mais mansa. “I’m a runaway son of the nuclear A-bomb /I am a world’s forgotten boy / The one who searches and destroys” (Eu sou um fugitivo, filho da bomba atômica / Eu sou o menino esquecido (perdido) do mundo / Aquele que procura e destrói), versos rebeldes de “Search and Destroy” (1969), deram lugar a doçura de “Candy, Candy, Candy / I can’t let you go” (Docinho, Docinho, Docinho / Eu não posso deixar você partir).

Apesar da mudança sonora, nos palcos, Iggy Pop ainda se contorce, corre, pula, simula situações sexuais e mostra o físico ao se apresentar sem camisa –sua marca registrada. O ex-colunista da Folha, Lúcio Ribeiro, foi testemunha ocular de uma dessas maluquices em um show realizado em São Paulo, em 1988, quando o cantor se jogou na plateia, estatelou-se no chão, levantou-se e continuou cantando.

Em 2003, o Stooges se reuniu no festival Coachella, na Califórnia. O reencontro rendeu uma turnê mundial de três anos, que incluiu shows em São Paulo e no Rio, em 2005. A banda também lançou, sem empolgar muito, os discos “The Weirdness” (2007) e “Ready to Die” (2013). No ano de 2010, o conjunto musical entrou para o Hall da Fama do Rock.

O roqueiro veterano lançou em 2016 o elogiado “Post Pop Depression”, que teve a produção do músico Josh Homme –de Queens of The Stone Age e Eagles of Death Metal–, com quem saiu em turnê.

Há poucos dias de completar 70, Iggy Pop apresentou a inédita música “Asshole Blues”. Vida longa à iguana!