Há 85 anos, Amelia Earhart se tornou a primeira mulher piloto de avião a cruzar o oceano Atlântico

A travessia do oceano Atlântico norte pela aviadora norte-americana Amelia Earhart completa 85 anos neste domingo (21).

Com o feito, a piloto se igualou ao seu compatriota, Charles Lindberg, que em 1897 foi o pioneiro nesse tipo de viagem solo, indo de Nova York a Paris.

O plano inicial de Amelia, que saiu de Harbour Grace, no Canadá, no dia 20 de maio, era o de também pousar na capital francesa.

Porém, fortes ventos e outros problemas no voo fizeram com que ela descesse seu monoplano Lokheed Vega em uma fazenda, em Londonderry, na Irlanda do Norte.

Depois de assustar umas vaquinhas, ela parou num quintal de um fazendeiro, como ela mesma contou na época de sua façanha.

Nascida em 24 de julho de 1897, no Estado do Kansas (EUA), Amelia Earhart viu seu primeiro avião aos dez anos de idade, em uma feira local, mas não se interessou muito naquela gerigonça de madeira e arame farpado.

A paixão veio quase uma década depois, devido a dois momentos.

O primeiro, em uma exposição. Amélia observava manobras de um aviador em um descampado, ao lado de um amigo. De repente, o piloto fez um mergulho próximo a eles. A sensação de medo e prazer despertou algo dentro dela.

O segundo momento foi em um passeio de avião com o piloto Frank Hawks, em um show aéreo em Long Beach, na Califórnia. Lá de cima ela teve a certeza de que voar era o que ela queria fazer.

Desde muito jovem, Amelia mostrava que era diferente da maioria das outras garotas. Gostava de subir em árvores, caçar ratos com espingarda e colecionar recortes de jornais sobre mulheres bem-sucedidas em áreas predominantemente masculinas.

Para conseguir o que queria, ela se empenhou. Trabalhou como fotógrafa e dirigiu caminhões para juntar dinheiro para ter aulas de voo com a pioneira aviadora, Anita “Neta” Snook.

Ela aprendeu a voar, comprou um avião biplano usado, amarelo, e o chamou de “O Canário”. Com ele, voou a 14 mil pés de altitude, em 1922, o recorde mundial da época entre pilotos do sexo feminino.

Em julho de 1928, Amelia Earhart fez parte da equipe –como passageira– que cruzou o Atlântico a bordo do “Friendship”. A experiência foi contada por ela no livro “20 horas, 40 minutos”, lançado no mesmo ano, com a ajuda do editor George Putnam, com quem mais tarde se casaria.

O feito a levou à fama. Mas ela queria ir além. Amelia queria ter a experiência de cruzar o Atlântico sozinha. E ela conseguiu naquele dia 21 de maio de 1932.

Em 1935, foi o primeiro piloto, entre homens e mulheres, a ir em voo solo de Honolulu, no Havaí, a Oakland, na Califórnia. Uma distância maior do que a que separa os Estados Unidos da Europa.

Depois de tantos feitos, fama, condecorações, como a “The Distinguished Flying Cross”, antes exclusiva de militares americanos, mas conquistada com pioneirismo por ela, uma civil, a aviadora ainda tinha uma grande ambição: dar a volta ao mundo através da linha do Equador.

A bordo do Lockheed Electra e na companhia do navegador Fred Noonan, partiu atrás de seu sonho, em 1º de junho de 1937.

Com cerca de dois terços da viagem completados, chegaram à Lae, em Papua-Nova-Guiné, no dia 29 de junho. Em terra, fizeram ajustes no avião e armazenaram quantidade extra de combustível.

No dia 2 de julho, levantaram voo, mas sob o oceano Pacífico relataram mau tempo ao Itasca, navio da guarda costeira norte-americana. Trocaram algumas informações durante um tempo, mas, depois, a comunicação cessou. Desde então, não se teve mais notícias de Amelia, Noonan e do avião.

O governo americano vasculhou 250 mil milhas quadradas de oceano, mas encerrou as buscas no dia 19 de julho daquele mesmo ano. Até hoje o desaparecimento dela é um grande mistério.

A aviadora teve um final trágico, típico de Hollywood. Sua história foi contada em artigos, livros e eternizada nas telas do cinema com o filme “Amelia” (2009), que teve a atriz Hilary Swank como protagonista.

Amelia Eahart foi uma mulher à frente de seu tempo, que sempre quis mostrar que mulheres e homens podem ocupar os mesmos espaços dentro da sociedade. Seus feitos para a aviação e sua luta por igualdade de gênero são seu grande legado.