Há 65 anos, o triplista Adhemar Ferreira da Silva conquistava o ouro nos Jogos de Helsinque

Passadas largas na corrida de impulso, três saltos consecutivos bem executados e um pouso para a glória na marca de 16,22 m da caixa areia. Foi assim que Adhemar Ferreira da Silva bateu o recorde mundial e conquistou a medalha de ouro para o Brasil na Olimpíada de Helsinque, em 23 de julho de 1952.

A façanha no salto triplo colocou o país pela segunda vez no lugar mais alto do pódio olímpico, 32 anos depois da conquista de Guilherme Paraense, no tiro esportivo, nos Jogos da Antuérpia.

Paulistano da Casa Verde, nascido em 29 de setembro de 1927, o triplista também quebrara pela segunda vez na competição o recorde mundial, que era dele próprio. Quando chegara à Finlândia, Silva detinha a marca de 16,01 m, batida com 16,12 m e 16,22 m.

Quebrar recordes era mesmo com o atleta do São Paulo Futebol Clube. Até 1950, o recordista do salto triplo era o japonês Naoto Tajima, com 16 m. Um feito que perdurava havia 14 anos e que era visto como “humanamente impossível” de ser superado.

Naquele ano, o brasileiro se igualou ao oriental, e em setembro de 1951, na pista do Fluminense, o superou em um centímetro.

Silva também alcançou outras marcas importantes ao longo de sua trajetória esportiva. Na Olimpíada de Melbourne, em 1956, levou o bicampeonato no salto triplo, com recorde olímpico de 16,35 m.

O atleta foi o único bicampeão do país em Jogos Olímpicos por 48 anos, até que o iatista Robert Scheidt, que já havia sido ouro em Atlanta-1996, igualou o feito com a vitória em Atenas-2004. Também na Grécia, a dupla de velejadores Torben Grael e Marcelo Ferreira chegou pela segunda vez ao lugar mais alto do pódio. O vôlei do Brasil, tanto no feminino quanto no masculino, posteriormente se juntou a esse seleto grupo de vencedores.

Adhemar Ferreira da Silva também fez história nos Jogos Pan-Americanos com três ouros: Buenos Aires-1951, Cidade do México-1955 e Chicago-1959. Na capital mexicana, inclusive, o brasileiro realizou o melhor salto de sua carreira ao atingir 16,56 m. Pela quinta vez ele estabelecia o recorde mundial.

Principal nome do atletismo do São Paulo durante quase uma década, Silva tem os recordes mundiais de Helsinque-1952 e do Pan de 1955 eternizados na camisa da equipe paulista em forma de duas estrelas douradas.

O triplista também defendeu as cores do Vasco da Gama, clube pelo qual atuava na época das conquistas de Melbourne-1956 e do Pan de Chicago-1959.

A troca de SP pelo Rio foi motivada por um convite de Samuel Wainer para ser colunista do jornal “Última Hora”, uma mostra de que o atleta também era diferenciado fora das pistas.

Outra prova disso é que ele se formou em educação física, belas artes, direito e relações públicas. Foi adido cultural na Embaixada do Brasil na Nigéria durante o governo João Goulart e era poliglota.

Silva, que também tocava violão, atuou no longa ítalo-franco-brasileiro “Orfeu Negro” (1959), vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro.

Adhemar Ferreira da Silva se aposentou do esporte em 1960, por causa de uma tuberculose, e morreu em 12 de janeiro de 2001, vítima de uma parada cardíaca. Todavia foi imortalizado com a criação do Hall da Fama do Atletismo, em 2012, ao lado de nomes como os dos americanos Jesse Owens e Michael Johnson e do finlandês Paavo Nurmi. Até hoje, é o único brasileiro na lista.