Há 35 anos, Brasil venceu soviéticos no Mundialito de vôlei e consolidou ascensão no cenário mundial
Preparatório para o Mundial e disputado no Rio, o Mundialito se transformou numa festa para o vôlei brasileiro com a vitória sobre a favoritíssima União Soviética por 3 a 2 (2/15, 15/12, 15/12, 13/15 e 15/7), no dia 25 de setembro de 1982.
“Vôlei quer continuar a festa na Argentina” foi o título da Folha para a reportagem que relatava a conquista –os vizinhos foram os anfitriões do Mundial no mês seguinte. Mas, muito mais do que a celebração pela vitória sobre os campeões olímpicos e mundiais, o Mundialito representou o processo de consolidação de uma mudança de patamar do vôlei brasileiro.
Atualmente, a seleção masculina lidera o ranking mundial com folga e acumula seis pódios olímpicos (três ouros e três pratas) e cinco títulos mundiais (três títulos e dois vices), mas até 1982 a maior conquista do país era o terceiro lugar na Copa do Mundo –cuja relevância é bastante inferior à da Olimpíada e à do Mundial–, de 1981.
Além da estreia em pódios em eventos mundiais, o Brasil passou a ser representado na lista dos melhores jogadores dos torneios desse porte. Ao lado do soviético Alexander Savin, eleito o melhor do Mundial de 78 e da Olimpíada de 80, Bernard figurou entre os seis atletas do time ideal da Copa do Mundo.
Bernard também se destacou no Mundialito com uma jogada personalizada: o saque Jornada nas Estrelas.
O fundamento iniciava o ponto levando a bola a uma altura muito acima da habitual. A recepção era dificultada pelos refletores e pela velocidade que a bola alcançava ao chegar à quadra rival. “Acredito que vai ser uma surpresa muito grande para as outras seleções”, disse o brasileiro, antes do início do torneio que teve 12 das 24 seleções que disputariam o Mundial.
Para entender a dimensão da vitória no Maracanãzinho lotado após duas horas e 46 minutos, naquela época, a União Soviética tinha uma hegemonia tão grande que os adversários falavam abertamente que a disputa era pelo segundo lugar.
“São belos e fortes, além de estarem jogando juntos há seis anos”, afirmou o técnico da então vice-campeã olímpica Bulgária, Vassil Limov, antes do Mundialito. “Às outras equipes só restará mesmo o consolo de disputar a medalha de prata.”
Internamente, os soviéticos colocavam como meta conquistar os títulos sem ceder sets: foram somente dois em seis jogos na campanha olímpica de Moscou.
Após perder o primeiro set da final do Mundialito por 15/2, a inédita vitória do time comandado pelo técnico Bebeto de Freitas contra os soviéticos mostrou que a equipe brasileira havia conseguido superar seu grande defeito: a falta de estado psicológico adequado.
Pode-se argumentar que o torneio era somente um preparatório, mas todos os titulares soviéticos disputaram a decisão do Mundialito. O time brasileiro entrou em quadra com William, Bernard, Amauri, Fernandão, Renan e Xandó –Bernardinho, Montanaro, Domingos, Rui, Léo e Cacau também jogaram o Mundialito.
A festa continuou para o vôlei brasileiro em Buenos Aires, mas a União Soviética manteve sua supremacia em campeonatos oficiais e, na final, passou como um “rolo compressor” pelo Brasil por 3 a 0 (15/3, 15/4 e 15/5) em apenas uma hora e 11 minutos.
Apesar da derrota na decisão, o resultado garantiu o Brasil nos Jogos de Los Angeles-84, onde foi conquistada a primeira medalha olímpica do vôlei brasileiro.
SEDE OLÍMPICA
Em 1982, o presidente da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), Carlos Arthur Nuzman, aproveitou o sucesso do Mundialito para fortalecer seu discurso de voos maiores: realizar os Jogos Pan-Americanos e a Olimpíada no Brasil.
Para o dirigente, o Mundialito provou que o esporte no Brasil, além do futebol, era viável “desde que exista vontade de trabalhar, dedicação seriedade e competência”.
“As empresas estão provando que têm interesse em patrocinar eventos de vôlei, que sequer têm tradição internacional. O que não fariam para promover Jogos Pan-Americanos ou uma Olimpíada?”, perguntou Nuzman, que foi protagonista na realização do Pan do Rio, em 2007, e na Olimpíada do Rio-2016.
Presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e do comitê organizador dos Jogos Olímpicos do Rio-2016, Nuzman é suspeito de participação em um esquema de compra de votos para que a cidade recebesse a Olimpíada.
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