Há 25 anos, Madonna e Sinéad O´Connor provocaram debates sobre sexo e pedofilia
No início de outubro de 1992, Madonna e Sinéad O´Connor, duas estrelas da música pop, desafiaram o conservadorismo e causaram intensos debates que ultrapassaram o mundo artístico.
MADONNA, SEXO, FANTASIAS E VIDEOCLIPE
A estreia foi nos EUA, no dia 2 de outubro, mas só no dia 4, no programa “Fantástico”, a cantora Madonna –que causara controvérsias com “Like a Prayer” (1989) e “Justify My Love” (1990)–, apresentou aos brasileiros o videoclipe “Erotica”, trabalho que iniciou mais uma série de provocações e questionamentos da popstar, uma das primeiras cantoras a tratar abertamente o tema liberdade sexual.
“Meu nome é Dita, serei sua anfitriã esta noite. Eu gostaria de colocar você em transe”, cantava Madonna no clipe que trouxe cenas picantes e antecipou o lançamento do livro “Sex”, aguardado trabalho com fotos e relatos de fantasias sexuais de Madonna capitaneado por Steven Meisel.
Em “Erotica”, simulações de sexo grupal, sadomasoquismo, transa entre gays, lésbicas, entre outras fantasias, carimbaram o radicalismo de Madonna no início dos anos 1990. “Esse videoclipe chegou à MTV três dias antes da estreia. Não existia um cidadão no mundo que não quisesse ver. Todo mundo falava do novo trabalho da Madonna e da teoria do pansexualismo”, contou a apresentadora Astrid Fontenelle, durante o programa de Hebe Camargo, de 1992, postado no YouTube.
Fontenelle recordou os momentos excitantes na exibição de “Erotica” para a equipe da emissora. “É muito forte e, ao mesmo tempo, tão bonito. Todo mundo tem as fantasias que ela tem, mas a maioria das pessoas não tem como realizar. Tem que ter coragem e gostar. E a Madonna adora”, continuou a apresentadora.
Indignados, religiosos chamaram Madonna de pervertida e destruidora de família. Mesmo assim, dias depois da estreia do videoclipe, reportagens mostravam fãs e curiosos de Nova York e Londres que enfrentavam enormes filas nas lojas e livrarias no dia do lançamento simultâneo do livro “Sex” e do disco “Erotica”. O livro de Madonna, que ofuscou seu disco, chegou ao Brasil no final de outubro daquele ano.
SONHOS ERÓTICOS
Em junho de 2016, Madonna conheceu o então presidente Barack Obama nos bastidores do talk-show “The Tonight Show”. No dia 25 de setembro de 2017, de volta ao programa de Jimmy Fallon, Madonna brincou ao relembrar o momento do encontro com Obama: “Eu ainda tenho sonhos eróticos com isso.”
RELEMBRE AS MAIORES POLÊMICAS DA CARREIRA DE MADONNA
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SINÉAD O’CONNOR CONTRA A PEDOFILIA NA IGREJA
Enquanto o mundo só falava da provocativa arte de Madonna, no dia 3 de outubro, durante o programa “Saturday Nigth Live”, da NBC, ao terminar de cantar a música “War”, de Bob Marley, Sinéad O´Connor rasgou uma foto do papa João Paulo 2º e disse: “Combatam o verdadeiro inimigo”. Para completar a cena de protesto, a cantora acendeu velas no palco e se retirou.
Logo após a manifestação de Sinéad O’Connor, a NBC recebeu mais de 4.000 telefonemas de religiosos expressando repúdio ao ato da cantora, que condenava a posição da Igreja Católica Apostólica Romana contra o aborto.
Na época, Curt Block, porta-voz da emissora, disse que, no ensaio, Sinéad O´Connor rasgara a foto de um bebê desconhecido. Os produtores da emissora acharam o ato coerente, já que a letra de “War” abordava racismo, guerra e violência contra crianças. Em sua versão da canção de Bob Marley, Sinéad mudou a linha “lutar contra a injustiça racial” para “combater o abuso sexual”.
Líderes católicos como Joseph Zwilling, da arquidiocese de Nova York, afirmaram que o protesto de Sinéad representava ódio e intolerância. O’Connor afirmou mais tarde que fez protesto contra os casos de pedofilia na igreja irlandesa que surgiram anos antes dos da igual violência chegar aos EUA. “É muito compreensível que o povo americano não soubesse o que eu estava fazendo”, disse O’Connor.
OUTRAS BATALHAS
No dia 18 de outubro de 1992, convidada para participar de uma homenagem ao cantor Bob Dylan, Sinéad O’Connor recebeu uma sonora vaia de todos os presentes. Chorando muito, ela desafiou a plateia e cantou novamente a música “War”, antes de abandonar o palco nos braços do cantor Kris Kristofferson.
Em 2010, Sinéad O’Connor disse que o papa Bento 16 deveria renunciar. “As hierarquias vaticanas deveriam renunciar, não apenas porque estão encobertas, mas porque são inacreditavelmente arrogantes, são anticristãs e não têm a mais remota relação com Deus”, declarou a artista.
Já em 2013, Sinéad O’Connor disse que a cantora Miley Cyrus estava se prostituindo. Em carta publicada no jornal britânico “The Guardian”, a irlandesa afirmou que está “extremamente preocupada com o fato de que aqueles ao seu redor levaram-na a acreditar, ou a encorajaram a acreditar, que de alguma forma é ‘legal’ estar nua e lambendo martelos em seus vídeos”. Miley rebateu e fez piada com a saúde mental de Sinéad O´Connor, além de lembrar que a cantora rasgou uma foto do Papa.
A cantora irlandesa voltou a ser notícia em agosto de 2017, quando postou um vídeo em seu perfil no Facebook para falar de seus transtornos mentais, revelando que já pensou em suicídio e que luta todos os dias para sobreviver.
SINÉAD O’CONNOR DIZ VIVER ABANDONADA E SOFRER TRANSTORNOS