Há 45 anos, a banda Creedence Clearwater Revival era desfeita, mas suas músicas ainda ressoam

Cristiano Cipriano Pombo

Você certamente já ouviu “Hey, Tonight”.

E também “Proud Mary”.

Ou, quem sabe, “Have You Ever Seen the Rain”.

 

Esses são apenas três sucessos do Creedence Clearwater Revival, uma das mais virtuosas bandas de rock do século passado, que durou meia década e se desfez há exatos 45 anos.

O dia 16 de outubro de 1972 marcou apenas um de uma série de desencontros entre o quarteto formado pelos irmãos Fogerty (Tom, guitarrista, e John, guitarrista e vocalista), com o baixista Stu Cook e o baterista Doug Clifford.

O Creedence, como escreveu para a Folha a jornalista Ana Maria Bahiana em 1982, “sempre foi uma banda de baile”. “Mas que grande, genial banda de baile eles foram.”

A gênesis do Creedence remonta ao segundo semestre de 1959, quando os amigos de escola John Fogerty, Doug Clifford e Stu Cook se uniram na The Blue Velvets, que, no mesmo ano, passou a se chamar Tom Fogerty and The Blue Velvets devido à entrada do irmão mais velho de John.

O grupo fechou em 1964 com a gravadora Fantasy Records, e a banda passou a se chamar Golliwogs. Pouco depois, Clifford e Cook foram convocados para o serviço militar, o que retardou os trabalhos da banda.

A verve do quarteto voltou em 1967, na véspera de Natal, já com o dedo do produtor Saul Zaentz. Assim, a banda foi lançada no mercado como Creedence Clearwater Revival. O nome marca a primeira curiosidade do grupo, já que foi inspirado na junção do batismo de um amigo de Tom (Credence Nuball), um comercial de cerveja (Olympia Beer) e o revival, pela volta do conjunto às atividades.

Também chega a ser curioso que o Creedence, apesar de evocar nas letras e nas músicas, um som interiorano, rural, e falar da vida do campo, não seja da Louisiana, nem do Sul dos EUA, tampouco dos pântanos, das margens de rio ou dos campos de algodão. O quarteto da banda é original de San Francisco, na Califórnia.

Desde a retomada em 1967, o Creedence Clearwater Revival se notabilizou, como bem descreveu o repórter Ivan Finotti para a Folha em 2008, pela “inacreditável velocidade em fabricar hits“. Tanto que em 1969 e 1970, a banda lançou cinco álbuns, todos figurando no top ten das paradas americanas.

Uma das questões que mais chamam a atenção é que, mesmo com tantos hits, o Creedence nunca alcançou o primeiro lugar das paradas, mas conseguiu a façanha de emplacar cinco músicas em segundo lugar: “Proud Mary”, “Bad Moon Rising”, “Green River”, “Travellin’ Band” e “Lookin’ Out My Back Door”. Outros top ten foram “Down on the Corner” (3º lugar), “Up Around the Bend” (4º), “Have You Ever Seen the Rain” (8º) e “Sweet Hitch-Hiker” (6º).

Além do feito de ter tocado no Woodstock em 1969, ao todo, o Creedence lançou sete discos, contando o de estreia em 1968, com “Susie Q”, e um disco em 1972, o “Mardi Gras”, que, apesar de ter o nome da banda na capa, já não contava com o quarteto original. Isso porque Tom Fogerty havia se desligado do grupo para lançar-se em carreira solo. Com a saída do irmão mais velho, John passou a exigir um cachê maior por ser o cérebro da banda e autor das músicas. Diante do olhar torto da gravadora e de Clifford e Cook, John exigiu que os dois compusessem para o disco de 1972, que foi um desastre quando comparado com os anteriores da banda.

Começava ali o ocaso do Creedence Clearwater Revival. Apesar de desfeita a banda em outubro de 1972, em anúncio feito pela gravadora, ainda restava a amizade e a queda de braço de John Fogerty com Saul Zaentz e a Fantasy pelos direitos sobre as músicas.

 

A amizade fez com que o quarteto ainda se reunisse em 1974, para participar do disco de Tom Fogerty, e em 1981, quando o mesmo Tom reuniu todos para festejar o aniversário de casamento.

Mas a quebra de braço fez ruir esse último pilar do Creedence no ano seguinte, quando o processo na Justiça envolvendo a banda, Zaentz, Fantasy e John Fogerty engrossou e dividiu amigos e parentes. A partir daí, foram sucessivos desencontros e trocas de farpas.

Nem a morte de Tom Fogerty em 1990, vítima de Aids (contraiu a doença em uma transfusão de sangue), fez com que a amizade fosse retomada.

A briga teve ápice em 1993, quando a banda foi escolhida para ingressar no Hall da Fama do Rock. Na ocasião, John Fogerty anunciou que se recusava a tocar com Cook e Clifford, como vingança por eles terem ficado do lado da gravadora –o guitarrista acabou tocando com outros artistas.

O contragolpe veio em 1995, quando Cook e Clifford formaram a Creedence Clearwater Revisited, formada para cuidar do espólio da clássica banda.

Assim, seguiram, separados e até com shows no Brasil, mas sem nunca repetir o estrondoso sucesso da virada dos anos 1960 para 1970.

 

 

FATO CURIOSO

Não foi só na música que teve Creedence. Em 2002, a Folha publicou que nos gramados um jovem despontava dentro de campo e chamava a atenção pelo nome: Creedence Clearwater Couto.

Batizado pelo pai como forma de homenagear o famoso grupo de rock, o jovem jogador, então com 23 anos e alvo de contratação pelo Guarani, seria tratado pelo apelido (Paulista).

 

[+] Conheça o site do Banco de Dados
http://www1.folha.uol.com.br/banco-de-dados/

[+] Siga-nos no Twitter
https://twitter.com/BD_Folha

[+] Curta a página Saiu no NP
https://www.facebook.com/Saiu-no-NP-168161556714765/

[+] Curta o Acervo Folha no Facebook
https://www.facebook.com/acervofolha/