Há 80 anos, Wanda Jackson nascia para ser Rainha do Rockabilly e derrubar preconceito na música

Jair dos Santos Cortecertu

“Garotas não vendem discos.”

A frase foi dita a Wanda Jackson, uma das primeiras mulheres a cantar rock numa época marcada pelo pós-guerra, por Ken Nelson, produtor da Capitol Records. Na ocasião, em 1954, a cantora pediu para ser contratada pela gravadora. Mesmo tendo sua música, “You Can not Have My Love”, entre as dez primeiras do Top 40 da Billboard, Wanda Jackson não despertou o interesse do executivo da Capitol.

Nascida em 20 de outubro de 1937, em Oklahoma (EUA), Wanda, aos seis anos, já dizia ao seu pai que queria ser uma cantora. Aos 17, ela iniciou sua carreira como cantora de country, gênero musical que estava mais próximo do seu cotidiano. Mas, após a recusa do produtor da Capitol, assinou contrato com a Decca Records, incentivada por Elvis Presley. Em 1955, o jovem ídolo em ascensão também aconselhou Wanda a cantar rock, novo estilo que misturava delta blues e outras vertentes da música negra, algo que para a sociedade branca representava o desespero dos pais, mas despertava paixão nos jovens.

De um um estilo que dominava e lhe garantia reconhecimento na cena musical –a cantora já era destaque na cena antes de Elvis Presley–, Wanda Jackson entrou de cabeça no mundo desconhecido do rock, enfrentou o preconceito e a falta de apoio dos meios de comunicação. A rebeldia e a moda simbolizadas por James Dean, no filme “Juventude Transviada” (1955), invadiam o mundo, mas o espaço para o protagonismo de Wanda Jackson era restrito.

              OUÇA “LET’S HAVE A PARTY (THE VERY BEST OF WANDA JACKSON)”

AS FASES DA RAINHA DO ROCKABILLY

O single “Let’s Have A Party”, de 1958, mudou essa história. A partir deste momento, Wanda Jackson passou a ser considerada a primeira mulher a gravar rock and roll e ganhou o título de Rainha do Rockabilly. Sua voz rouca, sua interpretação agressiva, suas composições, seu modo de vestir representavam uma afronta aos padrões exigidos para as jovens garotas americanas.

Wanda Jackson gravou dezenas de discos. Entre grandes sucessos do rockabilly, estão músicas de sua autoria, como “Baby Loves Him” e “Mean Mean Man”, e versões para “Let’s Have a Party’, “Fujiyamna Mama”, “Honey Hop”, “Money Honey” e “There’s a Party Goin’ On”. “Fujiyamna Mama” fez grande sucesso no Japão.

Em meados de 1964, com as mudanças que ocorreram na cena do rock, Wanda voltou ao country. Nos anos 1970, a cantora e seu marido, Wendell Goodman, foram convertidos ao cristianismo evangélico, fato que afastou Wanda Jackson de sua imagem ligada ao rock. Ela gravou um disco gospel na Capitol, mas abandonou a gravadora –por não querer mais gravar músicas religiosas– e passou a fazer apresentações com sua igreja ao redor dos EUA.

Com um revival do rockabilly nos anos 1980, Wanda Jackson fez algumas gravações e aparições e, na década de 1990, participou do disco da cantora Rosie Flores, além de participar de alguns shows.

SÉCULO 21

Em 2001, Wanda Jackson tocou no Rockabilly Festival, no Tennessee (EUA), e em 2003 lançou o disco “Heart Trouble”, que contou com participações de Elvis Costello, Dae Alvin, The Cramps e Rose Flores.

Em 2009, numa nova onda de popularidade, a cantora foi incluída no Rock & Roll Hall of Fame.

O ano de 2011 marcou o retorno de Wanda Jackson à ousadia que marcou sua história no final dos anos 1950. Aos 74 anos, a Rainha do Rockabilly lançou o álbum “The Party Ain’t Over”, produzido por Jack White, ex- White Stripes. Em 2012, Jackson lançou “Unfinished Business”, seu 31º disco.
Aos 80 anos, Wanda Jackson continua em turnê pelos EUA. Em novembro, a cantora vai conceder uma entrevista no Grammy Museum, em Los Angeles, para falar o lançamento de sua autobiografia “Every Night Is Saturday Night: A Country Girl’s Journey to the Rock and Roll Hall of Fame”.

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