Há 65 anos, morria Hattie McDaniel, a primeira atriz negra vencedora do Oscar
Morta aos 57 anos, vítima de câncer de mama no dia 26 de outubro de 1952, a atriz norte-americana Hattie McDaniel não teve seu último desejo atendido. Ela queria ser enterrada no cemitério Hollywood Memorial Park, onde estavam corpos de nomes famosos do cinema, como o de Rodolfo Valentino.
No entanto negros não podiam ser sepultados lá, e seu corpo teve que ser levado para outro cemitério (em 1999, os novos administradores do local fizeram um memorial, como informou a BBC, para homenageá-la).
Daquela vez, Hattie McDaniel, que era a 13ª filha de pais escravos libertados, não havia conseguido superar a divisão racial. Mas isso foi diferente no dia em que entrou para a história do cinema norte-americano. Em 29 de fevereiro de 1940, ela foi a primeira atriz negra a ganhar um Oscar. Por sua interpretação de Mammy no filme “E o Vento Levou”, recebeu o prêmio na categoria de melhor atriz coadjuvante.
Até para participar da cerimônia de premiação, ela enfrentou barreiras. O hotel onde foi realizado o evento do Oscar não permitia a presença de negros. Para que sua entrada fosse liberada, os executivos do cinema tiveram que intervir para que a regra fosse quebrada. Mesmo assim, ela não pôde se sentar perto de seus outros colegas brancos.
Segundo o site “The Hollywood Reporter”, a lista com os nomes dos vencedores já havia sido divulgada, por isso não houve uma grande surpresa na hora da cerimônia. Ela foi fortemente aplaudida quando teve seu nome anunciado. Emocionada, falou por cerca de 35 segundos: “Devo sempre levar isso como referência para tudo o que eu for fazer no futuro. Eu, sinceramente, espero ser sempre um orgulho para a minha raça e para a indústria cinematográfica”. Depois, chorou.
Apesar da sua façanha, Hattie McDaniel sofreu com críticas de outros negros por ter aceitado um papel de uma criada que servia como ama de família, o que poderia reforçar um estereótipo racista.
Mas ela se defendeu, e uma de suas frases ficou famosa. “Por que eu deveria me queixar de ganhar US$ 700 por semana interpretando uma empregada? Se eu não fizesse isso, eu ganharia US$ 7 por semana trabalhando como uma empregada”, afirmou a atriz, que começou a carreira como cantora e só ganhou o primeiro papel no cinema no filme “Destino Rubro” em 1932.
A professora Burlette Carter, da George Washington University, afirmou ao jornal inglês “Daily Mail” que Hattie McDaniel adorava participar de projetos de caridades, dar festas, e que as outras pessoas amavam participar. “No entanto ela nunca foi completamente aceita por Hollywood.”
Em 2014, o escritor americano Donald McCaig dedicou a Hattie McDaniel um livro que tem o personagem de Mammy como o protagonista. O romance “A jornada de Ruth” conta uma história precedente a do filme.
“Para mim, a ausência da voz de Mammy, de sua história, de sua personalidade em ‘E o Vento Levou’, foi um grande vazio, é como se o livro contasse a metade da história”, afirmou o autor.
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