Há 70 anos, nascia Dilma Rousseff, primeira mulher a alcançar a Presidência do Brasil

14.dez.2017 às 5h00

Há 70 anos, nascia Dilma Rousseff, primeira mulher a alcançar a Presidência do Brasil

BRASILIA, SP, BRASIL, 01-01-2015: Dilma Rousseff chega ao Palacio do Planalto ao lado de sua filha Paula. Cerimonia de posse da presidente Dilma Rousseff. Presidente reeleita da republica recebe a faixa presidencial do Cerimonial do Palacio do Palnalto para seu segundo mandato. (Foto: Fabio Braga/Folhapress, PODER).

Banco de Dados

Em 14 de dezembro de 1947, nascia em Belo Horizonte (MG) Dilma Vana Rousseff.

Após militância na juventude –foi presa pela ditadura– e ingressar na carreira pública nos anos 1980, tornou-se a primeira mulher a assumir a Casa Civil, em 2005, durante o governo Lula, e a primeira a ser eleita para a Presidência da República.

Conseguiu ser reeleita em 2014, mas deixou a Presidência após sofrer impeachment, em 2016.

Abaixo, o Blog do Acervo Folha lista marcos da vida de Dilma Rousseff, as principais leis aprovadas durante sua gestão à frente do país e também frases que marcaram sua atuação política.

CRONOLOGIA

NASCIMENTO
14.dez.1947 – Dilma Vana Rousseff nasce no dia 14 de dezembro de 1947, em Belo Horizonte (MG). É a segunda filha do casal Pedro Rousseff, um búlgaro naturalizado brasileiro, e da professora Dilma Jane Coimbra Silva.

EDUCAÇÃO
Dilma estuda no Colégio Nossa Senhora de Sion, em Belo Horizonte (MG). E, depois, cursa o ensino médio no Colégio Estadual Central.

MILITÂNCIA
1964 – Quando estudante secundarista, Dilma milita na Polop (Organização Revolucionária Marxista Política Operária). Ela também integra grupos de combate à ditadura como o Colina e a VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares)

CASAMENTOS
1967 – Dilma se casa com o militante de esquerda Cláudio Galeno Linhares, de quem se separa dois anos depois. Em 1969, passa a viver na clandestinidade e é obrigada a abandonar o curso de economia na Universidade Federal de Minas Gerais, que havia iniciado dois anos antes. Nesse período, Dilma conhece o advogado e militante de esquerda Carlos Franklin Paixão de Araújo, que será seu segundo marido.

TORTURA
1970 – Em janeiro, Dilma é presa em São Paulo e fica detida na Oban (Operação Bandeirantes) por cerca de 45 dias, onde é torturada. Condenada a 6 anos e 1 mês de prisão, Dilma tem seus direitos políticos cassados e fica detida no presídio Tiradentes, em São Paulo.

LIBERDADE
1972 – Dilma consegue redução da pena no Superior Tribunal Militar e é libertada. Muda-se para Porto Alegre (RS), onde Carlos Araújo se encontra preso. Ele é libertado em 1974.

FILHA
1976 – Em março, Dilma dá à luz sua única filha, Paula, do casamento com Carlos Araújo. Em 1977, ela conclui o curso de economia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. No ano seguinte, muda-se com a filha para Campinas (SP), onde inicia o mestrado em economia na Unicamp (não conclui o curso).

ANISTIA
1979 – Dilma faz campanha pela Anistia e ajuda a fundar o PDT no Rio Grande do Sul. Seu marido também é ligado ao partido.

VIDA PÚBLICA
1985 – Dilma se torna secretária da Fazenda do então prefeito de Porto Alegre (RS), Alceu Collares (PDT).

CABO ELEITORAL
1989 – Na primeira eleição presidencial direta após a ditadura, Dilma faz campanha para Leonel Brizola (PDT). No segundo turno, apoia Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

SEPARAÇÃO
2000 – Dilma se separa de Carlos Araújo e, no ano seguinte, deixa o PDT e se filia ao PT.

MÃE DO PAC
2003 – No governo Lula, assume o Ministério de Minas e Energia. Em 2005, passa a chefiar a Casa Civil da Presidência, após saída de José Dirceu da pasta devido ao processo do mensalão. Torna-se coordenadora do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

CHOQUE
2008 – Dilma tem divergências com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, na liberação de licenças ambientais para obras de infraestrutura.

DOENÇA
2009 – Em abril, Dilma anuncia ter câncer linfático. A doença é tratada no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, com sessões de quimioterapia.

PRESIDÊNCIA
2010 – Escolhida por Lula para sucedê-lo, vence o tucano José Serra no segundo turno, tornando-se, aos 63 anos, a primeira mulher a presidir a República no Brasil. Nos primeiros meses de governo, demite seis ministros envolvidos em denúncias de irregularidades no cargo.
http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/2010/11/01/2//5552627

JUNHO
2013 – Protestos se espalham pelas ruas do país, com ampla agenda de reivindicações. Aprovação do governo federal cai de 57% para 30% em 20 dias, segundo pesquisa do Datafolha.

REELEIÇÃO
2014 – Dilma decide concorrer a um segundo mandato, afastando rumores do “Volta, Lula”. Em março, Polícia Federal deflagra a Operação Lava Jato, que investiga esquema de lavagem de dinheiro que desviava recursos da Petrobras para partidos políticos que apoiavam o governo petista no Congresso.

IMPEACHMENT
2015 – Em 2 de dezembro, a Câmara, presidida por Eduardo Cunha, acata pedido de impeachment contra a presidente, sob acusação de crime de responsabilidade.
2016 – Em 17 de abril, a Câmara vota e aprova o pedido de impeachment com 367 votos a favor e 137 contrários. Em 12 de maio, o Senado aceita, por 55 votos contra 22, o pedido de impeachment, e Dilma é afastada da Presidência por 180 dias, tempo em que o processo levará para ser julgado. A presidente vê Michel Temer assumir interinamente o comando do país. Em 31 de agosto, Dilma é julgada pelo crime de responsabilidade e sofre impeachment no Senado, o que a afasta definitivamente da Presidência.

Dilma Rousseff, em entrevista à **Folha**, no Rio de Janeiro (Foto: Ricardo Borges – 31.ago.2017/Folhapress)

FRASES DE DILMA ROUSSEFF

POSSE
“A luta mais obstinada do meu governo será pela erradicação da pobreza extrema e a criação de oportunidades para todos.”
Em 1º de janeiro de 2011, no discurso de posse

PERSONALIDADE
“Só porque sou mulher eu tenho que ser [chamada de] dura. Você já viu alguém falar: Não, fulano está num cargo e ele é uma pessoa durona. Não. Homem pode ser durão, mulher não.“
Em 11 de setembro de 2011, sobre a fama de durona

“Mesmo quando há exageros, e nós sabemos que eles existem, é sempre preferível o ruído da imprensa livre ao silêncio tumular das ditaduras.“
Em 7 de novembro de 2012, durante a 15ª Conferência Internacional Anticorrupção, em Brasília

“A corrupção não só é uma senhora idosa neste país, como ela não poupa ninguém. Pode estar em tudo quanto é área, inclusive no setor privado.”
Em 16 de março de 2015, ao responder aos críticos que a colocavam como alvo das manifestações contra a corrupção

“Eu não vou cair. Eu não vou, eu não vou. Isso é moleza, isso é luta política. As pessoas caem quando estão dispostas a cair. Não estou. Não tem base para eu cair. E venha tentar, venha tentar. Se tem uma coisa que eu não tenho medo é disso. Não conte que eu vou ficar nervosa, com medo. Não me aterrorizam.”
Em 6 de julho de 2015, sobre aqueles que apostam na sua queda

ESPIONAGEM
“Guerra é guerra, terrorismo é terrorismo, espionagem é espionagem.“
Em 5 de setembro de 2013, ao cobrar do presidente dos EUA, Barack Obama, explicações sobre as denúncias de espionagem

COPA
“Ninguém, quando voltar do Brasil, sairá daqui e levará na mala estádio, aeroporto, obras de mobilidade urbana, como BRTs [transporte rápido por ônibus] e metrôs. Sabe o que eles podem levar? A gratidão, pela forma como foram tratados. Isso eles levam na mala. O resto fica aqui, para nós.“
Em 30 de maio de 2014, ao reafirmar que os investimentos feitos para a Copa são um legado que ficará para o Brasil

DIREITOS
“Quando se mudam as relações de trabalho, a legislação tem que mudar. Essas mudanças na legislação não podem ser comprometendo direitos. Se essas mudanças precisam ser feitas para garantir que todas as alterações sejam absorvidas, acredito que sim. Agora, vamos ter clareza disso: 13º, férias e horas extras [não mudam] nem que a vaca tussa.“
Em 18 de setembro de 2014, ao ser questionada por um empresário se pretendia mudar as leis trabalhistas no país

“Eu sou de uma época, sempre repito isso, em que a gente não podia manifestar. Quem manifestasse era preso. O Brasil se fechou e caiu numa ditadura. A gente hoje tem que olhar para a manifestação com absoluta tranquilidade.“
Em 12 de março de 2015, ao afirmar que não teme o acirramento das manifestações contra o seu governo

VIRARAM MEMES
“Nenhuma civilização nasceu sem ter acesso a uma forma básica de alimentação e aqui nós temos uma, como também os índios e os indígenas americanos têm a deles. Temos a mandioca e aqui nós estamos e, certamente, nós teremos uma série de outros produtos que foram essenciais para o desenvolvimento de toda a civilização humana ao longo dos séculos. Então, aqui, hoje, eu tô saudando a mandioca, uma das maiores conquistas do Brasil.”
Em 23 de junho de 2015, durante discurso de abertura dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas

“Não vamos colocar meta. Vamos deixar a meta aberta, mas, quando atingirmos a meta, vamos dobrar a meta.”
Em 28 de julho de 2015, ao tentar explicar o pequeno aumento no número de vagas do programa Pronatec Aprendiz

“Até agora a energia hidrelétrica é a mais barata em termos do que ela dura da sua manutenção e também pelo fato da água ser gratuita, e da gente poder estocar. O vento podia ser isso também. Mas você não conseguiu ainda tecnologia para estocar vento. Então, se a contribuição dos outros países, vamos supor que seja desenvolver tecnologia que seja capaz de, na eólica, seja capaz de estocar, tenha uma forma de você estocar, porque o vento, ele é diferente em horas do dia. Então vamos supor que vente mais na hora da noite. Como é que eu faria para estocar isso?”
Em 7 de outubro de 2015

IMPEACHMENT
“Se me julgarem sem crime de responsabilidade, senador, é golpe. Um golpe integral.”
Em 29 de agosto de 2016, ao rebater o senador Aloysio Nunes que questionava se seria golpe quando a presidente estava tendo todo o direito de defesa

“Qual era a versão? Me tira, e a fadinha da expectativa trará o investimento estrangeiro de volta. A crise de confiança desaparecerá. Era uma discussão primária, com aquele pato amarelo na rua. Isso mostra a pouca seriedade do processo”.
Em 1º de setembro de 2017, ao responder como via o impeachment um ano depois