Há 80 anos, nascia Gordon Banks, o mítico goleiro da Inglaterra que parou Pelé na Copa de 1970

Carlos Alberto Torres lança a bola na ponta direita para Jairzinho, que ganha na corrida de seu marcador e cruza na medida para Pelé desferir uma forte cabeçada para o chão. A torcida se levanta no estádio Jalisco, o narrador prepara o grito de gol, mas Gordon Banks salta e com a mão direita dá um tapa para tirar a bola para escanteio. Incrédulos, torcedores sentam e aplaudem, e Tostão recolhe os braços que estavam prontos para comemorar o primeiro gol do Brasil contra a Inglaterra na Copa de 70, no México.

Banks, que neste sábado (30) completa 80 anos, não impediu a vitória da seleção brasileira –1 a 0, gol de Jairzinho, aos 14 min do segundo tempo–, mas a defesa que parou Pelé até hoje é discutida e lembrada como uma das mais impressionantes da história do futebol.

Prova disso está na repercussão gerada pela defesa do goleiro Marcelo Grohe na vitória do Grêmio por 3 a 0 contra o Barcelona-EQU, na partida de ida da semifinal da Libertadores deste ano. No lance, o gremista se atira para defender chute à queima-roupa de Ariel.

Jornais do mundo todo elogiaram o lance de Grohe e o compararam com o do inglês. “Best save of all-time” (melhor defesa de todos os tempos), destacou o britânico “The Sun”. Mais moderado, o compatriota “Daily Mail” analisou as defesas e diferenciou os lances, dizendo que o gremista contou mais com a sorte do que com o reflexo.

A pedido de sites brasileiros, o próprio Banks viu e analisou o “milagre” protagonizado pelo goleiro do Grêmio. “Foi uma boa defesa. Ele bloqueou a bola muito bem. Cobriu tanto espaço quanto fosse possível e em um chute que foi de muito perto”, elogiou o inglês, durante sua participação no sorteio dos grupos para a Copa do Mundo da Rússia, em Moscou.

Mas Banks não pode ser lembrado “apenas” por ter evitado o que seria um gol certo do maior jogador de todos os tempos.

O goleiro foi peça fundamental na conquista da Copa do Mundo de 1966, quando sua seleção venceu em casa, no estádio de Wembley, a final contra a forte seleção da Alemanha Ocidental por 4 a 2.

Em 1970, no México, os ingleses sofreram apenas um gol durante toda a primeira fase –justamente o do Brasil. Classificados em segundo lugar no grupo, fizeram com os alemães nas quartas de final a reedição do confronto do título de 1966. Desta vez, porém, sem Banks, que sofreu com problemas estomacais antes da partida, o English Team foi derrotado por 3 a 2, na prorrogação.

No futebol inglês, sir Gordon Banks atuou por times de menor expressão. Ele iniciou a carreira profissional no Chesterfield, no fim da década de 50, e depois passou por Leicester e Stoke City, clubes pelos quais conquistou a Copa da Inglaterra, em 1964 e 1972, respectivamente.

O seu desempenho nessas equipes o credenciou à seleção do país. Pela Inglaterra, ele disputou 73 partidas, de 1963 a 1972.

A trajetória de sucesso do arqueiro inglês foi interrompida devido a um acidente de carro, em 1972, quando perdeu a visão do olho direito.

Ainda assim, Banks atuou pelo Fort Lauderdale Strikes, dos EUA, e fez seu jogo de despedida pela seleção inglesa.

Em 2015, o ex-jogador iniciou quimioterapia após ser diagnosticado um câncer em seu único rim –dez anos antes, a mesma doença o obrigou a retirar o outro órgão.

“Se eu consegui fazer uma defesa como aquela contra o Pelé, enquanto jogava contra os melhores do mundo, então eu estou pronto para passar por esta batalha contra este problema de saúde”, disse à época.

Gordon Banks nasceu em Sheffield, no Reino Unido, em 30 de dezembro de 1937.