Há 45 anos, morria a pintora modernista Tarsila do Amaral, autora da famosa tela ‘Abaporu’

Na madrugada de 17 de janeiro de 1973, morria a pintora Tarsila do Amaral, no hospital Beneficência Portuguesa, em decorrência de complicações após uma cirurgia para retirada de uma pedra na vesícula.

Tarsila nasceu em 1º de setembro de 1886, em Capivari, no interior do Estado de São Paulo, filha do fazendeiro José Estanislau do Amaral e de Lydia Dias de Aguiar Amaral. Durante quase toda a infância viveu na fazenda de seu pai e foi educada por uma professora belga, aprendendo a ler e a escrever em francês.

Veio ainda jovem para a cidade de São Paulo, onde estudou no Colégio Sion, no bairro de Higienópolis. Anos mais tarde, foi para Barcelona (Espanha) estudar no colégio Sacre Couer. Foi na cidade catalã, inclusive, que fez seu primeiro quadro, “Sagrado Coração de Jesus”, em 1904.

De volta ao Brasil, casou-se com André Teixeira Pinto, com quem teve a única filha, Dulce —que viria a morrer antes da mãe, em 1966.

Em 1918, a artista conheceu a pintora Anita Malfatti, que quatro anos mais tarde a introduziria no grupo modernista. As duas, ao lado de Menotti Del Picchia, Oswald e Mário de Andrade, formaram o quinteto conhecido como Grupo dos Cinco.

É nessa época que ela começa a namorar Oswald de Andrade. O casal viria o oficializar a união somente em 1926, ano em que Tarsila fez sua primeira exposição individual em Paris.

Considerada sua obra mais importante, o “Abaporu” foi um presente de aniversário ao seu então marido. O nome significa “homem que come carne humana”.

Em 1929, a artista se separou do escritor, quando descobriu que ele a havia traído com a escritora Pagu, frequentadora de sua casa e considerada musa dos modernistas.

EXPOSIÇÕES E OBRAS

No ano de sua separação Tarsila fez sua primeira exposição individual no Brasil.

Em 1933, a artista pintou o quadro “Operários”, considerado pioneiro da temática social no país. Com o mesmo tema, a pintora fez também as telas “Segunda Classe”, “Costureiras” e “Orfanato”.

Tarsila participou da 1ª Bienal de São Paulo, em 1951. Já na 7ª edição, em 1963, ganhou sala especial intitulada “Retrospectiva de Tarsila”.

Seis anos depois, a professora e crítica de arte Aracy Amaral organizou duas importantes exposições sobre a pintora (além de tê-la biografado em vida). Uma no Museu de Arte Contemporânea (MAC USP) e outra no Museu de Arte Moderna do Rio.

Considerada a obra mais icônica de Tarsila, o “Abaporu” faz parte do acervo permanente do Malba (Museu de Arte Latinoamericano de Buenos Aires) desde sua fundação, em 2001. A tela foi adquirida pelo empresário Eduardo Constantino, dono do museu.

A última vez que o quadro veio ao país foi em agosto de 2016, para a exposição “A Cor do Brasil”, no MAR (Museu de Arte do Rio), durante a Olimpíada.

MoMA

De outubro de 2017 até o último dia 7 de janeiro, o Art Institute of Chicago recebeu a exposição “Tarsila do Amaral: Inventando a Arte Moderna no Brasil” (em tradução livre). A mostra agora segue para o conceituado Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), onde será realizada entre os dias 11 de fevereiro e 3 de junho.

A exposição terá quase 130 obras de arte, incluindo pinturas, desenhos, cadernos, fotografias e outros documentos históricos extraídos de coleções em toda a América Latina, Europa e Estados Unidos.

CORES

Formas gigantes, figuras geométricas e muitas cores. Essas são algumas das marcas que podem ser observadas nas pinturas de Tarsila do Amaral.

“Encontrei em Minas [o Estado] as cores que adorava quando criança. Ensinaram-me depois que eram feias e caipiras. Mas depois vinguei-me da opressão, passando-as para as minhas telas: o azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo, verde cantante”, explicava a artista.

Além das cores, a temática brasileira sempre esteve presente em seus trabalhos, seja nas paisagens rurais ou urbanas, na fauna, na flora e nas pessoas de sua terra.

Nada mais genuíno para quem dizia querer ser a pintora do Brasil.