Há 25 anos, morria a atriz Audrey Hepburn, aclamada por seu papel em ‘Bonequinha de Luxo’

Imortalizada no papel de Holly Golightly, a “call girl” de “Bonequinha de Luxo” (1961), a atriz Audrey Hepburn morreu em 20 de janeiro de 1993 na cidade suíça de Tolochenaz , em decorrência de um câncer de apêndice.

Audrey Kathleen Ruston, mais conhecida como Audrey Hepburn, nasceu em Bruxelas (Bélgica), em 4 de maio de 1929, filha de um homem de negócios de origem irlandesa, e a mãe, uma baronesa holandesa.

Com uma família abastada, mas com pais sempre ocupados, Audrey acabou ficando sob os cuidados das babás, dos professores particulares e dos dois irmãos mais velhos. Já adulta, ela explicou a ausência dos pais: “eu nasci com uma necessidade enorme de afeto e uma necessidade terrível de dar afeto”.

Na década de 1940, Audrey se mudou com a mãe para o Reino Unido, e lá, aos 19 anos, começou a dançar profissionalmente em shows e clubes noturnos.

Em 1951, a artista estreou no cinema no filme “Monte Carlo Baby”. No mesmo ano, Audrey trabalhou em outros cinco filmes, uma série para TV e uma peça na Broadway –que rendeu ótimas críticas de jornais ao seu desempenho e beleza.

Pouco tempo depois, produtores de Hollywood a levaram para a costa oeste dos EUA. Encantado por Audrey, o diretor William Wyler a escalou para viver a princesa Ann, no filme “A Princesa e o Plebeu” (1953), papel que lhe rendeu o Oscar de melhor atriz, sua única estatueta.

Não demorou para que ela fosse escalada para outras produções. Em 1954, a belga interpretou a protagonista do filme “Sabrina”, disputada pelos personagens de Humphrey Bogart e William Holden.

Dois anos depois, ela estrelou “Guerra e Paz”, baseado na obra homônima de Liev Tolstói, quando contracenou com Henry Fonda e Mel Ferrer –que viria a se tornar seu primeiro marido.

Com um ou dois papéis por ano no cinema, Audrey já não trabalhava como no início da carreira. Mais seletiva na escolha dos trabalhos, estrelava produções ao lado de grandes atores, como Gary Cooper, Burt Lancaster, Anthony Perkins e Fred Astaire.

Com Astaire, protagonizou “Cinderela em Paris” (1957). “Eu esperei 20 anos para dançar com Fred Astaire e o que ganho? Lama no olho!”, reclamou a atriz, decepcionada com o mau tempo na capital francesa durante as gravações.

Dois anos mais tarde, ela estrelou “Uma Cruz à Beira do Abismo”, do diretor Fred Zinnemann, que não poupou elogios a ela. O filme foi sucesso de crítica e rendeu sua terceira indicação ao Oscar.

“Audrey alcançou a maturidade. Nunca vi ninguém tão disciplinado, tão gracioso e mais dedicado ao seu trabalho do que Audrey. Não há ego, não pede favores, tem enorme consideração pelos colegas”, declarou Zinnemann.

Mas nenhuma produção marcaria tanto sua carreira quanto “Bonequinha de Luxo” (“Breakfast at Tiffany’s”), de 1961, baseada no livro (de mesmo nome) do jornalista e escritor Truman Capote.

Sua personagem, Holly Golightly, vestida com tubinho preto (desenhado por Givenchy), piteira em punho, óculos escuros grandes e o cabelo preso em coque transpôs a tela. “Meu ‘look’ é algo alcançável. As mulheres podem ser Audrey Hepburn somente levantando seus cabelos num coque, comprando óculos de sol grande e usando um vestido sem mangas.”

A cena em que aparece em frente a uma vitrine da Tiffany’s, em Nova York, com um copo de café numa mão e uma bolinha na outra, tornou-se uma das mais icônicas da história do cinema (foto que abre o post).

PRÊMIOS

Depois de “Bonequinha de Luxo”, Audrey trabalhou em outras 12 produções (incluindo uma para TV) de um total de 34. Recebeu cinco indicações para o Oscar (todas como atriz principal), tendo vencido logo na primeira, por “A Princesa e o Plebeu”, aos 24 anos.

Conquistou também Tony (o grande prêmio do teatro americano) em 1954 por “Ondine”, um Emmy (principal prêmio da televisão americana) em 1993 por “Gardens of the World”, e um prêmio Cecil B. DeMille, durante a 47ª premiação do Globo de Ouro, em reconhecimento a sua obra.

FORA DAS TELAS

A atriz foi casada duas vezes. A primeira, em 1954, com o ator Mel Ferrer, que conhecera no set de “Sabrina” e com quem tivera um filho, Sean Hepburn Ferrer. O casal viria a se divorciar em 1968. Seu segundo casamento fora realizado em 1969, com Andrea Dotti, com quem tivera outro filho, Luca Dotti.

A artista foi nomeada embaixadora da Unicef para causas humanitárias na América Latina e África, em 1988. No continente africano, a atriz visitou vários países que sofriam com as guerras e a fome.

A experiência a marcou profundamente. Depois de visitar a Somália, em 1992, declarou: “Nunca vou me recuperar dessa viagem. Quando se entra num centro para crianças famintas, sentir o cheiro da morte, ver os olhos delas em corpos esqueléticos, é insuportável. Tive vontade de pegá-los nos meus braços, mas não ousei pois tive medo de machucá-los. Lá na Somália, eu quase afundei.”

HERANÇA

Em 2015, os dois filhos da atriz ainda brigavam por sua herança. A batalha judicial era pela posse de joias, vestidos, chapéus e até lenços, segundo o site “TMZ”.

Audrey havia divido seus bens ao meio, mas não especificou o que ficaria para Sean Hepburn Ferrer e o que seria para Luca Dotti.

Dois anos depois, ambos decidiram leiloar objetos pessoais da mãe. Na ocasião, um total de 500 lotes pertencentes a Audrey foram a leilão em Londres. Foram colocados à venda vestidos pretos, bailarinas multicoloridas, cachecóis e óculos.

Ferrer e Dotti preferiram guardar algumas fotos, especialmente de sua mãe quando criança, e os prêmios que ela recebeu, incluindo a estátua do Oscar de 1954, por seu papel em “A Princesa e o Plebeu”. “Gosto particularmente do início da sua carreira. Sua vida antes de se tornar Audrey Hepburn”, declarou Dotti.