Há 10 anos, morria Heath Ledger, o aclamado Coringa de ‘Batman: O Cavaleiro das Trevas’
O ator australiano Heath Ledger, morto em 22 de janeiro de 2008, aos 28 anos, em decorrência de uma overdose acidental de medicamentos prescritos, não pôde colher os frutos de seu maior papel no cinema: o Coringa de “Batman: O Cavaleiro das Trevas”, do diretor inglês Christopher Nolan.
O segundo filme da trilogia do homem-morcego [vivido por Christian Bale] estreou em 18 de julho de 2008 e contou com uma perturbadora performance de Ledger na pele do vilão, o que lhe rendeu o Oscar póstumo de melhor ator coadjuvante.
“Ele se trancou num quarto de hotel por semanas e mergulhou no personagem. Isso era típico de Heath. Mas dessa vez ele foi longe demais. Ele ficou completamente imerso, no nível mais profundo”, contou Kim Ledger, pai do ator, em 2013, para um documentário alemão chamado “Jovem Demais para Morrer”.
Na ocasião, Kim revelara um diário do filho com anotações, recortes de quadrinhos, fotos de palhaços, cartas de baralho e desenhos usados no estudo para interpretar o Coringa. No final do caderno, Ledger anexara uma foto sua caracterizado como o palhaço pela primeira vez, para um teste de figurino, com os dizeres “bye, bye”.
Para o pai, o personagem mexeu com o emocional do ator. O próprio chegou a declarar em entrevista à “Empire Magazine”, pouco antes de sua morte, o que sentiu ao estar na pele do vilão. “Tive um pouco de medo […] Acabei entrando na esfera de um psicopata, alguém com muito pouca consciência a respeito de seus próprios atos. Ele é um palhaço assassino, sociopata e totalmente sangue-frio”, contou.
As cenas em que o Coringa explica –sempre com uma versão diferente– os motivos de suas cicatrizes na boca, ou quando ele segura uma arma contra a própria cabeça e tenta corromper o até então não corrompível promotor público Harvey Dent [Aaron Eckhart], dão uma mostra do quão perturbador é o palhaço encarnado por Ledger.
Além do australiano ter conseguido levar às telonas toda a loucura inerente do vilão dos quadrinhos, ele também conseguiu se diferenciar do também aclamado Coringa de “Batman” (Tim Burton, 1989), interpretado por Jack Nicholson.
Recentemente, o ator e músico Jared Leto teve a (talvez) ingrata missão de reviver o personagem em “Esquadrão Suicida” (2016). O artista, assim como seu antecessor, vestiu o palhaço de corpo e alma e começou a ter comportamentos atípicos. Não foram raras as vezes em que ele enviou presentes estranhos aos colegas de elenco, como camisinhas usadas, um porco morto, um rato e munição para armas. Todavia, as críticas não foram favoráveis a Leto e ao filme.
OUTROS FILMES
O primeiro trabalho de Heath Ledger no cinema foi no filme de baixo orçamento “Assassinato em Blackrock” (1997)”. Ao todo, ele atuou em 19 longa-metragens.
O ator, que trabalhou em “Dez Coisas Que Eu Odeio em Você” (1999), “O Patriota” (2000), “Coração de Cavaleiro” (2001) e “Os Irmãos Grimm” (2005), já havia sido indicado ao Oscar –melhor ator– antes do prêmio póstumo por “Batman: O Cavaleiro das Trevas”, quando interpretou o caubói Ennis Del Mar em “O Segredo de Brokeback Mountain” (2005), do diretor Ang Lee.
Sucesso comercial e bem avaliado pela crítica, o filme, que trata do relacionamento romântico e sexual do personagem de Ledger com Jack Twist (Jake Gyllenhaal), ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza, os prêmios de melhor filme dramático, direção, roteiro e canção original no Globo de Ouro e o Oscar de melhor direção, roteiro adaptado e melhor trilha sonora.
O último trabalho do australiano no cinema foi em “O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus”, que estreou em 2009.
O ator, encontrado morto em um apartamento em Nova York, deixou a filha Matilda, de apenas 2 anos na época, fruto de seu relacionamento com a atriz Michelle Williams.