Há 70 anos, nascia Mikhail Baryshnikov, bailarino que fugiu da URSS para fazer fama no Ocidente
Considerado pela crítica como o maior bailarino do século 20, o também coreógrafo e ator Mikhail Baryshnikov completa 70 anos neste sábado (27).
Misha, como também é conhecido, nasceu em Riga (Letônia), na antiga União Soviética, onde, aos 12 anos, ingressou na academia de dança local.
Em 1963, o jovem foi admitido na escola Ballet Vaganova, em Leningrado (atual São Petersburgo), onde teve aulas com Alexander Pushkin, instrutor do também lendário bailarino soviético Rudolf Nureyev (1938-1993).
Baryshnikov teve uma rápida ascensão no balé. Em pouco tempo, graças à sua técnica, tornou-se solista do cultuado Kirov Ballet (hoje Mariinsky).
Mesmo reconhecido pelo público russo, o dançarino passou a sofrer com as restrições impostas pelo governo comunista, que o proibira, por exemplo, de apresentar danças contemporâneas de outras nações de fora do bloco.
Imposições como esta fizeram com que Misha desertasse durante turnê realizada em Toronto, no Canadá, em 1974. Na ocasião, ele estava emprestado ao grupo Bolshoi.
No Ocidente, o bailarino aumentou seu repertório com novas técnicas e passou a encantar o público canadense e norte-americano. Em pouco tempo, Baryshnikov foi para o EUA –país que lhe concedeu cidadania– ser um dos principais nomes do American Ballet Theatre.
O artista ficou quatro anos no ABT –futuramente volta para ser diretor, após passagem pelo New York City Ballet–, onde recriou “Quebra Nozes” (1976) e “Dom Quixote” (1978). No primeiro, fez marcante parceria com a bailarina americana Gelsey Kirkland, com que teve um relacionamento. Uma versão do clássico, com o casal como protagonista, foi adaptada e transmitida pelo canal de TV CBS.
Misha também se aventurou no cinema. Os longa-metragens “Momento de Decisão” (1976), que rendeu ao artista indicações ao Oscar e ao Globo de Ouro como melhor ator coadjuvante, e “Companhia de Assassinos” (1991), protagonizado ao lado de Gene Hackman, são algumas de suas aparições nas telonas.
Na Broadway, o bailarino seguiu fazendo sucesso com suas performances. Por causa de seu papel na peça “Metamorfose” (1989), foi indicado ao Tony de melhor ator.
Ainda na década de 80, faturou três prêmios Emmy por suas atuações como dançarino em programas de TV.
No início dos anos 90, época em que fundou a companhia de dança moderna White Oak Dance Project, chegou a anunciar sua despedida dos palcos, devido à recorrentes lesões. Porém, voltou atrás pouco tempo depois.
Ainda na TV, o artista fez par romântico com atriz Sarah Jessica Parker, na sexta e última temporada do seriado “Sex and the City”.
Misha já visitou o Brasil em diversas oportunidades. Esteve por aqui na década de 90 e nos anos 2000. Em 2014, ao lado do ator Willem Dafoe, apresentou no Sesc Pinheiros a peça “The Old Woman – A Velha”, do diretor americano Bob Wilson.
Atualmente, o bailarino mantém o Baryshnikov Arts Center –fundado em 2005–, em Nova York, onde, segundo o próprio contou à Folha, abre possibilidades para aqueles que querem expressar sua arte. “Nos Estados Unidos, tudo é baseado no negócio, no lucro. Mas o que fazemos aqui não é business. Quero que os artistas trabalhem em liberdade […] Hoje, meu papel é facilitar, abrir portas. Não sou um líder, sou apenas um porteiro”, disse.