Há 70 anos, líder pacifista indiano Mahatma Gandhi era assassinado por ex-seguidor
“A luz se foi de nossas vidas”. Assim o então primeiro-ministro da Índia, Jawarharlau Nehru, dirigiu-se à nação, via rádio, para dar a notícia da morte do líder pacifista Mahatma Gandhi, em 30 de janeiro de 1948.
Gandhi, 78, considerado um dos responsáveis pelo movimento de independência indiano, fora assassinado a tiros em Nova Délhi por um antigo seguidor, o nacionalista hindu Nathuram Godse.
Nascido em Porbandar, em 2 de outubro de 1869, Mohandas Karamchand Gandhi pertencia à casta dos bania (formada em geral por comerciantes) e era filho de Kaba Gandhi, que fora juiz e primeiro-ministro da cidade indiana de Rajkot.
O hinduísta se casou aos 12 anos de idade e, 1888, foi enviado ao Reino Unido para estudar direito. Formado, mudou-se para a África do Sul, onde advogou.
De volta à Índia, em 1915, Gandhi passou a lutar contra a discriminação dos “intocáveis” (dalits) e outras castas mais baixas da sociedade hindu, tratados muitas vezes de forma até desumana. Quatro anos mais tarde, revitalizou o Partido do Congresso, passando a agir de forma política em favor da independência da Índia.
O advogado pregava, além do pacifismo nas ações, a desobediência civil. Ele liderou importantes protestos contra o aumento de impostos e boicotes a produtos oriundos do Reino Unido. Seus movimentos despertaram a ira do regime britânico e resultaram em prisões. Em uma delas, ficou detido por dois anos.
No início de 1930, Ghandi liderou uma caminhada de quase 400 km, de Amedabad até Dandi, no litoral do país, que ficou conhecida como a Marcha do Sal. Na época, os indianos eram obrigados a comprar apenas produtos industrializados de seu colonizador, inclusive o sal, que tinha sua extração proibida no país. Em um gesto de desafio, repetido por seus seguidores, o líder hindu apanhou um punhado de sal à beira-mar. Com isso, ele e outras 50 mil pessoas acabaram presas pelos ingleses.
Outro artifício usado pelo indiano como forma de protesto era a greve de fome. Além de ter jejuado pela independência do país, em 1932, fez isso também para impor sua posição contrária em relação às ideias do líder político dos párias, Bhimrao Ramji Ambedkar, que pregava, por exemplo, que pessoas de castas baixas pudessem votar separadamente dos demais eleitores para escolher seus próprios representantes no parlamento. Outro momento em que deixou de comer foi pouco tempo após a independência da Índia (15 de agosto de 1947) –que também resultou na criação do Paquistão–, quando disputas entre hindus (indianos) e muçulmanos (paquistaneses) por territórios, como a Caxemira, acabaram em derramamento de sangue.
Dez dias antes de sua morte, em 30 de janeiro de 1948, Gandhi havia escapado ileso de um atentado.