Há 15 anos, ônibus espacial Columbia se partiu ao voltar para a Terra, e 7 astronautas morreram

No último dia 25 de janeiro, o cantor israelense Tal Ramon apresentou duas de suas músicas no complexo do Centro Espacial Kennedy, na Flórida. Neste mesmo local, seu pai deveria ter aterrissado em 1º de fevereiro de 2003, após missão no espaço.

Tal é filho de Ilan Ramon, o primeiro astronauta de Israel e um dos sete mortos na tragédia do ônibus espacial Columbia, há 15 anos. Durante uma cerimônia na última quinta-feira (25), o músico tocou teclado e entoou canções em hebraico, em um dia dedicado pela Nasa às vítimas de acidentes em trabalhos da agência espacial americana.

A tragédia do Columbia foi uma das duas maiores envolvendo voos espaciais tripulados, juntamente com a explosão do Challenger, que também provocou sete mortes, em 28 de janeiro de 1986.

A missão dos astronautas do ônibus espacial estava quase concluída quando o acidente aconteceu. Depois de 16 dias de experimentos científicos no espaço, a nave se desintegrou após entrar na atmosfera durante o retorno à Terra.

A Nasa perdeu o contato com a nave 16 minutos antes do pouso. No contato anterior, o último, o Columbia estava a aproximadamente 62 quilômetros de altitude e a uma velocidade de mais de 20.000 km/h (cerca de 18 vezes a do som).

A tripulação era formada pelos americanos Rick Husband (comandante, 45 anos), William McCool (piloto, 41),  Michael Anderson (comandante de carga útil, 43), David Brown (especialista em missão,46), Kalpana Chawla (americana nascida na Índia, especialista em missão, 41), Laurel Clark (especialista em missão, 41), além de Ilan Ramon (astronauta especialista em carga útil, 48).

Folha publicou, no dia seguinte ao acidente, um trecho da última comunicação por rádio do controle da missão em Houston, no Texas, para o ônibus espacial: “Columbia, [aqui é] Houston, vemos suas mensagens sobre pressão de pneus e não entendemos sua última [comunicação]”. O comandante  Rick Husband respondeu calmamente: “Câmbio, ma…”. A transmissão silenciou por vários segundos. Em seguida, entrou um ruído de estática.

Uma comissão independente à Nasa investigou o acidente e fez duras críticas à agência, apontando falta de rigor em procedimentos de segurança, terceirização de serviços, cortes de verba e pessoal e uma “cultura de autoproteção excessiva”.

Sobre a desintegração do Columbia, a comissão concluiu que um problema no lançamento foi crucial. Um pedaço de espuma de isolamento térmico se desprendeu do tanque principal de combustível e se espatifou a mais de 800 km/h contra o bordo de ataque (porção frontal) da asa esquerda do ônibus espacial, abrindo um pequeno buraco. Mesmo assim, a missão continuou.

No momento de voltar para a Terra e encarar os efeitos da atmosfera, o buraco foi fatal. Com o ônibus espacial viajando a mais de 15.000 km/h, o atrito fez entrar pelo buraco na asa plasma (gás superaquecido), a temperaturas superiores a 2.700ºC, ampliando o rombo e acabando por destruir toda a sua estrutura. Assim, o Columbia partiu-se em pedaços. Mais de 84 mil pedaços (38% da nave) foram resgatados sobre os Estados do Texas e da Louisiana (sudoeste dos EUA) nos dias seguintes ao acidente.

De acordo com a Nasa, os astronautas souberam por um período de cerca de 40 segundos que não tinham mais controle da nave. Quando o ônibus espacial se desintegrou, eles já estariam inconscientes ou mortos.

O Columbia era o mais antigo dos ônibus espaciais e fazia a sua 28ª missão, a 113ª do programa.

Depois da tragédia, o movimento para que os ônibus espaciais da Nasa deixassem de voar ganhou força. Até que em 2011 a agência espacial aposentou essas naves. O último a voar foi o Atlantis.