Há 20 anos, fogo consumiu o aeroporto Santos Dumont e fechou ponte aérea
Quem vê hoje o aeroporto Santos Dumont, no centro do Rio de Janeiro, nem imagina que ele já foi destruído por um incêndio de grandes proporções.
À época quarto maior aeroporto do Brasil –hoje está entre os dez maiores do país, com mais de 8 milhões de passageiros por ano– e base para a ponte aérea Rio-São Paulo, o Santos Dumont começou a pegar fogo entre 1h30 e 2h do dia 13 de fevereiro de 1998.
Mesmo com 150 bombeiros no local, o fogo só pôde ser controlado às 9h30.
Mesmo com dois terços do prédio atingidos, não houve vítimas –18 pessoas foram retiradas das instalações do local, mas só uma com ferimentos leves. Já as perdas financeiras chegaram a R$ 50 milhões –o seguro do local, conforme a Folha apurou, cobria R$ 6,78 milhões.
Dois fatores retardaram a contenção do fogo e provocaram trocas de acusações nos dias que seguiram ao incêndio.
Primeiro, hidrantes da praça Salgado Filho, em frente ao aeroporto, estavam sem água. Os bombeiros tiveram que bombear o líquido de um lago ornamental na praça –tentaram até pegar água do mar– e ainda constataram que o prédio não tinha aparelhagem adequada para combater as chamas e que sua infraestrutura ajudou a propagar o fogo. Para piorar, a equipe tinha até algumas mangueiras furadas e uma escada que apresentou falhas.
O segundo fator remete ao alerta de incêndio –houve demora a ser feito. A administração do aeroporto informou que o incêndio começou às 2h. O Corpo de Bombeiros informou que foi acionado às 2h08 e chegou ao local cinco depois. A essa altura, porém, o fogo já se alastrara.
Entre as perdas estavam documentações referentes a processos e investigações em andamento no Departamento de Aviação Civil –o órgão informou que tudo poderia ser recuperado porque os arquivos estavam em computadores.
Inaugurado nos anos 30, durante o governo Getúlio Vargas, o aeroporto preservava até aquele momento mármores, xícaras, painéis e pilotis que, de acordo com reportagem da Folha de 15 de fevereiro de 1998, eram digitais de um Brasil que estava ficando para trás.
À época, Jorge Henrique Dumont Dodsworth, sobrinho-neto de Santos Dumont e então com 71 anos, disse ser “curioso” que o aeroporto Santos Dumont tenha pegado fogo numa sexta-feira 13 de 1998. “O tio Alberto iria com certeza achar que o dia era de azar.”
Ele lembrou, porém, que o azar não foi de todo, já que o painel com o retrato de Santos Dumont, na entrada do aeroporto, ficou intacto.
Uma investigação foi aberta. Só que 45 dias depois, conforme informou Luiz Caversan na Folha em 1º de abril de 1998, o instituto de criminalística do Rio apontou que não dava para concluir quais foram as causas do incêndio. E, devido ao veto da Infraero em instalar um terminal provisório no Santos Dumont, isso estava custando caro para os cerca de 4.968 passageiros que diariamente desciam no aeroporto do Galeão, que desembolsam cerca de R$ 40 a mais de táxi.
A ponte aérea foi restabelecida no Santos Dumont somente em 15 de agosto de 1998, com mudanças, já que Varig deixou o pool formado por Vasp e Transbrasil, para operar na rota aérea de Rio a São Paulo. À época a viagem custava R$ 79, pela TAM, e R$ 115, pela Vasp/Transbrasil e Varig/Rio Sul.