Morte por overdose do skatista e músico Chorão completa cinco anos
Há cinco anos, morria de overdose de cocaína Alexandre Magno Abrão, ou simplesmente Chorão, vocalista e líder da banda Charlie Brown Jr.
Ele foi encontrado morto na madrugada do dia 6 de março de 2013, em seu apartamento, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo.
A primeira hipótese para a causa da morte era da ingestão combinada de drogas, bebida e remédios, que só foi descartada quase um mês após sua morte por um laudo da Polícia Técnico-Científica de São Paulo que atestou overdose de cocaína.
“Ele tinha problemas coronários, coração dilatado e estava com o cérebro já bastante comprometido”, informou o delegado Itagiba Franco, do DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa). “Mas a droga potencializou e foi fatal.”
Além do problema com drogas, Chorão apresentava quadro depressivo, como disse à época a apresentadora Sônia Abrão, prima do vocalista.
“Ele estava com um quadro depressivo nos últimos meses e disse ao irmão que queria encontrar o pai deles, que morreu há dez anos”, disse Abrão.
A estilista Graziela Gonçalves, ex-mulher do músico, disse ele era dependente químico. Ela afirmou também que fez algumas tentativas de “trazer ele de volta”.
“Nós estávamos afastados em razão do que estava acontecendo com ele. Na verdade, eu estava tentando trazer ele de volta. Eu tentei tudo o que vocês podem imaginar. E infelizmente essa praga mundial que é essa droga que acaba com tudo.”
SKATISTA E MÚSICO
Chorão era skatista desde os 14 anos. Filho de uma empregada doméstica, ele teve de ajudar no orçamento familiar a partir dos 11 anos, quando os pais se separaram. Dessa forma, abandonou a escola antes de completar o ensino básico.
Em 1992, formou a banda Charlie Brown Jr. para tocar em competições de skate, em Santos, onde vivia desde os 17 anos.
Chorão era cantor, compositor e roteirista de cinema. Suas músicas retratavam a vida na praia, as competições de skate, as conquistas amorosas e as dificuldades de uma classe média endividada.
Com a banda, lançou nove discos de inéditas, duas coletâneas, um acústico e dois álbuns ao vivo, que juntos venderam cinco milhões de cópias.
Entre os sucessos da banda estão “Te Levar Daqui”, tema da novela “Malhação”, e “Proibida pra Mim”, regravada por Zeca Baleiro.
O filme “O Magnata”, lançado em 2007, dirigido por Johnny Araújo e estrelado por Paulo Vilhena, tem roteiro escrito por Chorão e conta a conturbada vida de um roqueiro que teve infância difícil e alcançou o estrelato.
Como disse o jornalista Thales de Menezes, na Ilustrada: “Chorão não era exatamente o galã da turma. Tinha marra de sobra e uma aura de esperteza, do jeito que todo moleque quer ser”.
“A identificação com o público era um espelho. Chorão se vestia e falava como os fãs. Andava de skate.”
Talvez por isso, em meios aos artistas, vários jovens compareceram ao velório (aberto ao público), na Arena Santos, e brandiam seus skates, no último adeus a Chorão.