Inter de Milão nasceu há 110 anos e se deu bem com brasileiros desde 1º jogo
Criar um clube de futebol em Milão onde também fossem aceitos jogadores estrangeiros. Essa ideia virou realidade quando um grupo, com membros dissidentes do Milan, reuniu-se em um restaurante na noite de 9 de março de 1908.
Lá, eles fundaram a Internazionale, uma equipe de “fratelli del mondo” (que, em português, significa algo como irmãos no mundo), como diziam os fundadores e repetem até hoje os interistas.
O primeiro gol do novo time foi marcado por um brasileiro. O jovem atacante paraense Achille Gama, que estava prestes a completar 17 anos, balançou as redes na estreia oficial, justamente contra o Milan, em 10 de janeiro de 1909. Mesmo assim, a equipe acabou derrotada, por 3 a 2.
Segundo os registros da Inter, Gama voltaria a defender a equipe em outras quatro temporadas (de 1910/1911 a 1913/14). No total, foram 46 partidas e 19 gols.
Flecha
Até o começo da década de 60, a Inter já tinha virado uma potência nacional, com sete títulos do Italiano. Mas o clube mudou de status e ganhou projeção na Europa e no mundo. E um ponta direito brasileiro participou desse processo.
Em 1962, a Inter contratou Jair da Costa, da Portuguesa, por US$ 170 mil, e não se arrependeu. O atleta fez muito sucesso, conquistando quatro campeonatos nacionais (em 1963, 1965, 1966 e 1971), duas Copa dos Campeões (em 1964 e 1965) e dois Mundiais (em 1964 e 1965).
O jogador chegou a se transferir para a Roma em 1967, mas, no ano seguinte, voltou para a Inter onde ficou até 1972. Ele é ídolo no clube. “A Flecha Negra [Jair] é incapturável quando corre pela beirada do campo, o pesadelo de todos os laterais do campeonato”, descreve a Inter, em seu site.
Fenômeno
Outro brasileiro que foi muito querido pelos torcedores quando chegou, em 1997, foi o centroavante Ronaldo Fenômeno, que veio do Barcelona com muita badalação.
Ele havia sido escolhido como o melhor do mundo no ano interior e, com a camisa da Inter, repetiu o feito em 1997. Por causa de graves leões no joelho, o atleta não jogou muito durante os cinco anos em que ficou na Inter: 99 partidas, 59 gols e o título da Copa Uefa de 1998.
Os torcedores gostavam tanto dele que assistiram à final da Copa do Mundo de 2002, em um telão montado na principal praça de Milão, torcendo para o Brasil e erguendo bandeiras onde apareciam a imagem do jogador.
Para a tristeza dos interistas, Ronaldo decidiu jogar no Real Madrid depois de ter vencido a Copa. A decepção aumentou mais quando o atleta voltou para a Itália, em 2007, para defender as cores rubro-negras do rival Milan.
Cinco títulos seguidos
Os brasileiros voltaram a brilhar com a camisa da Inter nos anos 2000. A equipe, que vivia uma seca de 15 temporadas sem título do Italiano, ganhou cinco edições seguidas, desde 2005/06 até 2009/10. O goleiro Julio César esteve presente nas cinco campanhas e se tornou o brasileiro com o maior número de jogos pelo time: 300.
O atacante Adriano também chegou a ser xodó da torcida. Ao longo de oito anos de contrato (de 2001 a 2009), ele atuou 177 vezes e marcou 74 gols, participando de quatro títulos do Italiano. Mas, nesse período, também defendeu Fiorentina, Parma e São Paulo, clubes aos quais foi emprestado.
Adriano se desvinculou da Inter, depois de vir ao Brasil para defender a seleção e não retornar para a Itália. O suposto desaparecimento rendeu boatos até sobre sua morte. Mas o atacante estava na Vila Cruzeiro (zona norte do Rio).
A Inter de Milão também voltou a triunfar na Copa dos Campeões de 2009/10, contando com Julio César, Maicon, Lucio e Thiago Motta. A equipe também foi campeã do Mundial da Fifa em 2010.
Depois da sequência de cinco títulos na Itália, finalizada em 2010, a Inter não ganhou mais nenhum scudetto. Hoje a equipe conta com o zagueiro Miranda, o meia Rafinha, o atacante Eder e o lateral esquerdo Dalbert.