Ícone do reggae e popular nas trilhas de novelas do Brasil, Jimmy Cliff faz 70 anos

A lenda do reggae Jimmy Cliff.
Jair dos Santos Cortecertu

Nascido no dia 1º de abril de 1948, na periferia de St. James, na Jamaica, Jimmy Cliff conheceu de perto a pobreza e vivenciou com sua família os resultados da desigualdade social. Quando criança, Cliff não tinha escova de dentes e tampouco sapatos para ir à escola, fato que não o impediu de estudar.

Ao 14 anos, o jovem que se tornaria um ícone da música negra, mudou-se para Kingston, onde conheceu seus primeiros ídolos: Fats Domino, Little Richard e Sam Cooke, graças às emissoras de rádio dos EUA –que emitiam seus programas de Miami e Nova Orleans diretamente para a capital jamaicana– e aos DJs locais.

Cliff também foi cercado pela sonoridade de calypso, mento, ska e rocksteady, gêneros populares na ilha.

Jimmy Cliff gravou suas primeiras músicas, entre elas o sucesso “Hurricane Hattie”, no início da  década de 1960, quando trabalhou com o produtor Leslie Kong, uma das figuras centrais para a criação de um novo estilo de música urbana: o reggae.

No final dos anos 1960, artistas desaceleram o andamento do ska e misturam guitarras hipnotizantes ao rhythm and blues americano. O gênero musical foi chamado de reggae nas favelas e nas ruas da Jamaica. Com o passar do tempo, Jimmy Cliff tornou-se um dos seus representantes.

NA TRILHA DO REGGAE

Em 1972, Cliff estrelou e compôs a trilha do filme “The Harder They Come (Balada Sangrenta)”, colocando o reggae na cena internacional. Além das quatro músicas de Jimmy Cliff, a trilha do filme tem canções de Frederick Hibbert e Desmond Dekker, entre outros.

“Minhas primeiras músicas falavam de amor. Ninguém aceitava. Só comecei a ser notado fora de meu país quando passei a compor canções de protesto”, disse Jimmy Cliff em 1984, quando tocou no Brasil e gravou o videoclipe da música “We Are All One”, dirigido por Tizuka Yamasaki.

À época, o cantor –que se apresentou no Festival Internacional da Canção, no Maracanãzinho, em 1968, e fez uma série de shows no Brasil em 1980, quando tocou com Gilberto Gil–  já era mundialmente conhecido e colocado ao lado de Bob Marley e Peter Tosh como agente divulgador do reggae.

Popular no Brasil, o cantor teve suas músicas incluídas nas trilhas sonoras das novelas “Água Viva” (“Love I Need”),  “Voltei pra Você” (“Reggae Nights”), “Ti Ti Ti” ( “Hot shot”), “Brega & Chique” (“Now an Forever”), “Rainha da Sucata” (“Rebel in Me” ),  “Felicidade” (“Peace”), “Meu Bem Querer” (“All for Love”) e “Desejos de Mulher” (“I Can See Clearly Now”).

Com mais de 30 discos oficiais, Jimmy Cliff recebeu a Ordem do Mérito, homenagem do governo jamaicano (outubro de 2003), em reconhecimento de suas contribuições para a arte de seu país. Em 15 de março de 2010, Cliff entrou no Rock and Roll Hall of Fame. 

Com o álbum “Rebirth”, o pioneiro do reggae conquistou seu segundo Grammy, em 2013. Cliff já havia levado o prêmio em 1986, com o disco “Cliff Hanger”.

FILHA PANTERA

No início de 2018, a filha de Jimmy Cliff, a cantora e atriz Nabiyah Be, 26, nascida em Salvador, interpretou Linda, parceira do vilão Erik Killmonger (Michael B. Jordan), no filme “Pantera Negra”.

OUÇA AS MÚSICAS DE JIMMY CLIFF

Colaborou Shirley Queiroz