Em 2008, tremor em São Paulo gerou 3.600 chamadas por hora aos bombeiros
Por volta das 21h do dia 22 de abril de 2008, um tremor de 5,2 graus na escala Richter (considerado de magnitude moderada) foi sentido em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina.
Sentido por cerca de seis segundos, o abalo foi mais perceptível para quem estava nos andares mais altos de edifícios. Estimaram-se que aquele tenha sido o maior verificado desde 1922 em São Paulo.
O tremor aconteceu na costa do estado de São Paulo –o epicentro foi no oceano Atlântico, a 270 km da capital paulista e a uma profundidade estimada de 10 km– e, depois de se propagar em ondas de choque durante dois minutos, atingiu todos os bairros da capital paulista, boa parte do estado, além do Rio de Janeiro, do Paraná e de Santa Catarina.
O abalo foi sentido, não de forma homogênea, em um raio de 300 km a 400 km a partir do epicentro.
Conforme o professor Marcelo Assumpção, do IAG (Instituto Astronômico e Geofísico da USP) informou, moradores de bairros em São Paulo que estão em solos mais firmes, de granito, como o da Cantareira, no norte da cidade, sentiram menos os efeitos do tremor, como se suas casas estivessem apoiadas em âncoras firmes.
No entanto, em áreas com solos arenosos e argilosos, mais moles, os efeitos do tremor foram amplificados, como em bairros que margeiam os rios Pinheiros e Tietê.
De acordo com o chefe do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília na época, Lucas Vieira de Barros, o terremoto foi causado por movimentos na camada tectônica em que se apoia o continente sul-americano.
“Foi uma liberação de energia na forma de onda sísmica”, disse o pesquisador, na ocasião.
Os bombeiros de São Paulo chegaram a receber, por hora, 3.600 chamadas de pessoas assustadas, mas não houve registro de feridos.
Após o tremor, cerca de 20 mil moradores de Mogi das Cruzes ficaram sem água até a tarde do dia seguinte. O motivo foi que uma tubulação aérea sobre o rio Tietê entortou, separando dois dutos, provocando um desabastecimento de água em Mogi das Cruzes.
Criador do Observatório Sismológico da UnB (Universidade de Brasília), o geólogo e geofísico Alberto Veloso publicou um artigo dois dias depois do terremoto na Folha, falando ser pequena a probabilidade de grandes destruições no Brasil. Porém destacou que isso é apenas estatística e que, por vezes, a natureza teima em desconsiderar.