Depois de ‘sair’ de guardanapo, ‘O Pequeno Príncipe’ chega aos 75 anos

Desenhar um menino loiro era um costume do aviador e escritor francês Antoine de Saint-Exupéry. E, durante um almoço com um editor americano em 1942, ao rabiscar a figura desse garoto em um guardanapo, ele recebeu uma sugestão: criar um conto infantil.

Saint-Exupéry escreveu a história e fez as ilustrações, colorindo com aquarelas. Em vez de um conto, um livro surgiu.

O personagem começou a ganhar vida e partiu para o mundo a partir do dia 6 de abril de 1943, quando o livro “O Pequeno Príncipe” foi publicado, pela editora Reynal & Hitchcock, nos Estados Unidos.

“Saint-Exupéry estava sempre desenhando em todas as partes a figura de um menino loiro, inspirado em sua infância feliz, e que se tornou o personagem dessa história”, disse o sobrinho-neto do autor e diretor da fundação Succession Antoine de Saint-Exupéry, Olivier d’Agay.

Após o lançamento, o livro recebeu críticas positivas nos Estados Unidos. A escritora australiana Pamela Travers, autora de “Mary Poppins” (1934), foi uma a se manifestar:

“Seria um livro para crianças? Não que isso importe, pois crianças são como esponjas. Elas se embebem da matéria dos livros que leem, compreendendo-nos ou não”.

O que ninguém previa era o estrondoso sucesso que a obra faria com as gerações futuras.

Saint-Exupéry, que já era famoso por outros livros, como “Terra dos Homens” (1939), não chegou nem a acompanhar “O Pequeno Príncipe” ser publicado na França, o que ocorreu somente em 1946.

Ele morreu em um acidente aéreo em 1944, aos 44 anos. Seu avião desapareceu após sair da Córsega.

Hoje, o site licenciado “The Little Prince” (O Pequeno Príncipe) informa que 200 milhões de livros foram vendidos no mundo, em 300 traduções.

Exupéry já era um piloto-escritor famoso quando escreveu “ O Pequeno Príncipe” (AFP)

 

Brasil

A Folha divulgou em 13 de junho de 1948 que o escritor Mario Quintana estava traduzindo a história para o português. No entanto o seu trabalho ficou engavetado por quase 70 anos porque a editora para a qual trabalhava não obteve os direitos da obra.

A tradução de Quintana chegou até a ser esquecida, mas foi redescoberta na década de 80, reconhecida a autenticidade, e guardada até 2017, quando foi lançada pela editora Melhoramentos.

A versão de “O Pequeno Príncipe” lançada no Brasil em 1952 era da editora Agir. O tradutor foi o monge beneditino dom Marcos Barbosa, que em março de 1980 foi eleito para integrar a ABL (Academia Brasileira de Letras).

Em 2013, a Agir também lançou uma versão da obra traduzida, desta vez pelo poeta Ferreira Gullar, outro que se tornou integrante da ABL.

O livro caiu em domínio público no Brasil em 2015 e passou a poder ser publicado sem o pagamento dos direitos autorais.

Editoria Arte/Folhapress