1968 – A SEXTA BOMBA: Coquetel molotov é jogado em ônibus após aumento de passagem
Durante a madrugada de 6 de maio de 1968, São Paulo voltou a registrar uma explosão, a sexta em menos de dois meses.
Depois de serem atingidos os prédios do Consulado dos Estados Unidos, da Força Pública, do 2º Exército, do jornal O Estado de S.Paulo e da casa de um ex-procurador do estado de SP, o alvo, desta vez, foi um ônibus.
A polícia não prendeu ninguém nesta ação, mas encontrou no local da explosão vários panfletos de protesto contra o aumento na tarifa do transporte público.
O preço das passagens dos ônibus foi majorado em 25% por decisão do prefeito Faria Lima e entrou em vigor no dia 5 de maio de 1968. Passou de NCr$ 0,20 (equivalente a R$ 1,68) para NCr$ 0,25 (R$ 2,10).
O ataque ao ônibus não feriu ninguém nem causou grandes prejuízos, mas a situação poderia ter sido bem mais grave.
Um coquetel molotov foi atirado contra um ônibus que estava estacionado ao lado de mais de cem veículos no pátio da empresa Viação Urbana Penha, na avenida Gabriel Mistral, na Penha da França, na zona leste de São Paulo.
O produto não explodiu totalmente e provocou só um pequeno incêndio, logo apagado pelos funcionários da companhia.
O Dops (Departamento de Ordem Política e Social) e a Polícia Técnica foram até lá e encontraram uma garrafa quebrada, ainda com resto da substância química, além de panfletos contra o novo no preço das passagens.
De acordo com um vigia da empresa, dois carros saíram em disparada logo depois da explosão, um Fusca e um Gordini.
O ano de 1968 foi o quarto da ditadura militar no Brasil, e a polícia e o Exército buscavam conter as ações das guerrilhas urbanas que lutavam contra o regime. Com a série de explosões em São Paulo (que estão sendo recontadas agora pelo Banco de Dados no Blog do Acervo Folha), o temor de mais atentados era grande.
No mesmo dia ao ataque do ônibus, a notícia de uma bomba no Parque do Estado causou grande apreensão. O objeto encontrado, porém, foi uma granada enferrujada, que, de acordo com a polícia, devia ter sido enterrada naquela área havia muitos anos.
Outro susto foi tomado no dia anterior. Policiais foram avisados de um explosivo sob o pontilhão do Pavilhão Internacional do Ibirapuera.
Agentes especializados em bombas foram chamados e viram que o objeto suspeito era apenas de uma lata furada, com um pedaço de pau fino. Segundo policiais, a lata parecia mais uma brincadeira do que um artefato.
Veja também:
1968 – A PRIMEIRA BOMBA: Explosão no Consulado dos EUA deixa feridas abertas até hoje
1968 – A TERCEIRA BOMBA: Explosão endereçada ao 2º Exército fere 2 pessoas
1968 – A QUARTA BOMBA: Impacto de explosão na sede de O Estado de S. Paulo atinge raio de 200 m