1968 – A OITAVA BOMBA: Explosão destrói banheiro de Centro de Alistamento da Força Pública
Fim de noite de um sábado, 18 de maio de 1968, e mais uma bomba (a oitava em dois meses) foi detonada em São Paulo. Desta vez, ela foi jogada no Centro de Alistamento da Força Pública.
O artefato explodiu às 23h no banheiro do prédio, localizado na rua Jorge Miranda, número 74, na Luz, em São Paulo, mas não provocou vítimas.
Da série de sete explosões ocorridas na cidade anteriormente, seis ocorreram de noite ou de madrugada: na Bolsa de Valores de São Paulo, em um ônibus depois do aumento da passagem, na casa de um ex-procurador do estado, na sede do jornal O Estado de S.Paulo, no quartel-general da Força Pública, no Consulado dos Estados Unidos.
A outra explosão ocorreu no fim de tarde, às 17h45, em um prédio vizinho ao 2º Exército.
As histórias dessas explosões que intrigavam a ditadura militar (que em 1968 estava em seu quarto ano) estão sendo recontadas agora pelo Banco de Dados no Blog do Acervo Folha.
Governos, Exército, Polícia Federal, Dops (Departamento de Ordem Política e Social), Força Pública tentavam impedir ações de guerrilhas urbanas naquele período.
Versões desencontradas
A bomba no Centro de Alistamento foi cercada de mistério e de versões desencontradas das autoridades.
A Força Pública informou que a explosão deslocou a porta do banheiro, mas um tenente revelou também que o vaso sanitário foi destruído, partido em vários pedaços, e que ficou um buraco no chão.
Os jornalistas não tiveram acesso ao local da explosão.
Outro ponto que chamou a atenção foi o fato de o sargento de plantão ter atendido a um telefonema, bem na hora do estouro, de uma ligação feita por engano.
Pedaços de papel grosso encontrados no local levaram inicialmente as autoridades a dizer que acreditavam que se tratava de uma dessas bombas soltadas em festas juninas, porém das mais potentes, e que a ação seria apenas uma brincadeira.
Só que essa versão foi vista com desconfiança por um tenente por achar que a bomba era muito forte.
O Centro de Alistamento era um lugar frequentado por civis, e as crianças costumavam jogar futebol no pátio.
Detenção
No dia seguinte da ação, domingo (19), um homem chegou a ser detido na rua Major Quedinho, no centro. Ele falava alto sobre bombas e dizia ter mapas que indicariam onde seriam as próximas explosões em São Paulo.
Depois de ser levado à delegacia, foi logo liberado. As autoridades concluíram que o homem estava embriagado e que os mapas, mal feitos, não estavam ligados a explosões nem tinham nenhum valor.
Não era brincadeira
Na segunda-feira (20), a Polícia Técnica contrariou a versão de “bomba junina”, informando que o artefato havia sido feito com canos e com dinamite, semelhante ao jogado na Bolsa de Valores, no dia 15 de maio. Portanto a potência não era pequena.
Novamente, os autores do ataque não foram identificados.
Veja também:
1968 – A PRIMEIRA BOMBA: Explosão no Consulado dos EUA deixa feridas abertas até hoje
1968 – A TERCEIRA BOMBA: Explosão endereçada ao 2º Exército fere 2 pessoas